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Namoradas agredidas por gangue em ônibus de Londres. Agressores responderão por acusações de roubo e assalto com agravantes

quarta-feira, 12 de junho de 2019 0 comentários

Na noite do dia 29 de maio, duas jovens ficaram feridas após serem alvo de um ataque homofóbico cometido por um grupo de homens em um ônibus de Londres; cinco acusados
foram presos Foto: Melania Geymonat / Conta do Facebook

Casal de mulheres é agredido por gangue em ônibus em Londres

Agressores exigiram que elas se beijassem, jogaram moedas, socaram e roubaram as duas, de acordo com relato.

Um casal de mulheres foi agredido por uma gangue em um ônibus em Londres, na Inglaterra, depois de se recusar a dar um beijo como queriam os agressores.

Todas as informações do relato foram publicadas na conta de rede social de uma das vítimas, Melania Geymonat.

O incidente aconteceu na quarta-feira da semana passada (dia 29), segundo ela.

Eram ao menos quatro agressores, que exigiam que as duas se beijassem porque eles iriam gostar de olhar, de acordo com seu texto.

Ela afirma que os assediadores jogaram moedas nelas e, então, sua namorada os confrontou. Três deles, então, a agrediram. Geymonat foi socorrê-la e também foi agredida. Ela caiu no piso do ônibus.

Os seus pertences foram roubados.

Incidente aconteceu às 2h30, segundo a polícia.
Temos que aguentar agressão verbal e violência chauvinista, misógina e homofóbica porque, quando uma pessoa se impõe contra isso, coisas como essas acontecem”, escreveu ela.
Ela diz que deve ter perdido a consciência e, de repente, a polícia estava lá.

A polícia de Londres disse que o incidente aconteceu às 2h30 da madrugada, e que “as mulheres foram atacadas e tomaram socos diversas vezes antes que os homens fugissem do ônibus; um telefone e uma bolsa foram roubados durante o ataque”.

Fonte: G1, Mundo, 07/06/2019


This was a disgusting, misogynistic attack. Hate crimes against the LGBT+ community will not be tolerated in London.

The @metpoliceuk are investigating and appealing for witnesses. If you have any information - call 101. O prefeito de Londres, Sadiq Khan, reagiu ao acontecido com uma mensagem no Twitter. Segundo ele, foi um ataque repugnante e misógino. "Os crimes de ódio contra a comunidade LGBT não serão tolerados em Londres". 

Após pagamento de fiança, detidos por agredir casal de lésbicas ganham liberdade
Na noite do dia 29 de maio, duas jovens ficaram feridas após serem alvo de um ataque homofóbico cometido por um grupo de homens em um ônibus de Londres; cinco acusados foram presos

LONDRES - A polícia do Reino Unido deixou em liberdade, após o pagamento de fiança, cinco jovens, com idade entre 15 e 18 anos, detidos por um ataque homofóbico contra um casal de lésbicas em um ônibus de Londres ocorrido na noite do dia 29 de maio.

Eles responderão por acusações de roubo e assalto com agravantes pelo ataque contra Melania Geymonat, uma comissária de bordo uruguaia da companhia aérea Ryanair, de 28 anos, e sua namorada, uma norte-americana identificada apenas como Chris.

A polícia metropolitana de Londres continua investigando se há mais pessoas envolvidas no incidente, no qual as duas vítimas sofreram ferimentos no rosto.

Em sua conta do Facebook, Melania Geymonat escreveu que as agressões física e verbal, que ela e sua namorada sofreram, aconteceram quando ambas estavam na parte de cima do ônibus a caminho da casa da Chris, em Camden Town.

As duas foram atacadas quando os homens perceberam que eram um casal e começaram a repreendê-las, pedindo-lhes que se beijassem e fazendo, ao mesmo tempo, gestos obscenos para elas.

Em consequência dos golpes recebidos, elas ficaram cobertas de sangue. Em seguida, tiraram fotos e postaram nas redes sociais para denunciar o ato de violência.
Eles devem ter visto a gente se beijando ou algo assim. Não me lembro se eles já estavam lá ou se foram atrás de nós. Havia pelo menos quatro deles. Eles começaram a se comportar como hooligans, exigindo que nos beijássemos para que pudessem assistir, chamando-nos de lésbicas e fazendo gestos sexuais. Não me lembro de todo o episódio, mas a palavra 'tesoura' ficou na minha cabeça. Foram apenas eles contra nós. Na tentativa de acalmar as coisas, comecei a fazer piadas. Eu pensei que isso poderia fazê-los ir embora. Chris até fingiu que ela estava doente, mas eles continuaram nos assediando, jogando moedas e ficando mais entusiasmados com isso", disse Geymonat na sua página do Facebook.
Ela comentou ainda que se lembra de ver a Chris no meio do ônibus lutando contra os jovens, já com o rosto cheio de sangue. Três deles a espancavam, naquele momento. Depois, Geymonat começou a ser agredida. Levou socos, ficou enjoada ao ver o sangue e caiu no chão.
Não me lembro se perdi ou não a consciência. De repente, o ônibus tinha parado, a polícia estava lá e eu estava sangrando", disse Geymonat, que, além de ter o nariz quebrado, teve o telefone e a bolsa roubados pelo agressores, que em seguida, fugiram do local.
As duas foram encaminhadas a um hospital da região, onde receberam tratamento médico. Uma delas disse que um dos criminosos falava espanhol e que os outros tinham sotaque britânico.

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, reagiu ao acontecido com uma mensagem no Twitter. Segundo ele, foi um ataque repugnante e misógino. "Os crimes de ódio contra a comunidade LGBT não serão tolerados em Londres". 
Não tive coragem de voltar ao trabalho. O que me deixa chateada é que a violência se tornou algo muito comum. Estou cansada de ser considerada como um objeto sexual, de descobrir que essas situações são comuns, de amigos gays que foram espancados. Eu só espero que em junho, Mês do Orgulho LGBT, coisas assim possam ser ditas em voz alta, e parem de acontecer", ressaltou Geymonat no post.
Prisão

Na sexta-feira, 7, quatro jovens, com idades entre 15 e 18 anos, foram presos, acusados de envolvimento no ataque homofóbico contra as duas mulheres no ônibus de Londres. No sábado, 8, a Polícia do Reino Unido também prendeu um adolescente, de 16 anos. Todos ganharam a liberdade neste domingo, após pagamento de fiança.

Ataques

Em 2018, a capital britânica registrou 2.308 ataques homofóbicos. Em 2014, foram 1.488, segundo os números da polícia metropolitana de Londres.

Outro ataque contra um casal de lésbicas levou um teatro de Southampton, no sul da Inglaterra, a cancelar apresentações da peça Rotterdam.

Duas das atrizes do elenco sofreram ferimentos leves, após serem atacadas com pedras por pessoas dentro de um veículo quando chegavam para a sessão, segundo informou a produtora da peça, Hartshorn-Hook. / EFE

Fonte: Estadão, 09/06/2019

Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, sofre preconceito da família da vereadora

segunda-feira, 18 de março de 2019 4 comentários

Eu para cá, vocês para lá: Monica Benicio (à direita), viúva de Marielle, desfilou na Mangueira;
 pai, mãe e irmã de vereadora saíram na Vila Isabel. Foto: Pilar Olivares / Reuters

As desavenças dos familiares de Marielle Franco por sua herança

Centenas de pessoas se acotovelavam para pegar uma das 1.000 placas em homenagem à memória da vereadora Marielle Franco distribuídas pelos organizadores da manifestação naquele 14 de outubro do ano passado. A viúva da vereadora, Mônica Benício, agarrada a um poste, cativava as atenções: 
As placas não devem ser coladas em cima de outras placas nas ruas. Guardem como memória, como resistência. Vocês são os legados de Marielle”.
Retida por um engarrafamento atípico em dia de domingo, a família de Marielle Franco chegou atrasada, quase no fim, quando restavam apenas dez placas a ser entregues. Foi a gota d’água.

Os pais da vereadora, Marinete da Silva e Antonio Francisco da Silva Neto, não esconderam o aborrecimento. A reação mais enérgica partiu da irmã, Anielle, que iniciou na rua um bate-boca com Mônica Benício que só terminou no banco traseiro do carro de um parlamentar do PSOL. Elas foram retiradas às pressas da Cinelândia, no centro do Rio, numa tentativa de proteger as desavenças de olhares curiosos. Anielle disse a Mônica que ela não poderia ter falado em nome da família. A viúva respondeu que era direito seu ocupar “todos os espaços de fala” onde pudesse defender a memória de Marielle e cobrar das autoridades uma resposta para o crime.

De lá para cá, a família e a viúva vivem às turras. As desavenças em torno do legado e da imagem icônica de Marielle já não permitem que os dois lados dessa querela convivam na mesma agenda pública, como ficou claro no desfile das escolas do Grupo Especial na Sapucaí. Dona Marinete e família saíram na Unidos de Vila Isabel; Mônica desfilou na Mangueira, que se sagrou campeã com o enredo “História para ninar gente grande”, criado pelo carnavalesco Leandro Vieira em exaltação aos líderes que influenciaram a história do Brasil, especialmente índios e negros.

Ao ser questionado sobre o motivo de não terem sido convidados pela verde e rosa, o pai de Marielle devolveu a pergunta: 
As pessoas têm me perguntado isso a todo momento. Como a escola que tem o samba-enredo sobre Marielle não convida a mãe, a filha e a irmã, parentes consanguíneos dela? Eu respondo: ‘Perguntem ao pessoal da Mangueira’”.
Na madrugada de terça-feira, ao chegar em casa após o desfile, dona Marinete foi ainda mais veemente. Apesar do cansaço, não conseguiu dormir sem antes publicar um comentário ácido numa postagem da jornalista Fernanda Chaves, a ex-chefe de gabinete de Marielle que sobreviveu ao atentado do dia 14 de março. No Facebook, feliz com o desfile da Mangueira, Fernanda havia escrito: “Brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês. Na luta é que a gente se encontra”.

No comentário escrito com pressa, a advogada Marinete Silva jogou areia na postagem. Referindo-se à Mangueira, disse que “essas pessoas, ignorando principalmente a mãe e a filha, fizeram a escolha que lhe (era) conveniente”.

A segunda parte do desabafo, porém, tinha outro destino: 
Marielle vive dentro de mim porque (sou) sua mãe. Ninguém na face da terra sabe mais dela do que eu. Quando falo ‘Marielle, presente’, é que corria em suas veias. Nossa família já foi esquecida em vários momentos. São prêmios, homenagens, protagonismo e até lucro pessoal. É isso: nego surfando na onda. Isso é muito triste para uma mãe. Minha filha é maior que tudo isso. Todos e todas que usam o nome ou a história para tirar proveito. Não reconhecem a grandeza da filha que criei e formei para o mundo. Estão plantando agora, mas a colheita vem com certeza. Nunca mais essa família será a mesma, mas somos fortes, somos resistência. Foi que passei para ela. Vamos continuar lutando como fizemos toda nossa vida”, concluiu, ao deixar claro que o Carnaval deste ano era motivo de dor profunda, marcado pela lembrança de Marielle, no ano anterior, fazendo campanha do “não é não”.
O recado de dona Marinete tinha um alvo: ela não reconhece em Mônica uma pessoa autorizada a falar em nome da família. Discorda de suas posições. Não aceita que a viúva circule com independência e sustente um discurso cada vez mais afiado contra a impunidade dos mandantes do assassinato. (?)

Antes de cumprir a agenda pós-Carnaval, que também incluiu a presença em ato público na Cinelândia no dia 8, Dia da Mulher, onde novamente subiu no poste para colar uma placa verde e rosa para Marielle, Mônica disse que não gostaria de perder o foco de sua cruzada e ficar cuidando dos desacertos familiares: 
Marielle é o elo que une a dor, o amor e sentimento de justiça. Não considero nada mais importante hoje do que descobrir quem mandou matar Marielle e quem matou Marielle e Anderson. A dor é imensurável e não há hierarquização. Perdemos todos. Eu perdi minha esposa e venho sofrendo ataques lesbofóbicos, pois tentam deslegitimar nossa relação. Em mim não há nada maior que meu amor e meu sentimento de justiça por ela. Gostaria que fosse respeitada a família que nós duas, juntas, lutamos muito para formar”.


A mensagem de Mônica, ao mencionar ataques lesbofóbicos, também tinha um alvo. A viúva nunca considerou sua relação com Marielle bem digerida. Na vida conjugal, sempre teve uma atitude discreta, porém presente, nas lutas políticas da mulher. Fazia o que estava a seu alcance. Pouco antes do assassinato, ajudava Marielle a remodelar o gabinete, de forma a torná-lo mais funcional. Depois do assassinato, transformou a dor em energia. Passou a encarnar o parente que fica no pé das autoridades, espantando a cada pronunciamento público o fantasma do esquecimento.

Uma amiga próxima, que conheceu como poucos as relações familiares de Marielle e pede anonimato, disse que a viúva encara essa cruzada como uma missão por amor. 
Ela faz o que qualquer pessoa que perde o grande amor faria. Não mede esforços para cobrar. Faz qualquer negócio. Mas isso acaba gerando uma engrenagem em que ela aparece como uma liderança neste momento. Se tiver de ir ao inferno para cobrar, ela irá. Isso é uma viúva em seu luto e em sua sanha para gritar para o mundo inteiro que Marielle vive.”
Essa mesma amiga revelou que, por causa das diferenças, Mônica passou por pelo menos três situações delicadas. A primeira foi quando alguém da família achou pequena a quantia encontrada na conta bancária de Marielle. Depois, no dia em que parentes da vereadora levaram de casa a maioria dos pertences pessoais da parlamentar, sem pedir licença. Por fim, quando foi cobrada pela devolução do carro de Marielle, cuja entrega só havia atrasado por falta de tempo e por uma cisma da arquiteta de que teria de entregar o veículo limpo e revisado. Fora isso, só restou a Mônica o direito a uma parte da pensão previdenciária. Parlamentares do PSOL intermediaram o pagamento de bolsa da Open Society para a família, assegurando benefícios de R$ 300 mil por oito anos, numa tentativa de atenuar conflitos pela herança da vereadora.

No dia da distribuição das placas para Marielle, ao saber que um site de humor faria um evento do tipo “flashmob” (duraria o tempo necessário à distribuição das 1.000 placas), a viúva chegou duas horas mais cedo à Cinelândia. Teve tempo de sobra para cumprimentar dezenas de pessoas, fazer discurso e ajudar na entrega das placas. A família, contudo, só saiu de casa quando o então deputado estadual Marcelo Freixo, padrinho político de Marielle, chegou de carro a Bonsucesso para pegá-las. O caminho até o centro foi travado pelo engarrafamento.

O PSOL tentou até onde foi possível esconder a briga. Dona Marinete, em mais de uma ocasião, reclamou ao próprio Freixo que colocasse um freio na agenda pública de Mônica Benício. No dia das placas, irritada, chegou a pensar que Freixo teria se atrasado propositalmente para dar palanque a Mônica. Depois, mais calma, abandonou a desconfiança.

Um dos raros momentos de harmonia entre os dois lados da família ocorreu no show do cantor inglês Roger Waters, no Maracanã, dia 24 de outubro, quando Mônica, Anielle e Luyara, filha de Marielle, subiram ao palco juntas, para uma homenagem à vereadora. Depois disso, não acertaram mais o passo. Dona Marinete e seus parentes, ao contrário de Mônica, circulam com mais desconfiança, poucos sorrisos e discursos públicos. Seu sofrimento é sua maior bandeira.

A reação de Mônica e da família de Marielle à prisão dos executores do assassinato expôs a separação clara entre os dois núcleos. Na terça-feira 12, dia da prisão dos dois acusados — o PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz —, a família participou de uma entrevista coletiva na sede do Ministério Público do Rio de Janeiro. Já Mônica Benício, após ter concedido entrevista na véspera ao programa Roda viva, da TV Cultura de São Paulo, embarcava para Nova York, convidada a participar de eventos públicos alusivos à passagem de um ano desde o crime.

Após um ano de investigações tortuosas, a investigação sobre a morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes concluiu sua primeira etapa. Graças às imagens de câmeras de segurança das ruas do Rio foi possível identificar os assassinos. Por meio do uso de raios infravermelhos, peritos do laboratório de imagens do Ministério Público do Rio registraram uma tatuagem no braço direito de um dos homens no carro em que estava o atirador. Informantes haviam levado à polícia o nome do sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa como um dos participantes do crime, indicando que havia embarcado num ponto da orla da Praia da Barra da Tijuca. Câmeras de rua e rastreadores de celulares atestaram a informação.

Foi detido igualmente outro acusado de ter participado dos assassinatos, o ex-PM Élcio de Vieira Queiroz, também sargento, apontado como o motorista do Cobalt que emparelhou com o carro onde Marielle e Anderson foram mortos.

Fonte: Com informações de Época, por Chico Otavio e Bruno Abbud, 14/03/2019


Agentes de segurança trabalham pelos direitos de gays, lésbicas e outras minorias

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019 0 comentários

Registro feito durante o II Encontro Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBTI

Além de PMs que se casaram em Minas, outros agentes de segurança trabalham pelos direitos dos LGBTI


Os soldados da Polícia Militar Victor Morais e Wilker Figueiredo, que se casaram e fizeram sucesso na internet, não são os únicos agentes de segurança a mostrar publicamente a homossexualidade. Na conta do Instagram da Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBTI+ (Renosp), policiais e militares mostram seus rostos, nomes e histórias para provar à população a importância de se enfrentar os preconceitos dentro e fora das instituições.

A Renosp/LGBTI+ foi criada em 2010, no Rio de Janeiro, por agentes de segurança de todo o país, mas passou a ser mais atuante na divulgação dos direitos humanos no ano passado. A mudança aconteceu em julho, quando um policial militar do Estado de São Paulo foi ameaçado de morte por colegas de trabalho depois de ser flagrado dando um beijo na boca de outro homem.

A repercussão do caso foi tão grande que a rede decidiu criar uma conta no Instagram para que outros agentes de segurança e forças armadas pudessem mostrar seus rostos e suas histórias. “Ficamos indignados. Como um beijo poderia ser motivo para ameaças de morte? Decidimos nos organizar de maneira mais efetiva, transformamos a Renosp em pessoa jurídica, uma associação, para atuar em casos como esse”, afirma Anderson Cavichioli, pesquisador da Universidade de Brasília que faz parte da rede.

Além do uso da rede social, a Renosp decidiu trabalhar várias ações para combater a LGBTfobia dentro e fora das instituições de segurança - como polícias, guardas municipais e forças armadas. Assim, a rede acompanha os casos de violência, exigindo apuração por parte do poder público, além de oferecer apoio às vítimas. O grupo também se manifesta publicamente quando a comunidade LGBT se sente ofendida pelo discurso de alguma personalidade famosa.

Fonte: Hoje em Dia, por Cinthya Oliveira, 16/01/2019

Casal de mulheres agredido com chutes e socos em ataque heterrorista em Natal

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019 0 comentários

Vanessa teve o braço quebrado em duas partes

Casal de mulheres é agredido com chutes e socos em ataque heterrorista em Natal

Um casal de mulheres foi vítima de lesbofobia no condomínio Village Planalto, no bairro Planalto, Zona Oeste de Natal. Vanessa Macambira, 40, e Glícia Brandão, 26, são casadas e sofreram agressão verbal e física após interpelar um jovem de 17 anos, lutador de artes marciais, acusado de agredir o filho delas, de apenas 9 anos de idade. O crime aconteceu dia 27 de dezembro de 2018.

Vanessa teve o braço quebrado em duas partes e foi levada para o hospital Walfredo Gurgel, unidade de urgência e emergência na capital potiguar. O local da fratura foi imobilizado e ela ainda aguarda cirurgia pelo SUS. Ao tentar defender a esposa, Glícia levou um soco no rosto e sofreu corte na testa. A criança não presenciou o ataque.

O agressor, menor de 18 anos, vinha hostilizando o filho de Vanessa e Glícia há alguns meses em razão da homossexualidade do casal. Nas redes sociais, o jovem aparece numa das fotos com o logotipo do presidente Jair Bolsonaro. Ele é filho do aposentado Nilo Ferreira Lima, que também mora no condomínio.

Segundo Vanessa, ao ser avisada pelo filho de que havia sido agredido, ela desceu para falar com o garoto e foi ameaçada. Da janela, Glícia viu e desceu para conversar. Vanessa subiu para o apartamento e deixou o filho, antes de voltar para o local onde estavam. No retorno, Vanessa lembra que viu Glícia sendo empurrada, apressou o passo e foi agarrada por trás e atirada no chão. Foi então que o jovem começou a desferir chutes na vítima. Ao tentar impedir, Glícia levou um soco no rosto e perdeu os óculos:
 Quando eu vi, o rapaz empurrou a Glícia e fui tentar separar a briga. Ao chegar, o pai do menino me segurou e me derrubou. Quando eu vi já estava no chão e senti o garoto me chutando. E num dos chutes senti que meu braço havia quebrado. Glícia tentou fazer o garoto parar e levou um soco no rosto, o óculos voou. Ela ainda pegou britas no chão e tentou acertá-lo.
No momento da agressão nenhum dos moradores que presenciou o ataque prestou socorro. O porteiro do condomínio chegou a empurrar Glícia para apartar a briga e outro morador reclamou que uma das vítimas acertou uma pedra em seu automóvel. A síndica se recusou a informar a relação de moradores do prédio, não prestou socorro e também não apurou o caso.

Vanessa e Glícia só conseguiram registrar o Boletim de Ocorrência uma semana depois da agressão em razão da greve dos policiais civis no Estado. Uma advogada soube do caso pelas redes sociais e se ofereceu para defender o casal. O recesso do Judiciário também impediu que as vítimas processassem o agressor e o pai logo após o ocorrido.

A lei estadual que reconhece a homofobia como crime existe desde 2007 no Rio Grande do Norte, mas nunca foi regulamentada pelo Governo do Estado.

Morando juntas há sete anos, Vanessa e Glícia contaram que já foram vítimas de agressões verbais, mas nunca imaginaram que fossem entrar para as estatísticas homofobia da forma como o caso aconteceu:
As pessoas chamam a gente de sapatão na rua e há também o preconceito velado na escolas. Nosso filho tem 9 anos, foi adotado com cinco dias de nascido, e é como se o tempo todo você estivesse sendo observada e julgada por ser uma boa mãe. Tem sempre que provar. Mas nunca imaginamos ser agredidas dessa forma. É homofobia porque começou com agressões ao meu filho, chamado de ‘fresco’, ‘viado’, ‘baitola’ por ser filho de duas mulheres lésbicas”, conta Vanessa.
Luiz Felipe entre as duas mães, Vanessa e Glícia
Histórico

Segundo a mãe, Luiz Felipe vem sendo vítima de bullyng há alguns meses dentro do condomínio. Glícia já chegou a reunir as crianças e adolescentes do prédio para pedir que não ofendessem mais o filho, além de explicar que há diversidade de pensamento e de orientação sexual entre as pessoas. O garoto chega em casa ora chorando ou chateado:
Eu cheguei a ir no apartamento do Nilo porque o filho mais novo dele era uma das crianças que xingava meu filho. Nem conhecia o mais velho, que foi quem nos agrediu.
Vanessa e Glícia são reservadas, não costumam andar juntas pelo condomínio e não possuem relações próximas com os demais vizinhos. Após a agressão, que ocorreu por volta das 20h, a família dormiu na casa da mãe da Glícia, em Lagoa Nova, local adotado como ponto de apoio. Vanessa só aceitou voltar para o condomínio após o irmão conversar com o pai do agressor:
Ele disse para o meu irmão que tinha passado mal, teve pressão alta e que poderíamos voltar sem problemas, mas ainda estamos traumatizadas. Não me sinto segura, mas voltamos depois dessa conversa do meu irmão com ele. O garoto que nos agrediu está passando férias numa casa de praia. Comprei esse apartamento financiado pela Caixa Econômica ainda na planta. Não quero ir embora”, conta Vanessa Macambira, funcionária estadual e municipal
A eleição de um presidente da República homofóbico, como Jair Bolsonaro, é um agravante, avaliam as vítimas. Emocionada, Glícia acredita que os crimes de ódio contra homossexuais devem aumentar: 
As eleições nos deixaram totalmente fragilizadas. Sabíamos que perderíamos nossos direitos e que as pessoas que concordam com o discurso de ódio dele (Jair Bolsonaro) iam sair do armário. E a maioria dessas pessoas é homem e mais fortes que nós. Eles nos querem mortos só pelo fato de existirmos. A eleição de Jair Bolsonaro dá uma espécie de aval, é como se agora isso fosse permitido.
Campanha

Glícia Brandão é atriz e está desempregada. Já Vanessa Macambira é formada em Psicologia e é ex-policial Militar. Ela deixou a PM depois de passar em dois concursos para a área de Saúde do Estado e do município. Trabalha com crianças e jovens. As dificuldades financeiras do casal aumentaram após a agressão. O último salario do município veio com um desconto de mais de R$ 700 em razão dos dias descontados da paralisação dos servidores da saúde. No Estado, a situação é ainda pior. Vanessa está com três folhas atrasadas, incluindo o 13º de 2017.

Diante dos problemas e dos gastos extras com combustível e remédios, as duas resolveram fazer uma campanha de arrecadação. Segundo Vanessa e Glícia, os valores arrecadados serão anexados ao processo:

Banco do Brasil:

Ag: 1668-3
Cc: 15416-4
Variação: 51
CPF: 028.205.684-08
Vanessa Macambira dos Santos

Fonte: Saiba Mais, por Rafael Duarte, 09/01/2019/Portal do Sistema Opinião, 08/01/2019

Ministro da Educação desmonta secretaria da diversidade

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019 0 comentários

Ricardo Vélez Rodriguez, Ministro da Educação

Vélez desmonta secretaria de diversidade e cria nova subpasta de alfabetização
Iniciativa é manobra para eliminar temáticas de direitos humanos, educação étnico-raciais e palavra diversidade
O governo Bolsonaro vai extinguir uma secretaria do MEC (Ministério da Educação) responsável por ações de diversidade, como direitos humanos e relações étnico-raciais. Além disso, será criada uma nova secretaria só para alfabetização, que ficará a cargo do proprietário de uma pequena escola de Londrina indicado pelo escritor Olavo de Carvalho.

Essas são as primeiras alterações no organograma do MEC após a definição do professor de filosofia Ricardo Vélez Rodriguez como ministro da Educação.

A atual Secadi (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão) será desmontada e em seu lugar surgirá a subpasta Modalidades Especializadas. Segundo a Folha apurou, a iniciativa foi uma manobra para eliminar as temáticas de direitos humanos, de educação étnico-raciais e a própria palavra diversidade.

A nova pasta deve continuar a articular as ações de educação especial, de jovens e adultos, educação no campo, indígena e quilombola.

A Secadi foi criada em 2004 com o objetivo de fortalecer a atenção especial a grupos que historicamente são excluídos da escolarização. Segundo descrição das atribuições da secretaria, as políticas orientadas pela subpasta devem considerar “questões de raça, cor, etnia, origem, posição econômica e social, gênero, orientação sexual, deficiências, condição geracional e outras que possam ser identificadas como sendo condições existenciais favorecedoras da exclusão social”.

O presidente eleito, Jairo Bolsonaro (PSL), repetiu durante a campanha ser contrário a políticas específicas a grupos vulneráveis, o que classificou como coitadismo. Ele impulsionou sua carreira política em uma cruzada contra a abordagem do que ele e outros detratores chamam de "ideologia de gênero", expressão nunca usada por educadores.

Para o frei David Santos, da ONG Educafro, o fim da pasta é um retrocesso a uma política de estado. “O surgimento da Secadi foi determinante para despertar do povo negro, quilombola, indígena, ribeirinha”, diz.
Enquanto militante de um mundo melhor, participante de uma igreja que definiu que políticas públicas como tema da campanha da fraternidade de 2019, vejo nessa atitude uma afronta.”
O futuro secretário de alfabetização será Carlos Francisco de Paula Nadalim. O país tem um grande desafio no tema. Segundo o última avaliação federal, mais da metade dos alunos do 3º ano do ensino fundamental tem nível insuficiente em provas de leitura e matemática.

A experiência de Nadalim, que é mestre em educação pela Universidade Estadual de Londrina, é na escola de sua família chamada Mundo do Balão Mágico, também na cidade de Londrina. No censo escolar de 2017, a unidade contava com 12 funcionários, 47 alunos na pré-escola e 94 estudantes do 1º ao 5º ano.

O paranaense é conhecido por vídeos na internet em que faz comentários religiosos, critica o educador Paulo Freire, defende a educação domiciliar e divulga um método supostamente inovador de alfabetização que ele desenvolveu para sua escola. Indicado pelo deputado Diego Garcia (POD-PR) ao prêmio Darcy Ribeiro, da Câmara dos Deputados, foi agraciado em 2018.

Em vídeos, Nadalim expõe a apostila de seu programa de alfabetização inspirado no método fônico (que concentra atenção na relação entre letras e sons para depois chegar à leitura) e ataca o que seria a tendência nacional de apostar no método construtivista (que, em resumo, alfabetiza já focado na leitura de textos). Olavo de Carvalho, que o indicou ao futuro ministro, já fez comentários parecidos. “Tem que voltar ao velho método fônico, beabá, como era nos anos 60, 70”, disse ele à Folha.

O escolhido para a nova secretaria ainda critica o trabalho da educadora Magda Soares, especialista em alfabetização e professora emérita da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Em seu último livro, “Alfabetização - Questão de Métodos”, Soares discorre sobre a dificuldade dos professores brasileiros em alfabetizar com algum método, o que seria reflexo do sistema de formação docente brasileiro.

A educadora coordena desde 2007 um projeto de alfabetização no município mineiro de Lagoa Santa (a 35 km da capital), cujos resultados se tornaram referência no país. O percentual de alunos de Lagoa Santa com aprendizagem adequada no 5º ano em leitura passou de 48% em 2009 para 66% em 2015, acima da média nacional (51%).

Procurado pela Folha, Nadalim não quis dar entrevista e disse que a definição do seu nome para o cargo ainda não está certa.

Fonte: Folha de SP, por Paulo Saldaña, 02/01/2019


Bloqueada por dizer "sapatão"

terça-feira, 4 de julho de 2017 0 comentários

A advogada Eloisa Samy Santiago, 48, diz que foi censurada duas vezes pelo Facebook ao refutar discursos misóginos

Lésbica é bloqueada por exaltar a palavra 'sapatão' no Facebook
Remover conteúdos unilateralmente é arbitrário e viola o Marco Civil da Internet", diz o advogado José Milagre, dono de um dos escritórios pioneiros em direito digital. "Rede social não é juiz, não cabe a ela decidir o que fere ou não o direito à liberdade de expressão."
Basta a advogada Eloisa Samy Santiago, 48, postar "sapatão" que sua conta é bloqueada pelo Facebook, ela diz. Eloisa é reincidente: num dos posts, compartilhou frase de outro usuário —"Hoje acordei com vontade de matar uma mulher"— para refutar o discurso misógino. Ficou mais um mês sem a conta
Sou lésbica, mas não posso me chamar de 'sapatão' e ter orgulho disso. Sou censurada, sem chance de defesa."
O Facebook afirma que tem 4.500 funcionários treinados para diferenciar discursos de intolerância de conteúdos críticos a ela. Não tem funcionado para a advogada.

Numa rede com 2 bilhões de usuários ativos, são milhões de denúncias por semana. A empresa não divulga quantas dessas postagens são excluídas, mas é pouco factível que os revisores deem conta da tarefa. O Facebook anunciou que contratará mais 3.000 para a função.

Enquanto parte da sociedade cobra mais rigor das redes sociais em relação aos discursos intolerantes, outra parte acha que não cabe às plataformas definir os limites da liberdade de expressão.
Remover conteúdos unilateralmente é arbitrário e viola o Marco Civil da Internet", diz o advogado José Milagre, dono de um dos escritórios pioneiros em direito digital.
Para Sérgio Amadeu, pesquisador e membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil, a lei 12.965/14 "veio para evitar que se destruísse a liberdade de expressão, ao impedir a remoção de conteúdo sem ordem judicial".

As redes sociais se valem dos seus termos de uso para ocultar ou remover conteúdos e até cancelar contas. Também há ferramentas que bloqueiam a interação entre usuários, como a opção de retirar caixas de comentários.

O vice-presidente de engenharia do Twitter, Edward Ho, afirmou em artigo que a rede de 310 milhões de usuários ativos no mundo vai coibir a criação de "contas abusivas e ocultar tuítes potencialmente abusivos ou de baixa qualidade".

Não há detalhes sobre o que seria abusivo ou de baixa qualidade. Em nota à Folha, o Twitter diz apenas que é prioridade combater o ódio.
Desde que as regras estejam dentro da lei, essa é a forma mais rápida de tirar do ar um post, caso a pessoa se sinta prejudicada", diz a promotora Fernanda Souza, do Núcleo de Combate a Crimes Cibernéticos da Procuradoria da República em São Paulo.
Para o advogado Milagre, é ilegal.
Rede social não é juiz, não cabe a ela decidir o que fere ou não o direito à liberdade de expressão."

Fonte: UOL, por Kleber Nunes, Thaiza Pauluze, 30/06/2017

O Mapa da Homofobia em São Paulo

quarta-feira, 14 de junho de 2017 0 comentários



O Mapa da Homofobia em São Paulo

Em dez anos, 465 vítimas – uma a cada semana, em média – procuraram ou foram encaminhadas à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) para registrar uma queixa de crime motivado por homofobia em São Paulo. Dados exclusivos obtidos pelo G1 por meio da Lei de Acesso à Informação mostram a radiografia dessas denúncias.

INTRODUÇÃO

São 393 boletins de ocorrência registrados – feitos durante os dez anos de existência da Decradi, que, em sua essência, investiga crimes sem autoria conhecida.

A delegacia especializada, criada em 2006, foi idealizada anos depois de o adestrador de cães Edson Neris da Silva ser assassinado por um grupo de skinheads na Praça da República, no Centro da capital, por ser homossexual. 

Nesses dez anos, foram investigados casos emblemáticos, como o do atentado a bomba na Parada Gay que deixou mais de dez feridos em 2009. Neste domingo (18), a Avenida Paulista será palco da 21ª edição da Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis). 

O MAPA

O mapeamento feito pela equipe de reportagem mostra todos os casos registrados na Decradi motivados por homofobia.

No mapa, é possível ver detalhes de cada vítima e o respectivo boletim registrado, com o ano, a localidade, a natureza da ocorrência, o sexo e a idade. O levantamento inédito permite identificar onde ocorrem os casos de homofobia na Grande São Paulo.

Para mapeá-los, o G1 teve de fazer um trabalho em parceria com a delegacia que durou mais de quatro meses. Isso porque foram fornecidos pela Secretaria da Segurança Pública à equipe, após o pedido via Lei de Acesso, todos os boletins de ocorrência da Decradi (quase mil), sem diferenciar qual tinha a homofobia como motivação. Foi feito, então, um trabalho minucioso para chegar a cada caso envolvendo o público LGBT na década. 

Do total de boletins de ocorrência feitos de 2006 a 2016, 219 viraram inquérito na delegacia especializada – 55% do total. Não há, no entanto, casos de homicídio mapeados, já que a motivação desse tipo de crime só é conhecida durante a investigação. 

Um outro agravante (também para as estatísticas) é que a homofobia ainda não é crime no Brasil. Ou seja, as denúncias são enquadradas de acordo com a tipificação do crime correlato. São casos e mais casos de injúria, ameaça, lesão corporal, constrangimento ilegal, entre outros. 

Entre as vítimas, há desde um adolescente de 17 anos até um homem de 77 anos. Os principais casos estão circunscritos à região central, onde estão as ruas Augusta e da Consolação e a República e o Largo do Arouche, locais bastante frequentados pelo público LGBT.

DECRADI, 10 ANOS

Em dez anos, o perfil dos agressores mudou. Antes eram vizinhos, colegas de trabalho e até parentes. Agora são anônimos que atacam principalmente pela internet, dizem os responsáveis pela Decradi.

O que não se altera, ao longo do tempo, é o teor das ofensas à população LGBT. Os boletins de ocorrência aos quais o G1 teve acesso revelam casos de agressões gratuitas, de xingamentos e provocações sem sentido em locais públicos, de humilhações dentro de casa e no meio da rua. A equipe de reportagem coletou algumas das frases ditas pelos agressores com o contexto em que elas foram pronunciadas.
A Decradi é a delegacia especializada para coibir e apura todos os delitos relacionados à intolerância e aos delitos de preconceito. Toda forma de preconceito é coibida, apurada e penalizada”, diz a delegada Kelly Andrade, da Divisão de Proteção à Pessoa do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). 
De 20 a 30 policiais atuam na delegacia especializada. “O número exato é flutuante”, despista Kelly, que aponta quais têm sido os maiores desafios nesses últimos anos: 
Eles são diários e eternos. Nos dez anos, eu acho que o maior é estar sempre à frente da tecnologia. Porque hoje a maioria desses crimes é praticada por meios eletrônicos”. 
Quando o assunto é o combate à intolerância LGBT, algumas vítimas fazem questão que as motivações levem em conta suas identidades sexuais.

Em São Paulo, no entanto, apenas em novembro de 2015 os boletins de ocorrência passaram a contar com um campo para o nome social da vítima e para a motivação. 

Um dos casos mais emblemáticos de crime motivado pela orientação sexual ocorreu bem antes disso: em 14 de junho de 2009, no fim do desfile da Parada Gay, uma bomba explodiu e feriu 13 participantes, todos homossexuais. 

O ataque foi feito por um grupo neonazista chamado Impacto Hooligan. A delegacia especializada identificou e prendeu sete suspeitos pelo atentado. Dois deles chegaram a ser condenados em 2010 por formação de quadrilha, mas em 2015 o caso foi arquivado com a libertação dos presos.

Na Decradi desde sua criação, Nelson Collino Júnior chefia a equipe de investigadores e lembra de um outro caso que ficou marcado: o de um professor de filosofia agredido por ser homossexual. 
Ele foi brutalmente espancado na região da Consolação. Foi bastante pesado, uma coisa muito grave. Ele perdeu vários dentes da boca.” Segundo ele, os agressores foram identificados, presos e julgados. “Através de uma testemunha nós conseguimos fazer o levantamento do grupo, o famoso Devastação Punk.” 
Na opinião da delegada Daniela Branco, titular da Decradi, a atual situação do país tem contribuído para evidenciar ainda mais os casos de homofobia. “Com esse cenário político-social, com movimentos de extrema direita, estou tendo a percepção de que casos contra LGBT, racismo e intolerância religiosa estão mais evidentes”, diz.

Para Agripino Magalhães, ativista e integrante da ONG Aliança LGBTI, faltam mais delegacias especializadas.
Nós só temos uma Decradi. É uma delegacia maravilhosa para combater a intolerância e o racismo, mas ela não é divulgada e expandida. Um LGBT foi agredido no Terminal Bandeira esses dias, foi até a delegacia mais próxima e o delegado falou que não podia atendê-lo. Ele não soube onde ir depois. A divulgação da Decradi devia ser feita pelos órgãos públicos, com cartazes no Metrô e em locais frequentados pelo público LGBT. Isso pode ajudar a diminuir a ação e os ataques de grupos homofóbicos.”
Fonte: G1, 13/06/2017

Polícia da Chechênia orienta pais a matarem filhos gays para 'limpar honra'

segunda-feira, 8 de maio de 2017 0 comentários


JOHN MACDOUGALL VIA GETTY IMAGES
Ativistas fazem protesto em Berlim para pressionar o presidente russo Putin a tomar medidas contra a perseguição de gays na Chechênia.

Na Chechênia, polícia orienta pais a matarem filhos gays para 'limpar a honra'

"Se algum de meus parentes perceber que eu sou gay, eles não hesitarão um minuto antes de me matar", relata um sobrevivente.

O nível da homofobia da Chechênia tem chamado a atenção do noticiário internacional.

De acordo com a mídia francesa France 24, pais estão sendo instruídos pela polícia local a matarem seus filhos gays sob a ordem de que precisam "limpar o seu sangue com a honra".

A ameaça das autoridades é de que se os familiares não o fizerem, a polícia irá matá-los.

A informação foi confirmada por uma vítima de perseguição que precisou deixar a sua cidade de origem e ir para Moscou para sobreviver.

De acordo com a vítima, na Chechênia só há duas opções: "mentir ou morrer".
Se algum de meus parentes perceber que eu sou gay, eles não hesitarão um minuto antes de me matar. E se eles não fizerem isso, eles vão se matar por não terem cumprido a honra da família", explicou em entrevista a France 24.
Em março, o jornal russo Novaya Gazeta publicou que dezenas de homens com idades entre 16 e 50 anos foram detidos "em conexão com sua orientação sexual não tradicional, ou suspeita de tal".

Eles foram presos e torturados. Pelo menos duas pessoas haviam sido mortas por suas famílias devido a sua sexualidade.

A denúncia preocupou organizações internacionais. As torturas aconteciam em prisões paralelas, uma espécie de "campo de concentração" para LGBTs.



A ong russa LGBT Network está ajudando os chechenos a deixarem a região e voarem para Moscou. De acordo com Olga Baranova, responsável pela organização, eles recebem mais de 5 pedidos de ajuda diários.

Ekaterina Sokirianskaia, diretora russa da International Crisis Group, disse ao The Guardian que recebeu informações preocupantes sobre o assunto de várias fontes.
Eu ouvi sobre isso acontecendo em Grozny [a capital Chechênia], fora de Grozny, e entre pessoas de idades e profissões muito diferentes", afirmou.
Na região, a religião predominante é o islamismo, e falar sobre a sexualidade ainda é um tabu. Também por este motivo, muitas da informações sobre os casos são ainda não são totalmente verificáveis, acrescentou Sokirianskai.
É quase impossível obter informações das vítimas ou de suas famílias, mas o número de sinais que estou recebendo de pessoas diferentes faz com que seja difícil não acreditar que detenções e violência estão realmente acontecendo."
JOHN MACDOUGALL VIA GETTY IMAGES
Ativistas fazem protesto em Berlim para pressionar o presidente russo Putin a tomar medidas contra a perseguição de gays na Chechênia.

A Chechênia é formalmente parte da Rússia, mas funciona como um estado quase independente em que a palavra do líder Ramzan Kadyrov muitas vezes pode ser superior as leis russas.

O porta-voz do governo Alvi Karimov negou as afirmações. De acordo com ele, é impossível haver perseguição de gays em "uma região que sequer eles existem".
Você não pode prender ou reprimir pessoas que simplesmente não existem na república. Se essas pessoas existissem na Chechênia, a polícia não teria que se preocupar com elas, porque seus próprios parentes teriam mandado elas para onde nunca mais poderiam retornar", disse em um depoimento obtido pela rádio Free Europe.
A detenção em massa de homens homossexuais surge em resposta as tentativas de manifestações dos grupos LGBTS em cidades de toda a região.

Os grupos esperavam que seus direitos fosses legalizados e tinham a esperança de levar suas demandas ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

A Federação Russa é conhecida pela sua hostilidade à comunidade LGBT. Desde 2013, tem apoiado uma lei de propaganda anti-gay que torna o clima de intolerância ainda pior.

Fonte: HuffPost Brasil, por Ana Beatriz Rosa, Repórter de Vozes, Mulheres e Notícias, 04/05/2017

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