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No Altas Horas, Ludmilla e a mulher Brunna contaram sobre aceitação familiar de seu relacionamento

segunda-feira, 15 de março de 2021 0 comentários

Ludmilla e Bruna Gonçalves

'Nós fomos sortudas', diz Ludmilla sobre família aceitar relacionamento com Brunna

Cantora comentou que a família dela já desconfiava, mas foi decisivo contar: 'foi uma coisa que não estava dando mais para disfarçar'

Ludmilla e a mulher Brunna Gonçalves falaram sobre como as famílias delas reagiram ao relacionamento de ambas durante participação no Altas Horas deste sábado, 6. O casal assumiu o namoro em junho de 2019 e se casaram em dezembro daquele ano. Ver o vídeo para o programa ao fim do texto.
Foi um processo. A minha família, desde o início, já sabia, mas fingia que não sabia. Eu também fingia que eu não sabia que eles sabiam e assim foi até eu me apaixonar, que foi pela Brunna", lembrou a cantora ao responder a pergunta de um telespectador do programa.
Quando a gente se apaixona por alguém, isso fica muito nítido no nosso olhar, no nosso jeito e foi uma coisa que não estava dando mais para disfarçar", ela acrescentou.
Ludmilla comentou que a mãe, o padrasto e a avó já sabiam, mas só foi oficializado quando ela mesma contou.
E foi de boa porque minha família é muito legal comigo, eles sempre me apoiam em tudo o que eu vou fazer, eles estão sempre comigo, então foi super tranquilo lá em casa."
Brunna também teve uma conversa tranquila com a própria família.
A minha família foi super de boa. Minha mãe, meu pai, quando eu contei para eles, eles falaram assim: 'você está feliz? Se você está feliz, eu estou feliz. E bola para frente, não liga para o que os outros vão falar da sua vida, o que importa são seu pai e sua mãe'. Foi super tranquilo, eu não tive problema nenhum, graças a Deus, com minha família", relatou a bailarina. "Nós fomos sortudas", completou Ludmilla.
As duas já trabalhavam juntas, porque Brunna faz parte do corpo de balé da cantora, quando a funkeira olhou de forma diferente para a futura mulher durante um ensaio.
Ela foi brincar comigo depois: 'e aí, vai me dar um beijo, não?'", relembrou Brunna.
Ludmilla explicou que essa atitude veio após algumas conversas entre as mulheres do grupo sobre beijar e ficar com outra mulher. A partir daí, a dançarina também passou a olhar a cantora com mais interesse.

Elas assumiram o relacionamento em junho de 2019 e Ludmilla contou que a música Espelho foi dedicada à companheira. No fim daquele ano, elas se casaram em uma festa surpresa organizada pela cantora.

Ver vídeo do programa aqui.

Clipping 'Nós fomos sortudas', diz Ludmilla sobre família aceitar relacionamento com Brunna, ESP, 07/03/2021

Tratamento discriminatório contra casal de mulheres em restaurante de Santo André (SP)

quarta-feira, 17 de julho de 2019 0 comentários

Discriminação na Churrascaria Novilho na Brasa

A produtora de casting Thábata Mendes resolveu fazer um desabafo nas suas redes sociais após passar por situação constrangedora em um restaurante em Santo André, São Paulo.

Ela e a companheira Amanda foram jantar em um restaurante (Churrascaria Novilho na Brasa) que fazia uma promoção de jantar para casais. Ao efetuar o pagamento, porém, foi informada, pelo garçom, de forma irônica, que o benefício era somente para casais heterossexuais, com ênfase em “casal formado por homem e mulher.” Thábata decidiu reclamar com o gerente que, vendo sua irritação, chegou a pedir desculpas pelo garçom, o que amenizou a situação, mas não diminuiu a indignação do casal.
“É chato. Todos nós que somos da bandeira LGBT sabemos o quanto é chata essa situação”, disse Thábata no vídeo do desabafo (ver abaixo).
A produtora também relatou outro caso de preconceito que viveu poucos dias depois, dentro de seu próprio condomínio, quando estava lavando o carro na porta de casa. Segundo Thabata, os vizinhos de sua casa se reuniram próximo a ela  para comentar que “gay era motivo de desgosto pra família", "que era extremamente desagradável conviver com gay, "que era uma aberração isso.”

Thábata afirmou ainda que, quando essas situações de preconceito acontecem, as pessoas ficam de imediato meio sem ação, mas que, depois, ela procurou tomar algumas medidas em relação à atitude do estabelecimento, denunciando-o através do Procon. Informou ainda que denunciou o ocorrido nas suas redes sociais para visibilizar a falta de profissionalismo e de humanidade do pessoal do restaurante.   

Memória Lesbiana: há 42 anos surgia o Grupo Lésbico Feminista, o primeiro coletivo de ativistas lésbicas do Brasil

quarta-feira, 15 de maio de 2019 3 comentários

Matéria a partir da qual se inicia o Grupo Lésbico Feminista

Este artigo, que é um resumo, pode ser lido na íntegra acessando os links ao final do texto.

Míriam Martinho*

Há 42 anos, em maio de 1979, surgia o Grupo Lésbico-Feminista (LF), formado pelas lésbicas do Somos, por sua vez, o primeiro grupo de ativismo de gays e lésbicas que dá origem ao Movimento Homossexual no Brasil (MHB). Tanto o Somos quanto o LF integraram o chamado ciclo libertário do MHB (1978-1983) que teve a Contracultura como matriz genérica. O coletivo que formou o LF surge, desenvolve-se e se dilui na primeira metade do ciclo libertário, ou seja, no momento de ascensão do incipiente movimento homossexual brasileiro e no início de seu descenso a partir de meados de 1981.

Entre suas particularidades, destaca-se o fato curioso de ter tido mais denominações do que tempo de existência. Tornou-se mais conhecido como
Grupo Lésbico Feminista (LF), a assinatura de sua carta de separação do Somos, e suas integrantes como L.F.anas (ou LFanas). Também com essa identificação se autorreconheceu internamente durante todo o seu breve tempo de vida. Entretanto, assinou documentos (históricos, cartas oficiais) e faixas com vários outros nomes derivados da denominação “lésbico(a) feminista”.

O surgimento do subgrupo lésbico-feminista (maio de 1979)

O Grupo Somos (1978-1983), foi fundado por gays em 1978 e contou com raras lésbicas em sua constituição até o início de 1979. Entretanto, após a participação de seus integrantes em um debate sobre minorias, ocorrido, em 8 de fevereiro de 1979, na Faculdade de Ciências Sociais da USP, esse quadro começou a mudar. Lésbicas começaram a participar das reuniões do Somos (fui uma das primeiras a aparecer), organizadas em casas de seus membros, e seguiram num crescendo, à medida que o Somos ampliava sua atuação em eventos públicos.

Em abril de 1979, editores do Lampião da Esquina convidaram as lésbicas do Somos, já em número significativo, a produzir uma matéria para o tabloide a ser publicada na edição de maio daquele ano. Aceitando o convite, extensivo a lésbicas de outros grupos, elas se reuniram no apartamento de uma das integrantes do Somos, Teca, e, com a ajuda de uma jornalista, produziram o texto intitulado
“Nós também estamos aí”. A matéria foi capa do Lampião da Esquina, número 12, com a chamada Amor entre Mulheres, e definida como a primeira vez que lésbicas se reuniram para falar e escrever sobre sua sexualidade. Destaco dois trechos da matéria:
“Tudo por Dizer 
Pela primeira vez na história deste país, um grupo de mulheres se reúne para falar e escrever acerca de sua homossexualidade. Aquelas mulheres sempre esquecidas, negadas e renegadas, exatamente por não se submeterem aos papéis que a sociedade machista impõe como seus papéis naturais, no mês consagrado por essa mesma sociedade à função “sublime” das mulheres, pedem a palavra e descem o verbo.”
Só queremos ser entendidas 
É assim que nós queremos ser entendidas. E é assim que nós precisamos começar a nos entender. No nosso entendimento, demos um passo inicial, ao trabalharmos conjuntamente essa matéria para o primeiro aniversário do Lampião. Agora, é ver o que acontece.
E aconteceu o primeiro coletivo brasileiro de ativistas lésbicas. Após o lançamento da matéria no Lampião, o grupo formado para a elaboração da matéria se dispersou em boa parte, mas algumas de suas integrantes decidiram manter um subgrupo exclusivamente de mulheres, dentro do Somos, denominando-o subgrupo lésbico-feminista em maio de 1979. As razões elencadas para essa decisão, além do propósito de dar continuidade a discussões especificamente lésbicas, foram os problemas enfrentados nos subgrupos mistos do Somos, tais como o uso da palavra “rachada” com a qual alguns gays se referiam às mulheres em geral e às lésbicas em particular; o Somos não ter uma posição sobre a dupla discriminação sofrida pelas lésbicas, como mulheres e homossexuais, e as lésbicas ficarem diluídas nos grupos de identificação (subgrupos de troca de experiências sobre a vivência homossexual).

A partir daí, o subgrupo lésbico-feminista passa a desenvolver uma série de atividades autônomas, aproximando-se também do Movimento Feminista. Entre elas, destacam-se:
De 8 a 9/03/1980, a participação no II Congresso da Mulher Paulista, na PUC-SP, onde a presença de um grupo abertamente lésbico provocou polêmica entre as participantes do evento. O grupo distribuiu o panfleto Mulheres Violentadas (de minha autoria), entre as participantes do encontro, e participou de discussões sobre sexualidade; 
Durante os dias 4, 5 e 6 de abril/1980 - a participação no I Encontro Brasileiro de Grupos Homossexuais Organizados, (I EBHO) e I Encontro Brasileiro de Homossexuais. O grupo levou a discussão do machismo gay e da importância da formação de subgrupos só de mulheres dentro dos grupos mistos de gays e lésbicas. Em matéria do Lampião da Esquina n. 24, de Francisco Bittencourt, sobre o encontro, recebeu a seguinte avaliação “Não podemos deixar de dar destaque ao mais coeso, mais treinado para falar, mais articulado e coerente dos grupos presentes ao encontro que é o LF"
Participação do LF na manifestação contra o delegado Richetti

O subgrupo lésbico-feminista oficializa sua separação do Somos, em maio de 1980, com o nome de Grupo Lésbico-Feminista

No dia 17 de maio de 1980, o Grupo Somos sofre um racha. Os gays fundadores do grupo o deixam, alegando que o grupo fora irremediavelmente comprometido por infiltração da Convergência Socialista (grupo de esquerda trotskista que participará da formação do PT). E o subgrupo lésbico-feminista oficializa sua separação da organização, considerando que, na prática, ela já existia, e passa se denominar Grupo Lésbico Feminista (LF). Envia, então, uma carta, para o Lampião da Esquina, n. 25, p.8, sobre os motivos da sua separação do Somos, publicada na matéria O Racha do Somos/SP, em junho de 1980.

Cumpre salientar que alguns pesquisadores (?), à revelia deste documento, andam dizendo que o subgrupo Lésbico-Feminista, ao deixar o SOMOS, teria se assumido como Grupo de Ação Lésbica Feminista (GALF), com base em outros textos, 
produzidos pelo LF, bem posteriores ao racha. Vale lembrar que o LF foi um grupo em busca de um nome pra chamar de seu, nunca se fixando em uma de suas variantes por muito tempo, tendo desaparecido antes de concluir sua busca. Entretanto, o nome oficial do coletivo autodenominado LF, sua identidade essencial, sempre foi lésbico-feminista antes e depois da separação do Somos, ainda que, por seu caráter anárquico e desarticulado, suas ativistas assinassem, como citado no início do texto, documentos (históricos, cartas) e faixas com vários outros nomes derivados da denominação “lésbico(a) feminista”, como segue:

1) Núcleo de ação lésbico-feminista
2) Subgrupo lésbico-feminista
3) Ação lésbica(o)-feminista
4) Facção lésbico-feminista
5) Atuação Feminista
6) Grupo Lésbico-Feminista
7) Grupo de Atuação Lésbico-feminista
8) Ação lésbica-feminista
9) Grupo Ação Lésbico-Feminista
10) Grupo de Ação Lésbica Feminista

Por exemplo, no mesmo Lampião da Esquina, edição 35, de abril de 1981, p. 13, praticamente um ano após a separação do Lésbico-Feminista do Somos, na matéria Um Congresso Bem-Pensante?, são entrevistadas uma ex-integrante do Lésbico-Feminista e uma atual (termos do jornal). Para a representante do Lésbico Feminista é perguntado: "E o Lésbico-Feminista, por que entrou no Congresso e em que ciscunstâncias?" Ao que a entrevistada responde porque o LF isso, o LF aquilo e o LF aquilo outro. Até Vange Leonel, que esteve de passagem, no LF, no primeiro semestre de 1981, nessa nova fabulação a respeito dos primórdios da organização lésbica brasileira, teria entrado num GALF que não existiu. Entretanto, em entrevista ao site A Capa, de 2012, sua apresentação é a seguinte:

"A música, que ecoou por rádios de todo o país, catapultou o nome de Vange Leonel, que anos mais tarde assumiria publicamente sua homossexualidade. Na mesma época, Vange viria a fortalecer seu vínculo com a militância LGBT, que começou ainda em 1981, quando ela fez parte do grupo LF (Lésbico Feminista), uma dissidência do SOMOS."

Exemplos não faltam para desconstruir essa nova falácia de um LF que teria virado GALF após o racha do Somos. Até a memorabilia do grupo contesta essa história. Por exemplo, em 30/31 de maio de 1980, o LF fez uma festa na boate Mistura Fina para celebrar um ano de sua existência. Dois meses depois, em 03/08/1980,  o Grupo Lésbico Feminista faz filipetas datilografadas para convidar as frequentadoras da boate Mistura Fina para seu bingo.

Convite do LF para a festa de seu primeiro aniversário
Filipeta do Grupo Lésbico Feminista convidando para seu bingo em 03/08/1980

Pessoalmente, nunca vi, a despeito da maluquice das diferentes assinaturas, ninguém se referir ao Lésbico-Feminista como GALF. Na publicação ChanacomChana 0, datada de janeiro de 1981, foi publicado um histórico meu, sobre os quase dois anos do Grupo Lésbico-Feminista, onde também aparece Grupo de Ação Lésbica-Feminista, mostrando que a indefinição quanto ao nome permaneceu até na cabeça das editoras do tabloide (não participei nem da edição nem da produção desse número). Fica, portanto,  a questão de saber o porquê de alguns pesquisadores (?) estarem desconsiderando um documento, produzido e publicado logo após o racha do Somos, por outros com um dos nomes da miscelânea de assinaturas da entidade e sem relação com o referido evento.  Parece que a necessidade de enfiar a fórceps, no GALF real, fundado em outubro de 1981, gente que não participou do próprio, está sobrepujando a importância de uma pesquisa idônea sobre o assunto. Fica-se assim na situação surreal de ver "pesquisadores" invisibilizando a primeira organização lésbica brasileira. 

Reproduzo o documento do Lésbico-Feminista a seguir, cujo original pode ser checado no próprio Lampião da Esquina, conforme também citado acima:
São Paulo, 19 de maio de 1980

Ao Movimento Homossexual:

Em reunião geral no Mistura Fina, dia 17 de maio, o grupo Lésbico-Feminista separou-se do grupo Somos. Assumimos esta posição com base em experiências concretas de mais de um ano de trabalho e através das quais acreditamos hoje poder afirmar que:

1) a participação de lésbicas em grupos mistos tem impedido o desenvolvimento de uma consciência feminista, essencial a nosso ver, para o próprio M.H. Dada à especificidade da discriminação que sofremos enquanto mulheres e homossexuais, consideramos o processo de afirmação somente possível em reuniões separadas das dos homens. As mulheres não podem descobrir o que tem em comum a não ser em grupos só de mulheres.

2) É falsa a ideia de que um grupo homossexual precise de lésbicas para levar a questão feminista. Sempre nos colocaram a necessidade de existirem mulheres no grupo para ensinar feminismo e apontar atitudes machistas. Achamos que a conscientização, embora em níveis diferentes para homens e mulheres se dá da mesma forma, isto é, por meio de leituras, pesquisas e da reflexão contínua sobre a reprodução dos papeis heterossexuais de masculinidade e feminilidade. Acreditamos ainda que qualquer grupo realmente interessado em feminismo, pode iniciar uma discussão sobre o tema independente da participação de mulheres. Inclusive, a presença de lésbicas não só não implica numa postura feminista como tão pouco serve como uma estratégia de combate ao machismo que todos reproduzimos.

3) os grupos formados exclusivamente por lésbicas ou bichas não dividem o M.H., pelo contrário, podem enriquecê-lo, apontando novas propostas na direção de um verdadeiro crescimento da consciência homossexual. A nossa atuação externa, participação em congressos e manifestações, vem demonstrar não haver qualquer empecilho no sentido de uma ação conjunta desde que sejam preservados nossos objetivos e autonomia.

Temos a oferecer, para troca de informações, uma prática de atividades, efetuadas desde maio de 79, que inclui contatos com outros grupos discriminados (grupos feministas) e um processo efetivo de aglutinação de mulheres homossexuais. Grupo Lésbico-Feminista
Agora oficialmente independente, o LF continua suas atividades tanto junto ao MHB quanto ao Movimento Feminista. Entre elas, destaco:
13/06/1980 - Manifestação contra a “operação limpeza” do delegado Wilson Richetti que efetuou uma série de prisões arbitrárias de lésbicas, gays, negros, prostitutas e travestis que ficou conhecida como “operação limpeza”. Em protesto contra a atuação arbitrária de Richetti, o Grupo Lésbico Feminista se une a grupos gays bem como a grupos feministas e do movimento negro, numa passeata pelo fim da discriminação racial e sexual, do desemprego e da violência policial. Os manifestantes distribuíram no evento o documento Carta Aberta à População.

21 e 22/06/80 - I Encontro dos Grupos Feministas de SP (mais conhecido como encontro de Valinhos, por ter sido realizado em um convento de religiosas situado nesta cidade do interior paulista). O grupo teve participação decisiva no estabelecimento da questão da sexualidade, como pauta feminista válida, e no incentivo ao namoro entre mulheres no Movimento Feminista. Sai desse evento como participante de uma Comissão de Luta contra a Violência que formaria um grupo com essa especificidade, o SOS Mulher, por sua vez, embrião das primeiras delegacias da mulher.
O Racha do LF (outubro de 1980)

Após o Encontro de Valinhos, o LF entra em crise que culminou com uma ruptura do grupo em outubro. Duas destacadas integrantes do LF deixaram a organização: uma, em razão dos desentendimentos pessoais que vinham minando o grupo, saiu para formar outra organização lésbica (Terra Maria Opção Lésbica); a outra, por não ver mais perspectivas no LF, saiu para juntar-se ao grupo feminista SOS Mulher que acabava de ser formado O grupo ficou reduzido e abalado por essas saídas, mas ainda persistiu, com altos e baixos, até meados de 1981.

O ocaso do LF

Desfalcado e  abalado pelo racha de outubro de 1980, o LF ainda recupera o fôlego para participar de algumas atividades com destaque para sua participação nos seguintes encontros:

8 e 9 de março - III Congresso da Mulher Paulista (III CMP) e lançamento do ChanacomChana - O LF chega ao III CMP com o novo grupo que lhe saíra da costela, o Terra Maria Opção Lésbica. para enfrentar o preconceito explícito do chamado Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), ligado ao PMDB e responsável pelo jornal a Hora do Povo (HP), que queria expulsar as lésbicas do evento por supostamente negarem a condição feminina, por não serem mulheres (sic). Apesar dos ataques, as L.F.anas conseguiram permanecer no encontro, distribuíram o texto Lésbicas e Violência e lançaram o tabloide Chanacomchana.

25 e 26 de abril de 1981- O I Encontro Paulista de Grupos Homossexuais Organizados
- Ocorrido na Faculdade de Ciências Sociais da USP, teve reunião específica dos grupos lésbicos e de ativistas lésbicas dos grupos mistos de então, configurando o primeiro encontro de ativismo lésbico brasileiro de que se tem notícia. Participaram desse evento, integrantes dos grupos Terra Maria Opção Lésbica, Coletivo Alegria, Alegria, Somos SP, Facção da Convergência Socialista e até do SOS Mulher. Dessa reunião foram tiradas como propostas, aprovadas na plenária geral do evento, a realização de reuniões mensais entre os grupos de lésbicas e a criação de uma organização que agrupasse lésbicas de diferentes grupos, além das independentes.


O Grupo Lésbico Feminista ainda seguiu com algumas atividades de menor relevância até julho de 1981, quando seu coletivo se dispersou, seguindo o refluxo do movimento homossexual que já então se iniciava. O jornal Lampião da Esquina fecha as portas nesse mesmo período, e os grupos homossexuais em geral começam a minguar em todo o Brasil, processo que se acelera ao fim de 1983. Duas remanescentes do LF, Míriam Martinho (eu mesma) e Rosely Roth, após tentativas frustadas de rearticular ao menos uma nova edição do ChanacomChana com suas ex-parceiras do LF e lésbicas de outros grupos, decidem manter um coletivo especificamente lésbico e fundam o Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF), em 17 de outubro de 1981, com novas colaboradoras da organização recém-fundada. O GALF vai retomar o ChanacomChana, como boletim, a partir de dezembro de 1982.

São Paulo, 12/05/2019

Versão integral deste artigo: Memória Lesbiana Grupo Lésbico Feminista.pdf  Memória Lesbiana Grupo Lésbico Feminista (página publicações deste site) 



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Ver também: 19 de agosto: há 36 anos, o GALF realizava a primeira manifestação lésbica contra a discriminação no Brasil | Um Outro Olhar 

Memória lesbiana: há 31 anos surgia a Rede de Informação Um Outro Olhar, paladina da visibilidade lésbica
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*Miriam Martinho é uma das fundadoras do Movimento Homossexual brasileiro, em particular da organização lésbica, tendo co-fundado as primeiras entidades lésbicas brasileiras, a saber, Grupo Lésbico-Feminista (1979-1981), Grupo Ação Lésbica-Feminista (1981-1989) e Rede de Informação Um Outro Olhar (1989....). Editou também as primeiras publicações lésbicas do país, como o fanzine ChanacomChana (década de 80) e o boletim e posterior revista Um Outro Olhar (década de 90 até 2002). Atualmente administra as páginas Um Outro Olhar e Contra o Coro dos Contentes. 

Fundou igualmente o movimento de saúde lésbica no Brasil, em 1994, realizando a primeira campanha de prevenção às DST-AIDS para mulheres que se relacionam com mulheres, em 1995, e editando as primeiras publicações sobre o tema desde essa época (em 2006 publicou a 4 edição da cartilha Prazer sem Medo sobre saúde integral para lésbicas e bissexuais). Participou da organização do I EBHO (1980), organizou dois encontros LGBT nacionais (VII EBLHO/93 e IX EBGLT/97) e foi sócia-fundadora da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT-1995). Participou igualmente de vários encontros internacionais com destaque para a 8ª Conferência Internacional do Serviço de Informação Lésbica Internacional-ILIS (Genebra, Suiça, 28 a 31/03/1986), o I Encontro de Lésbicas-Feministas Latino-Americanas e do Caribe (Cuernavaca, México, 1987) e a Reunião de Reflexão Lésbica-Homossexual (Santiago, Chile/ nov. 1992).

Mulher negra sai do armário aos 40 e diz que foi a coisa mais libertadora de sua vida

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019 0 comentários

Nicole Gilley relata seu calvário até se assumir lésbica

Por que esperei até ter 40 anos para dizer que sou lésbica?
Sou uma mulher negra, criada por mãe solo e religiosa que nunca me incentivou a buscar nada senão Deus, um marido e filhos.

Eu nunca quis ser lésbica. Fui criada por minha mãe solo, que me ensinou que a homossexualidade é a única abominação que Deus não perdoa. Durante minhas três primeiras décadas de vida, tentei de tudo para expulsar minha natureza. Eu passava noites incontáveis chorando de joelhos, suplicando para Deus tirar isso de mim, sem entender por que ele teria me feito carregar essa cruz se ser homossexual era realmente pecado. As noites que eu não passava rezando eram passadas embaixo de inúmeros homens cujos nomes eu nem me dava ao trabalho de descobrir. Eu pensava realmente que, se transasse com homens suficientes, isso faria minha heterossexualidade pegar no tranco. Não funcionou, é claro.

Quando eu tinha 23 anos e estava morando em Los Angeles, comecei a trabalhar num call center, recebendo ligações para um serviço de encaminhamento a dentistas. Foi ali que me apaixonei para valer pela primeira vez, por uma colega de trabalho. Quando ela percebeu o que eu estava sentindo, graças à minha falta de sutileza, me denunciou para o call center inteiro.

A humilhação me obrigou a sair da empresa e começar a trabalhar com vendas, onde continuei a evitar minha sexualidade e a transar com homens. Com 31 anos, me matriculei numa faculdade pública e continuei a fazer de tudo para fugir da minha sexualidade – trabalho, estudos, álcool, noitadas. Mas aos 32 anos fui internada às pressas, com diagnóstico de gastrite e duas úlceras. Entendi então que não conseguiria expulsar minha homossexualidade com orações. Finalmente admiti para mim mesma que eu era lésbica. Ali mesmo no leito do hospital, resolvi que em vez de ficar onde eu estava e evitar minha sexualidade, eu iria embora.
Passei noites incontáveis chorando de joelhos, suplicando a Deus para tirar isso de mim, sem entender por que ele me fez carregar essa cruz de ser homossexual se isso era realmente pecado.
Comecei a me candidatar a cursos universitários de quatro anos para onde pudesse pedir transferência, e pouco tempo depois de completar 33 anos, larguei meu emprego na Califórnia e me mudei para Nova York, onde fui morar no Harlem e estudar na NYU. Eu tinha uma meta na cabeça: ser verdadeira comigo mesma e abraçar minha sexualidade. Nova York me pareceu que seria o melhor lugar para fazer isso. Depois de me mudar para lá, entendi que não era a vergonha de minha mãe que me estava impedindo de ser quem eu era: era minha própria vergonha. Em Nova York, eu falava com minha mãe com frequência e pensava honestamente que poderia abraçar ser lésbica e conservar um relacionamento com ela. Nunca parei para refletir sobre os efeitos que manter segredo teriam sobre mim, minha vida amorosa e meu relacionamento com minha mãe.

Mesmo estando a milhares de quilômetros de minha família, eu não conseguia simplesmente pressionar um interruptor e virar abertamente gay. Dois meses depois de me mudar para Nova York, finalmente criei coragem de ir ao meu primeiro bar de lésbicas. No frio, embarquei no metrô da linha D e fui para o centro. Quando cheguei perto do bar, vi algumas mulheres – imaginei que fossem lésbicas – do lado de fora, fumando cigarros, sorrindo e dando risada. Dominada pelo medo e a vergonha, passei reto e, em vez de ir àquele bar, fui a outro bar nas proximidades e bebi até afogar meu sentimento de vergonha. Tentei imaginar como aquelas mulheres podiam amar a si mesmas, sendo como eram. Como eu faria para chegar a isso? Voltando para casa, tomei a decisão de nunca mais tentar aquilo. Tinha me provocado ansiedade demais.

Só consegui me sustentar em Nova York, vivendo na cidade e estudando na NYU, por um ano. Depois desisti. Eu não podia voltar para casa, então em janeiro de 2012 resolvi me mudar para Las Vegas e estudar na Universidade de Nevada. Seria a mesma ideia: eu seria lésbica em outro estado e conseguiria meu diploma de faculdade. Percebi que ir a um bar representava pressão demais para me relacionar com outras lésbicas, então em 2015 me aventurei no namoro online e conheci uma mulher. Estar com ela foi o início de meu processo de me compreender. Eu estava apaixonada e queria que o mundo inteiro soubesse, mas ela estava no armário. Foi uma coisa arrasadora, porque, além de meus próprios problemas de sentir vergonha de mim mesma, agora eu estava lidando com os dela também. No final, não consegui mais encarar, e nos separamos. Tudo o que eu queria era poder ligar para um serviço de terapia familiar pelo telefone e me abrir com quem atendesse, mas eu não podia.

No final de 2015 eu estava com 38 anos, tinha me formado na faculdade e estava mais do que pronta para voltar para casa, para Los Angeles, mas ainda não pretendia me assumir como lésbica diante da minha família. Levei mais seis meses para decidir que eu precisava fazer terapia. Foi assim que me vi sentada diante de uma mulher branca de 30 e poucos anos, chorando loucamente e contando a ela que eu não queria ser gay. Tentei imaginar se ela teria condições de compreender realmente como é ser uma lésbica negra. Será que ela sabia que a comunidade negra é notoriamente homofóbica? Sou uma mulher negra, criada por mãe solteira e religiosa que nunca me incentivou a buscar nada senão Deus, um marido e filhos. O fato de ter crescido em conflito entre quem eu era e quem ela queria que eu fosse me provocava muita dor, confusão e depressão.
Sou uma mulher negra, criada por mãe solteira e religiosa que nunca me incentivou a buscar nada senão Deus, um marido e filhos.
Me perguntei se a terapeuta teria como me ajudar a encarar o fato de que sair do armário implicaria perder o amor e a aceitação de minha mãe. Ela poderia me ajudar a ganhar força suficiente para realizar o que eu me propunha a fazer? Uma vez por semana eu passava 90 minutos sentada num consultório bege com decoração discreta, aprendendo a dizer "sou lésbica". Fiz cinco meses de terapia até começar a contar às pessoas.

Pouco antes de completar 40 anos, resolvi contar primeiro a uma prima minha, e ela me deu todo o apoio. Outros amigos também me apoiaram, mas eu tinha medo de me assumir diante de minha melhor amiga. Ela nunca tinha mostrado apoio aberto à homossexualidade. Na realidade, os gays muitas vezes eram os alvos de suas piadas. Quatro meses depois de me abrir com minha prima, procurei minha amiga, e, para surpresa minha, ela me deu apoio total. Meu medo todo tinha sido desnecessário. Minha amiga passou os últimos 20 anos tentando servir de casamenteira para mim; acho que esse papel dela não mudou, só que agora ela me apresenta para mulheres, em vez de homens.

Foi um alívio mostrar a minhas melhores amigas quem eu sou de verdade, mas eu ainda estava nervosa, sem saber como reagiriam meus familiares religiosos. Eles me rejeitariam? Depois de pouco a pouco começar a contar outros primos e parentes, percebi que essas pessoas todas gostavam de mim de verdade e não se importavam com quem eu namorasse. Só queriam que eu fosse feliz. Mas ainda faltava eu falar com minha mãe.

Era uma noite de sábado. Minha mãe e eu estávamos sentadas num restaurante Roscoe's Chicken. Inicialmente tentei dizer que eu era bissexual, na esperança de acostumá-la à ideia aos poucos. É claro que isso não funcionou – apenas lhe deu a falsa esperança de que eu ainda poderia namorar um homem. Ela disse terminantemente que nunca aceitaria que eu fosse lésbica, mas não chegou a dizer que isso era nojento ou que eu era nojenta.

Desde então, tenho tido uma conversa contínua com ela. Quando a Tchetchênia promoveu um expurgo dos gays, minha mãe falou que é melhor que o governo os pegue antes que Jesus o faça.
Dizer que aos 40 anos eu não anseio pela aceitação e aprovação de minha mãe seria mentira.
Minha mãe me disse que, se eu me casar algum dia, ela não vai ao casamento. Embora seja isso que mais me doa, fui obrigada a entender que esse é um problema dela, não meu. Mereço ser feliz na vida, e não devo ter vergonha de ser quem eu sou. Minha mãe e eu ainda nos falamos, mas agora falta intimidade no nosso relacionamento. Ela não sabe nada da minha vida nem das mulheres com quem saio. E não quer perguntar sobre isso. Nosso relacionamento se limita a falar generalidades sobre política ou as coisas que estão acontecendo na vida dela. A posição dela sobre minha sexualidade não mudou, e, como ela tem 75 anos, não imagino que vá mudar.

Dizer que aos 40 anos eu não anseio pela aceitação e aprovação da minha mãe seria mentira. Eu quero muito, mas percebi que não preciso disso para ser feliz. Alguns dias são melhores que outros, mas na maioria dos dias eu me vejo caminhando com uma nova visão de quem sou e com nova confiança, pelo fato de ser lésbica assumida.

Sair do armário aos 40 anos foi a coisa mais libertadora que pude fazer por mim mesma, e a única coisa que lamento é não ter feito isso antes. Não passo mais minhas noites chorando, e, com o encorajamento de minha terapeuta, minhas amigas e mentoras, olho com confiança e prazer para o futuro, querendo aproveitar minha nova vida como lésbica e me libertar de qualquer resquício de sentimento de vergonha.

Fonte: Huff Post BR, 14/05/2018

Pedido para trocar garçonete ‘sapatão’ revolta clientes de bar em Belo Horizonte

segunda-feira, 24 de julho de 2017 0 comentários

Pedido para trocar garçonete ‘sapatão’ revolta clientes no Chopp da Fábrica

Nessa sexta-feira (22), uma garçonete do restaurante Chopp da Fábrica, na região Leste de Belo Horizonte, foi vítima de discriminação e homofobia por causa de sua orientação sexual, por parte de um casal de clientes.

A produtora executiva Nathalia Trajano publicou um relato sobre o caso no Facebook. Segundo a publicação, ela e alguns amigos estavam no Chopp da Fábrica sendo muito bem atendidos. Em um determinado momento, quem lhes atendia informou que não atenderia mais, já que uma outra mesa pediu para a trocarem. O argumento usado pelo casal de clientes insatisfeito seria que não queriam ser atendidos por uma “sapatão”.

Assim que Nathalia e seus amigos tomaram conhecimento da situação, pediram para chamar o gerente da casa, que lhes informou que mesmo não concordando “não poderia fazer nada e tal”.

Quando os outros clientes da casa perceberam o que estava acontecendo, um clima de indignação se formou no local. O casal acusado de homofobia, quando confrontado, confirmou que não gostaria de ser atendido pela garçonete, por conta da orientação sexual dela.

A polícia foi chamada, porém, quando os militares chegaram, o casal já havia deixado o local.

Veja o relato:

Veja o vídeo, clicando aqui

Chopp da Fábrica se posiciona

Em um comentário postado na publicação, Bruno, proprietário do Chopp da Fábrica informa estar “profundamente chateado” com o ocorrido. Ele também relata que a casa não foi omissa e é contrária a qualquer tipo de homofobia e discriminação. Veja a resposta na integra:

Bom dia a todos! Meu nome é Bruno e sou proprietário do Chopp da Fábrica. Estou profundamente chateado por um episódio desse ter ocorrido dentro do Chopp, na realidade, por um episódio desse ainda existir nos dias de hoje. Somos uma empresa séria e responsável. Não temos princípios homofóbicos e tratamos todas as pessoas da mesma forma, consideramos que somos todos iguais, independente de sua orientação sexual, religiosa ou qualquer que seja. Tal fato que não somos homofóbicos, que em nosso quadro de funcionários, quase 90, temos diversos que são declaradamente homossexuais e isso não impede, não interfere e não faz a menor diferença no momento da contratação. Como disse, a orientação é pessoal e não cabe a empresa julgar! Assim como eu, tenho certeza que toda nossa equipe achou absurdo a atitude homofóbica desse cliente. Não fomos omissos nem apoiamos a homofobia praticada. A opção de mudar de área de atendimento foi exclusiva da garçonete agredida, assim como a opção de não prestar queixa. Eu e toda a equipe do Chopp da Fabrica se encontram a disposição para qualquer esclarecimento! Um bom final de semana a todos e que as pessoas se conscientizem que o respeito ao próximo é fundamental para uma sociedade evoluída!

Fonte: BHAZ, 22/07/2017

Fernanda Gentil fala de seu namoro com Priscila Montandon no Domingão do Faustão

quarta-feira, 12 de julho de 2017 0 comentários

Fernanda Gentil e Priscila Montandon (Instagram/Reprodução)

Fernanda Gentil: ‘Tive coragem de me encantar por uma mulher’
'Desde cedo meus pais me ensinaram que a gente se apaixona por caráter, não por carcaça', disse a apresentadora

Fernanda Gentil foi ovacionada pela plateia do Domingão do Faustão do dia 09/07, na Globo. Convidada para participar do quadro Ding Dong, ela falou abertamente sobre sua vida amorosa com a jornalista Priscila Montadon, com quem namora desde o ano passado.
Eu nunca tive de tomar decisão de viver ou não o que eu achava correto. Desde cedo meus pais me ensinaram que a gente se apaixona por caráter, não por carcaça. Então eu não me preocupei muito com o que iam falar, com o que o país ia pensar, e graças a Deus não tenho tempo para ler todos os comentários. Se a gente acreditar em tudo de bom ou tudo de mau que falam é muito perigoso”, disse Fernanda, que recebeu inúmeros ataques na web assim que assumiu o romance.
A minha decisão foi ser feliz. Eu e o Matheus tivemos coragem de reconhecer cedo que o casamento não estava dando certo e tive coragem também, de me encantar por uma mulher, o que foi novidade para mim, e lutar por isso. Eu só devia satisfação aos meus pais e meu irmão, e a partir daí a gente estava junto para passar por essa onda”, completou.
Fernanda Gentil foi casada com Mateus Braga, com quem teve um filho, Gabriel, e assumiu o namoro com Priscila cinco meses após o término de seu casamento. Ao ter o namoro noticiado por um jornal carioca, ela decidiu usar as redes sociais para confirmar a novidade.
Costumo dizer que aquele 29 de setembro, quando a notícia explodiu, foi um dia que eu não vivi. Meu celular não parou, e muita gente ficou sabendo ali, inclusive algumas amigas”, comentou.
Sobre a onda de comentários negativos, ela diz não ter se abalado e optou por se concentrar nas mensagens positivas enviadas por seu fãs. 
Recebi o carinho imenso de muita gente. Para cada crítica, dez se encarregavam de calar aquilo ali. Eu fico preocupada com pessoa que está lá no interior escondida e vive esse dilema, achando que é um problema.”
Fonte:  Veja (Com Estadão Conteúdo), 11/07/2017

Em vídeo, meio-irmão de Luciano Huck fala sobre homossexualidade

terça-feira, 21 de março de 2017 0 comentários

O cineasta Fernando Grostein Andrade e o namorado, o ator Fernando Siqueira

Em depoimento, meio-irmão de Luciano Huck fala sobre homossexualidade

Assumir a homossexualidade é um passo difícil para a maioria das pessoas por um único motivo: o preconceito. Por isso, em meio a notícias assustadoras de casos de homofobia, é importante também divulgar aquelas que dão força e coragem para aqueles que ainda não conseguiram se assumir.

A história de Fernando Grostein, autor de documentários como "Quebrando o Tabu", publicou um vídeo em seu canal do YouTube em que fala sobre sua sexualidade. O depoimento de 15 minutos contextualiza sua infância, sua primeira experiência amorosa - tanto hétero como homossexual - e os preconceitos que sofreu.

Quando criança, se sentia diferente por não compartilhar dos mesmos interesses dos amigos. Enquanto eles falavam de futebol, Grostein gostava de cultivar orquídeas e fazer hipismo. Seus hobbies, então, se tornaram motivo de piada entre seus colegas.
Aos 14 anos tive um sonho com um amigo e comecei a sentir vergonha dos meus amigos, da minha família, de tudo, me fechar. Tinha certeza que eu tinha que ter uma namorada, comecei a me obrigar a ver 'Playboy', para ver se a coisa ia, na força, no jeito", contou.
Mais tarde, no entanto, teve sua primeira experiência homoafetiva com um amigo e não foi nada positiva. "Ele tava bêbado, eu também. Depois disse: 'Se você contar para alguém eu te mato, jogou uma bomba na minha casa'".

Essa situação, ao mesmo tempo que o fechou mais ainda, se tornou um incentivo para ele se assumir para a família no futuro. A reação dos parentes não foi das melhores, mas eles foram entendendo aos poucos e hoje mantém uma boa relação.

Ao final do vídeo, Grostein dá uma mensagem emocionante aos gays que sofrem para admitir a própria sexualidade. 
Na minha época fez falta alguém dizer para mim assim 'olha, tá tudo certo em ser gay, olha, não tem problema nenhum, olha, ser gay não é sinônimo de dar errado'", desabafou. E completou com um recado encorajador: "É muito bom você estar em paz, vale a pena se assumir. Pode acreditar, pode confiar, é difícil no começo... mas passa".
Veja o vídeo abaixo:

Fonte: Catraca Livre, 14/03/2017


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