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Amor entre duas estudantes gera discussão pública em Cuba sobre direitos homossexuais e a ditadura comunista

quarta-feira, 21 de setembro de 2022 0 comentários

O amor entre estas duas estudantes gerou
uma discussão pública em Cuba

"Glenda te amo". Um cartaz com esta mensagem de amor está a gerar polémica e discussão na sociedade cubana, que se prepara para votar um documento histórico mas muito controverso.

"Glenda te amo". É esta mensagem simples, pintada à mão com as cores do arco-íris, e colocada na varanda de uma escola secundária, que está a agitar a sociedade cubana e a lançar uma gigantesca discussão pública sobre os direitos da comunidade homossexual num país que continua debaixo de uma ditadura comunista. A história de amor entre duas jovens representa uma vontade de mudança, de crença num futuro diferente, e está a inspirar milhares de pessoas, num momento em que Cuba se prepara para referendar um documento polémico, o Código das Famílias, que prevê a possibilidade de casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Só que a coisa não é assim tão simples e clara.

O cartaz de amor foi colocado na Escola Pedagógica Raúl Corrales, em Ciego de Ávila, uma pequena localidade no centro de Cuba, a mais de 400 km de Havana. A página de Facebook da escola acabou por publicar as imagens, que emocionaram a comunidade local, e geraram imensos comentários favoráveis.

País dividido em relação ao novo Código das Famílias
suspeito de ser apoio à ditadura

Só que o amor homossexual, reprimido durante décadas de ditadura comunista, ainda não é algo visto como legal pelo regime, e a publicação da escola foi, entretanto, ocultada, provavelmente devido a ordens superiores.
E foi precisamente a retirada da publicação que gerou uma onda de protesto, contestação que chegou a todo o país, e que lançou a discussão sobre o Código das Famílias, um documento preparado pelo regime comunista liderado por Miguel Díaz-Canel, que sucedeu na presidência cubana a Raúl Castro, em 2018, e que será referendado a 25 de setembro.

Este Código das Famílias está, também, a dividir a sociedade cubana. Isto porque o documento é visto por muita gente como uma armadilha criada pelo regime comunista de Díaz-Canel, que mascara uma suposta lei que mostra progresso e respeito pelos direitos LGB como uma validação do próprio regime comunista. Ou seja, quem votar "sim", e disser que quer que o país passe a permitir o casamento homossexual, está, também, a aceitar o regime ditatorial cubano, que continua a oprimir a sociedade e a suprimir a liberdade.
Os membros da comunidade LGB só terão direitos reconhecidos no Código da Família desde que não se oponham à revolução. Caso contrário, serão perseguidos, encarcerados, expulsos e maltratados das formas mais criativas às mais cruéis. Lembrem-se de que aqueles que se opõem à revolução não têm direito a nada em Cuba, não importa se são heterossexuais ou homossexuais".
As palavras são do padre Kenny Fernández, de uma igreja em Mayabeque, Cuba, um opositor ao regime comunista. Para ele, o novo Código das Famílias é um embuste.
Dizem-nos que o Código das Família procura proteger as crianças. Pergunto: como podemos proteger as crianças da fome se não há pão? Como podemos protegê-las das insónias e do esgotamento causado por uma noite de apagão, porque não temos eletricidade?", questionou numa publicação partilhada na sua conta de Facebook.
O atual regime cubano, iniciado por Fidel Castro a 1 de janeiro de 1959, sempre proibiu e reprimiu todas as manifestações de amor homossexual. O casamento entre pessoas do mesmo sexo é proibido em Cuba e há dezenas de relatos de cidadãos homossexuais que contam como foram perseguidos e maltratados durante anos, sendo obrigados a esconder a sua orientação sexual. Hoje, essa repressão é muito mais discreta, devido ao forte escrutínio que existe, mas também à necessidade de o regime cubano não querer passar para o exterior uma imagem demasiado agressiva e retrógrada. Precisamente para criar a ideia de uma sociedade mais moderna, o regime comunista de Díaz-Canel preparou o tal Código da Família, que será referendado a 25 de setembro.
Quase todos nós saímos tardiamente do armário. Muitas vezes apenas quando saímos do país. Mas muitos continuam sem se assumir e têm medo de demonstrar afeto, publicamente, pelos seus parceiros", acusa a activista dos direitos LGBT Yennys Hernández Molina, que se congratulou, nas redes sociais, com o caso destas duas estudantes.
Para Hernández Molina ainda há um longo caminho a percorrer, até porque, nos dias de hoje, como acusa, muitos dos espaços partilhados pela comunidade LGBTI em Cuba ainda são "tudo menos seguros" e "alguns são abertamente violentos". Para esta ativista é importante que não se olhe para quem se assume como uma pessoa "corajosa".
Eu luto para que estas raparigas, ou todas as pessoas que se assumem, não sejam rotuladas de corajosas. O objetivo não é ser corajoso, mas sim ser livre".
Em ditadura, Glenda não pode amar ninguém. Não se ama numa ditadura", afirmou a ativista de direitos LGB, garantindo, por isso, que não irá votar favoravelmente ao Código das Famílias, que impõe a quem vota "sim" uma concordância com o regime ditatorial comunista. "Eu não voto".
Por motivos diferentes, também a igreja cubana é contra o novo Código das Famílias, que considera um passo para "destruir o modelo de família tradicional".

Clipping A história de amor de duas estudantes que está a agitar Cuba e a abanar o regime comunista, MAGG, Sapo.pt, 21/09/2022

Ver também Che Guevara era homofóbico

Ativistas lésbicas condenadas à morte no Irã por 'promoverem a homossexualidade'

segunda-feira, 12 de setembro de 2022 0 comentários

Ativista Zahra Sedighi Hamedani, condenada no Irã - 6Gang/Reprodução

ONGs afirmam que esta é a primeira vez no país que pena capital é dada devido a orientação sexual

Duas ativistas iranianas lésbicas foram condenadas à morte por "promover a homossexualidade", informou o grupo de direitos humanos 6Rang na segunda-feira (5/9). Segundo Shadi Amin, coordenadora da organização, esta é a primeira vez que mulheres são condenadas à morte no Irã devido à orientação sexual.

Zahra Sedighi Hamedani, 31, e Elham Chubdar, 24, foram condenadas por um tribunal da cidade de Urmía, no noroeste do país. As jovens também foram acusadas de promover a religião cristã e de terem contatado um veículo da mídia que faz oposição ao governo iraniano. Elas estão detidas no presídio local.

Outra mulher enfrenta as mesmas acusações e também está presa. Trata-se de Soheila Ashrafi, 52, natural de Urmía. A sentença no seu caso ainda não foi proferida.

Amin afirma que a ONG 6Rang pediu à Alemanha e a outros governos estrangeiros que pressionem o Irã pela libertação das ativistas.

Autoridades de Teerã confirmaram que Hamedani e Chubdar foram condenadas por "espalhar a corrupção na Terra" —a sentença é comumente dada a réus considerados infratores da sharia, a lei islâmica. É a acusação mais grave do código penal iraniano.

Em comunicado divulgado pela agência de notícias estatal IRNA, o regime negou que a condenação tenha se dado devido à orientação sexual das mulheres.
"Ao contrário de notícias publicadas online, as condenadas enganaram e traficaram jovens mulheres e meninas para fora do país, prometendo-lhes oportunidades educacionais e de trabalho, levando ao suicídio de várias vítimas."
O destino de Hamedani —conhecida como Sareh— é temido desde 2021, quando ela foi capturada pelas forças de segurança iranianas ao tentar fugir para a Turquia.

Defensores dos direitos humanos acusam o Irã de promover uma campanha de repressão contra amplos setores da sociedade. Eles denunciam, entre outros, detenções de membros da minoria religiosa bahá'í, o aumento das execuções e a prisão de cidadãos estrangeiros.

Em março, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, descreveu a homossexualidade como parte de uma "privação moral" generalizada na civilização ocidental.

Clipping Irã condena ativistas lésbicas a morte por 'promoverem a homossexualidade', FSP, 05/09/2022

Onde a homossexualidade ainda é ou deixou de ser criminalizada

segunda-feira, 22 de agosto de 2022 1 comentários


A homossexualidade, cuja descriminalização foi anunciada neste domingo (21) em Singapura, continua sendo reprimida e inclusive punida com a pena de morte em vários países, enquanto em outros é totalmente aceita.

Segundo um relatório publicado em 2020 pela Associação Internacional de Pessoas Lésbicas, Gays, Trans e Intersexuais, as relações entre pessoas do mesmo sexo são reprimidas por lei em 69 de 193 países, e em 11 podem ser punidas com a pena de morte.

Atualmente, o casamento gay é autorizado em 32 países.

Um crime na África

No continente africano, cerca de 30 países proíbem a homossexualidade. A África do Sul é uma exceção: legalizou o casamento gay em 2006. A adoção, a procriação medicamente assistida (PMA) e a gestação sub-rogada são permitidas.

As relações entre pessoas do mesmo sexo são passíveis de punição com a pena de morte em Sudão, Somália e Mauritânia. Apenas alguns países (Cabo Verde, Gabão, Costa do Marfim, Mali, Moçambique, República Democrática do Congo, Angola, Madagascar, Ruanda, Seychelles e Botsuana) as descriminalizaram.

Repressão no Oriente Médio

No Oriente Médio, Israel legalizou a adoção por casais homossexuais. A Suprema Corte também autorizou, em julho de 2021, a gestação sub-rogada para estes casais. O casamento entre pessoas do mesmo sexo não é autorizado, mas sim reconhecido quando tiver sido celebrado no exterior.

O Líbano também é mais tolerante do que os outros países árabes, onde teoricamente os homossexuais podem ser condenados à pena capital, como Arábia Saudita ou Emirados Árabes Unidos.

Evolução na Ásia

A Índia descriminalizou a homossexualidade em 2018 e Taiwan foi pioneiro no continente ao legalizar o casamento homossexual em 2019.

Na Tailândia, o Parlamento abriu em junho o caminho para as uniões entre pessoas do mesmo sexo, ao aprovar um texto em primeira instância neste sentido.

Europa, a pioneira

Todos os países europeus descriminalizaram a homossexualidade.

A Holanda se tornou, em 2001, o primeiro país do mundo a tornar legal o casamento homossexual. Outros Estados europeus seguiram seus passos: Bélgica, Espanha, Noruega, Suécia, Portugal, Islândia, Dinamarca, França, Reino Unido, Luxemburgo, Irlanda, Finlândia, Malta, Alemanha, Áustria e, mais recentemente (em julho de 2022), Suíça e Eslovênia.

Países como Hungria, República Tcheca, Áustria, Croácia, Chipre, Suíça, Itália, Grécia e Estônia reconhecem as uniões civis.

A maioria dos países do leste europeu (Lituânia, Letônia, Polônia, Eslováquia, Romênia e Bulgária) não autoriza nem as uniões, nem os casamentos.

Na Rússia, a homossexualidade foi considerada um crime até 1993 e uma doença mental até 1999. Desde 2013, uma lei pune com multas e penas de prisão qualquer ação de "propaganda" homossexual destinada a menores.

Na Hungria, falar de homossexualidade na frente de menores também pode ser objeto de multa desde 2021.

Na Europa ocidental, vários países autorizam a adoção conjunta por casais do mesmo sexo no âmbito do casamento ou da união civil, incluindo a Holanda (desde 2001), Dinamarca, Suécia, Espanha, Bélgica, França, Reino Unido, Alemanha, Finlândia, Eslovênia e Suíça, entre outros.

A procriação medicamente assistida é permitida aos casais de lésbicas em 12 países da Europa: Bélgica, Holanda, Reino Unido, Espanha, Áustria, França, Irlanda e países nórdicos.

A maioria dos países europeus proíbe a gestação sub-rogada. O recurso à barriga de aluguel é autorizada, desde que não remunerada, em Bélgica, Holanda e Reino Unido.

Avanço nas Américas 

O Canadá legalizou o casamento homossexual e autoriza a adoção, a procriação medicamente assistida e a gestação sub-rogada.

Nos Estados Unidos, em 2015, a Suprema Corte legalizou o casamento gay em todo o país.

Na América Latina, vários países permitem este tipo de união: Argentina (desde 2010), Uruguai, Colômbia, Brasil, Equador, Costa Rica e Chile. Também é permitida em 26 estados mexicanos e na Cidade do México.

Em Cuba, será realizado um referendo em setembro sobre um novo código da família, que poderia comportar a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Oceania

A Nova Zelândia tornou legais o casamento gay e a adoção em 2013 e a Austrália, em 2017.

Clipping Homossexualidade no mundo, entre a pena de morte e os casamentos gays, GZH Mundo, via * AFP, 21/08/2022

Parlamento alemão vai homenagear as vítimas homossexuais do regime nazista no Dia Internacional da Memória do Holocausto

segunda-feira, 25 de julho de 2022 0 comentários


Dia Internacional da Memória do Holocausto é celebrado todo ano no dia 27 de janeiro


O Parlamento alemão vai homenagear as vítimas do regime nazista que foram perseguidas e mortas por sua orientação sexual pela primeira vez no ano que
vem, disse o presidente do Bundestag na sexta-feira.

Em 27 de janeiro, Dia Internacional da Memória do Holocausto, os legisladores alemães colocarão essas vítimas "no centro da cerimônia de comemoração", disse Baerbel Bas ao diário alemão Tagesspiegel.

Desde 1996, a Alemanha celebra oficialmente o Dia da Memória do Holocausto com uma cerimônia solene no Bundestag que inclui o discurso de um sobrevivente e comemorações em todo o país.
Infelizmente não há sobreviventes para o memorial às vítimas LGB — disse Bas, acrescentando que as autoridades parlamentares estão conversando com a Federação Alemã de Lésbicas e Gays (LSVD).
Ativistas trabalham há anos para estabelecer uma comemoração parlamentar oficial das vítimas do regime nazista que foram perseguidas por sua identidade sexual ou de gênero.
Essas vítimas ainda não têm seu próprio memorial. Para tirar as devidas lições de todas as suas diferentes facetas, a história deve ser mantida viva — disse Henny Engels, membro do conselho de administração do LSVD.

Clipping Parlamento alemão homenageará vítimas LGBT+ do nazismo, por Por AFP — Berlim, via O Globo, 

Canal de mulheres denuncia motorista da UBER por lesbofobia

quarta-feira, 6 de abril de 2022 0 comentários

Marília Carreiro e namorada (Reprodução: Instagram)

Marília Carreiro, de 32 anos, registrou um trecho da discussão em que o motorista contesta a orientação sexual do casal durante uma corrida no município Serra, a 29 quilômetros da capital capixaba; em nota, a empresa afirmou que ‘repudia qualquer tipo de discriminação’ e que o colaborador foi desativado

Durante um trajeto na Uber, a escritora Marília Carreiro, 32, denunciou nas suas redes sociais que ela e a companheira foram vítimas de homofobia através de agressões verbais do motorista do aplicativo. Elas pediram um carro na tarde de terça-feira, 29, em Serra, cidade a 29 quilômetros de Vitória. Conforme relato da escritora na publicação, a viagem durou aproximadamente 15 minutos. Segundo Marília, ao longo do caminho, quando o homem percebeu que elas eram um casal, ele teria dito que eram “aberrações e não deveriam nem existir”. No mesmo dia do ocorrido, a empresa foi notificada. O casal também prestou boletim de ocorrência. Em entrevista ao Estadão, a escritora contou que foi a primeira vez que sofreu esse tipo de abuso em aplicativos de transporte. Ela detalhou que o motorista começou a falar sobre questões políticas, despejar discursos de ódio e aumentar o tom de voz. Neste instante, elas decidiram se manter em silêncio com medo de represálias. Alguns minutos depois, Marília revidou algumas falas do homem e registrou a discussão. Veja o vídeo:
 Estou me sentindo desrespeitada dentro do seu carro”, disse Marília.
Em seguida, o motorista reagiu à queixa da escritora.

 Homem nasce homem. Mulher nasce mulher, querida. Isso não existe”. 

Ao longo da discussão, a outra mulher afirmou que ele estava sendo preconceituoso e pediu para que ele parasse com os ataques verbais. Nas imagens, é possível perceber que o condutor responde em tom de deboche. 

Está chegando já. Vou parar e vocês descem”. 

Ele ainda argumentou que “tinha direito de opinar”. A discussão continuou.

Em resposta, o casal se defendeu afirmando que ele não tinha direito de opinar sobre a sexualidade delas, pois ele estava “ferindo a existência de outras pessoas”. E acrescentaram: “É isso que o senhor está fazendo”. No final do vídeo, a escritora expõe para o motorista que a discussão estava sendo filmada. Segundo Marília, o homem se exaltou quando soube da gravação.

A empresa foi cobrada publicamente pela escritora. No tweet, ela perguntou para a Uber “como ela seleciona seus motoristas”. A publicação viralizou no Twitter. Com mais de 50 mil curtidas, internautas pressionaram o aplicativo por medidas severas. De acordo com Marília, a empresa avisou através de ligação telefônica que o motorista não estava mais na rota do aplicativo.

COM A PALAVRA, A UBER
A Uber defende o respeito à diversidade e reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e justiça para todas as pessoas LGBTQIA+. A empresa considera inaceitável qualquer tipo de discriminação e a conta do motorista parceiro foi desativada assim que tomamos conhecimento do ocorrido.

Em parceria com o MeToo, a Uber disponibiliza um canal de suporte psicológico que foi informado à usuária e segue disponível. Além disso, a empresa está à disposição para colaborar com as autoridades e compartilhar informações sobre os envolvidos, observada a legislação aplicável.

Sabemos que o preconceito, infelizmente, permeia a nossa sociedade e que cabe a todos nós combatê-lo. Como parte desses esforços, a Uber lançou, por exemplo, o podcast Fala Parceiro de Respeito, em parceria com a Promundo, com conteúdos educativos sobre LGBTfobia.”

Clipping Escritora e companheira denunciam motorista de aplicativo por homofobia, por Jayanne Rodrigues, ESP, 30/03/2022 

Chapeira de hamburgueria de Parnaíba, no litoral do Piauí, sofre racismo e lesbofobia

sexta-feira, 25 de março de 2022 0 comentários

 Print de conversa  divulgado nas redes sociais da vítima (Foto: Reprodução/Facebook)

Ato criminoso de homofobia e racismo foi divulgado através de prints pela vítima Joelma Figueiredo em suas redes sociais

A chapeira de uma hamburgueria de Parnaíba, no litoral do Piauí, realizou um boletim de ocorrência na quinta-feira (17/03), após um cliente falar por mensagem que não queria que ela preparasse seu o lanche por ser negra e lésbica. Em prints divulgados nas redes sociais pela vítima Joelma Figueiredo, de 23 anos, o autor das ofensas assumiu ser "preconceituoso e racista", e disse que a empresa não deveria contratar "esse tipo de gente para trabalhar".

As mensagens de cunho racista e lesbofóbico foram recebidas através do celular do estabelecimento no último sábado. Na conversa, o cliente afirma que esteve no local na quarta-feira, dia 9, e lamenta que seu hambúrguer tenha sido preparado por Joelma, que trabalha como chapeira no local.
Desculpe a pergunta, mas meu hambúrguer poderia ser feito por outra pessoa? Lanchei aí na quarta-feira e vi que meu hambúrguer foi feito por uma pessoa que não é do meu agrado", relatou o cliente, escrevendo em seguida o motivo do pedido junto a um emoji de mãos postas: "Ela é lésbica e negra, entenda meu lado".
Assim que outra funcionária responsável pelo atendimento viu a mensagem, mostrou para a companheira chapeira, que respondeu e tomou as medidas cabíveis contra o cliente.
Tipo de clientes como você não fazemos a mínima questão em nosso estabelecimento. Que o senhor fique sabendo que a 'negra e lésbica' é a melhor chapeira da cidade. Vamos na delegacia registrar um B.O. (boletim de ocorrência) contra você", disse a atendente.
No domingo, a Subcomissão da Diversidade Sexual e de Gênero e da Mulher Advogada, da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Piauí (OAB-PI), divulgou uma nota de repúdio ao caso de racismo e lesbofobia. No documento, a instituição declara que as atitudes são inaceitáveis e consideradas crime no Brasil.
É válido ressaltar que a Lesbofobia e Racismo são condutas tipificadas como crime em nosso ordenamento jurídico e como tal serão tratadas. Todavia é importante frisar que, atitudes dessa natureza são completamente incompatíveis, e absolutamente inaceitáveis no seio de nossa sociedade, que deve prezar pela diversidade, pela democracia, pela justiça e a convivência respeitosa entre todos", pontuou a nota.
Clipping Chapeira de hamburgueria é vítima de crime de racismo e homofobia, Todo o Dia, 18/03/2022

Casal de lésbicas diz ter sofrido discriminação em evento da Portela. Escola de Samba pediu desculpas.

quarta-feira, 23 de março de 2022 0 comentários

Crédito: Reprodução/Instagram @oficialportela

Um casal de lésbica denunciou ter sofrido homofobia depois de darem um beijo em um evento da Escola de Samba Portela. A inconveniência teria vindo de uma das funcionárias que estava trabalhando na Feijoada da Portela, que aconteceu no último sábado, 5.

A denúncia foi realizada nas redes sociais pela página Caldo de Piranha.
Nesse cenário aparentemente acolhedor, duas de nós tiveram um beijo interrompido por funcionária do local, com o dito de que haviam crianças ao redor e pessoas incomodadas”, disseram.
Duas de nós fomos abordadas por uma funcionária da Portela que pediu para que não nos beijássemos mais. A funcionária disse que atendia ao pedido de pessoas no local que alegavam estar com crianças e constrangidas”, diz o grupo.
Na publicação da página Caldo de Piranha, eles se pronunciam, depois do recebimento da resposta da própria Escola, e sinalizam que “o episódio de lesbofobia ocorrido na quadra” merece pedido de desculpas formal.

A post shared by Caldo de Piranha (@caldo.de.piranha)

Homofobia é crime

Desde junho de 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o crime de homofobia deve ser equiparado ao de racismo.

Em alguns casos, a discriminação pode ser discreta e sutil, como negar-se a prestar serviços. Não contratar ou barrar promoções no trabalho e dar tratamento desigual a LGBT são atos homofóbicos também.

Mas muitas vezes o preconceito se torna evidente com agressões verbais, físicas e morais, chegando a ameaças e tentativas de assassinato.

Qualquer que seja a forma de discriminação, é importante que a vítima denuncie o ocorrido. A orientação sexual não deve, em hipótese alguma, ser motivo para o tratamento degradante de um ser humano.

Clipping Casal de lésbicas diz ter sofrido homofobia em evento da Portela. A Escola de Samba se responsabilizou pelo ato cometido e pediu desculpas; O grupo promete tomar as providências, por Catraca Livre, 11/03/2022 

Assembleia Legislativa de MG aprova multa para estabelecimentos que discriminem por orientação sexual e identidade de gênero

sexta-feira, 10 de setembro de 2021 0 comentários


Projeto de lei atualiza a Lei estadual de 2002, que determina punições a instituições que descriminem o público LGBTQIA+, segue para o governador Romeu Zema

Os estabelecimentos que discriminarem as pessoas devido à orientação sexual ou questões de gênero serão multados em até R$ 45 mil. Foi aprovado em segundo turno na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, na sexta-feira (03/09), o projeto de lei que determina punições aos estabelecimentos que pratiquem atos de discriminação baseados na orientação sexual.

O projeto passa abarcar também a discriminação por identidade de gênero ou expressão de gênero. O estabelecimento que agir de forma discriminatória poderá receber advertência, ter seu funcionamento suspenso ou interditado e será aplicada multa de R$850 a R$45 mil. Outro desafio é que a legislação seja aplicada.
 "Que seja uma lembrança para as nossas instituições, cuja obrigação é aplicá-las, de que a legislação existe. Que também seja uma forma de divulgar para a população de forma geral", afirma o pesquisador Thiago Coacci.
A população de gays, lésbicas enfrenta desafios no dia a dia, como exclusão social, dificuldade de conseguir emprego, violência física e psicológica e, por vezes, impedimentos de frequentar estabelecimentos apenas por preconceito de donos e funcionários.
O projeto atualiza uma lei de 2002, com o objetivo de fortalecer a luta contra a homofobia, pelos direitos e respeito às pessoas LGBTQIA+ no ambiente de trabalho. Com sua aprovação, Minas Gerais diz não à intolerância, à homofobia, à violência e diz sim à liberdade e aos direitos humanos”, escreve o autor do projeto, deputado André Quintão (PT).
Segundo o relatório anual, feito pelo Grupo Gay da Bahia, em 2019, Minas está entre os 10 estados que mais matam pessoas LGBT. Sendo assim, o projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa vem como reconhecimento do problema e um avanço no combate à violência e ao preconceito.

Além de ações na Assembleia Legislativa, no setor do turismo, a capital mineira tem feito investimentos voltados para o público LGBT, recebendo, por exemplo,  o evento “Turismo das Cores”, com o objetivo de promover o debate sobre respeito, inclusão, igualdade e militância. Além disso, Belo Horizonte é a segunda capital brasileira com mais bares LGBT.

Lançada delegacia da Diversidade Online para combater crimes de intolerância

segunda-feira, 30 de agosto de 2021 0 comentários

Deics do interior cuidam da investigação especializada; na capital, casos são da 2ª Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais

O Governador João Doria realizou na quinta-feira (26/08) o lançamento da Delegacia da Diversidade Online (DDD Online), responsável pelo registro eletrônico de todas as ocorrências de intolerância ou preconceito por diversidade sexual e de gênero e demais delitos dessas naturezas. A iniciativa é mais um passo importante para as políticas públicas de proteção à diversidade e às minorias no Estado de SP.
O respeito é a expressão do amor. Pessoas que têm a intolerância como marca são pessoas que não se amam. São pessoas que odeiam. E é dessas pessoas que desejamos distância. A essas pessoas, a aplicação da lei. São Paulo não tolera a intolerância, aqui somos defensores da liberdade. E é por isso que estamos fazendo aqui a Delegacia da Diversidade”, destacou Doria.
As vítimas poderão acessar a Delegacia da Diversidade Online em qualquer hora do dia e a partir de qualquer dispositivo eletrônico, sem que haja a necessidade de sair de casa. Após o registro, as ocorrências são direcionadas para investigação na unidade especializada da capital ou DEICs regionais.

A Delegacia da Diversidade Online pode ser acessada por meio do site https://www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br. A plataforma, sob responsabilidade da Polícia Civil do Estado de São Paulo, foi programada para fácil navegação, de forma a simplificar o preenchimento das ocorrências.

Para realizar um registro, após acessar o link, a pessoa deve apenas clicar em comunicar ocorrência e depois no ícone Delegacia da Diversidade Online. O processo é rápido, seguro e não demanda conhecimento jurídico para classificação do tipo de delito. A própria plataforma oferece um questionário para orientar a vítima sobre o tipo de violência sofrido.

Depois de detalhar a ocorrência, a pessoa insere seus dados, as informações do agressor e as provas, caso possua. O processo de preenchimento é o mesmo já adotado para os outros crimes da delegacia eletrônica, mas adaptado às peculiaridades dos delitos de intolerância ou discriminação.

Investigação Especializada

O Governador João Doria também determinou a ampliação do combate a crimes de intolerância por meio das Divisões Especializadas de Investigações Criminais (Deics) do Interior, que vão investigar crimes relacionados à raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, orientação sexual ou identidade de gênero.

Na capital, as investigações serão feitas pela 2ª Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância, do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que agora passa a se chamar 2ª Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais, contra a Diversidade Sexual e de Gênero e outros Delitos de Intolerância. A unidade terá a estrutura ampliada, com ampliação do quadro de funcionários e recebimento de quatro novas viaturas descaracterizadas.

A alterações estão previstas em decreto assinado nesta quinta-feira (26) para ser publicado no Diário Oficial do Estado. O delegado Geral da Polícia Civil, Ruy Ferraz, informou que os policiais de todo estado serão treinados e preparados para atendimento e investigação dos crimes de intolerância.
Nós temos treinamento específico para esses casos e estamos treinando todos os policiais do interior para que atendam com a dignidade que a vítima merece”, destacou.
A inclusão dos crimes de intolerância em decorrência de identidade de gênero vai ao encontro da moderna doutrina de Direitos Humanos, além de dar cumprimento ao Plano Estadual de Enfrentamento à Homofobia e Promoção da Cidadania LGBT. A medida ainda traz efetividade à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que enquadrou as práticas homofóbicas e transfóbicas como espécies do gênero racismo.

Clipping SP lança Delegacia da Diversidade Online e amplia combate a crimes de intolerância, Portal do governo de SP,  26/08/2021

Promotor de Justiça acata queixa-crime de Prefeita de Piripiri (PI) contra opositora que a chamou de "Jovão"

segunda-feira, 19 de abril de 2021 0 comentários

A prefeita Jôve Oliveira Monteiro (PTB), da cidade de Piripiri, no Piauí
Imagem: Secom/Prefeitura de Piripiri (PI)

A prefeita Jôve Oliveira Monteiro (PTB), da cidade de Piripiri, no Piauí, fez uma queixa-crime contra uma ex-candidata a vereadora por conduta homofóbica. O Ministério Público Estadual acatou o pedido e denunciou à Justiça Jéssica Rodrigues Leite Andrade, por injúria com teor homofóbico.

Na ação, o promotor de justiça José Hamilton Bezerra Lima denuncia que Jéssica Andrade "ofendeu verbalmente a orientação sexual da vítima" na presença de várias pessoas durante uma live realizada no Facebook, chamando-a de "Jovão", no mês de fevereiro.
Percebe-se que o aumentativo utilizado no final do nome da vítima tem o intento masculinizá-la, injuriando-a pelo único motivo de sua orientação sexual", diz o promotor na ação.
A ação foi com base na decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que em 2019, enquadrou homofobia e transfobia como crimes de racismo.

Jéssica Rodrigues Leite Andrade foi denunciada pelo MP
Imagem: Reprodução

Na queixa-crime, a prefeita Jôve Oliveira diz que a ex-candidata vem reiteradas vezes atacando a vida pessoal e sua gestão de forma caluniosa e difamatória.

Em live, a prefeita disse que Jéssica Andrade chega a chama-la de "vagabunda", "caloteira" e que "ela (Jôve) comeu dos dois lados, comeu na gestão do Luiz (Menezes, ex-prefeito de Piripiri) e está comendo na do Jovão".

Na denúncia, a prefeita informou que em 16 de julho do ano passado conseguiu na justiça - na 1ª Vara da Comarca de Piripiri - a determinação de que Jéssica Andrade retirasse de suas redes sociais todas as publicações que versassem sobre a orientação sexual da autora.

Jôve Oliveira é radialista, primeira mulher prefeita de Piripiri e derrotou um grupo político que comandou a cidade por cerca de 30 anos.

Para o UOL, Jéssica Andrade atribuiu a denúncia da prefeita uma tentativa de calar suas críticas. A ex-candidata a vereadora disse que faz oposição declarada a atual gestão de Jôve Oliveira.
Estou tranquila, não cometi nenhum crime. Ela está tentando me calar como fez das outras vezes. Uma tentativa clara de intimidação. Chamei ela de Jovão devido as promessas midiáticas que fez durante a campanha e não cumpriu até gora. Não tem nada a ver com homofobia", disse.
Clipping MP denuncia ex-candidata por conduta homofóbica contra prefeita no Piauí, por Yala Sena, Colaboração para o UOL, em Teresina, 17/04/2021

Drama lésbico "Fale com as Abelhas" estreia nas plataformas de streaming

sexta-feira, 26 de março de 2021 0 comentários

Drama lésbico Fale com as Abelhas estreia nas plataformas de streaming

Fale com as Abelhas, drama lésbico estrelado por Anna Paquim (X-Men), chegou em várias plataformas de streaming na quinta-feira (25/3). Baseado no livro homônimo da atriz e escritora Fiona Shaw (Killing Eve), o longa estará disponível primeiramente no NOW, SKY Play, Vivo Play e Looke. A partir do dia 08 de abril, ele também poderá ser alugado na Apple TV e no Google Play.

Fale com as Abelhas conta a história da médica Jean Markham (Paquin), que após a morte de seu pai, retorna à sua cidade natal para assumir as funções dele. Quando ela conhece Charlie (Gregor Selkirk) e sua mãe Lydia (Holliday Grainger) a sua vida toma um rumo inesperado que coloca a sua carreira e reputação em risco. Uma sensível história de amor e luta contra o preconceito que movimentará uma pequena cidade escocesa na década de 1950.

Dirigido por Annabel Jankel e com roteiro de Henrietta Ashworth e Jessica Ashworth, o filme trata de temas importantes e complexos, como racismo, homofobia, aborto, violência doméstica e agressão sexual e foi exibido Festival Internacional de Cinema de Toronto em 2019.

FALE COM AS ABELHAS

Tell It to the Bees
Reino Unido, Suécia , 2 0 1 9 , 1 0 8 min
Direção: Annabel Jankel
Roteiro: Henrietta Ashworth e Jessica Ashworth
Produção: Daisy Allsop , Nick Hill , Annabel Jankel , Nik Bower e Laure Vaysse
Co-produção: Sean Wheelan, Anthony Muir e Hannah Leader
Direção de fotografia: Bartosz Nalazek
Edição: Jon Harris e Maya Maffioli
Música: Claire M Singer
Elenco: Anna Paquin, Euan Mason, Holliday Grainger, Lauren Lyle , Kate Dickie , Billy Boyd, Gregor Selkirk , Joanne Gallagher




Com informações de Fale com as Abelhas, drama LGBTQ+ com Anna Paquim, chega ao streaming, por Ítalo Alves, 24/03/2021, Matinê, e Fale com as abelhas estreia no streaming dia 25 de Março, por Ketryn Carvalho, Observatório G

Católicos LGBT questionam papa que não abençoa casamento homossexual

segunda-feira, 22 de março de 2021 1 comentários

Cris Serra, 44, presidente da Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT -
Anna Virginia Balloussier/Folhapress

Francisco deu aval a diretriz que proíbe padres de abençoarem união entre pessoas do mesmo sexo.

Em 2013, seu primeiro ano à frente da Igreja Católica, o papa Francisco se declarou inapto a rejeitar homossexuais que buscassem o conforto de Deus. "Quem sou eu para julgar?" A fala encheu católicos LGBT com a esperança de, enfim, serem acolhidos sem ressalvas no seio da instituição.

Oito anos depois, quem é ele para abençoar? O mesmo Francisco deu sinal verde para o Vaticano divulgar, na segunda (15), a diretriz para que clérigos não dêem sua bênção a uniões entre pessoas do mesmo sexo. Afinal, "Deus não pode abençoar o pecado", diz o documento da Congregação para a Doutrina da Fé, órgão responsável por formular normas para os fiéis da maior vertente cristã do mundo.

Poucos sacerdotes ousaram bater de frente com a orientação da Santa Sé avalizada pelo papa, ao menos abertamente. A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) é exemplo de cautela. Ainda que no reservado haja críticas ao posicionamento, ninguém quer falar publicamente.

Pelo mundo, houve reações que tomaram cuidado para não avançar sinais, mas foram encaradas como um aceno aos LGBT. Uma delas partiu do arcebispo de Chicago. Blase Cupich reconheceu que a "reação compreensível de muitos será de decepção" e pede que a contrapartida seja "redobrar nossos esforços para sermos criativos e resilientes para acolher todas as pessoas LGBT em nossa família de fé".

Autor de "Building a Bridge" (construindo uma ponte), o padre James Martin foi nomeado em 2017 por Francisco como consultor da Santa Sé. Jesuíta como o papa, ele disse que "a jornada é longa, e Cristo está conosco —pessoas LGBT, famílias, amigos e aliados— e nunca nos deixará".
Somos uma igreja peregrina, aprendendo, mudando e crescendo, mesmo em meio ao que pode parecer para muitas pessoas decepções e até mesmo tristezas", disse James, que sacou o salmo 34 para consolar os desapontados: “Perto está o Senhor dos quebrantados”.
Reverendo gay e professor de teologia da Universidade Fordham, fundada pela Diocese Católica Romana de Nova York, Bryan Massingale afirmou que os padres dispostos a se engajar em ações pastorais para a diversidade “continuarão a fazê-lo, exceto que será ainda mais por baixo dos panos do que era antes".

Na Áustria, um coletivo de padres dissidentes que desafia a igreja em tabus como o celibato clerical afirmou que não seguirá a determinação do Vaticano. "Não negaremos a nenhum casal que se ame a bênção de Deus, que eles já experimentam todos os dias, também em um momento de adoração", disse o padre Helmut Schueller. ​

A decisão, porém, não é fácil de ser tomada. Sacerdotes que forem contra a decisão do alto clero podem sofrer sanções que vão desde uma advertência até o afastamento de suas funções clericais. Aconteceu em 2019 com o padre Vicente Paula Gomes, suspenso de suas funções da Diocese de Assis (a 433 km de São Paulo) após abençoar o casamento de dois homens.

Um preceito penal (espécie de sentença eclesiástica) estabeleceu que Gomes poderia voltar à paróquia no fim de 2020, mas ficou obrigado a passar um ano sem celebrar uniões e precisou fazer um curso sobre "a perspectiva teológica, jurídica e pastoral" do matrimônio.

O texto diz que o padre se mostrou arrependido da decisão "inconsequente", um "escândalo iminente". Ele também foi proibido de falar à imprensa por três anos.

A Congregação para a Doutrina da Fé tomou a decisão após ser provocada por algumas paróquias que expressaram o desejo de abençoar casais como boas-vindas aos LGBT católicos. O órgão afirmou que a posição "não se destina a ser uma forma de injusta discriminação, mas um lembrete da verdade do rito litúrgico".

O texto reitera o que está expresso no catecismo: é preciso respeitar as pessoas LGBT —sigla que engloba orientações sexuais e identidades de gênero múltiplas que a igreja, aliás, reúne sob o guarda-chuva “homossexuais”. O problema é que "há uma incoerência fundamental entre essa ressalva e a violência da afirmação 'Deus não pode abençoar o pecado'", diz Cris Serra, coordenadora da Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT.

Cris cresceu ouvindo padres lhe dizerem que "mulher com mulher é pecado". Católica praticante, do tipo que faz questão de comungar (receber a hóstia), conta que só no final da adolescência entendeu que o "sofrimento inexplicável" pela "melhor amiga" tinha nome: estava apaixonada.


Para Cris, que desde 2018 se identifica como uma pessoa não binária (que não quer ser vista num gênero exclusivo, masculino ou feminino), tachar de pecado a orientação sexual perpetua a ideia de que "a família e a igreja, que deveriam ser lugares seguros, são os primeiros lugares de violência para LGBTs".

Só não acha que a recusa do Vaticano em abençoar casais fora do conceito de "família tradicional" vá alterar o que já vemos acontecer.
Dificilmente os sacerdotes que, de maneira mais ou menos clandestina, por discernimento das suas consciências, já celebravam essas uniões deixarão de fazê-lo."
Cris propõe um outro olhar para este capítulo da igreja.
É muito significativo que a Congregação tenha tido de responder a essa pergunta. Talvez a pergunta em si fale tanto ou mais do que a resposta."
Sinal de que as paróquias querem se abrir a mais pluralidade.
Vai ficando cada vez mais difícil sustentar uma posição doutrinária segundo a qual as vidas e os relacionamentos dessas pessoas são 'intrinsecamente desordenados', como diz a doutrina. O documento é, como costuma acontecer na história da igreja, uma reação aos ventos da mudança. Ou, para colocar em termos cristãos, ao sopro do Espírito."
Também conta pontos a "linguagem mais polida", diz Felipe Marcelino, coordenador do grupo mineiro Diversidade Católica.
"Há um avanço aos pouquinhos ali. Documentos mais antigos diziam que é coisa perversa, ou má inclinação. Não se usa mais esses termos."
Outro lado positivo, segundo Edelson Soler, da Comissão Regional para o Diálogo com a Diversidade, integrada à Arquidiocese de São Paulo:
Toca no tema da bênção para casais homossexuais pela primeira vez, mostrando que a presença dos gays na igreja não pode mais ser desprezada, simplesmente condenando os atos homossexuais como pecados".
O documento é o mais recente sinal cruzado de uma fileira de posicionamentos ambíguos de Francisco sobre a participação de homossexuais, transgêneros e outras dessas minorias.

No documentário "Francesco" , de 2020, ele diz que homossexuais "são filhos de Deus e têm direito a uma família". Mas vale lembrar que, quando era arcebispo de Buenos Aires, disse que a ideia do matrimônio homoafetivo colocava "em jogo a identidade e a sobrevivência da família: pai, mãe e filhos".

Também já disse a um gay que sofreu abuso por parte de clérigos quando jovem que Deus o fez daquela forma, ama-o assim e que sua sexualidade "não importa". E que Jesus nunca mandaria embora uma pessoa só porque ela gosta de alguém do mesmo sexo. Um contraste e tanto com os antecessores João Paulo 2º e Bento 16.

Aliado da causa, portanto? Calma lá: em 2019, o pontífice apoiou a educação sexual nas escolas, por ver o sexo como "um dom de Deus, e não um monstro". Mas só se essas aulas fossem livres de "colonização ideológica". Caso contrário, "você destrói a pessoa", pregou.
"A gente deveria se perguntar qual seria a práxis de Jesus. Ele foi uma pessoa que incluía. Se você for olhar, o que há de intrinsecamente perverso numa relação amorosa? Até na concepção bíblica isso gera vida. Não é preciso gerar uma criança para gerar vida. Uma relação amorosa gera vida para as duas pessoas que estão nela", afirma Felipe Marcelino.
Outro aspecto a ser considerado, segundo ele, é a "LGBTfobia do individuo consigo mesmo, e na maioria das vezes o que está por trás disso é o discurso religioso".

Exemplos não faltam.
Já ouvi muitos relatos de gente que diz que achava que era 'um erro de Deus', olha que frase terrível", diz. "E já chorei muito, mesmo sempre tendo sido religioso, sempre me perguntando 'Deus é bom, Deus é pai, mas então Deus não é o meu pai? Sou do demônio então?'."
Clipping Católicos LGBT questionam o papa que 'não julgava' e agora 'não abençoa' casamento gay por Anna Virginia Balloussier e Angela Boldrini, 21/03/2021, Folha de SP

Com aval do Papa, Vaticano proíbe bênção a uniões homossexuais

quarta-feira, 17 de março de 2021 0 comentários

Papa só apoia união civil para casais homossexuais


Papa Francisco concordou com a decisão que proíbe padres de abençoar uniões do mesmo sexo, disse órgão do Vaticano responsável pela deliberação. Em alguns países, padres “abençoam” união, em lugar do casamento.

O Vaticano revelou nesta segunda-feira que os padres e outros responsáveis da Igreja Católica não podem aprovar uniões de casais do mesmo sexo, e que essas “bênçãos” não são permitidas. Esta deliberação surge como resposta às práticas em alguns países — tais como os Estados Unidos e a Alemanha — onde paróquias e padres começaram a “abençoar” estas uniões entre casais do mesmo sexo como uma alternativa ao casamento, bem como a pedidos feitos a bispos para institucionalizar estas práticas.

Em resposta às questões formais colocadas por um conjunto de dioceses, que se interrogavam sobre a legitimidade destas “bênçãos”, o escritório doutrinal do Vaticano, a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), emitiu o juízo: “Negativo.”

O Papa Francisco aprovou esta resposta, adiantou a CDF, acrescentando que esta decisão não tem como objetivo “ser uma forma injusta de discriminação, mas uma lembrança da verdade no ritual litúrgico”.

Este órgão avança que estas bênçãos não são permitidas, apesar de serem “motivadas por um desejo sincero de receber e acompanhar as pessoas homossexuais” e ajudá-las a crescer na fé. O documento da CDF afirma que, pelo facto de o casamento entre homem e mulher ser um sacramento e as bênçãos estarem relacionadas com o sacramento do casamento, não podiam ser alargadas a casais do mesmo sexo
Por esta razão, não é lícito transmitir uma bênção nos relacionamentos, ou uniões de fato, mesmo que estáveis, que envolvam atividade sexual fora do casamento (por exemplo, fora da união indissolúvel e aberta à transmissão de vida entre homem e mulher), como é o caso da união de pessoas do mesmo sexo”, podia ler-se na nota.
Em outubro do ano passado, o Papa Francisco defendeu a regulação do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, considerando que os “homossexuais têm direito a fazer parte de uma família”. As declarações do Sumo Pontífice foram vistas como um distanciamento mais forte face ao posicionamento tradicional do Vaticano sobre esta matéria, bem como uma manifestação de apoio aos direitos da comunidade LGBT.

A Igreja Católica romana tem 1,3 mil milhões de fiéis.

Clipping Vaticano proíbe padres de abençoar uniões do mesmo sexo, Reuters e Público, 15 de Março de 2021

STF declara inconstitucional decreto legislativo do DF que sustou a regulamentação de lei anti-homofobia

segunda-feira, 23 de novembro de 2020 0 comentários


Ao proteger um grupo vulnerável, a legislação harmoniza-se com os princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade e com o objetivo fundamental da República Federativa do Brasil de promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (inciso IV do artigo 3º da Constituição).

Esse entendimento foi adotado pelo Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal ao declarar a inconstitucionalidade de um decreto legislativo do Distrito Federal que sustou a regulamentação da lei anti-homofobia (Lei Distrital 2.615/2000). A decisão se deu em duas ADIs: uma movida pelo Psol e outra pelo governo do Distrito Federal. O julgamento se encerrou nesta sexta-feira (20/11); a decisão foi unânime.

A Lei Distrital 2.615/2000 prevê sanções pela prática de condutas discriminatórias em razão da orientação sexual das pessoas — por exemplo, multa e cassação do alvará de empresas. A regulamentação da norma, por meio de decreto editado em 2017, foi suspensa no mesmo ano pelos deputados distritais com a justificativa de "proteger as famílias". A decisão ensejou o ajuizamento das ADIS, que foram julgadas procedentes em votação unânime.

De acordo com a relatora, ministra Cármen Lúcia, o decreto legislativo impugnado fundamenta-se apenas em "considerações genéricas sobre a necessidade de proteção à família, sem se esclarecer como a sanção a práticas discriminatórias em razão da orientação sexual das pessoas interferiria nessa proteção".

Para ela, a lei anti-homofobia não prejudica a proteção à família, "antes, reforçam-na resguardando os integrantes da unidade familiar contra condutas discriminatórias em razão de sua orientação sexual".

Considerando que o governo do DF não extrapolou seu poder de regulamentar, Cármen concluiu que o decreto legislativo configura intromissão em competência privativa do Executivo. Ainda segundo a ministra, a Câmara do DF apenas tentou impedir a aplicação da lei, impondo óbice à proteção das pessoas contra condutas discriminatórias em razão de sua orientação sexual.

Além de ofender artigo 2º, o inciso V do artigo 49 e o inciso VI do artigo 84, todos da Constituição, atenta o ato agora questionado contra os princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade, em inaceitável retrocesso social na proteção contra condutas discriminatórias em razão da orientação sexual das pessoas no Distrito Federal", concluiu.

Clique aqui para ler o voto da relatora
ADIs 5.740 e 5.744

Clipping STF anula decreto que sustou efeitos de lei anti-homofobia no Distrito Federal, por Tábata Viapiana, Conjur, 22 /11/ 2020

Garota espancada após 'dar fora' em homem ao afirmar ser lésbica em SP

segunda-feira, 14 de setembro de 2020 0 comentários

Estudante relata que foi agredida após se negar a ficar com homem e relatar que é lésbica em Cubatão (SP) — Foto: Reprodução/Facebook
Estudante relata que foi agredida após se negar a ficar com homem e relatar que é lésbica em Cubatão (SP) — Foto: Reprodução/Facebook
Após o ocorrido, ela fez uma postagem de desabafo nas redes sociais que passou a ser compartilhada por diversas pessoas.

 Estudante relata que foi agredida após se negar a ficar com homem e relatar que é lésbica em Cubatão 

Uma jovem de 17 anos relata que foi agredida por um homem ao dizer que não queria ficar com ele e relatar que era lésbica em Cubatão (SP). A estudante conta que estava sozinha quando foi abordada pelo agressor. A vítima foi arrastada e agredida com chutes e socos e ouviu do suspeito que 'pessoas como ela têm que morrer'.

A agressão ocorreu enquanto a vítima voltava para casa após uma festa que foi com as amigas. Conforme relatou ao G1 neste domingo (13), o homem estava nessa mesma festa. 

Ele estava faz tempo dando em cima de mim. Inicialmente eu só tinha dito não e nem contei que era lésbica. Mas ele puxou meu cabelo mesmo assim para me dar um beijo e aí eu falei que gostava de mulher", conta.

Após dizer que era lésbica, a estudante afirma que acreditou que ficaria tudo bem, porque o rapaz voltou para a mesa que estava com os amigos e ficou no local. 

Mas toda hora que ele passava perto de mim, me empurrava com o cotovelo. Então falei para minhas amigas que iria embora porque estava sentindo que esse cara estava querendo arrumar briga", relata.

Ela conta que foi embora com uma amiga, só que a menina morava antes da casa dela. Ao deixar a colega em casa, ela seguiu seu trajeto. Pouco depois, ouviu o barulho de uma moto. 

Nessa hora eu só senti ele me puxando pelo cabelo, momento em que foi me arrastando. Eu cai no chão e ele jogou a moto para o lado e começou a me agredir com socos e chutes", diz.

Segundo a jovem, enquanto ela apanhava, era ameaçada pelo agressor, que dizia que iria matá-la. 

Ele dizia 'se você não passar a gostar de homem, vai morrer agora' e 'pessoas como você têm que morrer'. Eu realmente achei que iria morrer, se não tivesse chego alguém, acho que ele iria me bater até ver que eu não estava mais reagindo. Pensei que iria morrer ali", relata.

A estudante afirma que começou a gritar por ajuda e viu dois rapazes próximos, momento em que escutou eles dizerem que era briga entre marido e mulher e não iriam se intrometer, então gritou novamente afirmando que não conhecia o rapaz da moto. 

Foi aí que eles foram bem rápido até lá, tiraram o homem de cima de mim e foram me levantar. Nesse meio tempo, ele [agressor] subiu na moto e fugiu", afirma.

Os rapazes acompanharam a vítima até a casa dela. A adolescente conta que está inchada, roxa e com dores após as agressões. De acordo com ela, o agressor tem em torno de 25 e 30 anos, mas não o conhece e nem sabe o nome dele.

Eu acho que sofri preconceito duas vezes. Uma por ser mulher, porque ele não respeitou meu não. É como se o não da mulher não tivesse voz. E a outra devido a minha orientação sexual. Por isso tomei coragem e postei sobre o ocorrido nas redes sociais, porque quero justiça e encorajar outras mulheres que passem por isso a denunciar também. Porque eu me culpei e senti vontade de não me envolver mais com mulher, é um sentimento horrível, você se sente um lixo, com medo e impotente. E na verdade eu não fiz nada de errado. Ele tinha que me respeitar."

Na tarde de sábado, a adolescente foi ao hospital e fez exames para saber seu estado de saúde. A mãe informou que o caso ainda não foi registrado na Delegacia de Polícia da cidade.

Para eu conseguir me assumir já foi muito difícil. A sorte é que minha mãe sempre me respeitou e me apoiou em tudo. Então além de passar pelo processo difícil de me aceitar, também tive que viver isso. E ele estava consciente do que fazia. Me batia dizendo o motivo de eu estar apanhando. Chegou a falar que Deus fez a mulher para ficar com o homem", finaliza.

Clipping Garota é espancada após 'dar fora' em homem ao alegar ser lésbica em SP, por Isabella Lima, G1 Santos, 13/09/2020

Evolução de personagens lésbicas e gays nas novelas da Globo ainda depende da reação conservadora

segunda-feira, 31 de agosto de 2020 0 comentários

Sílvia Pfeifer e Christiane Torloni como o casal de Torre de Babel: personagens mortas para evitar beijo
Sílvia Pfeifer e Christiane Torloni como o casal de Torre de Babel: personagens mortas para evitar beijo

Beijo gay adiado até o último capítulo e a inexistência de cenas de sexo de casais homoafetivos ainda são comuns nas novelas. Essa é uma barreira enfrentada pela Globo devido ao medo de ter suas histórias rejeitadas pela audiência mais conservadora. Casos de terem de mudar tudo e até explodir personagens ainda assombram os autores. Recém-chegada ao catálogo da Globoplay, Torre de Babel (1998) traz uma dessas histórias de volta à tona.


Na novela de Silvio de Abreu, a emissora se deparou com tamanha resistência que teve de matar o casal lésbico da história. As personagens de Christiane Torloni e Sílvia Pfeifer foram explodidas há 22 anos. Coisa de outro século? Nada disso. Recentemente, o beijo entre duas idosas no início de Babilônia (2015) também fez a Globo rebolar para não naufragar no horário nobre.

Com a abordagem de outros temas considerados tabus, além da homossexualidade, como uso de drogas e violência doméstica, Torre de Babel não foi bem aceita. Para atender ao gosto do público, o novelista fez malabarismos e aplicou mudanças drásticas na saga.

A mais marcante, sem sombra de dúvidas, foi matar o casal lésbico e o usuário de drogas Guilherme (Marcello Antony) na cena em que o Tropical Towers Shopping foi pelos ares. Com tamanha catástrofe, a reviravolta surtiu efeito.

A falta de representatividade de gays e lésbicas na novela dos anos 1990 não é a mesma dos dias atuais --houve avanço, mas a aceitação ou rejeição do público ainda é o principal fator que determina o encaminhamento das tramas.

Christiane Torloni e Sílvia Pfeifer morreram queimadas em Torre de Babel: simbologia forte


Amor sem carinho



Mulheres Apaixonadas (2003) colocou duas estudantes como namoradas: Clara (Alinne Moraes) e Rafaela (Paula Picarelli). Pesquisas feitas na época apontaram que o público não era contrário à relação homoafetiva das duas, mas não aceitaria uma cena de beijo.

Como solução, Manoel Carlos fez o casal encenar a peça clássica Romeu e Julieta, de William Shakespeare (1564-1616), permitindo um selinho rápido entre as duas personagens usando essa licença poética. Ironicamente, os telespectadores não se chocaram com a troca de carícias entre uma socialite (Lavinia Vlasak) e um padre (Nicola Siri).

Já em América (2005) o romance proibido entre Júnior (Bruno Gagliasso) e o peão Zeca (Erom Cordeiro) ganhou torcida para que o beijo entre os dois homens acontecesse no último capítulo. A cena chegou a ser gravada, mas a Globo decidiu cortar a sequência por medo da reação do público e das críticas que poderia receber.

Até hoje, os atores e a própria autora, Gloria Perez, lamentam a censura poucas horas antes da exibição. "Foi climão. Toda a novela estava na expectativa, foram colocados telões nas ruas. Foi difícil. Demorou pra cacete para isso acontecer", declarou o marido de Giovanna Ewbank durante uma entrevista para Tatá Werneck no programa Lady Night, em 2018.

O beijo entre Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg em Babilônia assustou conservadores

Desessete anos após ter lésbicas explodidas, a Globo ousou ao mostrar duas idosas aos beijos no primeiro capítulo de Babilônia em 2015. A cena de afeto interpretada por Nathalia Timberg e Fernanda Montenegro foi demais para o conservadorismo do público. Teve até quem propagasse um boicote à trama.
A decisão de cortar selinhos e demonstrações de carinho foi tomada depois que a emissora fez pesquisas com grupos de telespectadores, que assim como em Mulheres Apaixonadas, aprovavam as personagens, com a condição de não vê-las aos beijos. A emissora recuou e ceifou a troca de carícias entre as veteranas.

Já em 2019, no caminho inverso, a direção de Dramaturgia barrou a exibição de um beijo entre Valéria (Bia Arantes) e Camila (Anaju Dorigon) em Órfãos da Terra. Mas o veto foi, na verdade, apenas um adiamento. Um selinho entre as duas foi usado para consagrar o casamento do casal.
Passos lentos e estudados

É claro que existem outros casos positivos para o público LGBTQ+. Mateus Solano e Thiago Fragoso protagonizaram o primeiro beijo gay em horário nobre da TV brasileira em Amor à Vida (2013). Giovanna Antonelli e Tainá Müller interpretaram o primeiro casal de mulheres a se beijar na Globo no horário, e elas também se casaram na novela Em Família (2014).

Recentemente, houve troca de carícias na trama teen Malhação - Viva a Diferença (2017), que a emissora reapresenta. Já A Dona do Pedaço (2019), além de exibir o romance entre Malvino Salvador e Guilherme Leicam, também contou com um amor para uma transexual, com direito a casamento e beijo.

Teve ainda um marco histórico nesse cenário com a exibição da cena de sexo entre dois homens em Liberdade, Liberdade (2016) --novela exibida na faixa das 23h. São avanços a passos lentos, mas eles existem.

Clipping De lésbicas explodidas a beijo vetado: Globo enfrenta mais de 20 anos de rejeição gay,  por Kelly Miyashiro, 08/08/2020 

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