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Lésbica sul-africana estuprada para "virar" mulher

sexta-feira, 24 de agosto de 2018 0 comentários

Mulher lésbica sul-africana desabafou sobre ter sido vítima de estupro corretivo
pelo pai e tio a fim de “torná-la” uma mulher heterossexual Crédito: Arquivo Pessoal

Lésbica é estuprada por pai e tio para fazer ela ‘virar’ hétero
A jovem sul-africana desabafou sobre a violência sofrida nas redes sociais e seu relato acabou viralizando na web

Estupro por correção ou estupro corretivo é uma prática que visa reverter a orientação sexual de mulheres lésbicas (principalmente, embora homens gays também sejam vítimas de tal ato criminoso) através do sexo forçado com pessoas do sexo oposto. Uma jovem sul-africana chamada Mubizana relatou ter sido vítima desse tipo de crime que foi praticado tanto por seu pai quanto pelo seu tio, na tentativa de “transformá-la” em uma mulher heterossexual.

Através de seu perfil nas redes sociais, Mubizana desabafou sobre os abusos sofridos quando ela ainda era menor de idade e o relato acabou viralizando na web, sendo notícia em sites internacionais.
“Eu tinha 15 anos quando meu pai entrou no quarto e abusou de mim pela primeira vez. Nunca pensei que um pai seria capaz disso com uma filha”, iniciou ela ao compartilhar sua história. “Ele disse: ‘minha filha, eu odeio sua conduta e vou te mostrar que você é mulher e não homem. Você é mulher então deve fazer isto [sexo] com um homem’”, continuou.
Eu sabia que ele era homofóbico e odiava que eu fosse lésbica. Após o ato ele sempre me ameaçava dizendo que se eu tentasse denunciá-lo, ele diria à polícia que eu é que o seduzia. Eu era muito nova e tinha medo de me colocar contra ele”, afirmou.
Ainda hoje estas imagens me vêm à mente. Ele justificava suas ações usando frases religiosas como ‘seu pai lhe ama e quer que você seja uma pessoa de Deus’, ‘Deus criou Adão e Eva’. Houve um dia ainda em que meu tio veio em casa e os dois abusaram de mim. Eu me sentia tão fraca que nem chorar conseguia mais. Cheguei a tentar suicídio”, contou.
Mubizana conclui seu relato afirmando que se sentia impotente e que até denunciou seus agressores, mas nenhum deles chegou a ser preso. Ainda hoje, ela afirma que não conseguiu superar os traumas da violência sofrida na adolescência e que o sexo lhe “traz de volta péssimas memórias”.
Como denunciar assédio sexual ou estupro?

O assédio contra mulheres envolve uma série de condutas ofensivas à dignidade sexual que desrespeitam sua liberdade e integridade física, moral ou psicológica. Lembre-se: onde não há consentimento, há assédio! Não importa qual roupa você esteja vestindo, de que modo você está dançando ou quantas e quais pessoas você decidiu beijar (ou não beijar): nenhuma dessas circunstâncias autoriza ou justifica o assédio.

Casal de mulheres abre oficina de pintura automotiva no Rio

quinta-feira, 15 de março de 2018 0 comentários


Casal de mulheres abre oficina de pintura automotiva em Marechal Hermes e conta como dribla o machismo
Não acreditam que somos as donas, acham que somos as faxineiras ou namoradas dos funcionários", diz uma das sócias. Whilla Castelhano e Tuani Brauns abriram o negócio em janeiro deste ano.
Foi a vontade de trabalhar em um ambiente diferente e "mais feliz" que fez o casal Whilla Castelhano, 26 anos, e Tuani Brauns, 31, abrir uma oficina comandada por elas duas. O negócio foi aberto em janeiro deste ano, em Marechel Hermes, Zona Norte do Rio, e elas garantem que é a oficina "mais limpa e organizada" de todo o bairro.

A tarefa árdua de colocar a mão na massa e ainda ter que enfrentar o machismo e julgamentos não tira o bom humor delas, que já se acostumaram com o sistema "opressor" de um ambiente dominado por homens.
É raríssimo acharmos mulheres que trabalham nessa área. Somos as únicas mulheres donas de oficina de pintura em toda a região. Obviamente por causa disso sofremos diariamente com o machismo na sua forma mais velada. Ignoram nossa presença dentro da nossa própria oficina, não acreditam que somos as donas, acham que somos as faxineiras ou namoradas dos funcionários", revela Whilla.
Quem pensa que o casal só dá as ordens, se engana. Whilla está tendo aulas de mecânica e Tuani faz curso de polimento.
A Tuani já é a melhor em isolamento de veículo da oficina. Todas as oficinas, independente da área, são machistas e opressoras com as mulheres. Por exemplo, a maioria das mulheres que dirigem e possuem seu próprio carro leva o pai ou o marido quando precisam ir na oficina. Elas têm medo do assédio ou de serem enganadas", conta Whilla.
Tuani conta que, algumas vezes, clientes questionam a capacidade delas.
Nos chamam de mandonas, irritadinhas, questionam nossa autoridade dentro e fora da oficina. O processo de desconstrução do machismo é diário em um ambiente dominado por homens, mas temos prazer em fazer isso."
O objetivo do casal é abrir um polo que englobe mecânica, lanternagem e pintura, e que mais de 50% do quadro de funcionários seja composto por mulheres. Atulamente, Whilla e Tuani têm quatro profissionais homens e pretendem expandir o quadro até o final de março.
Estamos procurando mulheres mas é muito difícil de achar. Queremos expandir fronteiras para outras meninas e essa luta vale a pena", justifica Whilla.
Dia da Mulher

No Dia da Mulher, comemorado nesta quinta-feira (8), elas reforçam que a data é apenas mais um dia normal em que precisam provar o potencial que têm.
Estamos em 2018, somos donas do nosso próprio negócio e somos questionadas todo dia. Eu já ouvi de um ex-funcionário que por eu ser mulher eu era burra e não entendia de nada técnico da área. Apenas por eu ser mulher", relembra Whilla.
Significa também que estamos aqui, não vamos desistir e vamos tomar nosso lugar à força", acrescenta Tuani.
Vaidade

A questão da vaidade é difícil mesmo. Pneu para um lado, tinta e graxa para outro. Não há um fio de cabelo que fique no lugar depois de tantas manobras que envolvem o trabalho dos profissionais de oficinas.
A gente passa o dia todo suja de massa, com cabelo preso e sujo. Assumo que sinto falta de andar arrumada, mas gostamos muito da liberdade que a oficina proporciona. E descobrimos outras formas de manter a vaidade que não é baseada em salto alto e maquiagem", garante Whilla.
Fonte: G1 Rio, por Patricia Teixeira, 08/03/2018

Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou proposta que criminaliza injúria por questões de gênero e de orientação sexual

terça-feira, 6 de março de 2018 0 comentários

Emenda da relatora, senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), inclui a orientação sexual ou a identidade de
gênero  na lista de agravantes do crime de injuria

CCJ aprova proposta que criminaliza injúria por questões de gênero e orientação sexual

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou, na quarta-feira (28/02), proposta que torna crime a injúria praticada por questões de gênero e de orientação sexual. O projeto (PLS 291/2015) é da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e seguirá para a Câmara dos Deputados se não houver recurso para que seja votado pelo Plenário do Senado.

Atualmente, o Código Penal pune o ato de injuriar alguém, com ofensas à dignidade ou ao decoro da vítima, com detenção de um a seis meses ou multa. O PLS 291/2015 altera o dispositivo que estabelece como agravante desse crime o uso de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou com deficiência, acrescentando a questão de gênero entre esses agravantes. Emenda da relatora, senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), inclui ainda a orientação sexual ou a identidade de gênero. Em todos esses casos, a pena é de um a três anos de reclusão mais multa.

Ao justificar a proposta, Gleisi explicou a necessidade de inserção da questão de gênero no rol de agravantes por ver como inadmissíveis atos que desqualifiquem ou desprezem um sexo em detrimento de outro. “Sobretudo porque o tratamento igualitário de homens e mulheres é uma das bases de qualquer Estado Democrático de Direito”, frisou.

Já a relatora defendeu a inclusão de orientação sexual e identidade de gênero graças ao incremento do discurso do ódio e das atitudes e ações contra pessoas que se identificam com o grupo LGBT verificados nos últimos anos no Brasil. Some-se a isso, destacou ainda, a demora do Congresso Nacional em aprovar legislação que reprima de forma contundente tal conduta a minorias que precisam ver seus direitos constitucionais assegurados.
“Espera-se desestimular a prática desse delito que gera grande indignação e se constitui numa verdadeira violência moral, que atinge em cheio sua autoestima e se constitui numa violência verbalizada, tão grave e lamentável, pois resulta na nulificação psicológica dos ofendidos e, muitas vezes, no prenúncio da violência física, com graves agressões, quando não a morte das vítimas”, disse Marta.
Fonte: Agência Senado, 28/02/2018

Lésbicas relatam preconceito em atendimento ginecológico

quinta-feira, 24 de agosto de 2017 0 comentários

Para saber mais sobre saúde lésbica

Então você é virgem?": lésbicas relatam preconceito no atendimento médico
Era a primeira vez que eu ia naquele ginecologista e logo que entrei na sala, ele começou a fazer as perguntas de praxe: idade da primeira relação sexual, da primeira menstruação, quando havia sido a última... Até que perguntou se eu tinha namorado. Como imaginei que era importante, respondi: 'Não, tenho namorada'. Ele parou, levantou a cabeça, estirou o braço em direção à porta e disse: 'Então sai do meu consultório'".
Quem passou por isso foi a jornalista Camila Souza, 28, há três anos. Ela ficou sem reação ao ouvir as palavras do médico, que acabou decidindo deixar que ela ficasse e continuou a consulta. 
Daí para frente, foi um festival de todos os preconceitos contra lésbicas que você pode imaginar. Ele perguntou se eu já tinha tido relação heterossexual. Como achei que fosse uma informação relevante para a consulta, respondi que sim. A resposta dele foi: 'Poxa, mas foi tão ruim assim?'", lembra.
Até hoje me sinto muito culpada por não ter reagido à altura. Cheguei a fazer uma denúncia administrativa desse médico para a Defensoria Pública do Estado, mas confesso que não fui atrás de ver no que deu", lamenta.
Histórias como a de Camila são comuns entre mulheres lésbicas e bissexuais, que contam encontrar no consultório com frequência preconceito e desinformação.

"Lésbica? Não parece!"
Todas as vezes em que fui a uma consulta, sempre fui tratada como se fosse hétero. E quando falo que sou lésbica, as médicas ficam muito surpresas, pois aí entra a questão da minha aparência não ser o que elas esperam de uma 'sapatão'", diz a publicitária Lorena Costa, 28, que passou por quatro profissionais nos últimos seis anos, em busca de um atendimento mais acolhedor -- que ainda não encontrou.
Outra faceta desse preconceito está na fetichização do sexo entre mulheres. 
Quando você fala que é lésbica, o médico homem muda a forma como te olha e trata", diz a empresária Renata Coor, 39
Alguns médicos deram risada na minha cara, outros ficaram roxos de vergonha, como se fosse um absurdo. Já ouvi comentários preconceituosos como 'Tem certeza?' ou 'Lésbica? Não parece!', e recebi até olhares provocativos de um médico homem que me fez sentir assediada e com muito medo", conta a doula e ativista lésbica Gabriela Torrezani, 25.
Situações do tipo fazem com que as mulheres não fiquem confortáveis para falar de todas as questões de que precisam com os médicos. Além disso, presumir que elas são hétero pode levar a indicação errada de métodos anticoncepcionais. 
Muitas pacientes relatam que, mesmo falando que são lésbicas, foram orientadas a tomar pílula", conta a médica da família Luiza Cadioli, do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde.
"Sexo entre mulheres não é sexo"
Eu estava lá, de perna aberta para o exame, quando a médica me perguntou se eu tinha relação sexual regularmente. Eu disse que sim, com minha namorada. Ela então me falou para descer da maca porque não podia me examinar, já que eu era virgem", conta a professora Tamyris Rodrigues, 29.
A visão de que o sexo entre mulheres não é sexo, e sim preliminares, é outra questão que atrapalha as consultas ginecológicas das lésbicas, com o pressuposto de que não há necessidade de lidar com doenças sexualmente transmissíveis. Mas não é bem assim.

Deixar de pedir exames pode significar o não diagnóstico de uma doença em estágio inicial.
Apesar de existir menor incidência de algumas doenças entre lésbicas, toda mulher tem chance de desenvolver câncer de colo de útero, por exemplo. Ficar sem fazer o papanicolau pode favorecer o desenvolvimento do câncer, pois aumentam as chances de não encontrar as alterações no início", explica Luiza Cadioli.
O médico deve perguntar, não pressupor

Segundo Guilherme Almeida, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e coordenador técnico do curso Política de Saúde LGBT da UNA-SUS, apesar de existirem poucos estudos sobre o tema, há um consenso de que há um problema:
Há falha no acolhimento das mulheres lésbicas e bis. Mas é preciso mudar isso, pois tem implicações que vão além das doenças. Sexualidade é uma dimensão importante do bem-estar dos indivíduos".
Basicamente, o atendimento deve ser feito de modo a respeitar a diferença, mas sem preconceito. 
A abordagem do profissional deve ter escuta, acolher, perguntar e não pressupor", explica Guilherme Almeida. Caso haja constrangimento, a mulher deve "educar" o médico. "É difícil, mas ela deve deixar claro que conhece seus direitos e reivindicar isso, dizer que não é virgem, e que quer fazer o papanicolau", diz Luiza.
Além das orientações sobre prevenção de doenças e pedidos de exames, os profissionais também devem estar preparados para aconselhar mulheres lésbicas em relação a práticas sexuais. Outro ponto importante: caso nunca tenha havido penetração, a coleta do papanicolau pode ser feita com equipamento específico, que não rompe o hímen.

Lésbicas podem pegar DST, inclusive a Aids

Lésbicas também podem pegar DSTs por meio do contato entre genitais, do sexo oral, do uso de acessórios sexuais, bem como na penetração com mãos, próteses, vibradores e outros brinquedos eróticos.
Apesar da menor incidência, há relatos de infecção por HIV pelo compartilhamento de acessórios. Outras DSTs, como hepatite, podem ser transmitidas", diz Guilherme Almeida.
É importante lembrar que a minoria usa algum método para se prevenir de doenças, achando que é desnecessário", ressalta Desireé Encinas, ginecologista da clínica Casita.
A médica ressalta algumas estratégias que podem ser usadas:
1.Preservativo masculino em acessórios eróticos de penetração, que deve ser trocado sempre que for compartilhar;
2.Usar camisinhas ou luvas em dedos, principalmente se houver lesão na pele;
3.Usar filme plástico ou camisinha feminina para o sexo oral e o contato entre as vulvas.
Ver mais formas de prevenção clicando aqui

Fonte: UOL, por Helena Bertho, 23/08/2017

Jovem lésbica denuncia líder religioso por estupro objetivando '"cura gay'"

segunda-feira, 7 de agosto de 2017 0 comentários

Promotora de Justiça e Cidadania de Olinda, Henriqueta de Belli, acompanha caso. Foto:Blenda Souto Maior/DP

Líder religioso é suspeito de estuprar jovem lésbica como 'cura gay'
A prisão do suspeito foi decretada em julho deste ano, mas através de uma liminar ele está respondendo em liberdade desde o dia 2 de agosto. Promotora do Ministério Público questiona decisão

Uma jovem de 20 anos, moradora do bairro de Rio Doce, em Olinda, Região Metropolitana do Recife, denunciou ao Ministério Público um crime de estupro cometido por um líder religioso da igreja que frequentava. Após formalizar boletim de ocorrência no Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), a vítima vem recebendo ameças. O acusado, que era líder de um grupo de jovens da 1° Igreja Batista de Rio Doce, foi preso no dia 17 de julho deste ano, mas no dia 2 de agosto foi solto através de liminar concedida por um desembargador do Tribunal de Justiça.

Atualmente o processo penal tramita em segredo de justiça na 3° Vara criminal, em Olinda. Na manhã de hoje, representantes de instituições que atuam em defesa dos Direitos Humanos estiveram presentes no Ministério Público de Olinda para acompanhar o caso.
É importante que a sociedade esteja alerta para esse tipo de situação porque é um crime que a as vítimas têm vergonha de denunciar. O fato de ele ter sido solto provoca mais medo nas vítimas em denunciar casos deste tipo. Quanto sociedade civil e representantes de ONGs podemos ajudar estando à disposição para dar respaldo com serviços de acompanhamento psicológico e acompanhamento jurídico", comentou o advogado do Instituto Boa Vista, João Henrique de Lima.
De acordo com o relato da vítima, o religioso praticou violência sexual após tomar conhecimento que ela tinha um relacionamento homoafetivo. Durante o crime, ele chegou a falar que "queria ver se ela gostava de menino ou de menina", segundo a jovem. O estupro aconteceu no dia 28 de dezembro de 2015, no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda, quando a vítima tinha 18 anos. Somente em março do ano passado a jovem contou aos pais, que recorreram a DPCA.

Nos primeiros meses deste ano, quando o acusado soube que foi denunciado pelo Ministério Público, ele começou a direcionar ameaças e a hostilizar a vítima. 
Ela está com dificuldade de frequentar a própria escola criando situações de constrangimento em prejuízo da vítima. Houve uma situação que ele chegou a colocar o carro por cima dela, que conseguiu se desvincilhar e a vida dela ficou insustentável na comunidade. Ela, na condição de vítima, não poderia passar por esse tipo de situações e foi pedida a prisão", explicou a promotora Henriqueta de Belli.
Uma audiência está marcada para o dia 24 de agosto, no Fórum de Olinda, para instrução e julgamento. Com a soltura do acusado, a promotora se preocupa com a segurança da jovem. 
Está pendente o julgamento do habeas corpus no órgão colegiado porque essa foi uma decisão somente do relator que recebeu o pedido. Enquando ele estiver solto, o Ministério Público acredita que ele não vai deixar de direcionar ameaças. Não é justo que uma vítima de crime sexual dessa ordem continue sendo submetida a outros sofrimentos por conta de um acusado que não se conforma com o fato de estar sendo processado", critica.
Fonte: Diário de Pernambuco, 04/08/2017 

Jovem lésbica afirma que discriminação familiar e social está longe de acabar

segunda-feira, 20 de março de 2017 0 comentários

Jéssica diz que se ama do jeito que é. Jovem quer ajudar outras lésbicas e garantir direitos das mulheres (Foto: Quésia Melo/G1)

'Respeito é só no papel', diz lésbica que sofreu preconceito da família
Jovem diz que ficou com marcas no corpo e pediu medida protetiva à Justiça. Jéssica Farias faz parte de associação e quer garantir direitos das mulheres.

Foi dentro de casa que a estudante Jéssica Farias, de 20 anos, sofreu preconceito pela primira vez ao contar que era lésbica. A agressão verbal e física partiu de um tio. A jovem conta ficou com marcas no corpo e pediu uma medida protetiva que mantém o agressor distante. No mês em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, Jéssica pede respeito às lésbicas e lamenta ainda ser chamada de "sapatão" dentro do ônibus.
Desejaria que, de fato, o respeito existisse, pois o respeito é só no papel e nas redes sociais. Não tenho medo de ser quem sou, mas enfrento piada dentro de ônibus, sou chamada de 'sapatão' e a frase que mais ouço é "'tu nunca pegou um homem que faça gostoso como eu'. As pessoas não se colocam em nosso lugar, tudo o que querem é fazer julgamentos", lamenta.
Jéssica faz parte da Associação de Mulheres do Acre Revolucionárias (Amar-AC), que atualmente atende ao menos 17 mulheres profissionais do sexo, lésbicas e em situação de vulnerabilidade. A estudante afirma que descobriu a orientação sexual aos oito anos de idade durante uma brincadeira com as primas. Desde então, foi apoiada e julgada por familiares e amigos.
Não digo que descobrir e entender isso foi fácil, mas eu me aceitei fácil, pois na minha família há outros homossexuais e até eles são preconceituosos. Uma pessoa da minha família que é gay não me aceita como lésbica e já chegamos a ir para a Justiça por causa disso. A primeira a saber que eu era lésbica foi minha avó. Quando contei, ela respondeu: 'minha filha seja feliz'", conta.
Jovem conta que mora com namorada há mais de um ano e que é chamada de sapatão diariamente (Foto: Quésia Melo/G1)

Relacionamento

Jéssica namora há mais de um ano e diz que ela e a companheira buscam ser respeitadas diariamente. As duas se conheceram no Facebook. A estudante relata que quando estão em público se tratam como amigas para preservar a privacidade do casal e evitar comentários preconceituosos.
Acredito que a nossa intimidade é assunto da nossa casa para dentro. Infelizmente, as outras pessoas não têm a cabeça aberta que ela, as pessoas que convivem conosco e eu temos. Lembro que a vi no Facebook e a achei muito bonita, mandei mensagens na cara de pau, tomei a iniciativa, ela me enrolou um mês até nos conhecermos pessoalmente", lembra.
Preconceito 
A jovem ainda lembra a sensação que sentiu ao sofrer preconceito pela primeira vez. Quando segurava as lágrimas, Jéssica disse que prometeu a si mesma que não teria vergonha de assumir quem era e do que gostava. Junto da Amar-AC diz que quer buscar maior visibilidade para as lésbicas e as necessidades dessas mulheres.
Quando sofri preconceito pela primeira vez, senti um desconforto que não tem explicação, me senti mal, quis chorar e me segurei. Sempre digo para minhas amigas que se pudesse andar com uma placa escrito 'sapatão', eu andaria. Me amo do jeito que eu sou e me acho maravilhosa dessa forma. Se pudesse mudar algo em mim, seria me tornar ainda mais visível como a mulher gay que sou", finaliza.
Jéssica faz parte de associação que atua ajudando profissionais do sexo, lésbicas e mulheres em situação de vulnerabilidade (Foto: Quésia Melo/G1)

Fonte: G1 AC, Quésia Melo, 15/03/201


'Escola Sem Partido' quer impedir debates sobre machismo e homofobia nas escolas

quinta-feira, 21 de julho de 2016 0 comentários

Vote, clicando aqui, contra projeto do deputado-pastor Magno Malta que quer instituir, entre as diretrizes e bases da educação nacional, o "Programa Escola sem Partido"

Por Míriam Martinho

O movimento Escola Sem Partido foi criado em 2004 pelo advogado Miguel Nagib, mas começou a ganhar força sobretudo no ano passado com a apresentação de vários projetos de lei, por ele inspirados, em âmbito federal, estadual e municipal. Entre outros absurdos, esses projetos querem proibir a educação sexual nas escolas e até criminalizar professores, por assédio ideológico, que falarem com seus alunos sobre orientação sexual (contra a homofobia) e gênero (contra o machismo), entre outras discriminações. Supostamente, tais projetos visariam impedir o proselitismo político-partidário e ideológico de esquerda (fazeção de cabeça de alunos) nas escolas almejando a pluralidade de ideias em classe de aula.

Na verdade, contudo, o objetivo desses projetos é bem o oposto. Trata-se de cercear a liberdade de expressão de professores, tidos como de esquerda, e impor uma agenda conservadora no ambiente escolar. Tal objetivo fica bem claro pela redação dos projetos onde se lê que os pais têm o direito a que seus filhos recebam educação condizente com os valores de ordem familiar nos aspectos relacionados à educação moral, sexual e religiosa.  Ora, escola não é espelho de família conservadora ou de valores conservadores. A escola representa exatamente a entrada das crianças na sociedade em geral, onde elas terão que conviver com valores diferentes do seu entorno familiar e aprender a respeitá-los. Quem quer que seus filhos recebam nas escolas a mesma educação dada pela família deve inscrevê-los em escolas confessionais, militares ou educá-los em casa (homeschooling). O que não tem cabimento é querer impor a todas as escolas públicas e privadas do país, pela via legal, estatal, valores que não são de toda a sociedade brasileira. 


No caso da educação sexual, esses projetos dizem explicitamente que o "Poder Público não se imiscuirá na orientação sexual dos alunos nem permitirá qualquer prática capaz de comprometer ou direcionar o natural desenvolvimento de sua personalidade, em harmonia com a respectiva identidade biológica de sexo, sendo vedada, especialmente, a aplicação dos postulados da ideologia de gênero." Pra quem não sabe, "ideologia de gênero" é um espantalho criado pelos conservadores para assustar mães e pais sobre supostos perigos da escola transformar seus filhos em homossexuais, como se isso fosse possível. A discussão sobre gênero nas escolas visa apenas desconstruir preconceitos e discriminações para que alunas e alunos, diferentes dos demais por alguma razão, possam estudar sem sofrer bullying físico ou psicológico (agressões, humilhações, xingamentos). 

Uma olhadinha no perfil dos autores desses projetos, inspirados pelo famigerado Escola Sem Partido, explica bem qual é a desse pessoal. A maioria deles é da bancada religiosa, especialmente evangélica. Segundo o site Sul21, "11 dos 19 proponentes de projetos inspirados pelo ESP são ligados a alguma igreja. Na Câmara, há três projetos tramitando baseados na proposta Escola sem Partido. O Projeto de Lei (PL)7180/2014, do deputado Erivelton Santana (PSC/BA), o PL 867/2015, do Izalci Lucas (PSDB-DF) e o PL 1411/2015, de Rogério Marinho (PSDB/RN), este sendo o único não ligado a alguma igreja. No Senado, o pastor evangélico Magno Malta (PR-ES) é autor de texto semelhante, apresentado como PLS 193/2016.

Nos legislativos estaduais já são 12 propostas apresentadas. Uma já foi aprovada com o nome de "Escola Livre" (piada) – em Alagoas – e uma arquivada – no Espírito Santo. A primeira foi apresentada pelo deputado Ricardo Nezinho (PMDB), ligado à igreja Batista. O projeto foi vetado pelo governador Renan Filho, mas o veto foi derrubado na Assembleia Legislativa. O outro, registrado como PL 121/2016, foi proposto pelo médico Hudson Leal (PTN).

Em São Paulo, há dois projetos tramitando na Assembleia Legislativa. Um do empresário Luiz Fernando Machado (PSDB), que recebeu o número de PL 1301/2015. E o PL 960/2014, de autoria do evangélico José Bittencourt (PSD). As propostas tramitam em conjunto e já foram aprovadas pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Os demais projetos com seus respectivos autores seguem listados a seguir

UFProponenteConfissão
SPLuiz Fernando Machado (PSDB) PL 1301/2015
José Bittencourt (PSD)
PL 960/2014
Evangélico
RSMarcel van Hattem (PP)
PL 190/2015
Cristão Luterano
PRGilson de Souza (PSC) e outros 11
PL 748/2015
Evangélico
ALRicardo Nezinho (PMDB)
projeto aprovado
Batista
RJFlávio Bolsonaro (PSC)
PL 2974/2014
Evangélico
DFSandra Faraj (SD)
PL 1/2015
Evangélica
Rodrigo Delmasso (PTN)
PL 53/2015
Projeto de Emenda à Lei Orgânica (Pelo) 38/2016
Evangélico
ESHudson Leal (PTN)
PL 121/2016 (Arquivado)
GOLuiz Carlos do Carmo (PMDB) PL 2.861/14Evangélico
AMPlatiny Soares (DEM)
PL 102/2016
CEDra. Silvana (PMDB)
PL 273/2015
Evangélica
PEPastor Cleiton Collins (PP)
PL 823/2016
Evangélico
MTDilmar Dal Bosco (DEM)
PL 403/2015
Católico"



O surgimento dessas várias iniciativas de censura a professores e da usurpação de sua liberdade de expressão, garantida a todos os cidadãos brasileiros pela Constituição Federal (Art. 5º, IX), é o mais recente ataque a nossa tão frágil democracia. Atenta também contra outro artigo da Constituição Federal, o 205 , onde se lê:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. 
Atenta ainda contra o combate ao preconceito e a discriminação de mulheres e pessoas LGBT ao querer impedir o debate sobre machismo e homofobia em sala de aula. Para impedir a doutrinação ideológica, a primeira coisa a fazer é simplesmente conversar com o professor sob suspeita de ser doutrinário. Persistindo o problema, pode-se acionar os gestores escolares ou ainda as ouvidorias das secretarias de Educação. Não há necessidade de projetos de lei atingindo toda uma categoria profissional por causa de alguns maus professores. 

Por isso, é preciso se mobilizar contra esse imenso retrocesso. Já houve vitórias contra esses absurdos projetos de lei, com a derrubada de alguns deles em estados e mesmo retirada de outros em algumas cidades. Na página dos Professores contra o Escola Sem Partido é possível acompanhar o andamento dessa batalha. E, no momento, está sendo possível votar contra uma das versões dessa proposta macartista*, proposta pelo deputado-pastor Magno Malta, clicando aqui. Trata-se de consulta pública do Senado Federal sobre a inclusão, entre as diretrizes e bases da educação nacional, de que trata a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,  do "Programa Escola sem Partido". Vote contra. É uma forma de influenciar a posição dos senadores sobre o assunto.

* O senador Joseph MacCarthy foi um político que deslanchou uma verdadeira caça às bruxas nos EUA, nos anos 50, para combater supostos comunistas infiltrados nas mais diversas áreas da sociedade americana. Seus principais alvos foram educadores, artistas, intelectuais, funcionários públicos e sindicalistas. Qualquer suposta ligação de alguém com ideias ou associações consideradas de esquerda levava pessoas a perderem empregos, ter suas carreiras destruídas e até irem presas. Tudo baseado em leis e demissões posteriormente declaradas inconstitucionais e ilegais. 

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