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Canal de mulheres denuncia motorista da UBER por lesbofobia

quarta-feira, 6 de abril de 2022 0 comentários

Marília Carreiro e namorada (Reprodução: Instagram)

Marília Carreiro, de 32 anos, registrou um trecho da discussão em que o motorista contesta a orientação sexual do casal durante uma corrida no município Serra, a 29 quilômetros da capital capixaba; em nota, a empresa afirmou que ‘repudia qualquer tipo de discriminação’ e que o colaborador foi desativado

Durante um trajeto na Uber, a escritora Marília Carreiro, 32, denunciou nas suas redes sociais que ela e a companheira foram vítimas de homofobia através de agressões verbais do motorista do aplicativo. Elas pediram um carro na tarde de terça-feira, 29, em Serra, cidade a 29 quilômetros de Vitória. Conforme relato da escritora na publicação, a viagem durou aproximadamente 15 minutos. Segundo Marília, ao longo do caminho, quando o homem percebeu que elas eram um casal, ele teria dito que eram “aberrações e não deveriam nem existir”. No mesmo dia do ocorrido, a empresa foi notificada. O casal também prestou boletim de ocorrência. Em entrevista ao Estadão, a escritora contou que foi a primeira vez que sofreu esse tipo de abuso em aplicativos de transporte. Ela detalhou que o motorista começou a falar sobre questões políticas, despejar discursos de ódio e aumentar o tom de voz. Neste instante, elas decidiram se manter em silêncio com medo de represálias. Alguns minutos depois, Marília revidou algumas falas do homem e registrou a discussão. Veja o vídeo:
 Estou me sentindo desrespeitada dentro do seu carro”, disse Marília.
Em seguida, o motorista reagiu à queixa da escritora.

 Homem nasce homem. Mulher nasce mulher, querida. Isso não existe”. 

Ao longo da discussão, a outra mulher afirmou que ele estava sendo preconceituoso e pediu para que ele parasse com os ataques verbais. Nas imagens, é possível perceber que o condutor responde em tom de deboche. 

Está chegando já. Vou parar e vocês descem”. 

Ele ainda argumentou que “tinha direito de opinar”. A discussão continuou.

Em resposta, o casal se defendeu afirmando que ele não tinha direito de opinar sobre a sexualidade delas, pois ele estava “ferindo a existência de outras pessoas”. E acrescentaram: “É isso que o senhor está fazendo”. No final do vídeo, a escritora expõe para o motorista que a discussão estava sendo filmada. Segundo Marília, o homem se exaltou quando soube da gravação.

A empresa foi cobrada publicamente pela escritora. No tweet, ela perguntou para a Uber “como ela seleciona seus motoristas”. A publicação viralizou no Twitter. Com mais de 50 mil curtidas, internautas pressionaram o aplicativo por medidas severas. De acordo com Marília, a empresa avisou através de ligação telefônica que o motorista não estava mais na rota do aplicativo.

COM A PALAVRA, A UBER
A Uber defende o respeito à diversidade e reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e justiça para todas as pessoas LGBTQIA+. A empresa considera inaceitável qualquer tipo de discriminação e a conta do motorista parceiro foi desativada assim que tomamos conhecimento do ocorrido.

Em parceria com o MeToo, a Uber disponibiliza um canal de suporte psicológico que foi informado à usuária e segue disponível. Além disso, a empresa está à disposição para colaborar com as autoridades e compartilhar informações sobre os envolvidos, observada a legislação aplicável.

Sabemos que o preconceito, infelizmente, permeia a nossa sociedade e que cabe a todos nós combatê-lo. Como parte desses esforços, a Uber lançou, por exemplo, o podcast Fala Parceiro de Respeito, em parceria com a Promundo, com conteúdos educativos sobre LGBTfobia.”

Clipping Escritora e companheira denunciam motorista de aplicativo por homofobia, por Jayanne Rodrigues, ESP, 30/03/2022 

Garota espancada após 'dar fora' em homem ao afirmar ser lésbica em SP

segunda-feira, 14 de setembro de 2020 0 comentários

Estudante relata que foi agredida após se negar a ficar com homem e relatar que é lésbica em Cubatão (SP) — Foto: Reprodução/Facebook
Estudante relata que foi agredida após se negar a ficar com homem e relatar que é lésbica em Cubatão (SP) — Foto: Reprodução/Facebook
Após o ocorrido, ela fez uma postagem de desabafo nas redes sociais que passou a ser compartilhada por diversas pessoas.

 Estudante relata que foi agredida após se negar a ficar com homem e relatar que é lésbica em Cubatão 

Uma jovem de 17 anos relata que foi agredida por um homem ao dizer que não queria ficar com ele e relatar que era lésbica em Cubatão (SP). A estudante conta que estava sozinha quando foi abordada pelo agressor. A vítima foi arrastada e agredida com chutes e socos e ouviu do suspeito que 'pessoas como ela têm que morrer'.

A agressão ocorreu enquanto a vítima voltava para casa após uma festa que foi com as amigas. Conforme relatou ao G1 neste domingo (13), o homem estava nessa mesma festa. 

Ele estava faz tempo dando em cima de mim. Inicialmente eu só tinha dito não e nem contei que era lésbica. Mas ele puxou meu cabelo mesmo assim para me dar um beijo e aí eu falei que gostava de mulher", conta.

Após dizer que era lésbica, a estudante afirma que acreditou que ficaria tudo bem, porque o rapaz voltou para a mesa que estava com os amigos e ficou no local. 

Mas toda hora que ele passava perto de mim, me empurrava com o cotovelo. Então falei para minhas amigas que iria embora porque estava sentindo que esse cara estava querendo arrumar briga", relata.

Ela conta que foi embora com uma amiga, só que a menina morava antes da casa dela. Ao deixar a colega em casa, ela seguiu seu trajeto. Pouco depois, ouviu o barulho de uma moto. 

Nessa hora eu só senti ele me puxando pelo cabelo, momento em que foi me arrastando. Eu cai no chão e ele jogou a moto para o lado e começou a me agredir com socos e chutes", diz.

Segundo a jovem, enquanto ela apanhava, era ameaçada pelo agressor, que dizia que iria matá-la. 

Ele dizia 'se você não passar a gostar de homem, vai morrer agora' e 'pessoas como você têm que morrer'. Eu realmente achei que iria morrer, se não tivesse chego alguém, acho que ele iria me bater até ver que eu não estava mais reagindo. Pensei que iria morrer ali", relata.

A estudante afirma que começou a gritar por ajuda e viu dois rapazes próximos, momento em que escutou eles dizerem que era briga entre marido e mulher e não iriam se intrometer, então gritou novamente afirmando que não conhecia o rapaz da moto. 

Foi aí que eles foram bem rápido até lá, tiraram o homem de cima de mim e foram me levantar. Nesse meio tempo, ele [agressor] subiu na moto e fugiu", afirma.

Os rapazes acompanharam a vítima até a casa dela. A adolescente conta que está inchada, roxa e com dores após as agressões. De acordo com ela, o agressor tem em torno de 25 e 30 anos, mas não o conhece e nem sabe o nome dele.

Eu acho que sofri preconceito duas vezes. Uma por ser mulher, porque ele não respeitou meu não. É como se o não da mulher não tivesse voz. E a outra devido a minha orientação sexual. Por isso tomei coragem e postei sobre o ocorrido nas redes sociais, porque quero justiça e encorajar outras mulheres que passem por isso a denunciar também. Porque eu me culpei e senti vontade de não me envolver mais com mulher, é um sentimento horrível, você se sente um lixo, com medo e impotente. E na verdade eu não fiz nada de errado. Ele tinha que me respeitar."

Na tarde de sábado, a adolescente foi ao hospital e fez exames para saber seu estado de saúde. A mãe informou que o caso ainda não foi registrado na Delegacia de Polícia da cidade.

Para eu conseguir me assumir já foi muito difícil. A sorte é que minha mãe sempre me respeitou e me apoiou em tudo. Então além de passar pelo processo difícil de me aceitar, também tive que viver isso. E ele estava consciente do que fazia. Me batia dizendo o motivo de eu estar apanhando. Chegou a falar que Deus fez a mulher para ficar com o homem", finaliza.

Clipping Garota é espancada após 'dar fora' em homem ao alegar ser lésbica em SP, por Isabella Lima, G1 Santos, 13/09/2020

Confundidas com casal homossexual, mãe e filha quase são linchadas

segunda-feira, 26 de agosto de 2019 0 comentários



Mãe e filha são confundidas com casal homossexual e quase são linchadas

Mãe e filha que esperavam ônibus em uma parada, em frente a um shopping, na Avenida do CPA (Mato Grosso), foram agredidas e ameaçadas por Marcelo Ceribelli, 39 anos. Ele foi preso e confessou que 'surtou', com as mulheres, pois desconfiou que elas seriam lésbicas. 

De acordo com o boletim de ocorrência, a Polícia Militar foi acionada por testemunhas que viram mãe e filha sendo vítimas de ofensas e ameaças de cunho preconceituoso. Segundo o denunciante, o homem chegou a pedir o linchamento das mulheres; “sapatão deveria ser linchada", diz trecho do Boletim de Ocorrência.

À polícia, mãe e filha contaram que retornavam da casa de um familiar em Várzea Grande (MT) e ao chegarem no ponto de ônibus o suspeito se aproximou delas e começou a ameaçá-las, inclusive, de morte.

Após os insultos, o suspeito fugiu do local, mas foi localizado entrando no Grande Templo das Assembleias de Deus. A polícia não soube informar se ele seria membro da igreja. 

Ele foi reconhecido pela vítima e conduzido para a Central de Flagrantes para as providências cabíveis. A Polícia Civil acompanha o caso.

Clipping O Bom da Notícia, por Rafael Medeiros, 19/08/2019

Namoradas agredidas por gangue em ônibus de Londres. Agressores responderão por acusações de roubo e assalto com agravantes

quarta-feira, 12 de junho de 2019 0 comentários

Na noite do dia 29 de maio, duas jovens ficaram feridas após serem alvo de um ataque homofóbico cometido por um grupo de homens em um ônibus de Londres; cinco acusados
foram presos Foto: Melania Geymonat / Conta do Facebook

Casal de mulheres é agredido por gangue em ônibus em Londres

Agressores exigiram que elas se beijassem, jogaram moedas, socaram e roubaram as duas, de acordo com relato.

Um casal de mulheres foi agredido por uma gangue em um ônibus em Londres, na Inglaterra, depois de se recusar a dar um beijo como queriam os agressores.

Todas as informações do relato foram publicadas na conta de rede social de uma das vítimas, Melania Geymonat.

O incidente aconteceu na quarta-feira da semana passada (dia 29), segundo ela.

Eram ao menos quatro agressores, que exigiam que as duas se beijassem porque eles iriam gostar de olhar, de acordo com seu texto.

Ela afirma que os assediadores jogaram moedas nelas e, então, sua namorada os confrontou. Três deles, então, a agrediram. Geymonat foi socorrê-la e também foi agredida. Ela caiu no piso do ônibus.

Os seus pertences foram roubados.

Incidente aconteceu às 2h30, segundo a polícia.
Temos que aguentar agressão verbal e violência chauvinista, misógina e homofóbica porque, quando uma pessoa se impõe contra isso, coisas como essas acontecem”, escreveu ela.
Ela diz que deve ter perdido a consciência e, de repente, a polícia estava lá.

A polícia de Londres disse que o incidente aconteceu às 2h30 da madrugada, e que “as mulheres foram atacadas e tomaram socos diversas vezes antes que os homens fugissem do ônibus; um telefone e uma bolsa foram roubados durante o ataque”.

Fonte: G1, Mundo, 07/06/2019


This was a disgusting, misogynistic attack. Hate crimes against the LGBT+ community will not be tolerated in London.

The @metpoliceuk are investigating and appealing for witnesses. If you have any information - call 101. O prefeito de Londres, Sadiq Khan, reagiu ao acontecido com uma mensagem no Twitter. Segundo ele, foi um ataque repugnante e misógino. "Os crimes de ódio contra a comunidade LGBT não serão tolerados em Londres". 

Após pagamento de fiança, detidos por agredir casal de lésbicas ganham liberdade
Na noite do dia 29 de maio, duas jovens ficaram feridas após serem alvo de um ataque homofóbico cometido por um grupo de homens em um ônibus de Londres; cinco acusados foram presos

LONDRES - A polícia do Reino Unido deixou em liberdade, após o pagamento de fiança, cinco jovens, com idade entre 15 e 18 anos, detidos por um ataque homofóbico contra um casal de lésbicas em um ônibus de Londres ocorrido na noite do dia 29 de maio.

Eles responderão por acusações de roubo e assalto com agravantes pelo ataque contra Melania Geymonat, uma comissária de bordo uruguaia da companhia aérea Ryanair, de 28 anos, e sua namorada, uma norte-americana identificada apenas como Chris.

A polícia metropolitana de Londres continua investigando se há mais pessoas envolvidas no incidente, no qual as duas vítimas sofreram ferimentos no rosto.

Em sua conta do Facebook, Melania Geymonat escreveu que as agressões física e verbal, que ela e sua namorada sofreram, aconteceram quando ambas estavam na parte de cima do ônibus a caminho da casa da Chris, em Camden Town.

As duas foram atacadas quando os homens perceberam que eram um casal e começaram a repreendê-las, pedindo-lhes que se beijassem e fazendo, ao mesmo tempo, gestos obscenos para elas.

Em consequência dos golpes recebidos, elas ficaram cobertas de sangue. Em seguida, tiraram fotos e postaram nas redes sociais para denunciar o ato de violência.
Eles devem ter visto a gente se beijando ou algo assim. Não me lembro se eles já estavam lá ou se foram atrás de nós. Havia pelo menos quatro deles. Eles começaram a se comportar como hooligans, exigindo que nos beijássemos para que pudessem assistir, chamando-nos de lésbicas e fazendo gestos sexuais. Não me lembro de todo o episódio, mas a palavra 'tesoura' ficou na minha cabeça. Foram apenas eles contra nós. Na tentativa de acalmar as coisas, comecei a fazer piadas. Eu pensei que isso poderia fazê-los ir embora. Chris até fingiu que ela estava doente, mas eles continuaram nos assediando, jogando moedas e ficando mais entusiasmados com isso", disse Geymonat na sua página do Facebook.
Ela comentou ainda que se lembra de ver a Chris no meio do ônibus lutando contra os jovens, já com o rosto cheio de sangue. Três deles a espancavam, naquele momento. Depois, Geymonat começou a ser agredida. Levou socos, ficou enjoada ao ver o sangue e caiu no chão.
Não me lembro se perdi ou não a consciência. De repente, o ônibus tinha parado, a polícia estava lá e eu estava sangrando", disse Geymonat, que, além de ter o nariz quebrado, teve o telefone e a bolsa roubados pelo agressores, que em seguida, fugiram do local.
As duas foram encaminhadas a um hospital da região, onde receberam tratamento médico. Uma delas disse que um dos criminosos falava espanhol e que os outros tinham sotaque britânico.

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, reagiu ao acontecido com uma mensagem no Twitter. Segundo ele, foi um ataque repugnante e misógino. "Os crimes de ódio contra a comunidade LGBT não serão tolerados em Londres". 
Não tive coragem de voltar ao trabalho. O que me deixa chateada é que a violência se tornou algo muito comum. Estou cansada de ser considerada como um objeto sexual, de descobrir que essas situações são comuns, de amigos gays que foram espancados. Eu só espero que em junho, Mês do Orgulho LGBT, coisas assim possam ser ditas em voz alta, e parem de acontecer", ressaltou Geymonat no post.
Prisão

Na sexta-feira, 7, quatro jovens, com idades entre 15 e 18 anos, foram presos, acusados de envolvimento no ataque homofóbico contra as duas mulheres no ônibus de Londres. No sábado, 8, a Polícia do Reino Unido também prendeu um adolescente, de 16 anos. Todos ganharam a liberdade neste domingo, após pagamento de fiança.

Ataques

Em 2018, a capital britânica registrou 2.308 ataques homofóbicos. Em 2014, foram 1.488, segundo os números da polícia metropolitana de Londres.

Outro ataque contra um casal de lésbicas levou um teatro de Southampton, no sul da Inglaterra, a cancelar apresentações da peça Rotterdam.

Duas das atrizes do elenco sofreram ferimentos leves, após serem atacadas com pedras por pessoas dentro de um veículo quando chegavam para a sessão, segundo informou a produtora da peça, Hartshorn-Hook. / EFE

Fonte: Estadão, 09/06/2019

Casal de namoradas morto a facadas por vizinho em Angra dos Reis

quarta-feira, 20 de março de 2019 1 comentários

Iasmyn Nascimento de Souza da Silva e Juliana Dantas Monteiro

Família de jovem catarinense morta junto com a namorada no Rio busca recursos para traslado do corpo
Iasmyn Nascimento de Souza da Silva, 20 anos, e a namorada, Juliana Dantas Monteiro, 24, foram assediadas por um vizinho que, insatisfeito com o não, se armou com um faca e matou as duas

Não bastassem a dor e o inesperado da notícia, é preciso lidar com a falta de dinheiro para o translado do corpo da filha, irmã, neta. Esta é a realidade da família de Iasmyn Nascimento de Souza da Silva, 20 anos, assassinada no Rio de Janeiro, juntamente com a namorada, Juliana Dantas Monteiro, de 24 anos. O casal foi morto a facadas por um vizinho de 44 anos que, depois de assediar e discutir com Iasmyn, se armou e partiu para cima dela. 

Ao perceber a agressão, Juliana foi socorrer a namorada e também foi golpeada. O homicida escapou, mas foi localizado e está preso na Delegacia de Polícia de Angra dos Reis. A polícia carioca descobriu que ele era foragido e tinha um mandado de prisão em aberto, por um homicídio contra uma mulher em Araxá, Minas Gerais.

Em Santa Catarina, a família foi informada do duplo homicídio na manhã de sábado (16). As mortes teriam ocorrido na madrugada. A partir dali e mesmo sob efeito de calmantes, a mãe, Lídia Nascimento de Souza, que mora em São José, na Grande Florianópolis, tenta um jeito para sepultar o corpo no Cemitério do Itacorubi, em Florianópolis, onde a família tem uma sepultura. 
 O meu desejo é trazê-la para ficar perto da gente — diz a mãe. 
Iasmyn Nascimento de Souza da Silva

Para agilizar o traslado foi aberta uma
vaquinha na internet (aqui). As despesas funerárias são de R$ 7 mil. Até as 18h30min desta segunda cerca de R$ 4 mil foram arrecadados. A mãe está preocupada: 
Amanhã (terça-feira) terei a resposta sobre a ida ao Rio para o reconhecimento. Precisamos de ajuda, pois o IML só fica com os corpos por 15 dias. 
Lídia contou que a filha se mudou para o Rio de Janeiro há três anos. Fazia um ano que elas não se viam pessoalmente. Mas trocavam mensagens e se falavam por telefone. Lídia diz que aceitava o relacionamento das moças, o qual considerava muito bom, e que as duas trabalhavam com a distribuição de doces no comércio.


Crime praticado por preconceito e lesbofobia, dizem ativistas

A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia do Rio de Janeiro, deputada Renata Souza (PSOL-RJ), lamentou os assassinatos que para ela se caracterizam como preconceito e lesbofobia. Mesmo entendimento tem Lidi de Oliveira, a Lidi Pagu, cantora e ativista na Associação de Mulheres Brasileiras. Lidi leva a mensagem do feminismo não só nas músicas que canta e compõe, como também participa efetivamente de grupos sobre o tema. 
Para a polícia se trata de um duplo homicídio, mas é claro que elas foram assassinadas por serem lésbicas. 
Os crimes ocorreram na casa das vítimas, na Rua Minas Gerais, no bairro Parque Mambucaba. A Polícia Militar apurou que o matador discutiu com uma delas no dia anterior, após uma cantada. 

No dia do crime, quando ele chegou do trabalho, viu que elas estavam em casa. Armou-se com uma faca e foi ao encontro delas. Em seguida, matou Iasmyn e depois Juliana. Os corpos foram levados para Instituto Médico Legal. 

Até a noite de segunda-feira (18) o corpo de Juliana também aguardava liberação. O autor do duplo assassinato, Itamar da Silva, de 44 anos, foi encontrado por policiais militares em patrulhamento no fim da manhã de sábado na RJ-155 (Rodovia Lúcio Meira) quando fugia para Barra Mansa, cidade do sul do Rio de Janeiro. O delegado titular da 167ª DP (Paraty), Marcelo Russo, que no fim de semana também comandava o plantão na Delegacia de Angra dos Reis, indiciou Itamar da Silvapor homicídio qualificado. Ele foi transferido na segunda-feira (18) para a Cadeia Pública de Volta Redonda onde ficará à disposição da Justiça de Angra dos Reis.

Fonte: NSC Total, 18/03/2019

Para mais informações sobre direitos e conquistas das mulheres em geral, acesse Contra o Coro dos Contentes

Juliana Pereira conta que o assassino de sua namorada era obcecado por ela

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019 0 comentários

Juliana Pereira e a namorada, Vanusa da Cunha Ferreira

"Ele era obcecado por ela", diz namorada de motorista assassinada em Goiás

A corretora de imóveis Juliana Pereira, de 40 anos, contou à Universa que o empresário artístico Parsilon Lopes dos Santos, 45, preso após ter confessado assassinar Vanusa da Cunha Ferreira, de 36, alimentava uma obsessão pela motorista e técnica de enfermagem -- mesmo sabendo que ela era homossexual. Juliana e Vanusa namoravam e planejavam construir uma casa e se mudar para Caldas Novas, no interior de Goiás. Vanusa desapareceu no sábado (19), em Aparecida de Goiânia (GO) e na tarde de domingo (20) foi encontrada, já sem vida, perto de um motel em Goiânia. Na quarta-feira (23), Santos confessou os crimes de tentativa de estupro, homicídio, vilipêndio a cadáver e ocultação do corpo. Ele está preso na Delegacia de Investigações Criminais desde então. Segundo Juliana, o suspeito estaria também devendo cerca de R$ 1.300 a Vanusa, referente a corridas que não teriam sido pagas.

Segundo a corretora de imóveis, Santos era cliente de Vanusa havia três meses e havia se tornado invasivo no comportamento.
Eu achava um pouco estranho o fato de eu estar com ela e ele ficar mandando mensagem. Quando ela não respondia, ele insistia e insistia. Eu falava 'meu Deus, amor, esse cara é louco' e respondia 'não, é porque ele é sozinho mesmo, ele precisa que eu faça essa corrida, mas não vou fazer porque estou com o meu amor, não vou sair daqui para ir lá, já falei que estou ocupada e ele fica insistindo'", relembra. "
Às vezes, ele mandava áudio dizendo 'você está tão ocupada assim que não pode me levar em tal lugar?'. Eu achava demais. Mas ela disse 'não, amor, esta é a última corrida que vou fazer com ele, porque vou receber o restante que ele está me devendo, dá quase R$ 1.300 e preciso pagar umas coisinhas e arrumar os pneus'", diz Juliana que, por também já ter tido experiência como motorista, estranhava o comportamento de Santos 
Não era igual a qualquer outro passageiro. Como eu também já trabalhei com aplicativo, eu sei como tratam a gente. Quando a gente fala que está ocupada, e que não vai poder atender a pessoa para uma corrida particular, eles respondem: 'OK, então, pode me passar o contato de alguém que você conheça, de confiança?'. Ele não era assim. Tinha que ser ela."
As duas haviam retomado o relacionamento
 de 3 anos em dezembro.
Para Juliana, o crime pode ter sido resultado de uma rejeição de Vanusa, e ela não descarta que também tenha tido caráter homofóbico. 

Ele sabia que ela tinha essa orientação, então pode ser que ele tenha tentado algo para mudar a orientação sexual dela, como a maioria dos homens faz quando sabe. No caso dele, era uma obsessão por ela", diz. 
A corretora chegou a se questionar se estava sendo muito ciumenta.

 Eu achava que era um pouco de ciúme meu, mas realmente estava me incomodando. Eu falava para ela que esse cara era apaixonado, mas ela falava que não, que ele tinha namorada e que era 'até bom' assim [que ele soubesse da orientação sexual dela] também porque ela não ficaria com ciúme por [Vanusa] andar para baixo e para cima com ele. Mas como ele viu que ela não aceitou [fazer sexo com ele], fez o que fez. Estou sem chão! Revoltada, sofrendo muito e não tenho palavras para expressar a dor que sinto. Dói e dói muito saber que foi tirada a vida de uma mulher maravilhosa como ela, jovem, forte, batalhadora, fiel, companheira... Me faltam palavras para falar da Vanusa, ela era uma supermulher".

A relação de Juliana e Vanusa 

A corretora e a motorista namoraram por três anos, mas haviam enfrentado um período de alguns meses de separação após Juliana ter se mudado para Fortaleza (CE) a trabalho. Elas haviam reatado o relacionamento no mês passado. 
No dia 18 de dezembro, nos reencontramos. Foi lindo, ela chegou por volta das 3h da manhã em Caldas Novas (GO), onde eu estava a passeio, e foi ao meu encontro. Daquele dia para cá, nos encontrávamos às escondidas até que eu estivesse 100% livre para gritar para o mundo inteiro o nosso amor. Ela aceitou me encontrar assim, às escondidas, esperou eu voltar de viagem com a minha família e com a [namorada] que eu tinha, para que não magoasse a mulher com quem eu estava. Nos falávamos dia e noite, mesmo em viagem. O combinado era: 'dia 16, você será só minha, minha vida'. Palavras dela. E aconteceu." 
 Segundo Juliana, as duas tinham planos de irem morar juntas em Caldas Novas. 
Já estávamos com tudo certo. Ela ia sair do Hugol [Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira, onde também atuava como técnica de enfermagem], e trabalharia como enfermeira porque, como tenho contatos lá na área da saúde, e estava tudo encaminhado"
Juliana diz que já se preocupava com o
comportamento de Parsilon quanto à Vanusa
Ela trabalhou no Hugol até as 19h da sexta, fez uma videochamada a caminho da rodoviária, para então começar a trabalhar com ele. Essa foi a última vez em que a vi viva, linda, feliz e maravilhosamente contente, falando que estava com saudades demais e que precisava ver o amor dela. Nos falamos até às 2h32 do dia 19. Eu tinha muito medo, sabia o perigo que ela corria. Mas, nessa noite, ela estava em um lugar público, com pessoas que até então ela conhecia, não estava nas quebradas da cidade correndo risco. Até que teve esse fim terrível." 
A corretora ainda foi a primeira a notar a ausência da namorada e a iniciar as buscas por ela. 

Queria muito tê-la encontrado com vida. Tanto busquei, tanto procurei e tanto quis trazê-la para casa e não fui capaz. Mesmo sendo a primeira a dar falta dela e começar as buscas. Era só isso que eu queria."
 O conforto para ela, neste momento, vem justamente de seus últimos momentos ao lado de Vanusa.
Nós tínhamos que ficar bem. Deus fez com que nos reencontrássemos do dia 18 de dezembro ao dia 18 de janeiro. Na madrugada do dia 19, nos vimos novamente e ela foi encontrar com Deus. Já estava escrito o dia e a hora dela. Mas ela precisava estar em paz comigo e eu com ela. O que me conforta é que ela se foi muito feliz e realizada comigo, o  coração dela transbordando de amor. Ela passou os últimos dias com o amor da vida dela e eu a amando mais que nunca. Só espero que o culpado realmente pague e que a justiça seja feita."

Fonte: Mariana Gonzalez, da Universa, em São Paulo, 24/01/2019 

Dona de restaurante vegano de Araraquara (SP) acusa locador de discriminação

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019 0 comentários

Nathália Mendonça Santos registrou boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher em
Araraquara (SP) 
Foto: Amanda Rocha/A CidadeON

Dona de restaurante acusa locador de homofobia em Araraquara
Boletim de ocorrência foi registrado como injúria e será acompanhado pela Assessoria de Políticas Públicas LGBT da cidade. Nathália Mendonça Santos registrou boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher em Araraquara (SP)

A proprietária de um restaurante vegano de Araraquara (SP) registrou um boletim de ocorrência contra o proprietário do prédio onde seu estabelecimento funcionava, no centro da cidade. Ela diz que teve que sair do local por causa de homofobia.

Segundo Nathália Mendonça dos Santos, de 27 anos, o dono do estabelecimento a teria expulsado na sexta-feira (18) após diversas discussões. Em entrevista ao G1, a empresária disse que o motivo seria um suposto beijo que ela e a namorada teriam dado há alguns dias no local.

O caso foi registrado na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Araraquara como injúria e terá acompanhamento da assessora de políticas públicas LGBT da prefeitura, Filipe Brunelli.

Polícia esteve no prédio, no centro, para averiguar os fatos — Foto: Amanda Rocha/ACidadeOn

Homofobia

Segundo relato de Nathália, o estabelecimento alugado há quatro meses fica na frente da casa dos proprietários e os conflitos começaram no domingo (13), quando o sogro do dono teria visto um beijo entre ela e a namorada.
Ele tem 60 e poucos anos e chamou a atenção dos proprietários do local, falando que não gostou do que tinha visto. Falou que não era certo, uma coisa que não era natural, que não queria que a neta de 9 anos visse”, disse.
Na segunda-feira (14), o proprietário e a esposa marcaram uma reunião com Nathália para pedir para ela não repetisse o comportamento no restaurante. Eles teriam pedido para que, se ela fosse beijar a namorada, o fizesse “no banheiro rapidinho”.
Eu sai do serviço acreditando que foi uma discussão de um caso isolado. Eles sabiam e criaram caso dizendo que não é coisa normal, mas eu sou assim e não vou mudar, posso ir ao local quando eu quiser porque o espaço é meu, eu alugo, pago por mês e posso receber qualquer tipo de pessoa, não são eles que vão definir”, afirmou.
Na quarta-feira (16), Nathália foi ao prédio com outras pessoas depois da meia noite para carregar o celular. Incomodado, o proprietário teria ligado para a mãe da empresária e reclamado que ali não era lugar de namorar.

Na sexta-feira, Nathália disse que tentou conversar com o dono do lugar e pedir que qualquer reclamação fosse reportada a ela. Ao que ele teria estabelecido horários para que ela usasse o espaço.
Ele disse: ‘Não quero você dentro deste local fora do horário das 11h às 14h e das 20h às 23h. Se você está infeliz, saia do espaço. Então eu te peço o local porque isso não é uma coisa normal'”, relatou Nathália.

Segundo o que ela registrou no B.O. minutos depois ele começou a tirar as cadeiras do restaurante alegando que elas não constavam do acordo para locação do imóvel.

Ainda segundo Nathália, a mulher do proprietário teria usado o termo “aberração” e o homem disse para ela tirar as coisas dela do restaurante e a desafiado a provar que eles eram homofóbicos.

Nathália e a namorada teriam recebido ofensas de proprietário do imóvel em Araraquara (SP)
Foto: Amanda Rocha/ACidadeON

Maioria dos clientes do restaurante é de lésbicas e gays

Nathália e a namorada teriam recebido ofensas de proprietário do imóvel em Araraquara (SP)

Segundo Nathália, 90% dos seus clientes são homossexuais e são eles que representam grande parte da renda da família.

O restaurante vegano funcionava em dois horários, pela manhã e a noite e segundo a empresária, vendia em torno de 40 marmitas e 50 lanches por dia.

Além de Nathália, sua mãe e sua tia trabalhavam no lugar e todas tem a renda do restaurante como principal.
É a única renda que a gente tem. Ele tirou a única coisa que eu tinha para sustentar a minha casa”.
Após registrar o B.O. Nathália foi orientada a aguardar uma convocação do Núcleo Especial Criminal (Necrim), órgão especializado da Polícia Civil do Estado de São Paulo que promove a solução de conflitos de interesse decorrentes de crimes de menor potencial ofensivo.

Assessoria LGBT acompanhará o caso

A responsável pela Assessoria de Políticas Públicas LGBT de Araraquara, Filipe Brunelli, afirmou que está acompanhando o caso. Segundo Brunelli, as ofensas e discussões puderam ser ouvidas quando estava em uma ligação com Nathália. O registro da ocorrência também foi incentivado pela assessora.
A assessoria está aqui para isso. Para construir e garantir a cidadania das pessoas LGBT. Nós LGBTs somos muito marginalizados, é tão difícil arrumar um emprego. Aí quando montamos um negócio para podermos sobreviver, acontece isso”, disse.
A empresária e sua namorada serão encaminhadas à defensoria pública onde será designado um advogado que tratará as medidas indenizatórias. O pedido de processo por homofobia também será encaminhado à Justiça.

Empresária apresentou recibo de pagamento de aluguel de restaurante em Araraquara
em nome da mãe.
Proprietário nega preconceito

O G1 tentou entrar em contato com o proprietário do prédio por telefone diversas vezes, mas não obteve sucesso.

Em entrevista gravada ao site A CidadeON, o homem alegou não ser homofóbico e disse que reclamou do barulho que Nathália estaria causando e que ela teria desrespeitado o pedido de silêncio após o horário do expediente.
Eu só reclamei que a gente tem que ter um respeito mútuo porque eu moro nos fundos e ela tem o estabelecimento na frente. Já peguei ela com a namorada, nunca reclamei. O fato que foi a bagunça fora do horário. Se ela quiser namorar pode namorar aqui o quanto quiser, mas não tendo desrespeito com a gente que mora aqui”, afirmou.
Ele disse ainda que Nathália poderia estar inventando falsas acusações contra ele para sair do prédio sem pagar aluguéis que estariam atrasados, mas a empresária apresentou ao G1 recibos que comprovariam o pagamento dos aluguéis.
*Sob supervisão de Fabiana Assis, editora do G1 São Carlos e Araraquara.

Fontes: A CidadeOn (por Amanda Rocha) e G1 São Carlos e Araraquara

Casal de mulheres agredido com chutes e socos em ataque heterrorista em Natal

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019 0 comentários

Vanessa teve o braço quebrado em duas partes

Casal de mulheres é agredido com chutes e socos em ataque heterrorista em Natal

Um casal de mulheres foi vítima de lesbofobia no condomínio Village Planalto, no bairro Planalto, Zona Oeste de Natal. Vanessa Macambira, 40, e Glícia Brandão, 26, são casadas e sofreram agressão verbal e física após interpelar um jovem de 17 anos, lutador de artes marciais, acusado de agredir o filho delas, de apenas 9 anos de idade. O crime aconteceu dia 27 de dezembro de 2018.

Vanessa teve o braço quebrado em duas partes e foi levada para o hospital Walfredo Gurgel, unidade de urgência e emergência na capital potiguar. O local da fratura foi imobilizado e ela ainda aguarda cirurgia pelo SUS. Ao tentar defender a esposa, Glícia levou um soco no rosto e sofreu corte na testa. A criança não presenciou o ataque.

O agressor, menor de 18 anos, vinha hostilizando o filho de Vanessa e Glícia há alguns meses em razão da homossexualidade do casal. Nas redes sociais, o jovem aparece numa das fotos com o logotipo do presidente Jair Bolsonaro. Ele é filho do aposentado Nilo Ferreira Lima, que também mora no condomínio.

Segundo Vanessa, ao ser avisada pelo filho de que havia sido agredido, ela desceu para falar com o garoto e foi ameaçada. Da janela, Glícia viu e desceu para conversar. Vanessa subiu para o apartamento e deixou o filho, antes de voltar para o local onde estavam. No retorno, Vanessa lembra que viu Glícia sendo empurrada, apressou o passo e foi agarrada por trás e atirada no chão. Foi então que o jovem começou a desferir chutes na vítima. Ao tentar impedir, Glícia levou um soco no rosto e perdeu os óculos:
 Quando eu vi, o rapaz empurrou a Glícia e fui tentar separar a briga. Ao chegar, o pai do menino me segurou e me derrubou. Quando eu vi já estava no chão e senti o garoto me chutando. E num dos chutes senti que meu braço havia quebrado. Glícia tentou fazer o garoto parar e levou um soco no rosto, o óculos voou. Ela ainda pegou britas no chão e tentou acertá-lo.
No momento da agressão nenhum dos moradores que presenciou o ataque prestou socorro. O porteiro do condomínio chegou a empurrar Glícia para apartar a briga e outro morador reclamou que uma das vítimas acertou uma pedra em seu automóvel. A síndica se recusou a informar a relação de moradores do prédio, não prestou socorro e também não apurou o caso.

Vanessa e Glícia só conseguiram registrar o Boletim de Ocorrência uma semana depois da agressão em razão da greve dos policiais civis no Estado. Uma advogada soube do caso pelas redes sociais e se ofereceu para defender o casal. O recesso do Judiciário também impediu que as vítimas processassem o agressor e o pai logo após o ocorrido.

A lei estadual que reconhece a homofobia como crime existe desde 2007 no Rio Grande do Norte, mas nunca foi regulamentada pelo Governo do Estado.

Morando juntas há sete anos, Vanessa e Glícia contaram que já foram vítimas de agressões verbais, mas nunca imaginaram que fossem entrar para as estatísticas homofobia da forma como o caso aconteceu:
As pessoas chamam a gente de sapatão na rua e há também o preconceito velado na escolas. Nosso filho tem 9 anos, foi adotado com cinco dias de nascido, e é como se o tempo todo você estivesse sendo observada e julgada por ser uma boa mãe. Tem sempre que provar. Mas nunca imaginamos ser agredidas dessa forma. É homofobia porque começou com agressões ao meu filho, chamado de ‘fresco’, ‘viado’, ‘baitola’ por ser filho de duas mulheres lésbicas”, conta Vanessa.
Luiz Felipe entre as duas mães, Vanessa e Glícia
Histórico

Segundo a mãe, Luiz Felipe vem sendo vítima de bullyng há alguns meses dentro do condomínio. Glícia já chegou a reunir as crianças e adolescentes do prédio para pedir que não ofendessem mais o filho, além de explicar que há diversidade de pensamento e de orientação sexual entre as pessoas. O garoto chega em casa ora chorando ou chateado:
Eu cheguei a ir no apartamento do Nilo porque o filho mais novo dele era uma das crianças que xingava meu filho. Nem conhecia o mais velho, que foi quem nos agrediu.
Vanessa e Glícia são reservadas, não costumam andar juntas pelo condomínio e não possuem relações próximas com os demais vizinhos. Após a agressão, que ocorreu por volta das 20h, a família dormiu na casa da mãe da Glícia, em Lagoa Nova, local adotado como ponto de apoio. Vanessa só aceitou voltar para o condomínio após o irmão conversar com o pai do agressor:
Ele disse para o meu irmão que tinha passado mal, teve pressão alta e que poderíamos voltar sem problemas, mas ainda estamos traumatizadas. Não me sinto segura, mas voltamos depois dessa conversa do meu irmão com ele. O garoto que nos agrediu está passando férias numa casa de praia. Comprei esse apartamento financiado pela Caixa Econômica ainda na planta. Não quero ir embora”, conta Vanessa Macambira, funcionária estadual e municipal
A eleição de um presidente da República homofóbico, como Jair Bolsonaro, é um agravante, avaliam as vítimas. Emocionada, Glícia acredita que os crimes de ódio contra homossexuais devem aumentar: 
As eleições nos deixaram totalmente fragilizadas. Sabíamos que perderíamos nossos direitos e que as pessoas que concordam com o discurso de ódio dele (Jair Bolsonaro) iam sair do armário. E a maioria dessas pessoas é homem e mais fortes que nós. Eles nos querem mortos só pelo fato de existirmos. A eleição de Jair Bolsonaro dá uma espécie de aval, é como se agora isso fosse permitido.
Campanha

Glícia Brandão é atriz e está desempregada. Já Vanessa Macambira é formada em Psicologia e é ex-policial Militar. Ela deixou a PM depois de passar em dois concursos para a área de Saúde do Estado e do município. Trabalha com crianças e jovens. As dificuldades financeiras do casal aumentaram após a agressão. O último salario do município veio com um desconto de mais de R$ 700 em razão dos dias descontados da paralisação dos servidores da saúde. No Estado, a situação é ainda pior. Vanessa está com três folhas atrasadas, incluindo o 13º de 2017.

Diante dos problemas e dos gastos extras com combustível e remédios, as duas resolveram fazer uma campanha de arrecadação. Segundo Vanessa e Glícia, os valores arrecadados serão anexados ao processo:

Banco do Brasil:

Ag: 1668-3
Cc: 15416-4
Variação: 51
CPF: 028.205.684-08
Vanessa Macambira dos Santos

Fonte: Saiba Mais, por Rafael Duarte, 09/01/2019/Portal do Sistema Opinião, 08/01/2019

Estudante espancada na UNB por estar de mãos dadas com a namorada

sexta-feira, 9 de novembro de 2018 0 comentários


Estudante que andava de mãos dadas com a namorada é espancada na UnB
Agressão aconteceu na véspera do feriado de Finados. Jovem é aluna do curso de antropologia e está traumatizada

Uma estudante de antropologia foi espancada por sete pessoas na Universidade de Brasília (UnB). A suspeita é de que o ataque tenha sido motivado por homofobia, já que a jovem estava de mãos dadas com a namorada. A agressão aconteceu na última quinta-feira (1º/11). Em nota, o Departamento de Antropologia (DAN) repudiou qualquer ato de violência e, além de tomar as medidas cabíveis, disse estar empenhado em lutar e combater ações de preconceito dentro e fora da universidade.

Segundo o departamento, este não foi um ato isolado de violência direcionada às minorias no câmpus Darcy Ribeiro, na Asa Norte. “Nós nos solidarizamos com as estudantes e incentivamos que sejam feitas denúncias de atos de intolerância e violência. Reiteramos que a universidade é um espaço aberto e de liberdade e deve seguir sendo. Nosso esforço tem que ser por desfazer a violência no seu âmago”, finaliza o texto.

A direção do Instituto de Ciências Sociais, do qual faz parte o DAN, se manifestou por nota, em solidariedade às alunas. “Tais atos não podem ser tolerados e nos empenharemos para evitar que se repitam”, declarou. O caso está sendo acompanhado de perto por uma professora, mas, como a aluna está muito traumatizada, no momento, nenhuma das duas vai se pronunciar.

A Administração Superior da UnB disse não ter sido formalmente comunicada e que soube do ocorrido apenas pela nota do DAN, publicada em redes sociais, mas lamentou o fato e disse estar à disposição das vítimas. “Repudiamos quaisquer atos de violência e intolerância e reiteramos nosso compromisso com a defesa da paz e dos direitos humanos”, afirmou a universidade.

Morte no mesmo dia 

A agressão à jovem teria ocorrido na festa Happy Hour da Resistência, realizado pelo Centro Acadêmico de Direito da universidade, mesmo evento em que morreu Renan Rafael da Silva Barbosa. Quatro homens foram presos pela Polícia Civil no dia seguinte, acusados de terem cometido o crime. Três deles já tinham passagens pela polícia por tráfico de drogas, receptação e porte de arma. A vítima, que não era aluno, também tinha antecedentes criminais.

A Universidade de Brasília informou que a festa foi realizada por ocasião do encerramento da 22ª Semana Jurídica e havia autorização da direção da Faculdade de Direito. Após o término do evento, a equipe de estudantes organizadores chegou a ligar para que a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) ajudasse na dispersão de pessoas desconhecidas que teriam permanecido no estacionamento mesmo depois da confraternização.

Segundo a UnB, a PM faz rotinas diárias no campus e possui um posto fixo.
Os policiais também são acionados pela Administração Superior sempre que as circunstâncias extrapolam a competência das forças de segurança da Universidade”, declarou, em nota, a administração. Como investimento em segurança, 350 câmeras de vigilância estão sendo instaladas nos quatro câmpus (Asa Norte, Planaltina, Ceilândia e Gama).
Fonte: Correio Braziliense, por Mariana Machado, 05/11/2018

Juliane dos Santos Duarte, negra, lésbica e periférica, foi morta por ser policial

quarta-feira, 8 de agosto de 2018 0 comentários

A policial militar Juliane dos Santos Duarte, 27, teve o corpo localizado na segunda (6)

Negra, lésbica e periférica, Juliane "morreu por ser policial", dizem ativistas de direitos humanos

Entidades de defesa dos direitos LGBT e dos direitos humanos lamentaram nesta terça-feira (7) o assassinato da policial militar Juliane dos Santos Duarte, 27. A soldado, que havia sido raptada por criminosos na comunidade de Paraisópolis (zona sul de São Paulo) na semana passada, ficou cinco dias desaparecida até ter o corpo localizado na noite da segunda (6), em Jurubatuba, também na zona sul, a pouco mais de 8 km de onde havia sido levada. 

Jovem, negra, lésbica e moradora da periferia (no caso, de São Bernardo do Campo, Grande São Paulo), Juliane teve o caso comparado à da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) por uma rede de trabalhadores de segurança --entre os quais, policiais militares, civis, federais e guardas civis-- que atua na defesa dos direitos dos trabalhadores LGBT. Apesar das comparações, as entidades ouvidas pela reportagem, dizem que morreu por ser policial. 

Entidade que reúne cerca de 60 mil associados em todo o país, a Renosp (Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBTI) acionou o Condepe (Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana) para que o caso possa ser acompanhado de perto perante a Secretaria de Segurança Pública do Estado –que chegara a oferecer, ontem, recompensa de R$ 50 mil por informações que levassem ao paradeiro da policial. O corpo dela foi localizado em um carro abandonado. 
Desejamos aos amigos e familiares um alento no coração e muita força para seguir adiante além de nos colocarmos à disposição para ajudar no que for preciso, bem como para garantir que este crime seja devidamente investigado", assinou nota da entidade. 
Para o coordenador regional da Renosp, o soldado paulista Leandro Prior, há "convicção de que a motivação para a morte de Juliane foi o ódio por ela ser PM". 
Acionamos o Condepe e também a Comissão Estadual de Diversidade Sexual para que eles acompanhem as investigações desse caso e pressionem as autoridades. Não queremos que este seja mais um caso Marielle", afirmou o policial. 
Marielle foi morta com quatro tiros na cabeça, em março deste ano, junto com o motorista Anderson Gomes. Então com 38 anos e vereadora em primeiro mandato, era negra, lésbica e criada no Conjunto da Maré, zona norte do Rio. Após 146 dias, o caso ainda não foi elucidado

Prior se disse incomodado com uma série de relatos oriundos de outros militares e também de civis, nos últimos dias, sobre uma suposta imobilidade de grupos de defesa dos direitos humanos em relação à policial. Vários desses relatos, questionando a parcialidade dos grupos, têm sido feita nas redes sociais por civis, policiais e candidatos nas eleições de outubro. 
Existe uma cobrança muito grande em relação aos defensores de direitos humanos sobre o amparo deles aos policiais, mas, se a gente não se movimenta e coloca em prática essa insatisfação, de que adianta reclamar?", questionou Prior. "Os direitos humanos servem a qualquer um. E eu, mesmo, como policial, tive apoio no momento em que mais precisei deles", defendeu. 
O soldado se referiu ao episódio recente em que ele, gay assumido, passou a receber ameaças de morte e pressões para que deixasse a corporação depois de ter sido filmado, de farda e sem seu conhecimento, dando um selinho de despedida em outro homem em um vagão no metrô em São Paulo. Prior buscou ajuda no Condepe, que, junto com a Ouvidoria da PM, levou o caso à Corregedoria da PM, onde as ameaças são investigadas. "Acredito que há muita desinformação. Os direitos humanos acolhem a todos, desde que a vítima seja um ser humano. Mas precisam ser acionados", finalizou. 

Morte de PM é "ataque a todos que defendem os direitos humanos", diz conselho 

Em nota, o Condepe destacou que o caso de Juliane "faz parte de um contexto de crescente violência urbana e insegurança pública" e lamentou a situação. 
O ataque contra uma jovem servidora da segurança pública é um ataque contra o Estado de Direito e contra todos que defendem a legalidade, a Justiça e os Direitos Humanos", afirmou, no texto, o advogado Ariel de Castro Alves, integrante do Condepe. "Os policiais que atuam corretamente no exercício de suas funções são fundamentais defensores de direitos humanos", observou Alves, que ainda colocou a entidade à disposição da família da policial e de amigos dela "visando cobrar e acompanhar uma rápida elucidação do crime." 
O advogado ponderou ainda a importância de as forças policiais atuarem "com respeito e regularidade" durante as investigações em Paraisópolis como forma de "a polícia poder contar com a confiança e o apoio dos moradores da região" a fim de esclarecer o crime. "Como defensores de direitos humanos, defendemos principalmente o direito à vida e lutamos contra qualquer forma de violência, injustiça e discriminação", finalizou a nota. 

Sou da Paz vê "perversidade com o policial" 

Entidade com foco em segurança pública e direitos humanos, o Instituto Sou da Paz também lamentou a morte de Juliane e a contextualizou em um cenário em que o PM é treinado para agir como se estivesse "na trincheira de uma guerra". 
O país teve mais de 62 mil mortes violentas registradas em 2016 [último levantamento da entidade], e nenhuma vida vale mais que outra", avaliou o diretor-executivo do Sou da Paz, Ivan Marques. "O assassinato de Juliane é mais um caso brutal que a gente lamenta, sobretudo por ela ter sido morta por sua condição de policial", destacou. 
Para Marques, policiais militares, sobretudo praças, "sofrem de uma visão da sociedade e deles próprios" de que o PM é "a ponta de lança na defesa contra a criminalidade". "É uma visão que coloca o PM submetido ao risco de morte e absolutamente cruel com o servidor público, porque ninguém pode estar mais disposto a morrer que outro e em uma situação de 'trincheira na guerra contra a criminalidade'; de 'nós contra eles'. Isso é uma perversidade para o policial e só reforça um ciclo de violência", definiu. 

"Ela morreu por ser policial", analisa Fórum de Segurança 

Com atividade semelhante à do Sou da Paz, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública também lamentou o assassinato da jovem policial e ponderou que, diferentemente de Marielle, em que policiais são investigados, no caso de Juliane, ela "morreu por ser policial". 
Ambos os casos são trágicos. No caso de Marielle o caso ganhou grande repercussão porque ela era uma vereadora recém-eleita, mas não penso que seja possível valorar uma vida ou outra, uma morte ou outra. Ambos os casos são a evidência da barbárie que vivemos no Brasil e que se expressa principalmente na morte de jovens, negros e periféricos, e no caso das duas, ainda mais minorias por serem mulheres e homossexuais", analisou a diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno. 
O caso da Juliane, no entanto, é diferente no sentido de que ela morreu por ser policial. É sabido que policiais são vítimas privilegiadas do crime organizado, e que matar um policial pode ser inclusive um mecanismo de ascender numa facção", acrescentou Samira. 
Nesse cenário em que vivemos hoje, em que a política pública e a inteligência são negligenciadas, e o Estado opera na lógica da vendeta, os policiais da ponta, especialmente praças da PM, ficam ainda mais vulneráveis", ressaltou. 
Samira lembrou que, há alguns anos, o Fórum fez uma pesquisa sobre a vitimização de policiais. 

À época, disse, "a maioria deles respondeu que não se deslocava de casa para o trabalho de farda e que evitavam usar transporte público". "No fundo o que está por trás dessas respostas é justamente o medo de ser alvo", definiu. 

Em média, 70% dos policiais assassinados no Brasil morrem fora de serviço – caso de Juliane, que estava em um bar, com amigos, em sua primeira noite de férias da PM. 
Falamos de um caso de extrema gravidade, mas que não pode e não deve ser discutido na lógica direita versus esquerda, movimentos de direitos humanos versus o resto. Estamos falando da urgência de se pensarem políticas de enfrentamento à criminalidade e de desestruturação do crime organizado que priorizem a investigação e que valorizem o policial --não dá para continuar fazendo mais do mesmo e querer se promover com a tragédia alheia", pediu a especialista.
Fonte: UOL Notícias, Cotidiano, por Janaína Garcia, 07/08/2018

Casal de mulheres expulso por motorista de carro da Uber após se beijar

quarta-feira, 13 de junho de 2018 0 comentários

Alex Lovine e a namorada Emma Pichl

Casal lésbico é expulso por motorista de carro da Uber após se beijar

No último sábado (9), Alex Lovine e a namorada, Emma Pichl, estavam em um carro da Uber enquanto faziam a viagem de um restaurante para o outro, em Nova York, para comemorar o aniversário de duas amigas. No meio da viagem, elas resolveram dar um beijo rápido e a próxima coisa que se lembram é de serem expulsas do automóvel. 

Em entrevista ao BuzzFeed, Alex contou que tanto ela como a namorada estavam sentadas ao lado da janela, na parte de trás do carro, quando deram um selinho no meio do passeio. 
Alguns minutos depois disso, o motorista parou e disse: 'você não pode fazer isso'. No começo, minha namorada achou que ele estava brincando e começou a rir, mas ele logo deixou claro que estava falando sério", contou ela.
Segundo ela, o motorista passou a dizer como "era ilegal" elas se beijarem, alegando ser algo "desrespeitoso". 

Após o ocorrido, Alex prestou uma queixa à Uber e à Comissão de Direitos Humanos de Nova York. Um porta-voz da Uber disse ao BuzzFeed News que recebeu reclamações tanto da passageira quanto do motorista envolvido. A empresa disse que não poderiam especificar o que o motorista reclamou por "razões de privacidade". 
A Uber não tolera qualquer forma de discriminação, e nós contatamos o piloto em relação à sua experiência. Estamos investigando e tomaremos as medidas apropriadas ", disseram.
Vale lembrar que, há duas semanas, o perfil oficial da Uber nas redes sociais afirmou que a empresa está "orgulhosa de estar ao lado da comunidade homossexual" no Mês do Orgulho LGBT de 2018. 
Sinceramente, eu só compartilhei essa história para que exista algum tipo de consciência sobre o assunto e, para a Uber, espero esclarecer que isso não é bom para eles e espero uma atitude para impedir que futuros motoristas tenham o mesmo comportamento", concluiu.
Fonte: Alagoas Alerta via UOL, 09/06/2018

4 em cada 10 paulistanos são contra beijos e abraços entre pessoas de mesmo sexo em espaços públicos

quinta-feira, 24 de maio de 2018 0 comentários


4 em cada 10 paulistanos são contra beijos e abraços entre pessoas de mesmo sexo em espaços públicos
Conclusão do levantamento é que o paulistano é mais favorável às questões de direitos homossexuais quando elas acontecem 'longe' do entrevistado

Quatro em cada 10 paulistanos são contrários à demonstração de afeto, como beijos e abraços, entre gays e lésbicas em locais públicos. Uma pesquisa inédita da Rede Nossa São Paulo, lançada nesta terça-feira, 22, mostra que quando o assunto é convivência íntima com casais do mesmo sexo, os moradores da capital paulista ainda apresentam resistência.

A conclusão do levantamento é que o paulistano é mais favorável às questões de direitos homossexuais quando elas acontecem "longe" do entrevistado. Somente 22% dos moradores de São Paulo apoiam que pessoas do mesmo sexo demonstrem afeto, como beijos e abraços, em locais públicos. Já 43% são contrários e 30% não são a favor nem contra. 

O resultado é semelhante à demonstração de afeto na frente de familiares: 38% dos entrevistados rejeitam e 23% se declaram a favor. Entre os que não são a favor nem contra, há 33% em todos os aspectos analisados no âmbito íntimo, a favorabilidade à convivência íntima é mais acentuada entre jovens mais escolarizados e com maior renda. 

O estudo Viver em São Paulo, com foco em diversidade sexual, revela ainda que são nos espaços e no transporte públicos que os paulistanos mais afirmam ter vivido ou presenciado casos de preconceito de gênero ou orientação sexual. Em espaços públicos, 51% relataram já ter visto ou vivido situações de homofobia - já no transporte público, 46%. 

Segundo o coordenador geral da Rede Nossa São Paulo, Jorge Abrahão, não havia dados em relação à temática de direitos homossexuais especificamente na cidade de São Paulo. Com o estudo, será possível criar ano a ano uma série histórica sobre a relação do paulistano com a população de gays e lésbicas.

Abrahão diz que a pesquisa aponta para uma "relativa hostilidade" da cidade a gays, lésbicas e outros. Ele destaca as situações de preconceito no transporte público. 
Se 5 em cada 10 paulistanos já tiveram de algum maneira contato com situação de preconceito, isso significa seis milhões de pessoas. Serve de alerta que o transporte público seja um vetor que sempre apareça. Quando pesquisamos situações de assédio sexual com mulheres, o transporte público também surge como um problema do ponto de vista da segurança", afirma. "O resultado mostra que precisamos de um transporte mais seguro e, para isso, podem ser feitas mais campanhas e mais fiscalização. Teria um impacto muito grande na cidade".
Também quatro em cada 10 paulistanos já vivenciaram ou presenciaram situações de preconceito de gênero ou orientação sexual em shoppings, bares, restaurantes, escolas, faculdades e comércios. O contato com todas as situações de homofobia investigadas é mais acentuado na região norte da cidade. 

Favorabilidade. Mais da metade dos moradores de São Paulo (54%) é favorável à criação de leis de incentivo à inclusão de pessoas homossexuais no mercado de trabalho, a pessoas transexuais e travestis adotarem o nome social, ou seja, o nome pelo qual preferem ser chamados(as) (53% de favorabilidade) e à adoção de crianças por casais homossexuais (51% de favorabilidade).

Com a maior rejeição pelo paulistano, está a criação de banheiros unissex ou sem demarcação de gênero. Enquanto 52% são contrários à ideia, somente 20% apoiam. 

Administração municipal. Cerca de 3/4 avaliam que a administração municipal tem feito pouco ou nada para combater a violência contra a população homossexual. 

Para 46% dos entrevistados, a Prefeitura de São Paulo tem feito muito pouco para combater esse tipo de violência e para 28% a Prefeitura não tem feito nada. Dos entrevistados, 8% afirmam que a gestão municipal tem feito muito para garantir a segurança da população e 18% não souberam ou preferiram não responder.
A avaliação da Prefeitura é baixa. Há uma sensação de que poderia estar sendo feito mais. Onde mais aparecem os preconceitos é nos espaços públicos. São lugares em que a Prefeitura está presente. É um campo que a Prefeitura poderia estar assumindo mais o papel", afirma o coordenador da Rede Nossa São Paulo. 
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informa que investe em várias ações para combater a violência contra a população homossexual e outras congêneres. Na manhã desta terça-feira, o prefeito Bruno Covas reafirmou a disposição da administração municipal em "promover políticas afirmativas para todos os segmentos da população que sofrem com preconceito e discriminação". 

Uma das iniciativas, comandada pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos, é o aperfeiçoamento e ampliação do programa Transcidadania, de formação educacional e profissional.

No texto, a SP Trans repudia qualquer manifestação de desrespeito ao público LGBTI no transporte público e informa que os operadores dos veículos estão preparados para agir em caso de ocorrências.

Índice de preconceito. Nesta edição da pesquisa Viver em São Paulo, foi criado um índice para classificar a população paulistana em relação à variação da favorabilidade sobre frases ligadas à temática.

O resultado final é uma escala que varia de 0 a 1. Sendo quanto mais próximo de 0, mais favorável é o respondente em relação aos temas homossexuais, e quanto mais próximo de 1 é o índice, mais contrário ele é. 

Na média, São Paulo alcançou o índice de 0,46 - o que representa que, de forma geral, que o paulistano é "timidamente mais favorável" às questões homossexuais.
O índice está quase meio a meio, mostrando uma tênua tendência da população a ter maior aceitação. Ainda estamos no meio do processo, tendo que trabalhar essas questões. Existe muito a ser trabalhado para que possamos reduzir esses problemas", diz Abrahão. 
O perfil do grupo mais favorável a questões relacionadas à população homossexual é composto por mulheres, mais escolarizadas, da região oeste da cidade, de religiões diversas, com renda familiar de mais de 5 salários mínimos e com idade entre 25 e 43 anos. 

Já o perfil do grupo mais contrário a questões relacionadas à população homossexual é composto por homens, menos escolarizados, da região leste da cidade, evangélicos ou protestantes, com renda familiar de menos de 2 salários mínimos e com mais de 55 anos. 

Foram entrevistadas 800 pessoas. A pesquisa incluiu no perfil amostral a pergunta de autodeclaração sobre a orientação sexual dos entrevistados. O resultado aponta que 90% dos paulistanos se declaram heterossexuais, 3% homossexuais, 2% bissexuais e 5% não sabe ou não respondeu.

Fonte: O Estado de S.Paulo, por Juliana Diógenes, 22/05/2018

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