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Namoradas agredidas por gangue em ônibus de Londres. Agressores responderão por acusações de roubo e assalto com agravantes

quarta-feira, 12 de junho de 2019 0 comentários

Na noite do dia 29 de maio, duas jovens ficaram feridas após serem alvo de um ataque homofóbico cometido por um grupo de homens em um ônibus de Londres; cinco acusados
foram presos Foto: Melania Geymonat / Conta do Facebook

Casal de mulheres é agredido por gangue em ônibus em Londres

Agressores exigiram que elas se beijassem, jogaram moedas, socaram e roubaram as duas, de acordo com relato.

Um casal de mulheres foi agredido por uma gangue em um ônibus em Londres, na Inglaterra, depois de se recusar a dar um beijo como queriam os agressores.

Todas as informações do relato foram publicadas na conta de rede social de uma das vítimas, Melania Geymonat.

O incidente aconteceu na quarta-feira da semana passada (dia 29), segundo ela.

Eram ao menos quatro agressores, que exigiam que as duas se beijassem porque eles iriam gostar de olhar, de acordo com seu texto.

Ela afirma que os assediadores jogaram moedas nelas e, então, sua namorada os confrontou. Três deles, então, a agrediram. Geymonat foi socorrê-la e também foi agredida. Ela caiu no piso do ônibus.

Os seus pertences foram roubados.

Incidente aconteceu às 2h30, segundo a polícia.
Temos que aguentar agressão verbal e violência chauvinista, misógina e homofóbica porque, quando uma pessoa se impõe contra isso, coisas como essas acontecem”, escreveu ela.
Ela diz que deve ter perdido a consciência e, de repente, a polícia estava lá.

A polícia de Londres disse que o incidente aconteceu às 2h30 da madrugada, e que “as mulheres foram atacadas e tomaram socos diversas vezes antes que os homens fugissem do ônibus; um telefone e uma bolsa foram roubados durante o ataque”.

Fonte: G1, Mundo, 07/06/2019


This was a disgusting, misogynistic attack. Hate crimes against the LGBT+ community will not be tolerated in London.

The @metpoliceuk are investigating and appealing for witnesses. If you have any information - call 101. O prefeito de Londres, Sadiq Khan, reagiu ao acontecido com uma mensagem no Twitter. Segundo ele, foi um ataque repugnante e misógino. "Os crimes de ódio contra a comunidade LGBT não serão tolerados em Londres". 

Após pagamento de fiança, detidos por agredir casal de lésbicas ganham liberdade
Na noite do dia 29 de maio, duas jovens ficaram feridas após serem alvo de um ataque homofóbico cometido por um grupo de homens em um ônibus de Londres; cinco acusados foram presos

LONDRES - A polícia do Reino Unido deixou em liberdade, após o pagamento de fiança, cinco jovens, com idade entre 15 e 18 anos, detidos por um ataque homofóbico contra um casal de lésbicas em um ônibus de Londres ocorrido na noite do dia 29 de maio.

Eles responderão por acusações de roubo e assalto com agravantes pelo ataque contra Melania Geymonat, uma comissária de bordo uruguaia da companhia aérea Ryanair, de 28 anos, e sua namorada, uma norte-americana identificada apenas como Chris.

A polícia metropolitana de Londres continua investigando se há mais pessoas envolvidas no incidente, no qual as duas vítimas sofreram ferimentos no rosto.

Em sua conta do Facebook, Melania Geymonat escreveu que as agressões física e verbal, que ela e sua namorada sofreram, aconteceram quando ambas estavam na parte de cima do ônibus a caminho da casa da Chris, em Camden Town.

As duas foram atacadas quando os homens perceberam que eram um casal e começaram a repreendê-las, pedindo-lhes que se beijassem e fazendo, ao mesmo tempo, gestos obscenos para elas.

Em consequência dos golpes recebidos, elas ficaram cobertas de sangue. Em seguida, tiraram fotos e postaram nas redes sociais para denunciar o ato de violência.
Eles devem ter visto a gente se beijando ou algo assim. Não me lembro se eles já estavam lá ou se foram atrás de nós. Havia pelo menos quatro deles. Eles começaram a se comportar como hooligans, exigindo que nos beijássemos para que pudessem assistir, chamando-nos de lésbicas e fazendo gestos sexuais. Não me lembro de todo o episódio, mas a palavra 'tesoura' ficou na minha cabeça. Foram apenas eles contra nós. Na tentativa de acalmar as coisas, comecei a fazer piadas. Eu pensei que isso poderia fazê-los ir embora. Chris até fingiu que ela estava doente, mas eles continuaram nos assediando, jogando moedas e ficando mais entusiasmados com isso", disse Geymonat na sua página do Facebook.
Ela comentou ainda que se lembra de ver a Chris no meio do ônibus lutando contra os jovens, já com o rosto cheio de sangue. Três deles a espancavam, naquele momento. Depois, Geymonat começou a ser agredida. Levou socos, ficou enjoada ao ver o sangue e caiu no chão.
Não me lembro se perdi ou não a consciência. De repente, o ônibus tinha parado, a polícia estava lá e eu estava sangrando", disse Geymonat, que, além de ter o nariz quebrado, teve o telefone e a bolsa roubados pelo agressores, que em seguida, fugiram do local.
As duas foram encaminhadas a um hospital da região, onde receberam tratamento médico. Uma delas disse que um dos criminosos falava espanhol e que os outros tinham sotaque britânico.

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, reagiu ao acontecido com uma mensagem no Twitter. Segundo ele, foi um ataque repugnante e misógino. "Os crimes de ódio contra a comunidade LGBT não serão tolerados em Londres". 
Não tive coragem de voltar ao trabalho. O que me deixa chateada é que a violência se tornou algo muito comum. Estou cansada de ser considerada como um objeto sexual, de descobrir que essas situações são comuns, de amigos gays que foram espancados. Eu só espero que em junho, Mês do Orgulho LGBT, coisas assim possam ser ditas em voz alta, e parem de acontecer", ressaltou Geymonat no post.
Prisão

Na sexta-feira, 7, quatro jovens, com idades entre 15 e 18 anos, foram presos, acusados de envolvimento no ataque homofóbico contra as duas mulheres no ônibus de Londres. No sábado, 8, a Polícia do Reino Unido também prendeu um adolescente, de 16 anos. Todos ganharam a liberdade neste domingo, após pagamento de fiança.

Ataques

Em 2018, a capital britânica registrou 2.308 ataques homofóbicos. Em 2014, foram 1.488, segundo os números da polícia metropolitana de Londres.

Outro ataque contra um casal de lésbicas levou um teatro de Southampton, no sul da Inglaterra, a cancelar apresentações da peça Rotterdam.

Duas das atrizes do elenco sofreram ferimentos leves, após serem atacadas com pedras por pessoas dentro de um veículo quando chegavam para a sessão, segundo informou a produtora da peça, Hartshorn-Hook. / EFE

Fonte: Estadão, 09/06/2019

O Mau Exemplo de Cameron Post: filme sobre cura lésbica estreia nos cinemas

segunda-feira, 22 de abril de 2019 0 comentários


Filme sobre 'cura gay' sem maniqueísmos estreia nos cinemas brasileiros

Dois meses atrás, "Boy Erased", filme crítico sobre a chamada "cura gay", passou reto pelos cinemas brasileiros e foi direto para o DVD, apesar de seu elenco hollywoodiano e indicação ao Globo de Ouro. Razões comerciais, segundo a sua distribuidora.

Por ironia, outro longa com a mesma abordagem sobre o assunto, mas sem nomes estrelados,  estreiou no país na quinta (18) até mesmo em sala de shopping center.

A cineasta Desiree Akhavan se surpreende ao saber.
Tivemos que lutar muito para que o nosso filme estreasse nos cinemas aqui nos Estados Unidos, enquanto Boy Erased' teve um lançamento grande."
Nem mesmo o fato de ter sido o grande premiado do Festival Sundance, a meca da produção independente, ajudou.
Acho que tem a ver com o fato de lidarmos com sexualidade feminina, com a história de uma garota que se masturba e tem desejos", crê.
Ambas as produções partem de livros. Em Boy Erased (ed. Intrínseca), o americano Garrard Conley narra as memórias de quando foi levado pelo pai, um pastor batista, a um desses locais que se propõem a reorientar gays. Narra como um psicólogo dali aplicava jogos mentais nos frequentadores e incentivava exorcismos.

Cameron Post (ed. HarperCollins) é o romance juvenil escrito por Emily M. Danforth, inspirado em uma experiência do mesmo tipo, só que com uma adolescente lésbica.

Ambos os filmes abordam a inspiração religiosa que guia esses centros, evocam suas normas peculiares, como a revista de pertences para proibir a entrada de itens profanos, e o senso de inadequação dos protagonistas diante das arbitrariedades de seus líderes.

Enveredam, assim, por esse quase gênero cinematográfico que é o do filme de internação. São praticamente versões LGBT teens de Um Estranho no Ninho.

Mas as semelhanças terminam aí.

Boy Erased está mais para uma (mal sucedida) tentativa de fazer bom-mocismo com pautas identitárias e chamar a atenção ao escalar atores como Nicole Kidman e Russell Crowe para papéis centrais. Vem também de um diretor, Joel Edgerton, com pouca ligação com a causa.

Já O Mau Exemplo de Cameron Post faz jus ao pedigree indie, que lhe rendeu prêmio em Sundance, com produção mais modesta, mais sutileza e menos atores famosos. Sua diretora também é um nome conhecido em produções que resvalam na temática gay e lésbica.

O filme também deixa de lado o maniqueísmo que marca Boy Erased  e opta por não tratar religiosos como vilões nem os frequentadores desses centros como incautos vítimas de lavagem cerebral.
Não queria transformá-los numa piada", explica Akhavan. "A esquerda liberal não gosta muito da ideia, mas eu queria falar da humanidade que existe mesmo nos que defendem essas formas de terapias." 
Chloë Grace Moretz (Deixe-me Entrar) interpreta a personagem-título, uma adolescente órfã que é flagrada pelo namorado aos beijos com uma outra menina. A tia a obriga a frequentar o Promessa de Deus, programa mantido por psicólogos evangélicos em algum lugar não especificado dos rincões americanos.

Ali, Cameron aprende que o desejo homossexual é a ponta do iceberg de uma série de questões que só a religião irá sanar. O ano é 1993. Sem internet para conhecer histórias de outras lésbicas, a sensação de inadequação e solidão da garota é maior. É naquele centro, contudo, que encontrará mais gente como ela.

Nova-iorquina filha de iranianos, a diretora usou no filme parte de suas experiências num retiro destinado a pessoas com sobrepeso.
Para mim, foi bom. Cheguei odiando todas as pessoas que também estavam ali e aos poucos passei a ver traços meus em cada uma delas."
Isso ajuda a explicar o seu olhar um pouco mais generoso aos demais personagens que, assim como Cameron, são submetidos às regras do Promessa de Deus, incluindo aí os que as respeitam cegamente, seja lá por que razão. 

Durante as filmagens do longa, no segundo semestre de 2016, Donald Trump acabou eleito, levando a tiracolo o seu vice, Mike Pence, religioso e entusiasta fervoroso desse tipo de terapia de reorientação sexual.
Não mudou a nossa abordagem, mas trouxe um senso de urgência para o filme", explica Akhavan.
Antes, nos preocupávamos se seria relevante tratar do assunto naquele momento. Aquilo, então, deixou de ser apenas retórico."
Fonte: GaúchaZH, 17/04/2019



O Mau Exemplo de Cameron Post: Diretora explica como equilibrar drama e humor em filme sobre a "cura gay"

Chegou aos cinemas, na quinta passada, o vencedor do prêmio do júri no Festival de Sundance: O Mau Exemplo de Cameron Post, drama sobre as terapias de "cura gay" nos Estados Unidos. Chloë Moretz interpreta uma garota levada a um acampamento cristão após ser flagrada fazendo sexo com uma amiga.

Desiree Akhavan
O drama demonstra a violência psicológica destes procedimentos, que levam os jovens a "odiarem a si mesmos", nas palavras de Cameron. Ao mesmo tempo, o filme permite abordar o tema com leveza e humor, destacando as amizades formadas dentro do acampamento God's Promise ("Promessa de Deus").

O site AdoroCinema conversou com a diretora Desiree Akhavan sobre o projeto, adaptado do livro de Emily M. Danforth:

Como você conheceu o livro e o que te fez acreditar que renderia uma boa adaptação para o cinema?

Desiree Akhavan: O livro foi presente de uma amiga. Eu amei e dei para a minha namorada imediatamente. Na verdade, não foi minha ideia transformar em um filme, minha namorada na época amou também e disse: “Isso vai dar um ótimo filme”. Eu estava muito intimidada porque eu era uma grande fã do livro, eu não queria arruinar ele. Eu não sentia que era digna de readaptar esse livro, mas era uma coisa que eu pensava constantemente.

Quando eu lancei meu primeiro filme e estava viajando com ele, minha produtora disse: “Eu acho que a gente tem que transformar esse livro em um filme” e quando ela me disse que tinha amado, eu confiei nas pessoas ao meu redor porque eu não tinha confiança para fazer sozinha. Foram essas pessoas ao meu redor que disseram: “Você deve ir em frente”.

Quais foram as principais mudanças e concessões que você teve que fazer para adaptar o livro?

Desiree Akhavan: O livro tem 500 páginas, é muito longo. Além disso, ele começa quando Cameron tem 11 anos e vai até os 17 anos. A primeira coisa que eu sabia é que queria restringir as ações somente ao que aconteceu no acampamento God’s Promise. Então, nós nos ativemos principalmente a essa locação e a um pouco da vida dela antes. Esse era o meu foco: eu me ative à personagem.

Filme e literatura são meios muito diferentes. O filme é muito simplista, ele não fornece muito espaço para se aprofundar. Você pode fazer, mas não vai ser tão detalhado quanto o livro. Então, grande parte do trabalho consistiu em transportar a essência e manter a história o mais simples possível. Eu e minha co-escritora, Cecilia Frugiuele, demoramos um ano para conseguir isso.



Como você preparou o elenco? Fizeram pesquisas sobre outros grupos de conversão ou você queria que os atores se ativessem ao roteiro?

Desiree Akhavan: Eu queria que eles fossem verdadeiros com o roteiro. Chloe [Grace Moretz] e eu nos encontramos com vítimas da terapia de conversão gay, então ela conversou com pessoas que sofreram traumas. Mas eu, minha co-escritora e a escritora do livro pesquisamos muito, porque nós três sabíamos que se tratava de algo muito íntimo.

Para os jovens atores, preferia que eles sentissem como se estivessem em uma dessas comédias passadas na escola. Não queria que reforçassem a gravidade do tema. Para muitas pessoas que passaram por essas terapias, esta foi a primeira vez que conheceram outras pessoas gays na vida. Apesar de estarem em uma época terrível, eles também estavam se conectando com indivíduos LGBT pela primeira vez, então não deixa de existir algo carinhoso.

Como você decidiu que formas de violência mostrar ou apenas sugerir no filme?

Desiree Akhavan: Bom, isso foi um reflexo do livro. Nós vemos o mundo pelos olhos de Cameron e a personagem não está em todos os lugares. Ela não está junto de Mark (Owen Campbell) quando ele se mutila, por exemplo. Enquanto cineasta, eu queria que o espectador acompanhasse o mundo dela e foi por isso que optamos pela coerência com este único ponto de vista. Não precisamos ver o horror. Ele está presente quando Mark tem um colapso, durante a sessão em grupo, e se nós fizemos nosso trabalho direito, o espectador vai sentir a violência deste colapso na terapia.



Você diria que se trata de um político, ou que tenha uma mensagem a transmitir?

Desiree Akhavan: Qualquer filme que tenha algo novo a dizer é político. Eu só não quero que as pessoas assistam a isso e sintam que que estão tomando uma dose de remédio, que estão recebendo uma prescrição. Desde a infância, a maioria dos filmes nos diz o que é certo e o que é errado, seguindo um tipo de narrativa moralista.

Eu sempre fico animada quando assisto a algo que desafia minhas crenças, que desafia minhas expectativas. Então, sim, eu acredito que seja um filme político, mas, ao mesmo tempo, eu não acredito que tenha uma mensagem única a passar, nem que esteja julgando os jovens ou os líderes dessa terapia de conversão gay.

Os líderes da "cura gay" poderia soar como vilões, inclusive, mas você evita este caminho.

Desiree Akhavan: Sim, eu pensei que se fizesse meu trabalho direito, os espectadores sentiriam empatia por Lydia (Jennifer Ehle) e Rick (John Gallagher Jr.), entenderiam de onde eles vêm e porque chegaram onde estão. Para mim, como diretora, este era um desafio muito maior que representá-los como vilões. Seria mais interessante como espectador e muito mais desafiador realmente ter empatia por alguém nessa posição.

Mesmo assim, existe uma violência psicológica evidente neste acampamento. Quem você culparia pelos maus tratos: os líderes do acampamento? Os pais que internaram os jovens? Uma ideologia maior?

Desiree Akhavan: Acredito que todos estes sejam responsáveis. Quem você culpa por alguém como Donald Trump no poder, por exemplo? É o medo. Nós vivemos em um mundo de medo, onde as pessoas têm medo de qualquer coisa diferente do que elas estão habituadas. Quando seu filho é gay mas você é hétero, para algumas pessoas esse é um território desconhecido que eles não desejam enfrentar. Então, eles tentam fazer com que você seja com os outros. Então, sim, você culpa o medo, você culpa o governo, você culpa a cultura em que vivemos, você culpa os pais destes jovens.

Mas o que era difícil e interessante para mim era pensar: “Eu sempre quis fazer um filme sobre abuso infantil, mas eu não queria que fosse do mesmo jeito que sempre vi nas telas, de modo pesado e trágico. Enquanto crescia, eu descobri que o abuso sempre vem das pessoas que mais te amam e têm as melhores intenções. Elas estão munidas de discursos carinhosos do tipo: “Eu quero o que é melhor para você”. Isso era muito mais doloroso e muito mais interessante para mim como artista do que sugerir que existem pessoas boas e outras más.



Que reações o filme despertou desde o Festival de Sundance?

Desiree Akhavan: Eu fico muito grata que as pessoas tenham se identificado com Cameron e sua história. Fiquei surpresa com a quantidade de heterossexuais que se identificaram e enxergaram a sua própria adolescência no filme. Eu fiquei preocupada que o filme pudesse dialogar apenas com homossexuais, mas percebi que esta é uma história muito mais universal, e tenho muito orgulho disso. O senso de humor torna essa história muito mais universal.

Que experiências deste filme você vai levar para seus próximos projetos?

Desiree Akhavan: Esse filme foi uma verdadeira colaboração entre muitas mulheres inteligentes da minha vida. Minha co-escritora e produtora Cecilia Frugiuele, minha fotógrafa Ashley Connor, minha editora Sara Shaw. Eu estava muito calma, este era o meu segundo filme e eu queria aproveitar a experiência, para falar a verdade.

No meu primeiro filme eu estava tão nervosa, com medo de ser julgada, que não senti nenhum prazer em filmar. Neste filme eu deixei fluir, deixei as pessoas discordarem e foi prazeroso por causa disso. Esse filme foi melhor porque eu deixei acontecer e tive minhas colaboradoras na mesa comigo. Cada uma delas trouxe isso, então meu trabalho foi possível pela confiança nas pessoas.

Fonte: Adoro Cinema, por Bruno Carmelo, com a colaboração de Maria Clara Guedes, 19/04/2019

Casal de namoradas morto a facadas por vizinho em Angra dos Reis

quarta-feira, 20 de março de 2019 1 comentários

Iasmyn Nascimento de Souza da Silva e Juliana Dantas Monteiro

Família de jovem catarinense morta junto com a namorada no Rio busca recursos para traslado do corpo
Iasmyn Nascimento de Souza da Silva, 20 anos, e a namorada, Juliana Dantas Monteiro, 24, foram assediadas por um vizinho que, insatisfeito com o não, se armou com um faca e matou as duas

Não bastassem a dor e o inesperado da notícia, é preciso lidar com a falta de dinheiro para o translado do corpo da filha, irmã, neta. Esta é a realidade da família de Iasmyn Nascimento de Souza da Silva, 20 anos, assassinada no Rio de Janeiro, juntamente com a namorada, Juliana Dantas Monteiro, de 24 anos. O casal foi morto a facadas por um vizinho de 44 anos que, depois de assediar e discutir com Iasmyn, se armou e partiu para cima dela. 

Ao perceber a agressão, Juliana foi socorrer a namorada e também foi golpeada. O homicida escapou, mas foi localizado e está preso na Delegacia de Polícia de Angra dos Reis. A polícia carioca descobriu que ele era foragido e tinha um mandado de prisão em aberto, por um homicídio contra uma mulher em Araxá, Minas Gerais.

Em Santa Catarina, a família foi informada do duplo homicídio na manhã de sábado (16). As mortes teriam ocorrido na madrugada. A partir dali e mesmo sob efeito de calmantes, a mãe, Lídia Nascimento de Souza, que mora em São José, na Grande Florianópolis, tenta um jeito para sepultar o corpo no Cemitério do Itacorubi, em Florianópolis, onde a família tem uma sepultura. 
 O meu desejo é trazê-la para ficar perto da gente — diz a mãe. 
Iasmyn Nascimento de Souza da Silva

Para agilizar o traslado foi aberta uma
vaquinha na internet (aqui). As despesas funerárias são de R$ 7 mil. Até as 18h30min desta segunda cerca de R$ 4 mil foram arrecadados. A mãe está preocupada: 
Amanhã (terça-feira) terei a resposta sobre a ida ao Rio para o reconhecimento. Precisamos de ajuda, pois o IML só fica com os corpos por 15 dias. 
Lídia contou que a filha se mudou para o Rio de Janeiro há três anos. Fazia um ano que elas não se viam pessoalmente. Mas trocavam mensagens e se falavam por telefone. Lídia diz que aceitava o relacionamento das moças, o qual considerava muito bom, e que as duas trabalhavam com a distribuição de doces no comércio.


Crime praticado por preconceito e lesbofobia, dizem ativistas

A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia do Rio de Janeiro, deputada Renata Souza (PSOL-RJ), lamentou os assassinatos que para ela se caracterizam como preconceito e lesbofobia. Mesmo entendimento tem Lidi de Oliveira, a Lidi Pagu, cantora e ativista na Associação de Mulheres Brasileiras. Lidi leva a mensagem do feminismo não só nas músicas que canta e compõe, como também participa efetivamente de grupos sobre o tema. 
Para a polícia se trata de um duplo homicídio, mas é claro que elas foram assassinadas por serem lésbicas. 
Os crimes ocorreram na casa das vítimas, na Rua Minas Gerais, no bairro Parque Mambucaba. A Polícia Militar apurou que o matador discutiu com uma delas no dia anterior, após uma cantada. 

No dia do crime, quando ele chegou do trabalho, viu que elas estavam em casa. Armou-se com uma faca e foi ao encontro delas. Em seguida, matou Iasmyn e depois Juliana. Os corpos foram levados para Instituto Médico Legal. 

Até a noite de segunda-feira (18) o corpo de Juliana também aguardava liberação. O autor do duplo assassinato, Itamar da Silva, de 44 anos, foi encontrado por policiais militares em patrulhamento no fim da manhã de sábado na RJ-155 (Rodovia Lúcio Meira) quando fugia para Barra Mansa, cidade do sul do Rio de Janeiro. O delegado titular da 167ª DP (Paraty), Marcelo Russo, que no fim de semana também comandava o plantão na Delegacia de Angra dos Reis, indiciou Itamar da Silvapor homicídio qualificado. Ele foi transferido na segunda-feira (18) para a Cadeia Pública de Volta Redonda onde ficará à disposição da Justiça de Angra dos Reis.

Fonte: NSC Total, 18/03/2019

Para mais informações sobre direitos e conquistas das mulheres em geral, acesse Contra o Coro dos Contentes

Casal de mulheres agredido com chutes e socos em ataque heterrorista em Natal

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019 0 comentários

Vanessa teve o braço quebrado em duas partes

Casal de mulheres é agredido com chutes e socos em ataque heterrorista em Natal

Um casal de mulheres foi vítima de lesbofobia no condomínio Village Planalto, no bairro Planalto, Zona Oeste de Natal. Vanessa Macambira, 40, e Glícia Brandão, 26, são casadas e sofreram agressão verbal e física após interpelar um jovem de 17 anos, lutador de artes marciais, acusado de agredir o filho delas, de apenas 9 anos de idade. O crime aconteceu dia 27 de dezembro de 2018.

Vanessa teve o braço quebrado em duas partes e foi levada para o hospital Walfredo Gurgel, unidade de urgência e emergência na capital potiguar. O local da fratura foi imobilizado e ela ainda aguarda cirurgia pelo SUS. Ao tentar defender a esposa, Glícia levou um soco no rosto e sofreu corte na testa. A criança não presenciou o ataque.

O agressor, menor de 18 anos, vinha hostilizando o filho de Vanessa e Glícia há alguns meses em razão da homossexualidade do casal. Nas redes sociais, o jovem aparece numa das fotos com o logotipo do presidente Jair Bolsonaro. Ele é filho do aposentado Nilo Ferreira Lima, que também mora no condomínio.

Segundo Vanessa, ao ser avisada pelo filho de que havia sido agredido, ela desceu para falar com o garoto e foi ameaçada. Da janela, Glícia viu e desceu para conversar. Vanessa subiu para o apartamento e deixou o filho, antes de voltar para o local onde estavam. No retorno, Vanessa lembra que viu Glícia sendo empurrada, apressou o passo e foi agarrada por trás e atirada no chão. Foi então que o jovem começou a desferir chutes na vítima. Ao tentar impedir, Glícia levou um soco no rosto e perdeu os óculos:
 Quando eu vi, o rapaz empurrou a Glícia e fui tentar separar a briga. Ao chegar, o pai do menino me segurou e me derrubou. Quando eu vi já estava no chão e senti o garoto me chutando. E num dos chutes senti que meu braço havia quebrado. Glícia tentou fazer o garoto parar e levou um soco no rosto, o óculos voou. Ela ainda pegou britas no chão e tentou acertá-lo.
No momento da agressão nenhum dos moradores que presenciou o ataque prestou socorro. O porteiro do condomínio chegou a empurrar Glícia para apartar a briga e outro morador reclamou que uma das vítimas acertou uma pedra em seu automóvel. A síndica se recusou a informar a relação de moradores do prédio, não prestou socorro e também não apurou o caso.

Vanessa e Glícia só conseguiram registrar o Boletim de Ocorrência uma semana depois da agressão em razão da greve dos policiais civis no Estado. Uma advogada soube do caso pelas redes sociais e se ofereceu para defender o casal. O recesso do Judiciário também impediu que as vítimas processassem o agressor e o pai logo após o ocorrido.

A lei estadual que reconhece a homofobia como crime existe desde 2007 no Rio Grande do Norte, mas nunca foi regulamentada pelo Governo do Estado.

Morando juntas há sete anos, Vanessa e Glícia contaram que já foram vítimas de agressões verbais, mas nunca imaginaram que fossem entrar para as estatísticas homofobia da forma como o caso aconteceu:
As pessoas chamam a gente de sapatão na rua e há também o preconceito velado na escolas. Nosso filho tem 9 anos, foi adotado com cinco dias de nascido, e é como se o tempo todo você estivesse sendo observada e julgada por ser uma boa mãe. Tem sempre que provar. Mas nunca imaginamos ser agredidas dessa forma. É homofobia porque começou com agressões ao meu filho, chamado de ‘fresco’, ‘viado’, ‘baitola’ por ser filho de duas mulheres lésbicas”, conta Vanessa.
Luiz Felipe entre as duas mães, Vanessa e Glícia
Histórico

Segundo a mãe, Luiz Felipe vem sendo vítima de bullyng há alguns meses dentro do condomínio. Glícia já chegou a reunir as crianças e adolescentes do prédio para pedir que não ofendessem mais o filho, além de explicar que há diversidade de pensamento e de orientação sexual entre as pessoas. O garoto chega em casa ora chorando ou chateado:
Eu cheguei a ir no apartamento do Nilo porque o filho mais novo dele era uma das crianças que xingava meu filho. Nem conhecia o mais velho, que foi quem nos agrediu.
Vanessa e Glícia são reservadas, não costumam andar juntas pelo condomínio e não possuem relações próximas com os demais vizinhos. Após a agressão, que ocorreu por volta das 20h, a família dormiu na casa da mãe da Glícia, em Lagoa Nova, local adotado como ponto de apoio. Vanessa só aceitou voltar para o condomínio após o irmão conversar com o pai do agressor:
Ele disse para o meu irmão que tinha passado mal, teve pressão alta e que poderíamos voltar sem problemas, mas ainda estamos traumatizadas. Não me sinto segura, mas voltamos depois dessa conversa do meu irmão com ele. O garoto que nos agrediu está passando férias numa casa de praia. Comprei esse apartamento financiado pela Caixa Econômica ainda na planta. Não quero ir embora”, conta Vanessa Macambira, funcionária estadual e municipal
A eleição de um presidente da República homofóbico, como Jair Bolsonaro, é um agravante, avaliam as vítimas. Emocionada, Glícia acredita que os crimes de ódio contra homossexuais devem aumentar: 
As eleições nos deixaram totalmente fragilizadas. Sabíamos que perderíamos nossos direitos e que as pessoas que concordam com o discurso de ódio dele (Jair Bolsonaro) iam sair do armário. E a maioria dessas pessoas é homem e mais fortes que nós. Eles nos querem mortos só pelo fato de existirmos. A eleição de Jair Bolsonaro dá uma espécie de aval, é como se agora isso fosse permitido.
Campanha

Glícia Brandão é atriz e está desempregada. Já Vanessa Macambira é formada em Psicologia e é ex-policial Militar. Ela deixou a PM depois de passar em dois concursos para a área de Saúde do Estado e do município. Trabalha com crianças e jovens. As dificuldades financeiras do casal aumentaram após a agressão. O último salario do município veio com um desconto de mais de R$ 700 em razão dos dias descontados da paralisação dos servidores da saúde. No Estado, a situação é ainda pior. Vanessa está com três folhas atrasadas, incluindo o 13º de 2017.

Diante dos problemas e dos gastos extras com combustível e remédios, as duas resolveram fazer uma campanha de arrecadação. Segundo Vanessa e Glícia, os valores arrecadados serão anexados ao processo:

Banco do Brasil:

Ag: 1668-3
Cc: 15416-4
Variação: 51
CPF: 028.205.684-08
Vanessa Macambira dos Santos

Fonte: Saiba Mais, por Rafael Duarte, 09/01/2019/Portal do Sistema Opinião, 08/01/2019

O Mapa da Homofobia em São Paulo

quarta-feira, 14 de junho de 2017 0 comentários



O Mapa da Homofobia em São Paulo

Em dez anos, 465 vítimas – uma a cada semana, em média – procuraram ou foram encaminhadas à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) para registrar uma queixa de crime motivado por homofobia em São Paulo. Dados exclusivos obtidos pelo G1 por meio da Lei de Acesso à Informação mostram a radiografia dessas denúncias.

INTRODUÇÃO

São 393 boletins de ocorrência registrados – feitos durante os dez anos de existência da Decradi, que, em sua essência, investiga crimes sem autoria conhecida.

A delegacia especializada, criada em 2006, foi idealizada anos depois de o adestrador de cães Edson Neris da Silva ser assassinado por um grupo de skinheads na Praça da República, no Centro da capital, por ser homossexual. 

Nesses dez anos, foram investigados casos emblemáticos, como o do atentado a bomba na Parada Gay que deixou mais de dez feridos em 2009. Neste domingo (18), a Avenida Paulista será palco da 21ª edição da Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis). 

O MAPA

O mapeamento feito pela equipe de reportagem mostra todos os casos registrados na Decradi motivados por homofobia.

No mapa, é possível ver detalhes de cada vítima e o respectivo boletim registrado, com o ano, a localidade, a natureza da ocorrência, o sexo e a idade. O levantamento inédito permite identificar onde ocorrem os casos de homofobia na Grande São Paulo.

Para mapeá-los, o G1 teve de fazer um trabalho em parceria com a delegacia que durou mais de quatro meses. Isso porque foram fornecidos pela Secretaria da Segurança Pública à equipe, após o pedido via Lei de Acesso, todos os boletins de ocorrência da Decradi (quase mil), sem diferenciar qual tinha a homofobia como motivação. Foi feito, então, um trabalho minucioso para chegar a cada caso envolvendo o público LGBT na década. 

Do total de boletins de ocorrência feitos de 2006 a 2016, 219 viraram inquérito na delegacia especializada – 55% do total. Não há, no entanto, casos de homicídio mapeados, já que a motivação desse tipo de crime só é conhecida durante a investigação. 

Um outro agravante (também para as estatísticas) é que a homofobia ainda não é crime no Brasil. Ou seja, as denúncias são enquadradas de acordo com a tipificação do crime correlato. São casos e mais casos de injúria, ameaça, lesão corporal, constrangimento ilegal, entre outros. 

Entre as vítimas, há desde um adolescente de 17 anos até um homem de 77 anos. Os principais casos estão circunscritos à região central, onde estão as ruas Augusta e da Consolação e a República e o Largo do Arouche, locais bastante frequentados pelo público LGBT.

DECRADI, 10 ANOS

Em dez anos, o perfil dos agressores mudou. Antes eram vizinhos, colegas de trabalho e até parentes. Agora são anônimos que atacam principalmente pela internet, dizem os responsáveis pela Decradi.

O que não se altera, ao longo do tempo, é o teor das ofensas à população LGBT. Os boletins de ocorrência aos quais o G1 teve acesso revelam casos de agressões gratuitas, de xingamentos e provocações sem sentido em locais públicos, de humilhações dentro de casa e no meio da rua. A equipe de reportagem coletou algumas das frases ditas pelos agressores com o contexto em que elas foram pronunciadas.
A Decradi é a delegacia especializada para coibir e apura todos os delitos relacionados à intolerância e aos delitos de preconceito. Toda forma de preconceito é coibida, apurada e penalizada”, diz a delegada Kelly Andrade, da Divisão de Proteção à Pessoa do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). 
De 20 a 30 policiais atuam na delegacia especializada. “O número exato é flutuante”, despista Kelly, que aponta quais têm sido os maiores desafios nesses últimos anos: 
Eles são diários e eternos. Nos dez anos, eu acho que o maior é estar sempre à frente da tecnologia. Porque hoje a maioria desses crimes é praticada por meios eletrônicos”. 
Quando o assunto é o combate à intolerância LGBT, algumas vítimas fazem questão que as motivações levem em conta suas identidades sexuais.

Em São Paulo, no entanto, apenas em novembro de 2015 os boletins de ocorrência passaram a contar com um campo para o nome social da vítima e para a motivação. 

Um dos casos mais emblemáticos de crime motivado pela orientação sexual ocorreu bem antes disso: em 14 de junho de 2009, no fim do desfile da Parada Gay, uma bomba explodiu e feriu 13 participantes, todos homossexuais. 

O ataque foi feito por um grupo neonazista chamado Impacto Hooligan. A delegacia especializada identificou e prendeu sete suspeitos pelo atentado. Dois deles chegaram a ser condenados em 2010 por formação de quadrilha, mas em 2015 o caso foi arquivado com a libertação dos presos.

Na Decradi desde sua criação, Nelson Collino Júnior chefia a equipe de investigadores e lembra de um outro caso que ficou marcado: o de um professor de filosofia agredido por ser homossexual. 
Ele foi brutalmente espancado na região da Consolação. Foi bastante pesado, uma coisa muito grave. Ele perdeu vários dentes da boca.” Segundo ele, os agressores foram identificados, presos e julgados. “Através de uma testemunha nós conseguimos fazer o levantamento do grupo, o famoso Devastação Punk.” 
Na opinião da delegada Daniela Branco, titular da Decradi, a atual situação do país tem contribuído para evidenciar ainda mais os casos de homofobia. “Com esse cenário político-social, com movimentos de extrema direita, estou tendo a percepção de que casos contra LGBT, racismo e intolerância religiosa estão mais evidentes”, diz.

Para Agripino Magalhães, ativista e integrante da ONG Aliança LGBTI, faltam mais delegacias especializadas.
Nós só temos uma Decradi. É uma delegacia maravilhosa para combater a intolerância e o racismo, mas ela não é divulgada e expandida. Um LGBT foi agredido no Terminal Bandeira esses dias, foi até a delegacia mais próxima e o delegado falou que não podia atendê-lo. Ele não soube onde ir depois. A divulgação da Decradi devia ser feita pelos órgãos públicos, com cartazes no Metrô e em locais frequentados pelo público LGBT. Isso pode ajudar a diminuir a ação e os ataques de grupos homofóbicos.”
Fonte: G1, 13/06/2017

Polícia de Curitiba divulga retrato falado de suspeito de jogar ácido em homossexual

sexta-feira, 26 de maio de 2017 0 comentários

Polícia Civil divulga foto de suspeito de ataque homofóbico, em Curitiba (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Polícia divulga retrato falado de suspeito de jogar ácido no rosto de um homossexual
                         
Polícia Civil divulga retrato falado de suspeito de jogar ácido em homossexual, em Curitiba
Caso aconteceu na noite de 14 de maio, no bairro Juvevê.

Polícia Civil divulgou, nesta segunda-feira (22), o retrato falado do suspeito de jogar ácido em um homem homossexual de 40 anos. O caso aconteceu no dia 14 de maio, no bairro Juvevê, em Curitiba.

Por causa do ataque homofóbico, o homem perdeu a visão do olho esquerdo e corre o risco de perder do lado direito, conforme o delegado Fábio Amaro. A vítima está internada no Hospital Evangélico, com queimaduras de segundo e terceiro graus.

Quem tiver informações, pode ligar no Disque-Denúncia: 0800 6431 121.

A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o ocorrido. De acordo com a Polícia Civil, a vítima relatou que caminhava pela rua por volta das 20h30 quando foi abordada por um suspeito que se aproximou, pronunciou um xingamento homofóbico e jogou um líquido em seu rosto, provocando queimaduras.

Em entrevista, o homem afirmou que pensou inicialmente se tratar de um assalto, mas que em determinado momento a pessoa que o atacou chegou a dizer: "Toma aí, seu viado", antes de jogar o líquido contra ele.
Eu sei que ele estava de boné preto, de boina e de óculos. E ele me empurrou. Na hora em que ele me empurrou, eu achei que ele iria roubar meu celular. Daí, eu tentei levantar a minha perna, para tentar me defender. Foi onde ele pegou e jogou 'Toma aí, seu viado". Foi ódio mesmo, contou a vítima.
Fonte: G1, 22/05/2017 


'Foi ódio mesmo', diz vítima de ataque homofóbico com ácido, em Curitiba
Homem foi atingido nos braços e no rosto e corre o risco de perder a visão nos dois olhos.

O homem de 40 anos, que foi vítima de um ataque com ácido, em Curitiba, diz que o ato foi intencional, por causa da orientação sexual dele. Em entrevista, a vítima afirmou que pensou inicialmente se tratar de um assalto, mas que em determinado momento a pessoa que o atacou chegou a dizer "Toma aí, seu viado", antes de jogar o líquido contra ele.
Eu sei que ele estava de boné preto, de boina e de óculos. E ele me empurrou. Na hora em que ele me empurrou, eu achei que ele iria roubar meu celular. Daí, eu tentei levantar a minha perna, para tentar me defender. Foi onde ele pegou e jogou 'Toma aí, seu viado". Foi ódio mesmo, contou a vítima.
O caso aconteceu no bairro Juvevê, no domingo (14). O homem foi internado no Hospital Evangélico, com ferimentos nos braços, no peito e no rosto. Ele corre risco de perder a visão dos dois olhos, em decorrência do ataque.
Eu sofri queimadura de terceiro grau no rosto, nos dois braços, no peito, no abdômen. E boca, rosto completinho, e mais a visão, onde eu vou perder praticamente toda a visão. A chance de eu enxergar de novo é mínima. Fora o emocional, que acabou comigo", disse a vítima.
A Polícia Civil informou que está ouvindo testemunhas e que a investigação do caso está avançada. Até o momento, nenhum suspeito foi preso.

Fonte: G1, RPC Curitiba, 17/05/2017

Ativistas da ONG "Rede Russa LGBT" tiram mais de 40 gays da Chechênia e pedem asilo para eles

terça-feira, 23 de maio de 2017 0 comentários


Ativistas LGBT russos tiram mais de 40 gays da Chechênia e pedem asilo a eles

ONG negocia com 5 países para conseguir vistos aos gays.

Ativistas da ONG "Rede Russa LGBT" informaram nesta quinta-feira (18) que retiraram até esta quinta-feira (18) 42 homossexuais da Chechênia e pediram aos países europeus asilo perante o perigo que correm nessa república do Cáucaso Norte, segundo algumas denúncias.

Um porta-voz da ONG disse à agência "Interfax" que os mais de 40 gays foram levados para distintas regiões da Rússia.
Esperamos a ajuda dos países europeus com vistos para levá-los ao exterior", afirmou à agência "Interfax" o porta-voz.
Nove deles já saíram do país, acrescentou, sem revelar os Estados aos quais emigraram. Além disso, o porta-voz precisou que no total houve pedidos de ajuda de mais de 80 homossexuais na Chechênia.
Tratamos com pelo menos cinco países para conseguir os vistos. Estamos negociando a abertura de corredores humanitários para membros da comunidade LGBT", explicou o interlocutor da agência russa.
As vítimas desconfiam de nós. Muitas delas estiveram presas e sofreram torturas", disse o porta-voz da ONG, que precisou que as detenções começaram em dezembro do ano passado.
Prisões secretas e tortura

A "Rede Russa LGBT" não tem representação na Chechênia e nem trabalhou antes nessa região de maioria muçulmana, no olho do furacão depois que um jornal russo denunciou a perseguição e assassinatos de homossexuais em seu território, bem como a existência de prisões secretas para as minorias sexuais.

O líder da Chechênia, Ramzan Kadyrov, qualificou de "provocação" e "calúnia" a reportagem do jornal "Novaya Gazeta", que relevou a situação dos gays na república, embora na semana passada tenha se manifestado disposto a cooperar com as autoridades federais russas na investigação das denúncias.
Não se pode deter ou perseguir quem simplesmente não existe na república. Se na Chechênia houvesse essa gente, os órgãos de segurança não teriam que se preocupar com eles, já que seus próprios familiares os enviariam a um local desde onde nunca retornariam", declarou Alvi Karimov, o porta-voz do líder checheno.
Os testemunhos das vítimas falam de confinamentos em condições desumanas, torturas com descargas elétricas, violações com garrafas, desaparecimentos e mortes.

Fonte: G1, via agência EFFE, 18/05/2017

Polícia da Chechênia orienta pais a matarem filhos gays para 'limpar honra'

segunda-feira, 8 de maio de 2017 0 comentários


JOHN MACDOUGALL VIA GETTY IMAGES
Ativistas fazem protesto em Berlim para pressionar o presidente russo Putin a tomar medidas contra a perseguição de gays na Chechênia.

Na Chechênia, polícia orienta pais a matarem filhos gays para 'limpar a honra'

"Se algum de meus parentes perceber que eu sou gay, eles não hesitarão um minuto antes de me matar", relata um sobrevivente.

O nível da homofobia da Chechênia tem chamado a atenção do noticiário internacional.

De acordo com a mídia francesa France 24, pais estão sendo instruídos pela polícia local a matarem seus filhos gays sob a ordem de que precisam "limpar o seu sangue com a honra".

A ameaça das autoridades é de que se os familiares não o fizerem, a polícia irá matá-los.

A informação foi confirmada por uma vítima de perseguição que precisou deixar a sua cidade de origem e ir para Moscou para sobreviver.

De acordo com a vítima, na Chechênia só há duas opções: "mentir ou morrer".
Se algum de meus parentes perceber que eu sou gay, eles não hesitarão um minuto antes de me matar. E se eles não fizerem isso, eles vão se matar por não terem cumprido a honra da família", explicou em entrevista a France 24.
Em março, o jornal russo Novaya Gazeta publicou que dezenas de homens com idades entre 16 e 50 anos foram detidos "em conexão com sua orientação sexual não tradicional, ou suspeita de tal".

Eles foram presos e torturados. Pelo menos duas pessoas haviam sido mortas por suas famílias devido a sua sexualidade.

A denúncia preocupou organizações internacionais. As torturas aconteciam em prisões paralelas, uma espécie de "campo de concentração" para LGBTs.



A ong russa LGBT Network está ajudando os chechenos a deixarem a região e voarem para Moscou. De acordo com Olga Baranova, responsável pela organização, eles recebem mais de 5 pedidos de ajuda diários.

Ekaterina Sokirianskaia, diretora russa da International Crisis Group, disse ao The Guardian que recebeu informações preocupantes sobre o assunto de várias fontes.
Eu ouvi sobre isso acontecendo em Grozny [a capital Chechênia], fora de Grozny, e entre pessoas de idades e profissões muito diferentes", afirmou.
Na região, a religião predominante é o islamismo, e falar sobre a sexualidade ainda é um tabu. Também por este motivo, muitas da informações sobre os casos são ainda não são totalmente verificáveis, acrescentou Sokirianskai.
É quase impossível obter informações das vítimas ou de suas famílias, mas o número de sinais que estou recebendo de pessoas diferentes faz com que seja difícil não acreditar que detenções e violência estão realmente acontecendo."
JOHN MACDOUGALL VIA GETTY IMAGES
Ativistas fazem protesto em Berlim para pressionar o presidente russo Putin a tomar medidas contra a perseguição de gays na Chechênia.

A Chechênia é formalmente parte da Rússia, mas funciona como um estado quase independente em que a palavra do líder Ramzan Kadyrov muitas vezes pode ser superior as leis russas.

O porta-voz do governo Alvi Karimov negou as afirmações. De acordo com ele, é impossível haver perseguição de gays em "uma região que sequer eles existem".
Você não pode prender ou reprimir pessoas que simplesmente não existem na república. Se essas pessoas existissem na Chechênia, a polícia não teria que se preocupar com elas, porque seus próprios parentes teriam mandado elas para onde nunca mais poderiam retornar", disse em um depoimento obtido pela rádio Free Europe.
A detenção em massa de homens homossexuais surge em resposta as tentativas de manifestações dos grupos LGBTS em cidades de toda a região.

Os grupos esperavam que seus direitos fosses legalizados e tinham a esperança de levar suas demandas ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

A Federação Russa é conhecida pela sua hostilidade à comunidade LGBT. Desde 2013, tem apoiado uma lei de propaganda anti-gay que torna o clima de intolerância ainda pior.

Fonte: HuffPost Brasil, por Ana Beatriz Rosa, Repórter de Vozes, Mulheres e Notícias, 04/05/2017

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