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História Lésbica: Surgimento do Dia Internacional da Visibilidade Lésbica (26 de abril)

segunda-feira, 4 de maio de 2020 0 comentários

Happy lesbian visibility day to all the awesome transbians out ...
Em 2008, o 26 de abril tornou-se o Dia Internacional da Visibilidade Lésbica

Em 2008, o 26 de abril tornou-se o dia da Visibilidade Lésbica. Conforme as fontes, hispanófonas ou anglófonas, a iniciativa é atribuída a ativistas do Estado Espanhol ou dos Estados Unidos da América. Nas fontes francófonas, a Journée de visibilité lesbienne é referida como tendo origem no Quebeque, em 1982, embora com comemorações em diferentes datas ao longo dos anos. O certo é que o evento do 26 de abril se tornou internacional graças à Internet. Mas essa não é a única data.

Na Argentina é assinalado o 7 de março desde 2011 em homenagem a Natalia “La Pepa” Gaitán, mulher de 27 anos assassinada pelo padrasto da sua namorada. No Brasil, o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica celebra o 29 de agosto de 1996, data em que aconteceu o Primeiro Seminário Nacional de Lésbicas - Senale, e o Dia do Orgulho Lésbico recorda o 19 de agosto de 1983, a primeira grande manifestação de mulheres lésbicas no Brasil, ocorrida em São Paulo. Em vários países da América Latina também é assinalado o Día de las Rebeldías Lésbicas em homenagem ao 13 de outubro de 1987, data do Primeiro Encontro Lésbico Feminista da América Latina e das Caraíbas. E na Austrália e na Nova Zelândia o 8 de outubro é o Lesbian Day pelo menos desde os anos 1990.

Este ano, o Clube Safo, primeira associação lésbica portuguesa, decidiu adotar oficialmente a data. O Clube Safo nasceu em janeiro de 1996, em Aveiro, e registou-se como associação no dia 15 de fevereiro de 2002, em Santarém. Espaço de encontro e partilha, este coletivo publicou o boletim Zona Livre e foi um dos convocantes da primeira Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa no ano 2000. Este ano, o Clube Safo não só adotou o dia 26 de abril como dia da Visibilidade Lésbica, como lançou um conjunto de iniciativas naquilo a que chamou o Mês da Visibilidade Lésbica: “Dia 26 de Abril é o dia em que se celebra a ️‍Visibilidade Lésbica️‍ o mesmo mês que em Portugal se celebra também a Liberdade. Por isso dedicamos este mês à visibilidade, a podermos ser quem somos, a amarmos quem amamos e existirmos numa sociedade em que o existir é também resistir”.

Entre outras iniciativas, decidiram falar “de visibilidade lésbica, de políticas e direitos de mulheres que têm relações com mulheres” e convidaram “três mulheres que participam no movimento de defesa destes mesmos direitos tanto pela sua visibilidade como pelos lugares de liderança que ocupam”. No dia 24 de abril organizaram um encontro online com Rosa Monteiro, Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade de Género (ver vídeo(link is external)), dia 25 de abril com Ana Aresta, presidente da ILGA Portugal (ver vídeo(link is external)) e, hoje, dia da Visibilidade Lésbica, com Fabíola Neto Cardoso, sócia fundadora do Clube Safo e deputada na Assembleia República eleita pelo Bloco de Esquerda (ver transmissão em direto(link is external) às 17h).

Além da iniciativa do Clube Safo, também a plataforma cultural Queer as Fuck está a promover o Queer Quiz Virtual: Visibilidade Lésbica!(link is external) E outros coletivos e pessoas a título individual terão a sua forma de assinalar a data.

Por que celebrar a Visibilidade Lésbica?

Em maio de 2018, através de uma entrevista, Sandra Cunha, socióloga e ativista feminista, pelos direitos das crianças e pelos direitos LGBTI, tornou-se a primeira deputada portuguesa a assumir-se publicamente como lésbica. Em outubro de 2019, Fabíola Cardoso, fundadora da primeira associação lésbica portuguesa, foi também eleita para a Assembleia da República. Entre uma data e outra, em fevereiro de 2019, na Costa da Caparica, as jovens Débora Pinheiro e Sara Casinha foram agredidas por um homem por estarem a dar um beijo e denunciaram publicamente esse ato de violência. Ainda há quem questione: A visibilidade lésbica é importante? Entre a família, na escola, no hospital, no emprego... as mulheres não continuam a ser logo à partida presumidas heterossexuais? É ainda importante que as mulheres lésbicas se sintam representadas na cultura ou na política? É seguro ser visivelmente lésbica nas ruas? O Esquerda decidiu perguntar à ativista queer feminista Raquel Smith-Cave, à investigadora Anna M. Klobucka e à investigadora Raquel Afonso porque razão é importante comemorar a Visibilidade Lésbica (ver mais dados sobre as entrevistadas ao fim do texto).

Anna M. Klobucka: A minha perspetiva sobre a questão da (in)visibilidade lésbica em Portugal é sobretudo histórica, decorrente de alguma investigação que tenho desenvolvido ao longo dos últimos dez anos sobre a “existência lésbica” (para evocar o conceito de Adrienne Rich, desenvolvido no seu artigo clássico “Heterossexualidade compulsória e existência lésbica”) na cultura portuguesa moderna.

A “heterossexualidade compulsória”, por sua vez, é o princípio simbólico que tem definido – até muito recentemente de forma absoluta – os horizontes epistémicos de todas as vertentes da história nacional, articulando-se de forma particularmente perniciosa com a marginalização das mulheres em geral nos cânones do conhecimento patriarcal. Por conseguinte, a inscrição no registo histórico vigente do protagonismo social, cultural, artístico e/ou literário das mulheres portuguesas que amaram mulheres encontra-se ainda numa fase incipiente, não obstante vários trabalhos notáveis já realizados (como o livro de Raquel Afonso, Homossexualidade e resistência no Estado Novo, ou a tese de Helena Lopes Braga sobre Francine Benoît). E é uma vertente de investigação que ainda precisa de vencer muitas resistências firmemente instaladas, como a alegada irrelevância dos fatores como a afetividade e sociabilidade (no caso, lésbicas) para a interpretação da vida e obra das figuras históricas notáveis.

Post image
Eventos públicos de ativismo lésbico em diferentes países deram origem ao 26 de abril

Para dar apenas um exemplo entre muitos possíveis, a escritora e ativista açoriana Alice Moderno (1867-1946), que viveu, viajou e colaborou durante décadas com a sua companheira Maria Evelina de Sousa, continua a ser apresentada em diversas biografias como solteira, cujo único relacionamento amoroso terá sido o noivado à distância com Joaquim de Araújo. Já quanto à sua relação com Sousa, a biografia de Alice Moderno na Wikipédia contém esta pérola: “O seu relacionamento causou bastante especulação na sociedade micaelense mas desconhece-se se era meramente platónico.” (O respetivo artigo em inglês afirma que “Sousa and Moderno lived openly as lesbians.”)

Raquel Smith-Cave: Celebrar o dia da visibilidade lésbica ajuda-nos a lembrar que o L da sigla LGBT+ ainda é muitas vezes negligenciado, mesmo dentro da comunidade queer. Reforçando a importância das lutas feministas de uma perspetiva intersecional, precisamos de ter em atenção os vários níveis de opressão a que muitas de nós estão sujeitas e que não são visíveis ou possíveis de modificar se continuarmos a lidar com estas questões em caixinhas separadas. É necessário questionarmos os nossos privilégios, agindo a favor de uma maior consciencialização e integração das questões de classe, anti-racistas, feministas e muitas mais opressões que também intensificam a constante invisibilização de pessoas lésbicas na sociedade.

Acredito no poder da arte como potencializador de mudança e que existem várias formas válidas e fundamentais de se fazer ativismo. Através da minha experiência pessoal, como alguém que desde cedo questionou as normas sociais e obteve respostas primeiramente através da arte, foi no artivismo que me envolvi de forma mais natural. Com a plataforma Queer As Fuck, tento explorar e analisar a falta de representação das diversas identidades de género e sexualidades não-normativas (principalmente LBT+) na sociedade, criando espaços de partilha de experiências e conteúdos criativos que abordam vivências menos evidentes e, por isso, mais importantes de realçar. 

Por exemplo, o ciclo de cinema “Where Are My Lesbians?” com a exibição de filmes com temática lésbica, o clube de leitura Queer Books em que partilhamos textos escritos por pessoas queer, ou o queer quiz, que começou por se basear em perguntas gerais sobre o movimento LGBT+ e agora são quizes mais específicos, como o especial para este dia da visibilidade lésbica, com o qual tenho aprendido muito sobre a história da comunidade e sei que quem participar também vai sentir orgulho por ficar a conhecer tantos marcos e figuras revolucionárias que impulsionaram o movimento lésbico.

Raquel Afonso: É estranho como se “estranha” o facto das lésbicas quererem visibilidade, sabes? Trabalhei sobre lésbicas e homossexuais no período do Estado Novo e, já nesse tempo, as mulheres lésbicas eram praticamente invisíveis (e é tão difícil chegar até elas!) Até nos movimentos posteriores ao 25 de abril. Invisibilizadas no movimento gay e igualmente invisibilizadas no movimento feminista.

É engraçado, quando o meu livro saiu, tive muitas pessoas a questionarem o facto de eu ter informado que era lésbica. Cientificamente era clara a razão, era importante dar conta da relação que tinha com o meu objeto de estudo. Mas também o fiz como uma provocação. Qual é o problema? Quis dar visibilidade, hoje, porque continuamos ofuscadas pelo (pelo menos) duplo estigma, de sermos mulheres e de sermos mulheres lésbicas.

Acho que a visibilidade é importante porque as mulheres lésbicas não têm que estar na sombra de ninguém, seja essa sombra feita por homens ou por mulheres heterossexuais. Nós também lutámos, também estivemos lá. E estamos. A visibilidade é importante para nós porque nós também existimos. E não somos menos que ninguém. É importante reconhecer isso.

Anna M. Klobucka é professora(link is external) no Departamento de Português da Universidade de Massachusetts Dartmouth (EUA), onde leciona principalmente literatura portuguesa e literaturas africanas em língua portuguesa. Entre outros(link is external) trabalhos seus, podemos referir o artigo Portugal’s First Queer Novel: Rediscovering Visconde de Vila-Moura’s Nova Safo (1912)(link is external), o livro O Mundo Gay de António Botto(link is external), ou o volume co-editado com Hilary Owen Gender, Empire, and Postcolony: Luso-Afro-Brazilian Intersections(link is external).

Raquel Smith-Cave é uma ativista queer feminista, uma das fundadoras do Festival Feminista de Lisboa(link is external) e é dinamizadora do projeto cultural Queer as fuck(link is external).

Raquel Afonso é investigadora, autora do livro Homossexualidade e Resistência no Estado Novo(link is external), e é membro do associação Fem - Feministas Em Movimento.

Clipping Como e porquê comemorar o dia da Visibilidade Lésbica?, por Fabíola Cardoso, Esquerda.Net, 26/04/2020

Cartas de amor entre duas freiras lésbicas no século 12

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019 0 comentários


2019 está começando e ainda tem gente que precisa ter receio de viver o amor por causa do preconceito alheio. Se hoje em dia ainda é difícil, ainda que com muitos avanços, imagine no século 12, e quando as apaixonadas são um casal de freiras.

O achado foi compartilhado por Erik Wade, professor e pesquisador de História da Sexualidade na Universidade de Bonn, na Alemanha. Ele encontrou o documento em um artigo da professora Jacqueline Murray.

Wade disse ter achado a carta “muito bonita e poderosa, mesmo centenas de anos depois”, e que acredita “ser importante ver exemplos positivos de desejo entre o mesmo sexo de períodos históricos antigos”, inclusive na Idade Média, que ele diz ser um período muito mais complexo do que se pensa ao enquadra-lo como ‘idade das trevas’.

Confira a carta – já traduzida do latim medieval pata o inglês – e sua tradução para português:
“Para C-, mais doce que mel ou favo de mel, B – envia todo o amor que existe para o seu amor. Você que é única e especial, por que você demora tanto tempo, tão longe? Por que você quer que sua única morra, alguém que, como você sabe, te ama com alma e corpo, que suspira por você a cada hora, a todo o momento, como um passarinho faminto.

Desde que eu tive que ficar sem sua doce presença, eu não quis ouvir ou ver qualquer outro ser humano, mas como as rolinhas, tendo perdido sua companheira, empoleira-se para sempre em seu pequeno ramo seco, então eu lamento sem fim até que eu aproveite sua confiança de novo.

Eu olho e não encontro minha amante – ela não me conforta nem com uma única palavra. De fato, quando reflito sobre a beleza de sua fala e aspecto mais alegre, fico completamente deprimida, pois não encontro nada que eu possa comparar com seu amor, mais doce que o mel ou o favo, comparável com o brilho do outro e da prata.

O que mais? Tudo em você é gentileza, perfeição, então meu espírito definha perpetuamente por sua ausência. Você é desprovida da ousadia de qualquer falta de fé, você é mais doce do que leite e mel, você é inigualável entre milhares, eu te amo mais do que qualquer outra.

Você é o meu amor e desejo, você é o doce resfriamento da minha mente, não há alegria para mim em qualquer lugar sem você. Tudo o que foi delicioso com você é cansativo e pesado sem você.

Então eu realmente quero te dizer, se eu pudesse comprar a sua vida pelo preço da minha, [eu faria] instantaneamente, pois você é a única mulher que eu escolhi de acordo com o meu coração.

Por isso, rogo a Deus que a morte amarga não venha a mim antes que eu desfrute da visão desejada de você novamente. Adeus. Tens de mim toda a fé e amor que existem. Aceite a escrita que envio e, com ela, meu constante pensamento.”
Fonte:  Hypeness, 12/2018 ," A correspondência amorosa entre duas freiras lésbicas no século 12"

Quando me assumi como lésbica, perdi alguns trabalhos, mas logo depois encontrei outros

terça-feira, 27 de março de 2018 0 comentários

Bruna Linzmeyer - Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem

Perdi alguns trabalhos”, revela Bruna Linzmeyer sobre quando tornou público que é lésbica

Bruna Linzmeyer virou notícia, recentemente, ao postar foto em que aparece beijando a namorada, Priscila Visman, durante manifestação no Rio em protesto ao assassinato de Marielle Franco. A postagem foi a mais curtida no perfil da atriz no Instagram – são mais de 138 mil likes! Em bate-papo sobre feminismo, Bruna contou ao Social1 sobre a repercussão desde que tornou público que é lésbica.

“Quando veio a público que eu sou uma mulher lésbica, alguns trabalhos publicitários foram cancelados”
, revela.

Mas, importante, relata que o posicionamento também lhe trouxe convites:

“Muitos trabalhos chegaram porque eu me coloquei nesse lugar que é meu”
.

Falou também da importância de representatividade, ou seja, de pessoas públicas com quem as pessoas se identifiquem.

“Se a gente começa a naturalizar uma coisa que é natural, isso vaza para uma sociedade inteira. É preciso falar com naturalidade sobre uma coisa natural”
, enfatiza a atriz que, neste ano, ganha as telas de cinemas em quatro filmes: O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues; O Banquete, de Daniela Thomas; O Que Resta, da Fernanda Teixeira, e Partiu Paraguai, de Daniel Lieff.

Leia na íntegra o que Bruna Linzmeyer nos falou:
Quando veio a público que eu sou uma mulher lésbica, eu perdi alguns trabalhos. Alguns trabalhos publicitários foram cancelados, mas logo depois as coisas se reencaixaram. Muitos trabalhos chegaram, também, porque eu me coloquei nesse lugar que é meu. E que, pra mim, é muito natural. Nunca teria como ser de outro jeito. 
Eu digo que é um ato político eu me dizer ‘sou uma mulher lésbica’, porque a gente precisa falar sobre isso. É através dessas caixinhas [rótulos] que a gente conversa sobre elas. E é representatividade. Eu olho pra Marielle, por exemplo, e ela era uma mulher lésbica. Além de ser uma lutadora dos direitos humanos, das pessoas que moram na favela, preta, favelada, ela também era lésbica. Eu quero olhar para pessoas lésbicas no poder, fazendo coisas. 
Muitas pessoas chegam até mim falando desse lugar [de representá-las], dizendo ‘foi a partir de uma entrevista sua que eu consegui conversar com a minha mãe, porque eu também sou lésbica’, sabe? Então, se a gente começa a naturalizar uma coisa que é natural, isso vaza para uma sociedade inteira. É preciso falar com naturalidade sobre uma coisa natural. (Bruna Linzmeyer)
Fonte: Blog Social1, por Romero Rafael, em Famosos, 26/03/2018

Monica Tereza Benício, viúva de Marielle Franco, dá entrevista ao Fantástico

domingo, 18 de março de 2018 0 comentários

Monica Tereza Benício e Marielle Franco

Por sua brutalidade, o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, do PSOL/RJ, impactou a sociedade brasileira. Na quarta-feira, dia 14/03, o carro onde estava, vinda de um encontro de mulheres negras, foi alvejado por 9 tiros, 4 atingindo sua cabeça e outros 3, as costas do motorista Anderson Pedro Gomes. Acredita-se que tenha sido executada por milícias, com base no fato de ter feito críticas públicas a batalhão policial que cometia abusos de autoridade em Acari, comunidade da zona norte do Rio. Mas outras hipóteses ainda não foram descartadas, já que a investigação continua e tem tempo de 2 meses para ser finalizada.

Seja quem tenha sido o autor da execução, ceifou a vida de uma vibrante ativista pelos direitos humanos que encarnava ela própria muitos grupos discriminados: era mulher, negra, originária da favela e lésbica. Dessas características, a menos visibilizada pela imprensa foi o fato de namorar uma mulher. Seus últimos anos, porém, foram vividos ao lado da arquiteta Monica Tereza Benício, a quem considerava “minha companheira de vida e amor, a primeira mulher que beijei”.

Muito se especulou sobre as razões de Monica não ter dado declarações nas múltiplas manifestações em homenagem à sua companheira, apontando-se inclusive uma possível lesbofobia da imprensa. Contudo, segundo o site da revista Claudia:
Reclusa desde o assassinato da companheira, Monica, compreensivelmente, não quer conceder entrevistas ou declarações. Nos perfis de Marielle em suas redes sociais, estão as lembranças de um relacionamento feliz –as duas aparecem sorrindo e apaixonadas, em viagens, shows, entre amigos, com a filha adolescente da vereadora e também nas paradas LGBT.
Monica e Marielle, tendo o complexo da Maré ao fundo,
em comemoração do aniversário do Rio de Janeiro.

Monica parece, porém, ter resolvido quebrar o silêncio e dar entrevista para a jornalista Renata Ceribelli, durante o Fantástico deste domingo (18/03). No vídeo abaixo, do Fantástico, ela aparece muito emocionada, afirmando que ainda não consegue acreditar que Marielle não vai voltar para casa.

Segundo o site da revista Cláudia, a parlamentar, em suas declarações sempre usava a hashtag #NossasFamíliasExistem, em referência ao Estatuto da Família, que define a família apenas como a união entre homem e mulher. Mônica por sua vez, correspondia com comentários como “entre tantas vidas, que sorte a nossa”.

Também, naquele que é considerado seu último pronunciamento público antes do crime que tirou sua vida, Marielle, ao finalizar sua fala, citou a escritora caribenha Audre Lorde, negra, feminista e lésbica como ela: 
Eu não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira. Mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas. Por isso vamos juntas lutando contra toda forma de opressão”.
Marielle presente!

Falando de autoras lésbicas na literatura

sexta-feira, 21 de julho de 2017 0 comentários

Virgínia Woolf

Mulheres invisíveis: por que precisamos falar de autoras lésbicas na literatura?
Historicamente esquecidas, autoras lésbicas foram deixadas de lado na literatura, mas leitoras também lésbicas reafirmam importância da representatividade e de lembrar de grandes nomes como Virginia Woolf

A Literatura é considerada uma das mais altas formas de cultura, entretanto, seus maiores cânones ainda estão ligados à figura masculina. Em um momento em que tanto se fala na questão da representatividade, autoras mulheres ainda não são a primeira opção para a maioria das pessoas. Enquanto há centenas de homens considerados como notáveis nessa área, quantas mulheres são consideradas pilares da literatura? Quando se propõe, ainda, uma intersecção com a sexualidade a figura torna-se ainda mais defasada. Onde estão as autoras lésbicas da literatura? 

Reflexão e representatividade

A invisibilidade das autoras lésbicas se manifesta em duas faces: ou seu trabalho por serem de mulheres ou sua sexualidade foi ocultada, como é o caso de Virginia Woolf, escritora inglesa que teve seus principais trabalhos publicados durante a década de 1920.
A lesbianidade era algo visto com tal desprezo que ela teve que reprimir isso por muito tempo”, comenta Beatriz Canale, leitora da obra de Woolf.
Para Tainá Oliveira, o principal ponto que lhe fascina nos trabalhos da inglesa é que, mesmo em um meio hostil, a autora tinha na literatura um refúgio para seus sentimentos.
Eu a admiro pela resistência que foi necessária em sua própria vida particular enquanto mulher e lésbica”, disse.
Ao longo dos anos diversas autoras se abriram sobre sua sexualidade e transformaram vivências pessoais em obras escritas que tocaram outras mulheres que, assim como elas, tiveram de enfrentar o que é ser homossexual em um ambiente que ainda lhes é hostil. Lídia Bizio ressalta esse caráter presente no quadrinho “Você É Minha Mãe?” de Alison Bechdel, que aborda o conflito entre a autora e sua família que tem dificuldades em aceitá-la.
Ela faz uma grande reflexão sobre o que é ser lésbica na nossa sociedade [...] uma lésbica lendo esse livro pode se perguntar ‘qual o meu papel na sociedade? Qual a minha relação com meus progenitores?’”.
Em um universo heteronormativo em que as narrativas dificilmente contemplam o amor entre duas mulheres, o casal de autoras lésbicas brasileiras Karla Lima e Pia Pêra também converteram suas experiências como casal em romances que por mais simples que pareçam tem um grande impacto para as mulheres que os leem, como aponta Thayanne Martins, leitora dos livros do casal.
Me sinto bem representada porque não força a ideia, como se fossemos totalmente diferentes [...] me vejo bastante nelas e a gente acaba vivendo a histórias delas”, conta sobre sua visão.
A visibilidade da literatura feminina está sendo a cada dia mais debatida como reflexo da efervescência do feminismo, mas, mesmo assim, o trabalho das autoras lésbicas nesse ambiente continua relegado ao segundo plano – e, como para qualquer outro tópico, a representatividade é fundamental.
Virginia Woolf, com certeza, inspirou muitas gerações de lésbicas perdidas que não encontravam qualquer referência na literatura – e eu fui uma delas”, encerra Beatriz Canale.
Fonte: Por Verônica Maluf , iG São Paulo | 19/07/2017


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