Casal de mulheres reprimido por se beijar em casa de show de Piracicaba (SP) presta queixa na polícia

segunda-feira, 30 de novembro de 2015 0 comentários

A técnica de enfermagem Elizabete Ramos (esq.)
 e a vigilante Gisele Anibal em foto nas redes sociais
Mulheres acusam segurança de casa de show de homofobia em Piracicaba

Um casal de mulheres relatou ter sido vítima de homofobia praticada por um funcionário de uma casa de shows de Piracicaba (SP). Segundo as vítimas, elas estariam se beijando dentro do estabelecimento quando foram abordadas por um segurança, que teria dito, aos gritos, que elas estariam "assediando os homens com essa atitude" e que, se quisessem, "deveriam procurar outro lugar apropriado". 

O caso ocorreu na madrugada do sábado (21), mas só foi registrado na noite de segunda-feira (23).

De acordo com a versão das vítimas dada à Polícia, depois de acompanharem, com familiares, a um show do cantor Amado Batista, a técnica de enfermagem Elizabete Ramos, 35, e a vigilante Gisele Anibal, 34, que são casadas oficialmente há seis meses, foram a um bar na região central da cidade.

Logo após chegarem ao Bar Celeiro, ainda acompanhadas de familiares, elas se beijaram e foram logo em seguida abordadas por um segurança.
Estávamos lá com minhas irmãs e outras amigas. Estava tudo tranquilo, havia vários casais se beijando. O segurança disse que aquilo era errado, que estávamos assediando os outros homens", disse Elizabete.
Elas procuraram a gerência do estabelecimento para relatar a atitude do funcionário, mas foram atendidas somente pelo chefe da segurança, que as informou que se tratava de uma pessoa recém-contratada.

Elizabete contesta. "Já estive lá (no bar) outras vezes, e o mesmo rapaz estava lá trabalhando".

Segundo Elizabete, é a primeira vez que ela e sua esposa passam por uma situação de discriminação.
Antes disso acontecer, eu tinha uma visão de que isso estava acabando. Olha aqui mesmo, em Piracicaba, quantos casamentos de pessoas do mesmo sexo não foram feitos desde a mudança da lei?", questionou.
E agora a gente fica recuada, não sei nem se posso pegar na mão da minha esposa na rua", disse ela. 
Boletim

As duas foram até a delegacia, onde o delegado Edson Gardenal registrou um Boletim de Ocorrência por difamação. A Polícia Civil informou que irá apurar o caso e que o próximo passo é a oitiva das testemunhas. Se condenado, o autor da ofensa pode pegar até dois anos de prisão, além de pagar multa. O estabelecimento comercial também pode ser multado. Até o momento, o autor da abordagem não foi oficialmente identificado.

A reportagem do UOL tentou entrar em contato com o proprietário do estabelecimento comercial para comentar o ocorrido, mas não obteve retorno até o início da noite de quarta-feira (25).

Em entrevistas à imprensa de Piracicaba, o proprietário do bar Celeiro, que não quis se identificar, negou os acontecimentos e relatou que ambas "estão querendo arrumar briga na Justiça para ganhar dinheiro".

Fonte: UOL, por Eduardo Schiavoni, 26/11/2015

Casamento LGBT entra em vigor na Irlanda

quarta-feira, 18 de novembro de 2015 0 comentários

Casamento gay: "Sentia que não podia dizer que estávamos casados,
mas agora vou falar toda vez que tiver oportunidade"

Lei sobre casamento gay entra em vigor na Irlanda

A Irlanda reconheceu legalmente o casamento gay a partir desta segunda-feira, e autorizará os matrimônios entre pessoas do mesmo sexo, com a entrada em vigor de uma lei que permite a união, aprovada num referendo em maio.
Sentia que não podia dizer que estávamos casados, mas agora vou falar toda vez que tiver oportunidade", disse Vivian Cummins, morador de Dublin de 57 anos, que se casou com o companheiro Erney na África do Sul em 2009.
Em maio, a Irlanda aprovou a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo com 62,1% dos votos, o que encerrou um longo percurso pela igualdade em um país muito católico, onde os atos homossexuais foram considerados ilegais até 1993.

Fonte: Exame, 16/11/2015


Daniela Mercury recria com Malu Verçosa a célebre capa de John Lennon e Yoko Ono para a Rolling Stone

terça-feira, 17 de novembro de 2015 0 comentários

Daniela Mercury resolveu parodiar a célebre capa de John Lennon e Yoko Ono para a Rolling Stone

Daniela Mercury copia foto clássica e fica nua com a mulher na capa de CD
Cantora recria, ao lado de Malu Verçosa, icônica imagem de John Lennon e Yoko Ono
Para quem mandou eu me esconder, eu me mostro nua. Não tenho vergonha de amar. Teria vergonha de odiar.”
O recado de Daniela Mercury é curto, direto, e vai para quem patrulha seu casamento com a jornalista Malu Verçosa Mercury. A nudez à que se refere a cantora e compositora baiana está exposta na capa de Vinil Virtual, 15º álbum da discografia solo da artista. O clique elegante de Célia Santos mostra Daniela deitada, nua, ao lado da esposa. A foto estampa a capa do primeiro disco inteiramente autoral da artista e a imagem pode ser vista em primeira mão nesta segunda, 16, no site da Rolling Stone Brasil.
Já fui convidada diversas vezes para posar nua para a [revista] Playboy e nunca quis. Agora, uso meu corpo, minha nudez, para fazer um manifesto pacifista e político na luta contra a homofobia. O intuito não é chocar”, garante a cantora. 
No mercado a partir de 27 de novembro, com distribuição da gravadora Biscoito Fino, Vinil Virtual tem capa inspirada na icônica foto de John Lennon e Yoko Ono para a edição número 335, de 22 de janeiro de 1981, da Rolling Stone EUA (em janeiro de 2011, a capa também estampou uma versão de colecionador da Rolling Stone Brasil, veja a imagem na galeria acima). O ensaio da publicação norte-americana foi realizado pela renomada Annie Leibovitz no dia em que Lennon foi assassinado.
O meu intuito com essa capa é me posicionar de uma forma bela. É usar essa imagem como uma expressão da minha vida, da minha arte, do meu amor. O amor é o grande elemento da transformação. Fiz uma capa linda que representa um manifesto feminista num momento em que as mulheres ainda precisam se afirmar. Através dessa capa, eu me conecto com John e Yoko em suas manifestações de paz e amor, contra qualquer tipo de violência. Cabe a nós, artistas, sermos os pacificadores, quebrando fronteiras e preconceitos”, explica a artista, que conheceu Yoko em 2014 em evento pela paz mundial realizado pela ONU, em entrevista exclusiva à Rolling Stone Brasil.
Aos 50 anos de idade, completados em julho passado, Daniela quebrou preconceitos em 3 de abril de 2013 quando postou uma foto com Malu Verçosa nas redes sociais e assumiu publicamente o relacionamento homoafetivo. "Malu agora é minha esposa, minha família, minha inspiração pra cantar", dizia a legenda da foto. A coragem de expor socialmente a relação com Malu mobilizou o Brasil, país onde há muitas cantoras homossexuais com posturas discretas sobre a própria sexualidade. A exposição do amor de Daniela chegou a ser pauta no Jornal Nacional daquele dia, rendeu entrevista no programa Fantástico e virou capa de duas das três principais revistas semanais do Brasil. De lá para cá, Daniela virou uma porta-voz da defesa das causas das minorias representadas pela sigla LGBT, que abarca lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros. Daniela e Malu são embaixadoras da campanha Livres & Iguais, da ONU.
A luta LGBT não é diferente da luta dos negros, das mulheres e dos seres humanos que não se sentem devidamente respeitados e representados na nossa sociedade machista. Eu sou uma humanista, uma artista do mundo que dialoga com as minorias desse mundo. E a violência que vem do coração de algumas pessoas mais duras não é o que vai me deter”, avisa a “Iansã Guerreira”, conforme foi definida em um artigo de Nelson Motta, em 1992, quando Daniela explodiu com seu canto solar, trazendo axé para um Brasil na época dominado por sertanejos românticos e pagode sem raízes no samba.
Daniela Mercury também marca posição com Vinil Virtual, o álbum de 15 músicas inéditas e autorais que produziu com Yacoce Simões. “O disco é um manifesto”, conceitua Malu Verçosa. No primeiro disco solo de estúdio da cantora desde Canibália (2009), Daniela declara seu amor por Malu ao musicar dois poemas escritos para sua esposa, “Maria Casaria” e “Sem Argumento”. Mas a manifestação de amor é global. Se “América do Amor” acena para a irmandade pacífica da América Latina, “Antropofágicos São Paulistanos” celebra no ritmo do axé a geleia geral de São Paulo, cidade decisiva na trajetória profissional de Daniela. Afinal, foi na tropicalista Sampa que a cantora literalmente parou o trânsito da Avenida Paulista, no início da tarde de 5 junho de 1992, ao reunir cerca de 20 mil pessoas em show apresentado no vão livre do Masp, o Museu de Arte de São Paulo. A proeza chamou atenção da gravadora Sony Music, que contratou Daniela para gravar o disco O Canto da Cidade, trabalho que fez a voz dela ecoar em todo o Brasil.

O canto de várias cidades está representado no repertório de Vinil Virtual. Daniela cai até no suingue do black Rio de Janeiro para saudar a cidade maravilhosa em “O Riso de Deus”, faixa que dialoga com o pancadão funk dos bailes cariocas. Mas são os sons da Salvador natal que mais estão entranhados nos sulcos de Vinil Virtual. “Senhora do Terreiro (Mãe Carmem)” manda um axé para a ialorixá Carmem Oliveira da Silva, filha e espécie de sucessora da ialorixá conhecida como Mãe Menininha do Gantois na hierarquia do Candomblé da Bahia. “De Deus, de Alah, de Gilberto Gil” pede a benção ao cantor e compositor baiano, de cuja banda Daniela foi vocalista na década de 1980, antes de começar sua carreira fonográfica. Gil cai no suingue da faixa com Daniela. Já o samba-reggae “Alegria e Lamento” concilia a percussão de Márcio Victor com takes inéditos da percussão do falecido Neguinho do Samba, um dos fundadores do bloco Olodum e músico que sintetizou a batida do samba-reggae, à qual já recorreu ídolos de alcance mundial como Michael Jackson. Cidadã do mundo, Daniela também canta em inglês em “Frogs in the Sky”, composta com seu filho, Gabriel Póvoas.

Vinil Virtual chega ao mundo com a esperança de dias melhores. Todas as 15 músicas têm a assinatura de Daniela, sendo que dez foram compostas sem parceiros. Há duas com Marcelo Quintanilha, duas com Gabriel e uma com Yacoce Simões. “Os compositores que mandaram canções para mim não traduziram o que eu queria dizer nesse momento”. Está dado o recado, mais uma vez de forma direta. Daniela Mercury não se esconde dentro de nenhum armário.

Fonte: Rolling Stone, 16/11/10 e Época (Bruno Astuto)


Garota denuncia os pais que a mantiveram em cárcere por namorar mulher

segunda-feira, 16 de novembro de 2015 0 comentários

Vítima tirou fotos de marcas que seriam de uma surra dada pelo pai, em Teresina
(Foto: Polícia Civil/Divulgação)

Pais de garota mantida em cárcere por namorar mulher são indiciados
Caso foi descoberto pela polícia após vítima denunciar os próprios pais. Indiciados mantiveram a jovem trancada em casa por 27 dias.

A Delegacia de Direitos Humanos e Repressão às Condutas Discriminatórias, concluiu, nesta terça-feira (10), o inquérito instaurado para apurar as denúncias de cárcere privado e lesão corporal de uma jovem de 19 anos que foi encontrada em situação de cárcere privado, no bairro Matinha, Zona Norte de Teresina.

No relatório, o delegado indiciou os pais da vítima, Antônio Melo Damasceno e Ana Virgínia Lustosa Vieira Damasceno pelos crimes de cárcere privado e lesão corporal. Segundo os depoimentos das testemunhas, os indiciados mantiveram a jovem trancada em casa por 27 dias.

Além do inquérito policial, a delegacia também expediu um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) para apurar os crimes de ameaça e injúria. Os depoimentos de testemunhas mostraram que, depois que descobriram o relacionamento homossexual da filha, os pais teriam ameaçado a jovem e sua namorada de morte, além de pronunciar palavras de baixo calão contra as vítimas.

A coordenadora do Grupo Matizes, Carmem Ribeiro, afirmou que o grupo vai acompanhar de perto esse caso. 
São muito graves os fatos relatados pelas testemunhas e pelas vítimas desse caso. É lamentável que aqueles que têm o dever de cuidar e dar afeto pratique tamanha violência contra a própria filha”.
De acordo com o artigo 148, parágrafo 1º, do Código Penal, a pena é de dois a cinco anos para quem pratica cárcere privado contra descendente ou quando a privação da liberdade dura mais de 15 dias.

Entenda o caso
Segundo a polícia, o pai da vítima a manteve sempre dentro de um quarto, sem contato com ninguém. Ela só podia deixar a casa na companhia dos pais. A jovem conseguiu manter um celular escondido e com ele mandava notícias para a namorada, que levou o caso à polícia.
No mesmo dia em que o pai soube, em 19 de dezembro, ele começou a espancá-la, assim como a injuriar a companheira e a ameaçá-la.”, afirmou o delegado Emir Maia.
Fonte: G1, 10/11/2015 

Barack Obama: primeiro presidente americano a estampar capa de revista LGBT

quinta-feira, 12 de novembro de 2015 1 comentários

Barack Obama: primeiro presidente americano a estampar capa de revista LGBT
(Divulgação/Out100/VEJA.com)

Obama é o primeiro presidente dos EUA a estampar capa de revista gay

A edição de novembro da revista americana Out100 transforma Barack Obama no primeiro presidente dos Estados Unidos a estampar a capa de uma publicação voltada para o público gay. A imagem em preto e branco de Obama sorrindo, sob o título: "Nosso Presidente. Aliado. Herói", também foi usada pela Casa Branca para lançar uma campanha para defender os direitos dos homossexuais.

A Casa Branca apoia um projeto de lei federal, conhecido no EUA como Lei da Igualdade, que busca modificar o antigo texto dos direitos civis americanos para combater a discriminação de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros. "Isto é algo que o governo tem revisto há várias semanas", assinalou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest. "Após esta revisão, agora está claro que o governo apoia firmemente a Lei de Igualdade. Este projeto é uma legislação histórica que poderá permitir avançar no propósito de conseguir a igualdade para milhões de americanos".

Fonte: Veja, 12/11/2015

Monge zen-budista realiza casamentos LGBT em templo no Japão

segunda-feira, 9 de novembro de 2015 0 comentários

Rev. Takafumi Kawakami em Shunkoin, um subtemplo do Templo Myoshinji

Este monge budista quer realizar casamentos gays em templo no Japão

O casamento entre pessoas do mesmo sexo não está legalizado no Japão. No entanto, existe um templo Budista japonês onde lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e membros de outros grupos minoritários podem se casar: o templo Shunkoin em Hanazono, Kyoto. Casais gays do mundo inteiro visitam o templo.

Como é que o templo Shunkoin começou a realizar cerimônias de casamento LGBT? O HuffPost Japão fez essa mesma pergunta ao Reverendo Taka Zenryu Kawakami, sumo sacerdote do Shunkoin.

O sacerdote admite ter tido preconceito contra a comunidade LGBT quando era mais jovem. "Eu não sou gay e na minha infância não havia pessoas LGBT. O meu antigo ‘eu’ tinha um preconceito contra essas minorias", disse. Kawakami nasceu em uma família que tem dado origem a sumo sacerdotes Shunkoin por gerações.

Depois de graduar-se da Escola Hanazono (afiliada ao templo budista Rinzai), ele estudou inglês na Universidade Rice no Texas e depois na Universidade Estadual do Arizona.
Um dia eu estava tomando um chá com um amigo e uma pessoa passou perto de nós e deu para perceber que era um gay. Eu fiz um comentário discriminatório. Meu amigo respondeu: 'Eu também sou gay. É assim que você se sente assim sobre mim, Taka?’”, relembra Kawakami.

Quando ele disse isso eu lembrei de como fui discriminado por ser asiático na minha viagem pelo Sul do país", disse o sacerdote.
Por ter sofrido na pele o preconceito eu senti uma imensa vergonha e mudei completamente de postura. Quando isso aconteceu os meus amigos começaram a se abrir comigo, assumindo-se gays ou lésbicas".
Kawakami se formou em estudos religiosos e psicologia na Universidade Estadual do Arizona e morou nos Estados Unidos por aproximadamente oito anos. Em 2004 ele retornou ao Japão para começar o seu treinamento ascético no templo Zuiganji na prefeitura de Miyagi, já que a experiência como sacerdote o ajudaria a prosseguir os estudos.

Em 2006 Kawakami concluiu seu treinamento e retornou a Shunkoin onde teve a oportunidade de dar aulas em inglês de zazen (meditação zen budista) a um conhecido americano. As pessoas souberam das aulas e os turistas começaram a entrar em contato.

Em 2007, Kawakami tornou-se oficialmente sumo sacerdote no Shunkoin e começou a oferecer aulas de meditação para um número cada vez maior de falantes da língua inglesa.

A primeira pessoa a perguntar sobre cerimônias de casamento para casais do mesmo sexo foi uma mulher da Espanha que tinha visitado Shunkoin várias vezes para aprender a meditação zazen.
Você pode realizar cerimônias aqui?' ela me perguntou", relembrou Kawakami. "Eu disse para ela, ‘Sim, podemos.' Então, ela disse 'Eu tenho mais uma pergunta. Minha parceira é mulher.' E eu respondi, 'Está bem.'"
Kawakami buscou nos textos sagrados do Budismo Mahayana e confirmou que esse tipo de casamento não contradiria as escrituras. Ele esperava ouvir críticas por realizar a cerimônia ali, mas ele também tinha certeza que sua vontade de realizar as cerimônias de casamento do mesmo sexo no templo apoiaria a causa LGBT abrindo caminhos para uma maior aceitação na sociedade japonesa.
As razões que fazem as pessoas LGBT não serem aceitas no Ocidente e no Japão são diferentes", disse ele. "No Japão, não há pressão religiosa de grupos como os conservadores cristãos. Então você não vê o mesmo tipo de oposição forte que existe no Ocidente.
Por outro lado, no Japão há uma pressão em direção ao conformismo, um sentimento de que ‘Nós todos somos iguais; somos todos heterossexuais’ – e isso dificulta a vida de quem é LGBT. Eu pensei que se mais lugares, como o meu templo, pudessem mostrar que ativamente aceitam casamentos gays isso daria uma maior atenção ao problema", adicionou ele.
 Casais gays do mundo todo vão para Kyoto casar-se no templo Shunkoin.
(John Lander via getty images)


Em 2010, o casal de espanholas realizou uma cerimônia pública de casamento no templo. Na primavera de 2014 Shunkoin, em parceria com o Hotel Granvia Kyoto, começou a oferecer pacotes turísticos de casamentos budistas para casais LGBT.

Cinco casais se registraram esse ano. Até agora, em 2015, oito casais vieram aqui para declarar o seu amor, disse Kawakami. Seis desses casais vieram de fora e dois deles eram japoneses -- dois homens e duas mulheres.
Muitos casais são de mulheres. Este foi o primeiro ano que tivemos um casal onde os dois eram japoneses, o que me deixa muito feliz. Espero que tenhamos mais casais como eles no futuro", disse Kawakami.
Desde que as cerimônias de casamento do mesmo sexo começaram em Shunkoin, Kawakami tem dado palestras na General Electric e na Universidade de Tokyo e tem sido convidado para falar em outras instituições.
O missionário Luís Fróis registrou que no período dos Estados Guerreiros, daimyo [lords] tinham relações sexuais com seus mensageiros. O amor entre pessoas do mesmo sexo está descrito na shunga, arte [erótica] do período Edo e era aceito", disse Kawakami.

Isso mudou durante [o período Meiji]. Durante a fase ‘Sair da Ásia, Unir-se a Europa’, a definição de 'país civilizado' como produto de uma nação ocidental, de base protestante, foi importada e com ela veio o pensamento que o amor entre gays era pecado. Se olharmos cuidadosamente para a história, podemos ver que um Japão pré-Meiji era 'gay friendly'", disse ele.

Não devemos agir como se fosse certo deixar de lado a comunidade LGBT só porque eles são uma minoria", disse Kawakami".
De acordo com pesquisas 7,6 por cento da população do Japão é LGBT. Isso significa que aproximadamente sete por cento da população no Japão não tem a opção de se casar. Isso não pode trazer felicidade ao país inteiro."
Não se trata somente dos direitos gays, acredita Kawakami. Uma sociedade onde as mulheres, as pessoas com deficiências, os imigrantes e outros grupos minoritários possam ser felizes, é o caminho para a felicidade em todo o país, disse ele.

Esta história originalmente apareceu no HuffPost Japão. Foi traduzida e editada por motivo de clareza.(Tradução: Simone Palma)
Fonte: Huff Post Brasil, 09/11/2015

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