Deborah Secco declara que, se tiver filha lésbica, estará ao lado dela

quarta-feira, 30 de agosto de 2017 0 comentários

Deborah Secco se desculpa com LG por comentários preconceituosos de seus seguidores

Deborah Secco critica comentários preconceituosos: “Se for minha filha, estarei do lado dela”

A atriz Deborah Secco tem grandes trabalhos na TV, e também é bastante popular em perfis nas redes sociais.

Segundo informações do UOL, ela usou a sua conta oficial no Instagram para criticar a homofobia. Primeiro, compartilhando a capa da nova edição da Vogue Itália, em que dois homens aparecem se beijando. E depois, rebateu comentários preconceituosos de seus seguidores.
Desculpa o pijama, a cara, a hora, mas eu fiz um post agora de uma capa da do Giovanni Bianco. Dois homens se beijando, ele fez também duas mulheres se beijando, um beijo lésbico, e um homem e uma mulher se beijando, um beijo hétero. E aí veio uma chuva de comentários preconceituosos, maldosos, odiosos. Vim aqui me desculpas com mães de possíveis meninos ou meninas homossexuais que tenham por ventura lido isso, se magoado com tantos comentários maldosos, odiosos e preconceituosos”, disse ela.
Em outro momento do vídeo, ela responde a um seguidor que perguntou o que ela faria se fosse a filha dela beijando outra mulher:
Quero responder também em especial um que perguntou ‘e se fosse sua filha?’. Bem, se fosse minha filha, eu quero te dizer que vou estar do lado dela seja qual for o caminho que ela resolva seguir. Vou estar com ela dando amor para ela, o que vou ensinar para ela é que ela pode tudo o que ela quiser a partir do momento que ela não prejudique uma outra pessoa. Acho que essa condição sexual não prejudica ninguém. Desrespeito, intolerância, preconceito, sim. Vamos amar mais, gente”, pediu a atriz.
Fonte: Minuto Livre, 29/08/2017


Dia da visibilidade lésbica: 27 anos de uma história mal contada e sem registro

terça-feira, 29 de agosto de 2017 6 comentários


Escrevi o artigo abaixo em agosto de 2006 e, este ano (2022), fiz uma releitura do mesmo porque utilizei alguns de seus dados para a redação do artigo Orgulho Lésbico: o happening político do Ferro's Bar (edição 2022) quando falo da trajetória do movimento lésbico nacional. Mas não o alterei em nada porque continua atualíssimo. Apenas coloquei uma série de links referentes a textos que, na época de sua produção, não estavam disponíveis.

Na última introdução de 2017 a esse artigo, também falei de um texto do professor de Filosofia da UFRGS, Denis Lerrer Rosenfield, intitulado Verdade e Narrativa, publicado no Estadão em 2014, onde ele questionava a chamada Comissão da Verdade (que nome orwelliano!). Segundo Rosenfeld, a comissão buscava emplacar uma "verdadeira mentira histórica" sobre o período da ditadura militar no Brasil, sem a isenção de uma investigação verdadeira.  Destaquei o trecho em que dizia:
Imaginem historiadores dentro de 30 anos fazendo uma verdadeira pesquisa. Ficarão certamente embasbacados com o primarismo ideológico dessa comissão. Seu trabalho de nada lhes valerá e terão de recorrer às fontes primárias.
Aproveitei esse gancho para concordar que, tanto em nível macropolítico quanto micropolítico, a verdade tinha mesmo desaparecido em proveito de uma "história" que procurava guardar distância da verdadeira. Tanto que havia inclusive "historiadores" LGBT torturando a realidade de modo a fazê-la confessar uma suposta perseguição estatal a homossexuais pelos governos militares, uma tese bem discutível, para dizer o mínimo. Emendava com o trecho que transcrevo abaixo pois continua pertinente:
Outra narrativa que lograram consolidar, pelo menos no meio do ativismo LGBT, foi a do tal dia da visibilidade lésbica, escolhido num suposto primeiro encontro de lésbicas, em 1996, por 100 supostas ativistas lésbicas. Para começar, vale apontar o paradoxo de a referência para um dia de visibilidade ter sido um encontro invisível. Salvo engano, até hoje, 36 anos decorridos, não apareceram sequer fotos internas (feitas por participantes do evento) do tal seminário de lésbicas tão "histórico", realizado em 1996. Basta lembrar que o primeiro encontro de ativistas lésbicas de fato, ocorrido em São Paulo, em 1981, tem registro inclusive fotográfico. A primeira manifestação lésbica pública, que foi a "invasão" do Ferro's Bar, em 1983, também teve registro feito inclusive pela grande imprensa. Idem para a primeira caminhada de lésbicas, igualmente realizada em São Paulo, em 2003.  
Grupos Lésbico-Feminista, Terra Maria Opção Lésbica, Coletivo Alegria,
 Alegria, 
Somos-SP e Facção da Convergência Socialista durante o
I Encontro Paulista de Grupos Homossexuais Organizados,
em São Paulo, nos dias 25 e 26 de abril de 1981
Depois, esse primeiro seminário de lésbicas não teve a participação de 100 ativistas lésbicas porque havia no máximo 4 grupos de lésbicas em 1996, com cerca de 4/5 ativistas (e olhe lá!) em cada um, e um desses grupos não participou do evento. Cumpre salientar que, como eu apontei essa "pequena" falha na narrativa das inventoras do dia da visibilidade, com o passar dos anos, elas revisaram a mentira cabeluda e passaram a dizer que o tal dia foi tirado apenas por 100 lésbicas (sic). Depois, a conta subiu para mais de 100 (cem) mulheres de todo o Brasil, considerando as que supostamente teriam assinado uma ata do evento, pois outras não teriam podido assinar "por toda violência e invisibilidade sofrida pelas lésbicas." Não deixa de ser irônico que, no real primeiro (ao que consta) encontro de ativistas lésbicas, ocorrido durante o I Encontro Paulista de Grupos Homossexuais Organizados, em São Paulo, nos dias 25 e 26 de abril de 1981, possa ter havido mais ativistas lésbicas do que no tal seminário das tais mais de 100 lésbicas de 1996. Pelo menos, os registros do evento revelam a presença de ativistas dos grupos Lésbico-Feminista, Terra Maria Opção Lésbica, Coletivo Alegria, Alegria, Somos SP e Facção da Convergência Socialista. E, sim, há registros desse evento de 1981, mas não deram visibilidade ao registro do primeiro SENALE.
E terminava indicando o texto abaixo de 2006 que descreve, em detalhes, como o dia da visibilidade e sua referência paradoxal ganharam capilaridade repentina, em 2003, principalmente via grupos feministas (interessados em pegar carona na visibilidade da temática LGBT trazida pelas grandes paradas). Completava afirmando que essas narrativas visavam intimidar a verdade e forçar a todos a reconhecer sua "verdadeira mentira histórica". E que era dever dos que não participam de grupos de "narradores" facilitar o trabalho dos historiadores do futuro apresentando dados que permitam separar o joio do trigo a fim de conquistar uma memória mais fidedigna. Reassino embaixo do que escrevi em 2017, mais do que nunca. 

Míriam Martinho

São Paulo, 22 de julho de 2022

Nota: Nos últimos 3 anos, as mesmas figuras que descrevo aqui como tendo promovido quase duas décadas de tentativas de apagar o 19 de Agosto da história, agora resolveram usurpá-lo e distorcê-lo bem como toda a história da organização lésbica da década de 80 quando nada fizeram pelas lésbicas. Fica, claro, comparando com este texto que escrevi em 2006, o tamanho da ignomínia dessas fulanas. É como se neonazistas resolvessem celebrar a memória das vítimas do holocausto. 06/09/2023

Grupos lésbicos brasileiros existentes em 2001. Da esquerda para a direita: Movimento D'Ellas, Um Outro Olhar, Grupo Lésbico da Bahia (GLB), Coletivo de Lésbicas-Feministas (CFL), Associação Lésbica de Minas (ALÉM), Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro e Movimento de Lésbicas de Campinas (MOLECA). Também na foto 3 representantes de grupos mistos (Nuances, Arco-Íris e Estruturação). Foto tirada durante reunião sobre saúde lésbica com a CN-DST/AIDS, em Brasília, (março de 2001).

Dia da visibilidade lésbica: 27 anos de uma história mal contada 
Por Míriam Martinho

Quando a ideia do dia da visibilidade foi lançada em 1996, havia menos de 6 grupos lésbicos em todo o Brasil (na foto acima vemos os 7 grupos lésbicos que existiam em 2001), e os grupos existentes eram todos diminutos. Como então pôde o dia da visibilidade ter sido estabelecido por mais de 100 ativistas lésbicas? Em 10 anos, desde a proposta de um dia da visibilidade, apenas 4 deles tiveram efetivamente celebrações da data. Por quê? Para responder essas perguntas vamos fazer uma pequena viagem no tempo da história da organização lésbica no Brasil até 2003 quando o dia visibilidade tira o manto da invisibilidade. 

INTRODUÇÃO

Tendo em vista que a história que se conta sobre a origem e desenvolvimento do dia da visibilidade lésbica viola a história da organização lésbica no Brasil, distorcendo seus fatos e sua evolução natural, cumpre tornar visíveis essas distorções. Cumpre não só porque hoje várias pesquisadoras vêm rastreando o desenrolar dessa história e merecem ter uma visão mais acurada dos fatos como também porque as ativistas lésbicas do presente e do futuro e a população lésbica merecem saber o berço das datas a que são convidadas a comemorar. Para tal, façamos uma breve retrospectiva da organização lésbica em nosso país chegando até o surgimento dos dias de comemoração da lesbianidade brasileira. 

DÉCADA DE 80: INÍCIO DA ORGANIZAÇÃO LÉSBICA NO BRASIL 

A organização lésbica no Brasil surge no início de 1979 dentro do incipiente Movimento Homossexual Brasileiro (MHB), mais precisamente no grupo Somos de São Paulo. Forma-se nesse grupo um subgrupo de mulheres, em função de uma matéria sobre lésbicas para o Lampião da Esquina (maio de 79), que depois se consolida de forma autônoma em relação ao grupo misto. Como na época, o feminismo estava em seu auge e a questão de gênero sempre foi um problema dentro do Movimento Homossexual (hoje LGBT), este subgrupo, identificando-se com o feminismo, se autodenomina subgrupo lésbico-feminista, registrando também outras variantes deste mesmo nome até separar-se do grupo misto (17 de maio de 1980), quando passa a chamar-se Grupo Lésbico Feminista-LF (Ver O Racha do Somos). Este grupo por sua vez, já no final de 1980, sofre um racha e enfraquecido subsiste até meados de 1981, sendo formalmente substituído pelo Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF) em outubro de 1981 (ata de fundação do GALF sob o codinome de Grupo Ação de Liberação Feminista). O GALF, por sua vez igualmente, será o único grupo lésbico a subsistir por toda a década de 80 até 1989 (ver Memória Lesbiana: 40 anos do Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF) entre fato e ficção, quando cede sua vez à Rede de Informação Um Outro Olhar (ver Memória lesbiana: há 32 anos surgia a Rede de Informação Um Outro Olhar, paladina da visibilidade lésbica), formalmente constituída em abril de 1990. Essas diferentes denominações e substituições correspondem a mudanças não só nos coletivos que formaram esses grupos (que tem elos em comum) como nas influências ideológicas que os nortearam, cuja abordagem foge dos objetivos desse artigo. 

Aqui interessa apenas lembrar que o Movimento Homossexual, que nasce em 1978 e tem seu pico de expansão em 1980, começa a declinar a partir de 1981, mergulhando numa grande crise até 1983/84, devido a conflitos internos e a duas questões que se mesclaram numa combinação explosiva: o questionamento sobre a identidade homossexual e a chegada da AIDS, alcunhada em seus primórdios de câncer gay, peste gay. De meados da década de 80 até o início da década de 90, o Movimento Homossexual viverá numa espécie de limbo político, subsistindo graças aos esforços heroicos de grupos como o GALF (SP), GGB (BA), Triângulo Rosa (RJ) e Dialogay (SE), embora outras agremiações femininas, masculinas ou mistas tenham surgido nesse período, todas contudo de vida efêmera. 

Por outro lado, o Movimento Feminista (MF), para onde as lésbicas migram por falta de opção inclusive, vive seu ápice na década de 80, ocupando na mídia, ainda que de forma mais modesta, o lugar que hoje ocupa o Movimento LGBT, com feministas escrevendo em colunas na grande imprensa, coordenando programas de TV e tendo suas reivindicações sendo incorporadas à sociedade em geral.

No que tange às lésbicas, contudo, o Movimento Feminista foi uma verdadeira madrasta. Após o impacto do aparecimento do subgrupo lésbico-feminista em eventos feministas, em 1980, o MF vai absorver individualmente as militantes do LF bem como de outros grupos lésbicos que existiam então (Terra Maria) ao mesmo tempo em que despolitiza a questão lésbica. Ainda que permitindo uma ou outra palestra ou oficina lésbica em seus encontros ou mesmo dando apoio eventual a manifestações lésbicas (como a do 19 de Agosto), liberalidades sempre seguidas da admoestação de que a questão de gênero era a mais importante e não havia espaço para grupos lésbicos específicos, a política do Movimento Feminista para lésbicas, durante toda a década de 80 e 90, posição só alterada em 2002, foi a da invisibilidade. As feministas homossexuais, em número razoável dentro do MF, ou simplesmente se omitiam sobre a questão lésbica (como se não tivessem nada com isso) ou hostilizavam abertamente todas as tentativas de politização do assunto. 

Cansadas dessa situação e de outras tantas contradições do feminismo, o Grupo Ação Lésbica Feminista se afasta do MF definitivamente em 1988, deixando um vácuo que será preenchido por feministas homossexuais que, ao contrário da maioria, achavam que o MF deveria sim assumir politicamente a questão lésbica, embora permanecessem com a ideia de que seu campo de atuação deveria ser somente o próprio movimento. Uma reunião, realizada durante o X Encontro Nacional Feminista em Bertioga (1989), originará um coletivo de onde surgirão os primeiros grupos lésbicos (3) a subsistirem por mais tempo, no período que vai de 1989 a 1996, concomitantemente ao surgimento da Rede de Informação Um Outro Olhar (também em 1989, oficialmente em abril de 90). 

DÉCADA DE 90: RESSURGIMENTO DO MOVIMENTO HOMOSSEXUAL 

Nesse ínterim, o Movimento Homossexual começa a ressurgir das cinzas, sendo o ano de 1993, um divisor de águas nesse sentido, quando grupos de São Paulo, como a Um Outro Olhar, o grupo Deusa Terra (lésbico), ativistas lésbicas independentes, como Monica Pita, e grupos gays como o incipiente núcleo de gays e lésbicas do PT e o grupo Etecétera e Tal, do psicanalista Arnaldo Domingues organizam, o VII Encontro Brasileiro de Lésbicas e Homossexuais, em Cajamar (set/1993, SP).

O Movimento Homossexual que renasce a partir dos primeiros anos da década de 90, ao contrário de seu antecessor, do final dos anos 70 e começo dos 80, vai ter um perfil fundamentalmente reformista e mais androcêntrico do que a da primeira geração, girando em torno das questões dos gays. Inserir a palavra lésbica no título do VII encontro do movimento, a fim de evidenciar a questão das mulheres homossexuais, exigiu consultas nacionais, abaixo-assinados e troca de desaforos entre as ativistas lésbicas e grupos gays mais tradicionalistas, como o Grupo Gay da Bahia, que viam na mudança de nome uma ameaça à unidade do movimento. Mas a alteração foi assumida e, no próprio encontro, houve outra alteração que resultou na denominação Encontro Brasileiro de Gays e Lésbicas. No VIII Encontro, em Curitiba (jan/1995), as travestis também reivindicaram a inserção do T, sendo acatadas de forma muito mais tranquila, e os Encontros passaram a denominar-se Encontros Brasileiros de Gays, Lésbicas e Travestis (EBGLT), denominação que prevalece até hoje. 

No encontro de Curitiba, também foi criada a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT) que teve como fundadoras as ativistas da Rede de Informação Um Outro Olhar e do nascente Grupo Lésbico da Bahia (GLB), além de ativistas dos grupos gays e travestis. Do período que vai de 1993 a 1996, desaparecem dois dos grupos lésbicos do início da década de 90, o Estação Mulher e o Deusa Terra, e permanecem a Rede de Informação Um Outro Olhar e o Coletivo de Feministas Lésbicas (todos de São Paulo) este último que, mudando sua política de não trabalhar com homens, passa a atuar também no Movimento agora já GLBT. Fechou esse encontro uma colorida manifestação de seus participantes pelas ruas de Curitiba na que foi provavelmente a primeira do gênero desde os anos 80. (Ver Em Movimento, Revista UOO 22, p. 10)

CHEGANDO À IDEIA DO DIA DA VISIBILIDADE 

No ano seguinte, em 1995, o jovem grupo Arco-Íris, do Rio de Janeiro, e outros grupos cariocas sediam a 17ª Conferência da ILGA (Associação Gay e Lésbica Internacional), de 18 a 25 de junho de 1995, que culminará na Marcha pela Cidadania Plena de Lésbicas e Gays, outra manifestação de rua mais expressiva do que a de Curitiba inclusive porque internacional. No contexto da Conferência, surgem mais dois grupos lésbicos: o Movimento D’Ellas, fundado pela ativista Yone Lindgren, que militara na primeira geração do MHB (Somos RJ) e que retornava ao movimento, e o Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro (COLERJ), face lésbica do grupo feminista CEDOICOM, formado por mulheres que vinham de experiências tanto no movimento feminista quanto no movimento negro, mas não no movimento de gays e lésbicas.  

Embora recém-nascido, o COLERJ se propôs a coordenar a Secretaria de Mulheres da ILGA, e a Rede de Informação Um Outro Olhar, que já vinha de uma boa experiência internacional, foi convocada a dividir a secretaria com esse grupo a fim de apoiá-lo. Em julho de 1995, os dois grupos se reúnem na sede da Rede de Informação Um Outro Olhar, em São Paulo, e discutem propostas para a Secretaria de Mulheres da ILGA. O COLERJ, contudo, pensa na Secretaria fundamentalmente como um apoio para a disseminação de encontros lésbicos no Brasil, a fim de incentivar a criação de grupos lésbicos e a criação de um movimento lésbico. Aqui cabe um parêntese para, retornando a 1993, lembrar que o grupo Deusa Terra (SP), durante a tentativa de organizar o IV Encontro Latino-Americano de Lésbicas Feministas no Brasil - 1993 (revista Um Outro Olhar, 22, p. 11-12), já havia proposto o mesmo, ponderando sensatamente que, em vez de fazer um encontro internacional, se passasse a gastar energias para a fundação de grupos lésbicos em nível nacional, proposta que não foi aceita. O COLERJ retoma essa ideia, que tem anuência da Rede de Informação Um Outro Olhar, mas não consegue desenvolvê-la de imediato por conflitos internos do grupo que o levaram a um racha no segundo semestre de 1995.  

Superando esses conflitos em 1996, o COLERJ organiza em 29 de agosto do mesmo ano, o primeiro seminário nacional de lésbicas (SENALE), realizado num hotel do Rio de Janeiro, com financiamento governamental. (Ver revista Um Outro Olhar n. 25, p. 5). Em homenagem ao I SENALE, lançou-se de fato, em seu contexto, a ideia do dia 29 de agosto como dia nacional da visibilidade lésbica pelas participantes do evento, participantes que, todavia, de forma alguma conformaram o número de mais de 100 ativistas. Como bem-dito acima, o SENALE foi pensado como um estimulador da formação de grupos lésbicos no Brasil porque exatamente na época em que foi realizado, 1996, não havia nem meia dúzia de grupos lésbicos em todo o território nacional, e todos os grupos lésbicos eram diminutos. De onde teriam aparecido então essas mais de 100 ativistas lésbicas que teriam estabelecido o dia 29 de agosto como dia da visibilidade lésbica? De outra dimensão do espaço-tempo? 

Para desvendar esse mistério, cumpre dar um salto de 7 anos à frente desse momento, para o ano de 2003, quando ocorre em São Paulo o V SENALE durante as celebrações da 7ª Parada do Orgulho GLBT. Este será o primeiro SENALE que contará com a presença de mais de 100 participantes, não necessariamente ativistas lésbicas, porém sem dúvida mais de 100. Os anteriores, no Rio, em Salvador, Belo Horizonte e sobretudo em Fortaleza reuniram em média de 40 a 60 participantes, sendo o de Fortaleza o mais desestruturado de todos, ao contrário do que se deveria esperar pela sequência.

Citando a mim mesma, na revista Um Outro Olhar, sobre o II SENALE de Salvador (24-28/09/97):
Não se sabe se pelo número reduzido de pessoas, considerando tratar-se de um evento nacional, ou se por alguns erros organizativos ou políticos que impediram um aprofundamento das questões, o certo é que o encontro ficou meio chocho, meio morno demais (Revista Um Outro Olhar, 27. Encontro Morno em Salvador, p. 16-18, Miriam Martinho).”
Citando Neli Aparecida de Farias, participante do III SENALE:
Dos dias 25 a 27 de setembro de 1998, realizou-se em Betim, Minas Gerais, o III Seminário Nacional de Lésbicas (III SENALE), com mulheres de algumas cidades do Brasil como Campinas, São Paulo, Brasília, Rio e Salvador, além de gente das próprias gerais, somando aproximadamente 40 participantes.” E sobre o clima desse evento, agudizado no encontro posterior, cito Virgínia Figueiredo, outra participante: “Como fomos todas custeando nossas despesas,... parecia que estávamos num retiro para descanso, para bater papo, etc.., pois a grande maioria (desestimulada pela falta de oficinas) preferia ficar bebendo e tomando banho de piscina (Revista Um Outro Olhar, 29, p. 11-12; 14. Considerações sobre o III SENALE).”
O IV SENALE, realizado no Ceará, de 29/08-01/07-2001, seguiu o mesmo estilo, caracterizando-se por ser um encontro para a realização de uma enquete/pesquisa. O encontro foi tão desestruturado que as duas integrantes da Um Outro Olhar, Luiza Granado e Angela Gonçalves, que dele participaram disseram que não havia o que relatar e que, para simplesmente esculhambar o evento, era melhor se manterem caladas. Lamento essa postura, pois, ficamos sem um registro do encontro com algum distanciamento crítico. De qualquer forma, deste SENALE saiu a decisão de realizar o V SENALE em São Paulo, ao qual a Rede de Informação Um Outro Olhar se comprometeu a apoiar na forma de divulgação ao menos. Nos meses posteriores, contudo, até a realização do evento, não recebemos qualquer notícia ou informação a respeito da organização do mesmo, no velho esquema de comadrio que sempre caracterizou a estruturação desses encontros (em todas as suas versões). 

2003: LÉSBICAS NA PARADA E O LANÇAMENTO DO DIA DO ORGULHO LÉSBICO! 

De agosto de 1996 (quando se registra a ideia do dia da visibilidade) até junho de 2003, a questão dos direitos homossexuais vai ganhar cada vez mais visibilidade na sociedade, sobretudo na mídia, mas quase não houve comemorações do dia da visibilidade lésbica em todo esse período. O que surgiu nesse sentido foram as Paradas do Orgulho LGBT que hoje tomam conta do país inteiro. 

Ainda durante a 17ª Conferência da ILGA, grupos paulistanos presentes ao evento refletiram que seria interessante trazer o próximo EBGLT para São Paulo novamente e assim acabou ocorrendo. Em fevereiro de 1997, a Rede de Informação Um Outro Olhar organizou, praticamente sozinha, o IX Encontro Brasileiro de Gays, Lésbicas e Travestis (um encontro muito tumultuado por conflitos em sua maioria promovidos por ativistas GLBT petistas), cujo maior mérito foi ter produzido o embrião das futuras paradas que hoje levam milhões às ruas (os participantes saíram em passeata do Largo do Arouche, passando pela República, pelo Teatro Municipal, cruzando a mitológica Ipiranga com a Avenida São João e terminando atrás da Igreja da Consolação). Nesse mesmo ano, em junho, entusiasmados com a experiência do IX Encontro, ativistas gays repetem o feito se reunindo em frente da Gazeta e seguindo em passeata pela avenida Paulista até a praça Roosevelt (Revista Um Outro Olhar, 26, p. 8), no percurso que até este ano (2006) identificou as grandes Paradas do Orgulho de Sampa.  

Na esteira das grandes Paradas de São Paulo, que continuaram num crescendo a cada ano, as ativistas lésbicas começam também a movimentar-se para conseguir marcar presença. A Rede de Informação Um Outro Olhar inicia esse processo em 1999 se postando no início das Paradas, quando ainda era possível fazer isso, carregando faixas relativas à liberdade de expressão sexual. Em 2001, faz a Parada numa truck, tendo em vista a necessidade de distribuir material, no que foi imitada por um outro veículo (um trenzinho) de um outro grupo de lésbicas. De 2001 até hoje (2006), a Rede de Informação Um Outro Olhar saiu nas Paradas com trios elétricos financiados por órgãos governamentais ou por verbas das próprias participantes, dividindo a avenida com o grupo AMAM (lésbico) que também sai tradicionalmente desde a mesma época. 

Igualmente antes e depois das Paradas, passam a ocorrer outros eventos comemorativos do orgulho LGBT nacionais, incluindo atividades para lésbicas. Entre outras, em 2000, ocorreu um evento comemorativo dos 20 anos de ativismo lésbico no Brasil e, em 2003, o V SENALE, além da Primeira Caminhada Lésbica. Neste mesmo ano, Luiza Granado e Neusa Maria de Jesus, da Rede de Informação Um Outro Olhar e da Associação da Parada do Orgulho GLBT, na época, uniram-se para tentar formar uma secretaria de lésbicas dentro da Associação, entidade que sempre se caracterizou por ser fundamentalmente masculina e gaycêntrica. Para dar destaque à questão lésbica, nos eventos comemorativos da Parada do Orgulho LGBT daquele ano organizaram um debate específico sobre a questão lésbica (11/06/2003) e durante o mesmo lançaram o Dia do Orgulho Lésbico, dia 19 de Agosto, em referência à primeira manifestação lésbica contra o preconceito e a discriminação ocorrida no Brasil, em São Paulo, em 1983. O dia foi lançado tendo em vista estabelecer uma referência histórica de luta e orgulho para lésbicas e que de fato pudesse a vir ser comemorada, tendo em vista inclusive que o outro dia que se havia pensado nesse sentido nunca havia saído do papel. 

2003: O ORGULHO LANÇA A VISIBILIDADE 

O lançamento do Dia do Orgulho Lésbico, em 2003, foi amplamente divulgado pela mídia, mais por uma coincidência do que por causa de uma campanha planejada de divulgação. Como de praxe, o jornalista Aureliano Biancarelli, então da Folha de São Paulo, buscou a Rede de Informação Um Outro Olhar para saber o que estávamos planejando para a Parada do Orgulho e foi informado sobre o lançamento do 19 de Agosto. Fez uma reportagem sobre o assunto com Luiza Granado e Neusa Maria de Jesus, pauta que foi, como de costume, reproduzida por outros jornalistas e outros veículos da mídia, dando uma grande divulgação à iniciativa. Seguiram-se outras matérias na imprensa que podem ser vistas aqui.

Nesse ínterim, como já dito, ocorria o V SENALE em São Paulo, cujas fundadoras haviam lançado a ideia do dia da visibilidade em 1996, embora nunca tivessem se dado o trabalho de viabilizá-la. Diante da ameaça de ver um outro dia suplantar o dia da visibilidade, durante plenária desse evento, elas ressuscitaram o dia da visibilidade como data de comemoração, passando efetivamente a celebrá-lo a partir deste ano de 2003. 

Até aí morreu Neves, como se diria. O problema é que à parte essa decisão, essas ativistas iniciaram também uma campanha de difamação e injúrias (crimes previstos no Código Penal deste país) contra as pessoas que lançaram o Dia do Orgulho e suas respectivas organizações. O relato que se segue poderia ser definido como uma ópera bufa, não fosse o quadro muito triste do estado moral dos movimentos sociais que vem a revelar. 

Conjugaram-se para ampliação dessa campanha difamatória interesses de ativistas de outros movimentos, desafetos históricos das organizações que lançaram o 19 de Agosto, que se aproveitaram da situação para realizar seus intentos oportunistas e retaliatórios. De um lado, tivemos os glpetistas (gays e lésbicas petistas) que tinham problemas com a diretoria da Associação da Parada de então, que havia expulsado o ex-presidente da entidade, Beto Jesus, sob acusação de improbidade administrativa, e com a própria Rede de Informação Um Outro Olhar, com quem tinham conflitos desde a organização do IX Encontro Brasileiro de Gays, Lésbicas e Travestis (1997), sem falar num conflito de fundo mais antigo que remete à história primeira do movimento homossexual brasileiro, quando os anarquistas deixaram o grupo SOMOS em protesto contra a tomada da organização por grupos da Convergência Socialista. A Um Outro Olhar descende politicamente desse grupo que deixa o SOMOS. De qualquer forma, não pretendo me estender sobre o papel dos glpetistas nessa ópera bufa, assunto para outro momento, mesmo porque o governo Lula, seus mensalinhos e mensalões, cuecas cheias de dinheiro, sanguessugas e outros bichos peçonhentos falam por mim muito melhor do que eu jamais imaginei que poderia dizer. 

De outro lado, tivemos as feministas homossexuais desempenhando um papel importante na construção do dia da visibilidade, como hoje ele se celebra, sobre as quais vale a pena se debruçar um pouco mais. Como vimos no início desse artigo, o movimento feminista pregou a invisibilidade lésbica em seu meio até 2002 quando, na Conferência Nacional de Mulheres Brasileiras (Brasília, 6-7/06/2002), assumiu finalmente a questão. É preciso lembrar que, mesmo aí, o apoio que o MF deu à questão lésbica, ainda era indireto, como apoio à causa de gays, lésbicas e travestis e não como apoio a causa das mulheres lésbicas. Foi esta que lhes escreve que introduziu na Plataforma Feminista o papel fundamental das mulheres lésbicas na luta pelos direitos das mulheres em geral, porque as feministas homossexuais haviam se "esquecido" desse detalhe. 

Voltando um pouco no tempo, lembremos que no início do MF, em nosso país e no mundo todo aliás, a sociedade machista acusava as feministas de reivindicarem igualdade para as mulheres porque elas não gostavam de homens, porque eram sapatões. As feministas se acovardaram diante dessas acusações e sacrificaram a questão lésbica para se manterem distantes desse estigma. O grau de invisibilidade a que as lésbicas ficaram sujeitas dentro do MF foi maior ou menor de acordo com a capacidade destas de aceitarem ou não essa situação. Nos EUA, onde as lésbicas já tinham alguma articulação até antes da emergência do feminismo, essa política não vigorou. No Brasil e em outros países da América Latina, essa política foi hegemônica até o início deste século. 

Acontece que a História pregou uma peça nas feministas. A mesma sociedade machista que as acusava de sapatões por reivindicarem direitos iguais para as mulheres acabou, 26 anos depois, transformando as lésbicas em fetiche da mídia e tirando as feministas e o feminismo da pauta das redações. Prova de que não vale a pena fazer certas barganhas. Principalmente do início do milênio para cá, à parte toda a evidência trazida pelas Paradas do Orgulho LGBT, começaram a surgir personagens lésbicas em novelas, seriados, atrizes e cantoras dando selinhos em amigas, cantoras hétero se fazendo passar por lésbicas, como jogada de marketing, até chegarmos recentemente à novelinha lésbica que é o seriado americano The L Word, onde sobram cenas tórridas de sexo entre mulheres em plena TV. Quem diria, não? 

Nessas circunstâncias, depois de 2001, as feministas homossexuais começaram a se interessar pela organização lésbica que, aos trancos e barrancos, foi de qualquer forma crescendo paralelamente ao MF. Esse interesse se concretizou exatamente em 2003, quando do lançamento do Dia do Orgulho Lésbico e da realização do V SENALE, onde de fato se lançou também o dia da visibilidade lésbica. A princípio algumas feministas homossexuais ficaram em dúvida sobre o que fazer diante da existência de desses dias lésbicos, mas depois consideraram mais oportuno apoiar o dia da visibilidade. 

Se fosse só apoiar, contudo, não haveria problema. Mas elas resolveram encampar a campanha difamatória e injuriosa contra as pessoas que lançaram o Dia do Orgulho Lésbico, com armações e articulações nada condizentes com os princípios feministas (o que será isso?) ou de direitos humanos. Os ataques visaram atingir a credibilidade das pessoas que lançaram o Dia do Orgulho e a validade do mesmo, inclusive com ameaças de ostracismo político contra aquelas e aqueles que naturalmente apoiavam o dia. 

Então, nós tivemos dois movimentos na construção do dia da visibilidade: 

1) primeiro, o da afirmação do dia, através do mito de que ele teria sido lançado por mais de 100 ativistas lésbicas, em 1996, e consequentemente comemorado desde então e

2) segundo, o do ataque à credibilidade das pessoas que lançaram o Dia do Orgulho Lésbico e à validade dele. Neste segundo movimento, procurou-se invalidar o Dia do Orgulho dizendo que ele não tinha sido tirado numa plenária, pois só uma plenária daria aval a tais comemorações. Esqueceram-se, contudo, que os símbolos máximos de celebração da comunidade LGBT em todo o mundo, comemorados inclusive por estas mesmas pessoas, não saíram de nenhuma plenária. O Dia Internacional do Orgulho Gay, o dia 28 de junho, foi lançado por um grupo homossexual americano que capitalizou a revolta de Stonewall Inn e a bandeira do arco-íris foi criada por um artista gay americano e divulgada no meio LGBT passando a ser adotada internacionalmente. 

De fato, as razões para as feministas homossexuais terem se metido nessa pendenga (pendenga desnecessária, diga-se de passagem) remetem a uma repetição da História. Como já vimos anteriormente, o Movimento Feminista da década de 80, após o impacto do aparecimento dos grupos lésbicos em seu meio, absorve individualmente as ativistas lésbicas de então enquanto esvazia politicamente a questão lésbica. Quase duas décadas e meia depois, esse mesmo MF volta a absorver a organização lésbica brasileira, agora como apoiadoras da visibilidade lésbica (sic).

Na verdade, trata-se de um dos casos mais deslavados de cooptação e aparelhamento de um movimento por outro de que tenho notícia. Só para citar dois exemplos mais acintosos dessas ações: na caminhada lésbica de Sampa, em 2005, se viram mais bandeiras sobre o aborto do que bandeiras com temas lésbicos na avenida. No último SENALE, em Recife, viu-se a princípio, como propostas de temas para as mesas do encontro, novamente o aborto e os direitos sexuais e reprodutivos. Isso sem falar que o evento foi organizado por grupos como o Fórum de Mulheres de Pernambuco e, como se soube posteriormente, teve, em sua comissão organizadora, até mulheres heterossexuais. Por fim, vem se notando também, nos últimos 3 anos, uma inflação repentina de grupos lésbicos, todos, contudo, se identificando também como feministas. 

Aqui, cabe um aparte, antes de encerrar este artigo que já se estende além de seus propósitos. O Movimento Feminista não é o Movimento Lésbico. Embora o Movimento Lésbico, em todas as partes do mundo, principalmente na América Latina, tenha muitas vezes intersectado ou tangenciado o Movimento Feminista, sua história e suas protagonistas não são as mesmas, o que fica evidente principalmente quando lembramos da política de despolitização da questão lésbica que o MF manteve durante décadas. 

Outrossim, o Movimento Lésbico é composto, internacionalmente, além de lésbicas que se identificam como feministas, de lésbicas radicais, separatistas, políticas, de butches e femmes (bofinhos e ladies), lésbicas fetichistas, lésbicas lipsticks, etc... e de uma maioria de lésbicas que não está afinada com nenhuma tribo política, mas que, a seu modo, sempre foi mais visivelmente lésbica do que as feministas homossexuais jamais conseguiram ser nem no movimento que sempre carregaram nas costas. 

CONCLUINDO 

Como disse no início desse artigo, meu objetivo foi tornar visíveis as distorções históricas que se seguiram ao real lançamento do dia da visibilidade lésbica, tendo em vista que essas distorções violam a história da organização lésbica no Brasil, seus fatos e sua evolução natural. 

Resumindo, a principal distorção histórica, que passou a ser repetida exaustivamente principalmente depois de 2004, é de que o dia da visibilidade lésbica teria sido tirado por uma plenária de mais de 100 ativistas lésbicas, em 1996, quando em 1996 não havia sequer 6 grupos lésbicos no país inteiro. Outra distorção, decorrência da primeira, é a de que o dia da visibilidade lésbica teria sido celebrado desde 1996, ao ser lançado, quando de fato passou a ser celebrado apenas em 2003 para contrapor-se ao dia do orgulho lésbico.  

Tais fatos podem ser tranquilamente levantados por qualquer pesquisador(a) que se disponha a rastrear essa história buscando registros dessas supostas mais de 100 ativistas lésbicas e de onde e como foram celebrados os dias da visibilidade lésbica antes de 2003. Seguramente, encontrará atividades públicas e visíveis de 2003 para cá, intituladas de visibilidade lésbica, mas antes só encontrará registros da primeira manifestação lésbica contra o preconceito e a discriminação que foi efetuada em 1983 num bar da capital paulistana chamado Ferro’s Bar. 

Meu segundo objetivo, foi tornar visível a campanha difamatória e injuriosa armada contra as pessoas e as organizações que lançaram o Dia do Orgulho Lésbico em 2003, tendo em vista invalidar o dia e afetar a credibilidade de suas promotoras para, entre outras coisas, por exemplo, impedir que artigos como este, que denunciam estas distorções, sejam levados em consideração. 

Cumpre finalizar lembrando que as razões para essas distorções têm motivações muito pouco auspiciosas que inclusive colocam em cheque o próprio espírito da luta de quem as produziu. Primeiro, provam a incapacidade dessas pessoas, que reivindicam da sociedade o respeito às diferenças, de respeitar as diferenças. Enquanto a motivação para a celebração do dia da visibilidade foram suas próprias qualidades intrínsecas, ele nunca saiu do papel. Quando se tratou de competir com outro dia e de, sobretudo, de tentar suprimir esse outro dia, o dia da visibilidade encontrou motivação para existir e expandir-se. Triste combustível esse. 

E esse afã supressor parte do mesmo princípio que levou a tantos na história a acreditar no Deus único, no partido único, em tantas outras balelas únicas, cuja unicidade sempre precisou ser mantida às custas de muitas guerras morais ou materiais. No caso dessa pendenga dos dias lésbicos, não fosse por esse afã supressor de inspiração claramente fascista, ambas as datas seriam comemoradas por umas e outras, mais por umas, menos por outras, mas ambas seriam celebradas sem traumas por transeuntes dos dois eventos.

No entanto, fica muito difícil para as promotoras do dia da visibilidade lésbica explicar porque elas não celebram a primeira manifestação de visibilidade lésbica ocorrida no Brasil em 1983. Fica difícil explicar porque não celebram a memória da ativista (Rosely Roth) que encarnou – como ninguém – o conceito que essas pessoas têm de visibilidade lésbica. Melhor apagar todos esses incômodos questionamentos apagando a lembrança do evento que os origina.

Infelizmente, o afã supressor das promotoras do dia da visibilidade acabou criando um clima totalmente hostil à convivência entre os eventos, descambando para um vale-tudo destrutivo onde prevaleceu até agora a máxima maquiavélica de que os fins justificam os meios e a máxima goebbeliana de que uma mentira repetida mil vezes ganha foro de verdade. 

Sabemos todos que há mentiras brancas cuja elucidação não vale a pena, pois as motivações que as criaram inclusive foram positivas. Há outras mentiras, no entanto, com as quais não podemos conviver assim como há princípios que não podemos barganhar. Que se comemore o dia da visibilidade lésbica não é um problema nem o objeto desse artigo, mas que ele pelo menos se sustente em sua realidade histórica e não em inverdades que atingem historica e moralmente muito mais do que a ele mesmo.  

Publicado originalmente, no site Um Outro Olhar, em 29 de agosto de 2006
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Miriam Martinho, 69 anos, é fundadora do Movimento Lésbico no Brasil, tendo organizado as primeiras entidades lésbicas brasileiras, a saber, Grupo Lésbico-Feminista (1979-1981), Grupo Ação Lésbica-Feminista (1981-1989) e Rede de Informação Um Outro Olhar (1989....). Editou também as primeiras publicações lésbicas do país, como o fanzine ChanacomChana (década de 80) e o boletim e posterior revista Um Outro Olhar (década de 90 até 2002). Atualmente edita o site Um Outro Olhar, lançado em junho de 2004, e o blog Contra o Coro dos Contentes, lançado em junho de 2008.

Fundou igualmente o movimento de saúde lésbica no Brasil, em 1994, realizando a primeira campanha de prevenção às DST-AIDS para mulheres que se relacionam com mulheres, em 1995, e editando as primeiras publicações sobre o tema desde essa época (em 2006 publicou a 4 edição da cartilha Prazer sem Medo sobre saúde integral para lésbicas e bissexuais). Participou da organização do I EBHO (1980), organizou dois encontros LGBT nacionais (VII EBLHO/93 e IX EBGLT/97) e foi sócia-fundadora da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT-1995). Participou igualmente de vários encontros internacionais com destaque para a IX Conferência Internacional do Serviço de Informação Lésbica Internacional-ILIS (Genebra, Suiça, 28 a 31/03/1986), o I Encontro de Lésbicas-Feministas Latino-Americanas e do Caribe (Taxco, México, 1987) e a Reunião de Reflexão Lésbica-Homossexual (Santiago, Chile/ nov. 1992).

Ver também:
Tributo a Rosely Roth 
Agosto com orgulho: Repercussão do 19 de agosto na Imprensa
Agosto com orgulho: os primórdios da organização lésbica no Brasil
Orgulho Lésbico: o happening político do Ferro's Bar (edição 2022)

L, o Musical: espetáculo teatral que aborda vivências lésbicas

sexta-feira, 25 de agosto de 2017 0 comentários


Crítica: L, o musical fala de estupro e lesbofobia sem perder o humor
Espetáculo fica em cartaz na capital até o dia 1° de setembro
Como falar de preconceito e de crimes como o chamado 'estupro corretivo', que é cometido contra mulheres lésbicas, numa comédia musical? A ideia do diretor Sérgio Maggio era interessantíssima desde o começo: realizar uma montagem que tivesse como personagens 'mulheres que amam mulheres' e cuja dramaturgia dialogasse com o repertório da MPB.

Sem cair num tom panfletário, L, O Musical é um espetáculo que brinda a vida e exalta a liberdade, o desejo e os afetos femininos, e está lotando o teatro do Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília (CCBB) com total entusiasmo e engajamento do público. Na capital federal, fica até 1º de setembro; depois segue outubro, novembro e dezembro no Rio de Janeiro, janeiro e fevereiro em São Paulo, março e abril em Belo Horizonte.

Despretensioso, o texto é bem construído e conectado com o conteúdo de canções de compositoras brasileiras, muitas delas lésbicas assumidas, como Angela Ro Ro, Zélia Duncan e Adriana Calcanhotto. A agulha e a linha – conduzidas por Maggio e pelo diretor musical Luis Filipe de Lima, com o diretor-assistente Jones de Abreu – alinhavam bem uma narrativa às outras.

O público é apresentado a um momento da história de Ester Rios (a histriônica novelista interpretada por Elisa Lucina); sua ex-amante, a atriz Ruth D’Almeida (Ellen Oléria); a coautora de novelas Anne, (Renata Celidônio), que é casada com um homem mas se descobre apaixonada por Ester; e a namorada de Ruth, a militante LGBT Simone (Gabriela Correa). No elenco ainda estão Tainá Baldez (Elle, filha de Ruth) e Luiza Guimarães (Xena/Léa/Pietra/Felipa).

Com cenário simples assinado por Maria Carmen de Souza – basicamente um tablado redondo, manequins de vitrine, uma cortina diáfana branca, almofadas e, em posição privilegiada, a maravilhosa banda composta por mulheres – a montagem utiliza de rápidos movimentos de palco das coxias para o proscênio (centro do palco), ou do fundo do teatro para a frente.

São destaques o desenho de luz de Aurélio de Simoni e o trabalho de movimento e coreografia realizado pela experiente bailarina, atriz e diretora Ana Paula Bouzas, que permitiu mesclar os tempos e locais diversos das cenas que movimentam a trama em espaço tão exíguo. Sara Mariano fez um ótimo trabalho de preparo vocal com as atrizes, que são acompanhadas pelas tarimbadas musicistas Carolina Setubal (baixo), Marlene Lima (guitarra), Nathália Reinehr (bateria) e Janá Sabino (teclado).

Criado pelo coletivo Criaturas Alaranjadas Núcleo de Criação Continuada, o musical se opõe à intolerância e à lesbofobia, e mostra as peripécias de Ester, Ruth, Anne, Simone, Elle, Filipa, Léa e Xena sob a perspectiva de mulheres que amam mulheres. No texto, palavras jocosas são ditas com naturalidade e cumplicidade humorada do público, e as piadas envolvem o “universo sapatão”.

Há diversas citações e referências, como por exemplo a menção à peça e filme As lágrimas amargas de Petra von Kant, do alemão Rainer Fassbinder, que tem protagonistas lésbicas e, no Brasil, teve uma premiadíssima montagem com Fernanda Montenegro e Renata Sorrah nos papéis principais na década de 80.

No meio do musical, há um exercício de metateatro com uma cena original mesclada a uma de 'As lágrimas'. O nome da personagem Filipa, por sua vez, é, provavelmente, uma referência a Filipa de Sousa, portuguesa acusada de “práticas nefandas”, leia-se acusada de ser lésbica, pelo Santo Ofício na Bahia, no século XVI.

O fato de o diretor ser um homem não mudou nada a proposta de se falar desse universo feminino tão específico. É visível que, no processo criativo, as intérpretes puderam brincar com o texto. As intervenções de Ellen Oléria e Elisa Lucinda são muito orgânicas, assim por dizer, e revelam uma total cumplicidade e um elo afetivo que se estende às outras atrizes. Renata Celidônio também se destaca pelo desempenho vocal, agilidade e timing de humor.

Responsável por muitos dos momentos mais engraçados da peça, Luiza Guimarães interpreta Xena Charme, a produtora que recebe o público; a youtuber Léa Secret (que aparece em hilárias inserções durante a montagem); Filipa e Petra. É também uma das atrizes atuantes em Brasília (junto com Gabriela Correa e Tainá Baldez) que a montagem levará como grata revelação ao público e imprensa cariocas.

Em sua segunda direção de musicais (o primeiro foi Eu vou tirar você deste lugar – As canções de Odair José), Sergio Maggio obteve um resultado muito mais consistente e conseguiu a proeza de um espetáculo leve, engraçado, e ao mesmo tempo engajado, em que o público se envolve, bate palmas em cena aberta e parece absorver com prazer as mensagens cidadãs embaladas como biscoito fino.

Serviço
L, o musical
Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Tc 2). Até 1º de setembro, de quarta a domingo, às 20h. Nos dias 13/8 e 19/8, sessão extra, às 16h30. Não recomendado para menores de 16 anos.

Lésbicas relatam preconceito em atendimento ginecológico

quinta-feira, 24 de agosto de 2017 0 comentários

Para saber mais sobre saúde lésbica

Então você é virgem?": lésbicas relatam preconceito no atendimento médico
Era a primeira vez que eu ia naquele ginecologista e logo que entrei na sala, ele começou a fazer as perguntas de praxe: idade da primeira relação sexual, da primeira menstruação, quando havia sido a última... Até que perguntou se eu tinha namorado. Como imaginei que era importante, respondi: 'Não, tenho namorada'. Ele parou, levantou a cabeça, estirou o braço em direção à porta e disse: 'Então sai do meu consultório'".
Quem passou por isso foi a jornalista Camila Souza, 28, há três anos. Ela ficou sem reação ao ouvir as palavras do médico, que acabou decidindo deixar que ela ficasse e continuou a consulta. 
Daí para frente, foi um festival de todos os preconceitos contra lésbicas que você pode imaginar. Ele perguntou se eu já tinha tido relação heterossexual. Como achei que fosse uma informação relevante para a consulta, respondi que sim. A resposta dele foi: 'Poxa, mas foi tão ruim assim?'", lembra.
Até hoje me sinto muito culpada por não ter reagido à altura. Cheguei a fazer uma denúncia administrativa desse médico para a Defensoria Pública do Estado, mas confesso que não fui atrás de ver no que deu", lamenta.
Histórias como a de Camila são comuns entre mulheres lésbicas e bissexuais, que contam encontrar no consultório com frequência preconceito e desinformação.

"Lésbica? Não parece!"
Todas as vezes em que fui a uma consulta, sempre fui tratada como se fosse hétero. E quando falo que sou lésbica, as médicas ficam muito surpresas, pois aí entra a questão da minha aparência não ser o que elas esperam de uma 'sapatão'", diz a publicitária Lorena Costa, 28, que passou por quatro profissionais nos últimos seis anos, em busca de um atendimento mais acolhedor -- que ainda não encontrou.
Outra faceta desse preconceito está na fetichização do sexo entre mulheres. 
Quando você fala que é lésbica, o médico homem muda a forma como te olha e trata", diz a empresária Renata Coor, 39
Alguns médicos deram risada na minha cara, outros ficaram roxos de vergonha, como se fosse um absurdo. Já ouvi comentários preconceituosos como 'Tem certeza?' ou 'Lésbica? Não parece!', e recebi até olhares provocativos de um médico homem que me fez sentir assediada e com muito medo", conta a doula e ativista lésbica Gabriela Torrezani, 25.
Situações do tipo fazem com que as mulheres não fiquem confortáveis para falar de todas as questões de que precisam com os médicos. Além disso, presumir que elas são hétero pode levar a indicação errada de métodos anticoncepcionais. 
Muitas pacientes relatam que, mesmo falando que são lésbicas, foram orientadas a tomar pílula", conta a médica da família Luiza Cadioli, do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde.
"Sexo entre mulheres não é sexo"
Eu estava lá, de perna aberta para o exame, quando a médica me perguntou se eu tinha relação sexual regularmente. Eu disse que sim, com minha namorada. Ela então me falou para descer da maca porque não podia me examinar, já que eu era virgem", conta a professora Tamyris Rodrigues, 29.
A visão de que o sexo entre mulheres não é sexo, e sim preliminares, é outra questão que atrapalha as consultas ginecológicas das lésbicas, com o pressuposto de que não há necessidade de lidar com doenças sexualmente transmissíveis. Mas não é bem assim.

Deixar de pedir exames pode significar o não diagnóstico de uma doença em estágio inicial.
Apesar de existir menor incidência de algumas doenças entre lésbicas, toda mulher tem chance de desenvolver câncer de colo de útero, por exemplo. Ficar sem fazer o papanicolau pode favorecer o desenvolvimento do câncer, pois aumentam as chances de não encontrar as alterações no início", explica Luiza Cadioli.
O médico deve perguntar, não pressupor

Segundo Guilherme Almeida, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e coordenador técnico do curso Política de Saúde LGBT da UNA-SUS, apesar de existirem poucos estudos sobre o tema, há um consenso de que há um problema:
Há falha no acolhimento das mulheres lésbicas e bis. Mas é preciso mudar isso, pois tem implicações que vão além das doenças. Sexualidade é uma dimensão importante do bem-estar dos indivíduos".
Basicamente, o atendimento deve ser feito de modo a respeitar a diferença, mas sem preconceito. 
A abordagem do profissional deve ter escuta, acolher, perguntar e não pressupor", explica Guilherme Almeida. Caso haja constrangimento, a mulher deve "educar" o médico. "É difícil, mas ela deve deixar claro que conhece seus direitos e reivindicar isso, dizer que não é virgem, e que quer fazer o papanicolau", diz Luiza.
Além das orientações sobre prevenção de doenças e pedidos de exames, os profissionais também devem estar preparados para aconselhar mulheres lésbicas em relação a práticas sexuais. Outro ponto importante: caso nunca tenha havido penetração, a coleta do papanicolau pode ser feita com equipamento específico, que não rompe o hímen.

Lésbicas podem pegar DST, inclusive a Aids

Lésbicas também podem pegar DSTs por meio do contato entre genitais, do sexo oral, do uso de acessórios sexuais, bem como na penetração com mãos, próteses, vibradores e outros brinquedos eróticos.
Apesar da menor incidência, há relatos de infecção por HIV pelo compartilhamento de acessórios. Outras DSTs, como hepatite, podem ser transmitidas", diz Guilherme Almeida.
É importante lembrar que a minoria usa algum método para se prevenir de doenças, achando que é desnecessário", ressalta Desireé Encinas, ginecologista da clínica Casita.
A médica ressalta algumas estratégias que podem ser usadas:
1.Preservativo masculino em acessórios eróticos de penetração, que deve ser trocado sempre que for compartilhar;
2.Usar camisinhas ou luvas em dedos, principalmente se houver lesão na pele;
3.Usar filme plástico ou camisinha feminina para o sexo oral e o contato entre as vulvas.
Ver mais formas de prevenção clicando aqui

Fonte: UOL, por Helena Bertho, 23/08/2017

Prefeitura de São Paulo realiza casamento coletivo igualitário em novembro

quarta-feira, 23 de agosto de 2017 0 comentários



Para atender a uma necessidade da comunidade LGBT, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania irá realizar o “Casamento Igualitário Coletivo”. A ação tem como objetivo afirmar para a sociedade o direito ao instituto do casamento para todos. As pessoas interessadas podem fazer inscrição nos Centros de Cidadania LGBT de 18/08 a 11/10.
O casamento igualitário é um direito já reconhecido e, neste sentido, o poder público tem papel fundamental para democratizar o acesso, dar visibilidade e dialogar com a população”, explica a Secretária de Direitos Humanos e Cidadania, Eloisa Arruda.
A iniciativa da Secretaria é parte da campanha “São Paulo Com ReSPeito”, que busca resgatar a dignidade das pessoas LGBT e dialogar sobre inclusão e respeito.

A ação recebe apoio da OAB Jabaquara, Pinheiro Neto Advogados, Castro Burger, Machado Meyer Advogados, Defensoria Pública e do Club Homs, onde será feita a celebração do “Casamento Coletivo Igualitário” em 26/11.

Serviço:


Centro de Cidadania LGBT Arouche
Rua do Arouche, 23, 4º andar, República
Segunda a sexta-feira, das 9h às 19h
Telefone: (11) 3106-8780
centrodecidadanialgbt@prefeitura.sp.gov.br

Centro de Cidadania LGBT Laura Vermont (Zona Leste)
Avenida Nordestina, 496 – São Miguel Paulista
Segunda a sexta-feira, das 9h às 19h
Telefone: (11) 2033-1156 I 2031-1784
centrolgbtleste@prefeitura.sp.gov.br

Centro de Cidadania LGBT Luana Barbosa dos Reis (Zona Norte)

Rua Plínio Pasqui, 186, Parada Inglesa
Segunda a sexta-feira, das 9h às 19h
Telefone: (11) 2924-5225 | 2894-2957
centrolgbtnorte@prefeitura.sp.gov.br

Centro de Cidadania LGBT Sul
Rua São Benedito, 408 – Santo Amaro – São Paulo-SP
Segunda a sexta-feira, das 9h às 19h
Telefone: (11) 5523-0413 | 5523-2772
centrolgbtsul@prefeitura.sp.gov.br

Casamento igualitário à vista no Chile

terça-feira, 22 de agosto de 2017 0 comentários


Governo chileno apresentará projeto de casamento igualitário

ROMA, 21 AGO (ANSA) – A presidente do Chile, Michelle Bachelet, apresentará nesta segunda-feira (28) um projeto de lei para casamento igualitário, que incluirá também a filiação e a adoção por homossexuais. 

A organização que defende e promove os direitos da diversidade sexual no Chile, Movimento de Integração e Liberdade Homossexual (Movilh), comentou em um comunicado que a data de apresentação do projeto ao Parlamento chileno foi acordada junto com o Executivo do país. 

Essa medida também firma uma relação “amistosa” entre o Estado e a organização, que processou o coletivo diante da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). 

No meio desta polêmica, a presidente Bachelet anunciou no dia 1 de junho o envio da lei de casamento igualitário para o segundo semestre deste ano, dando cumprimento a uma de suas promessas de campanha eleitoral em 2013. 
Os convites ao ato de apresentação do projeto de lei no Palácio de La Moneda já foram enviadas à CIDH e, a partir da próxima semana, serão entregues a mais pessoas”, confirmou o dirigente do movimento Movilh, Rolando Jiménez. 
Jiménez também anunciou que, na próxima semana, irá conversar com o governo para analisar os conteúdos do projeto de lei.(ANSA)

Fonte: IstoÉ (via ANSA), 21/08/2017

Para retratar homofobia dos anos 90, a série American Crime Story reviverá o assassinato do estilista Gianni Versace

quarta-feira, 16 de agosto de 2017 3 comentários

Edgar Ramírez interpretará o estilista Gianni Versace

Série sobre assassinato de renomado estilista italiano quer mostrar 'homofobia da época'
'Gianni Versace: American Crime Story' contará a história da misteriosa morte de Gianni Versace

A série The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story, sobre a morte do célebre estilista italiano, com Penélope Cruz e Ricky Martin, vai retratar "a homofobia da época", explicou seu produtor, Ryan Murphy.

Gianni Versace, interpretado pelo sex symbol venezuelano Edgar Ramírez, já era dono de um império de luxo quando foi assassinado nas escadas de sua exuberante mansão em Miami Beach em julho de 1997, aos 50 anos, por Andrew Cunanan, por motivos que até hoje são um mistério.

Cunanan assassinou pelo menos outras cinco pessoas, uma após a outra, e se suicidou poucos dias após ter matado o carismático estilista.
Andrew Cunanan conseguiu cruzar o país e escolher suas vítimas, a maioria homossexuais" sem que nada interferisse em seu plano "devido à homofobia da época", garante o produtor da minissérie American Crime Story, cuja primeira temporada reconstruiu o julgamento de O.J. Simpson e foi aclamada pela crítica, além de receber vários prêmios.
Versace "tinha dado uma entrevista com seu parceiro e por isso foi morto" pelo serial killer, afirmou o coprodutor, Brad Simpson, numa coletiva da emissora FX, no seminário da Associação de Críticos de Televisão (TCA, em inglês).
 
Ricky Martin viverá Antonio D'Amico, namorado de Versace 

O namorado de Versace é interpretado na série pelo cantor Ricky Martin. Penélope Cruz dá vida à irmã do estilista, Donatella.
Gianni era muito compulsivo com o trabalho, quase obsessivo, mas no resto da vida era ao contrário. Comia uma banana e jogava a casca no meio do chão, tomava uma ducha e deixava a toalha largada", e Antonio D'Amico, seu parceiro, sempre estava lá para cuidar dele, lembra Ricky Martin.
Sua história de amor "me toca de maneira muito pessoal, estou muito feliz por ter podido viver isso", disse o porto-riquenho, visivelmente emocionado.

O "docudrama" que será exibido pela FX no ano que vem é uma adaptação de um livro escrito pela jornalista Maureen Orth, que afirma que Versace era portador do vírus da aids.

Ryan Murphy lembra que "naquela época você podia perder tudo se tivesse HIV". Boa parte da série foi rodada na luxuosa mansão do estilista na costa de Miami. Outra parte material ainda está sendo gravada nos estúdios da Fox em Los Angeles, onde a mansão foi minuciosamente recriada, inclusive as extravagantes pinturas de inspiração greco-romana.

A série de TV também recriou os desfiles de moda da marca de Versace.

A terceira temporada de American Crime Story vai tratar do furacão Katrina e a lenta resposta das autoridades dos Estados Unidos diante da catástrofe.

Fonte: Estadão, 12/08/2017

Aumento de casos de violência homofóbica na Alemanha

terça-feira, 15 de agosto de 2017 0 comentários

Sombra em bandeira de arco-íris
Delitos teriam aumentado 30% em um ano, dizem autoridades alemãs

Alemanha vê aumento nos casos de violência homofóbica
Delitos contra gays e lésbicas sobem 27% em relação a 2016. Ativistas denunciam que crimes de ódio contra homossexuais e transexuais viraram rotina no país.

A Alemanha registrou no primeiro semestre deste ano 27% mais casos de violência contra gays e lésbicas do que no mesmo período do ano anterior, segundo relatório do Ministério do Interior divulgado nesta quarta-feira (09/08) pela imprensa alemã.

Nos primeiros seis meses do ano, foram registrados 130 delitos contra homossexuais, bissexuais, intersexuais e transexuais. Em 2016, houve 102 ataques homofóbicos no mesmo período.

A Associação de Homossexuais e Lésbicas (LSVD, sigla em alemão) exigiu do próximo governo alemão, a ser eleito em setembro, a implementação de um programa nacional contra a violência homofóbica.

Segundo a organização, os crimes de ódio contra homossexuais e transexuais são rotina no país. 
Uma sociedade aberta precisa garantir que todas as pessoas possam ser diferentes o tempo todo, em todo lugar, sem medo de hostilidades", diz a declaração do LSVD.

Para a associação, os números divulgados pelo Ministério do Interior alemão não dão conta da realidade, já que nem todo ataque é denunciado no país. O grupo pediu melhorias nos procedimentos de denúncia e uma comunicação permanente entre a polícia e a comunidade gay.

Nos primeiros seis meses do ano, foram registradas investigações contra 70 suspeitos, em comparação com 58 no mesmo período de 2016. Dos 130 delitos de 2017, 29 foram lesões corporais, 30 se enquadram na definição de "outros delitos de violência".

Também houve 25 casos de incitação ao ódio, sete casos de abuso, seis delitos de propaganda e cinco casos de dano patrimonial. Além disso, registraram-se três casos de roubo e um de extorsão.

Segundo os números do ministério, 35 dos delitos teriam tido motivação política de alinhamento à direita. Um caso foi motivado por "ideologia estrangeira" e mais quatro casos foram motivados por "ideologia religiosa". Os 90 casos restantes não puderam ser atribuídos a nenhuma intenção.

Em Berlim, o deputado verde Volker Beck, que solicitou a divulgação dos dados, afirmou que o aumento dos crimes de homofobia na Alemanha é uma "prova de incapacidade do trabalho de prevenção do governo".

Em referência à legalização do casamento de pessoas do mesmo sexo na Alemanha, em junho, Beck disse:
Agora, temos os mesmos direitos, mas a possibilidade de desenvolvimento igualitário exige que sejamos livres do temor de violência e discriminação."
O ministro alemão da Justiça, Heiko Maas, disse ser "vergonhoso que o número de crimes de homofobia tenha crescido na Alemanha". O político social-democrata exortou a sociedade alemã a combater a homofobia unida. "A homofobia não pode ter nenhuma chance na nossa sociedade", afirmou.

Discriminação sofrida quando saiu do armário, levou Ellen DeGeneres à depressão profunda

segunda-feira, 14 de agosto de 2017 0 comentários

A apresentadora Ellen DeGeneres diz ter entrado em depressão pelo bullying que sofreu em Hollywood quando revelou ser lésbica. Foto: Reuters / Jonathan Ernst

Ellen DeGeneres diz ter entrado em depressão pelo bullying que sofreu em Hollywood
A apresentadora revelou ser lésbica em 1997 e sofreu com as reações do público e de colegas de profissão

A apresentadora Ellen DeGeneres revelou que passou por depressão profunda por conta do bullying que sofreu após revelar ser lésbica, em 1997. “Todo o bullying que sofri [em Hollywood] quando revelei ser lésbica compensou a falta dele na minha infância”, disse Ellen à revista norte-americana Good Housekeeping. O depoimento foi reproduzido pela revista People, que teve acesso a trechos da entrevista que serão publicados na edição de setembro da Good Housekeeping.
Eu me mudei de Los Angeles, entrei em uma depressão profunda e tive que visitar terapeutas e tomar antidepressivos pela primeira vez na minha vida”, revelou a apresentadora.
Todo o processo de Ellen para se revelar lésbica foi alvo de intensa cobertura da imprensa na época. A apresentadora concedeu entrevistas à revista Time e a programas como o comandado pela apresentadora Oprah Winfrey. Outro passo que causou comoção foi o episódio The Puppy Episode, da série Ellen, que foi ao ar em abril de 1997. Nele, a personagem principal Ellen Morgan (interpretado por DeGeneres) também revelou ser gay. Apesar de aproximadamente 44 milhões de pessoas terem assistido ao episódio, quase três vezes a audiência normal, a série foi cancelada um ano depois.
Foi um momento assustador e solitário”, disse Ellen sobre o cancelamento da série. “Eu trabalhei incessantemente por 30 anos e, em um piscar de olhos, eu não tinha mais nada. Eu fiquei brava porque senti que foi uma injustiça comigo, eu era a mesma pessoa de antes de revelar que era lésbica”, desabafou.
Eventualmente eu comecei a melhorar: fiz meditação, me exercitei e comecei a escrever novamente. Hoje eu não acredito como saí daquele buraco e onde cheguei”, disse a apresentadora sobre o bem-sucedido The Ellen DeGeneres Show e sobre ter apresentado a premiação do Oscar em 2014. “Atualmente eu não ligo para o que as pessoas falam de mim. Meu lema é: ‘você pode estar comigo ou não’”, finalizou.
Fonte: Estadão, 10/08/2017

No “Altas Horas”, Bruna Linzmeyer diz que ignora comentários maldosos por namorar mulher

sexta-feira, 11 de agosto de 2017 0 comentários


Bruna Linzmeyer ignora comentários maldosos por namorar mulher: ‘Não me interesso por ódio’ 

Após tornar público seu namoro com Priscila Visman, Bruna Linzmeyer se tornou alvo de críticas e ataques homofóbicos na web. No entanto, todos os comentários maldosos sobre seu relacionamento com outra mulher não a incomodam e são completamente ignorados por ela.
Não leio porque não me interesso por esse ódio. Esse ódio é um sintoma da nossa sociedade, não é sobre mim e minha namorada”, explicou a atriz durante sua participação no programa “Altas Horas”, que foi ao ar no último sábado (05). 
Eu vivo em uma bolha de muito amor, mas a gente tem que estar atento ao respeito. Eu me apaixonei por uma pessoa, não importa o sexo que ela tem”, continuou Bruna que está dando vida à personagem Cibele, da novela ‘A Força do Querer’. Linzmeyer também falou sobre o apoio que recebeu de seus familiares ao assumir uma relação homoafetiva desde seu antigo envolvimento com a cineasta Kity Féo, 24 anos mais velha: 
Talvez porque eu esteja em uma bolha em que rola uma identificação muito grande. A gente vive em um país em que precisamos falar sobre isso”, continuou sob a atenção da plateia. 
Condição sexual 

A respeito de sua condição sexual, a atriz se considera uma pessoa livre, já que namorou durante quatro anos o ator Michel Melamed, com quem ainda mantém forte amizade e namora atualmente a atriz Letícia Colin. 
Gosto de homens, de mulheres, de pessoas. Eu me apaixono e me interesso pelo ser humano, não importa que sexo ele tenha. Não há o que esconder. E, se alguém não quiser trabalhar comigo por preconceito, eu vou achar até bom. Quero conviver com pessoas que acreditem num mundo melhor, e o mundo melhor em que eu acredito é esse em que gente não tenha preconceito de namorar alguém do mesmo sexo”, afirmou Linzmeyer. 


Fonte:  Jetss Brasil, 07/08/2017

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