Lésbica sul-africana estuprada para "virar" mulher

sexta-feira, 24 de agosto de 2018 0 comentários

Mulher lésbica sul-africana desabafou sobre ter sido vítima de estupro corretivo
pelo pai e tio a fim de “torná-la” uma mulher heterossexual Crédito: Arquivo Pessoal

Lésbica é estuprada por pai e tio para fazer ela ‘virar’ hétero
A jovem sul-africana desabafou sobre a violência sofrida nas redes sociais e seu relato acabou viralizando na web

Estupro por correção ou estupro corretivo é uma prática que visa reverter a orientação sexual de mulheres lésbicas (principalmente, embora homens gays também sejam vítimas de tal ato criminoso) através do sexo forçado com pessoas do sexo oposto. Uma jovem sul-africana chamada Mubizana relatou ter sido vítima desse tipo de crime que foi praticado tanto por seu pai quanto pelo seu tio, na tentativa de “transformá-la” em uma mulher heterossexual.

Através de seu perfil nas redes sociais, Mubizana desabafou sobre os abusos sofridos quando ela ainda era menor de idade e o relato acabou viralizando na web, sendo notícia em sites internacionais.
“Eu tinha 15 anos quando meu pai entrou no quarto e abusou de mim pela primeira vez. Nunca pensei que um pai seria capaz disso com uma filha”, iniciou ela ao compartilhar sua história. “Ele disse: ‘minha filha, eu odeio sua conduta e vou te mostrar que você é mulher e não homem. Você é mulher então deve fazer isto [sexo] com um homem’”, continuou.
Eu sabia que ele era homofóbico e odiava que eu fosse lésbica. Após o ato ele sempre me ameaçava dizendo que se eu tentasse denunciá-lo, ele diria à polícia que eu é que o seduzia. Eu era muito nova e tinha medo de me colocar contra ele”, afirmou.
Ainda hoje estas imagens me vêm à mente. Ele justificava suas ações usando frases religiosas como ‘seu pai lhe ama e quer que você seja uma pessoa de Deus’, ‘Deus criou Adão e Eva’. Houve um dia ainda em que meu tio veio em casa e os dois abusaram de mim. Eu me sentia tão fraca que nem chorar conseguia mais. Cheguei a tentar suicídio”, contou.
Mubizana conclui seu relato afirmando que se sentia impotente e que até denunciou seus agressores, mas nenhum deles chegou a ser preso. Ainda hoje, ela afirma que não conseguiu superar os traumas da violência sofrida na adolescência e que o sexo lhe “traz de volta péssimas memórias”.
Como denunciar assédio sexual ou estupro?

O assédio contra mulheres envolve uma série de condutas ofensivas à dignidade sexual que desrespeitam sua liberdade e integridade física, moral ou psicológica. Lembre-se: onde não há consentimento, há assédio! Não importa qual roupa você esteja vestindo, de que modo você está dançando ou quantas e quais pessoas você decidiu beijar (ou não beijar): nenhuma dessas circunstâncias autoriza ou justifica o assédio.

Pai e filho criam loja virtual de produtos LGBT

quinta-feira, 23 de agosto de 2018 0 comentários


Como uma loja virtual uniu pai e filho em torno da causa LGBT

Enquanto a maioria das empresas procura sentidos maiores do que somente o lucro e a venda de seus produtos, algumas já nascem cheias de propósito, como marcas que vão muito além do mero comércio. É o caso da Logay, uma loja virtual que orgulhosamente oferece produtos personalizados com o tema e principalmente a causa LGBT. Se o propósito já é evidente desde o conceito, os nomes por trás da marca tornam o sentido da Logay verdadeiramente comovente: Flávio e Henrique Chirichella, antes de serem sócios da loja, são pai e filho.

A história da Logay é, portanto, também a trajetória de vida do jovem Henrique, da imensa dificuldade que teve em se aceitar enquanto homossexual, e da bonita relação dele com seus pais, que não só o apoiaram como também tornaram-se sócios em sua causa e empreitada comercial – pois a terceira sócia da empresa é sua mãe.

Antes de se aceitar, se afirmar e abrir a loja – que vende os mais variados produtos, como camisetas, chinelos, quadros, shorts e canecas com a temática principal da bandeira do arco-íris – Henrique precisou deixar o país por alguns anos para conseguir se encontrar em sua própria identidade sexual.

Foi diretamente da Inglaterra que, pela internet, ele saiu do armário para seus pais. Em sua viagem, além do mergulho para dentro de quem era, Henrique também encontrou diversas lojas e marcas que justamente contemplavam produtos especificamente desenvolvidos para e sobre a comunidade LGBT. Uma simples pulseira com a bandeira do arco-íris, que ele ganhou na viagem, tornou-se um símbolo de sua luta e da representatividade. Quando voltou ao Brasil, percebeu que havia perdido a pulseira, e que não conseguia encontrar outra similar para comprar.


Ao mesmo tempo que lamentou a perda, um amigo de Henrique, que estava para se casar, comentou sobre como não conseguia encontrar bonequinhos com dois noivos para colocar em cima de seu bolo de casamento. As duas demandas reprimidas se encontraram em sua cabeça como uma epifania, uma faísca que acendeu a ideia de ele próprio criar a oferta para tais desejos. Aproveitando que o pai, um ex-executivo, estava considerando deixar as empresas que trabalhava, todos os propósitos se uniram – a família se reuniu ao redor do filho, de uma causa tão nobre, e de um evidente potencial comercial. Assim nasceu a Logay, e o pai executivo e o filho, estudante de cinema, tornaram-se sócios.

A loja é especializada em produtos que abraçam a diversidade, a tolerância, o respeito e o amor, promovendo a inclusão. Dedicados às pessoas que tem orgulho e coragem de ser quem realmente são, enfrentando adversidades através de pequenos e grandes gestos, os produtos da linha Pride – que trazem a bandeira do arco-íris como ilustração principal – são o carro-chefe da Logay. Uma única frase de Henrique poderia resumir, no entanto, o espírito por trás da empreitada: “A vida é bonita demais para ficar dentro de um armário”, ele diz, lembrando que armário é lugar somente para roupas.

A afirmação irrestrita, orgulhosa e sem vergonha é, portanto, o verdadeiro produto vendido. “As pessoas têm medo da palavra ‘gay’, e a usam como xingamento. Mas não é”, diz Henrique. “Por isso escancaramos na marca. É preciso acostumar as pessoas a falarem essa palavra”. A empresa é, portanto, uma parte do próprio Henrique, mas o negócio vem prosperando também pelo imenso e forte mercado que a marca contempla. No Brasil, estima-se que o público LGBT seja formado por 21 milhões de pessoas, com um PIB de cerca de 80 bilhões de dólares – e um potencial de compra que dobra esse PIB, de 160 bilhões.

E foi esse case profundo, misturando potencial comercial, produtos de bom gosto, um público imenso, e principalmente uma causa justa, nobre e fundamental, que pai e filho levaram para abrir a terceira temporada do Shark Tank Brasil. O programa de TV que reúne investidores diante de empreendedores que precisam do dinheiro para ampliar seus negócios se encantou e comoveu com a Logay e sua história. Os tubarões Cristiana Arcangeli, João Appolinário, Robinson Shiba, Camila Farani e Caito Maia deram seus pareceres e suas emoções a respeito da Logay, e dois investidores fizeram propostas à empresa.

Como Henrique gosta de dizer, em frase que estampa um de seus produtos, um tapete para se colocar na porta de casa: sejam “bem viados”. A terceira temporada do Shark Tank Brasil vai ao ar toda sexta-feira no Canal Sony, às 22h. As reprises acontecem sempre aos domingos, às 23h.
Fonte: Hypeness, agosto de 2018


Amanda Nunes, campeã do UFC, pediu namorada em casamento e ganhou um sim

quarta-feira, 22 de agosto de 2018 0 comentários


Campeã do UFC Amanda Nunes pede namorada em casamento: "Ela disse sim"

No sábado, dia 18/08, a campeã peso-galo (61 kg) do UFC, Amanda Nunes, revelou uma bela surpresa para seus fãs. Através do twitter, a brasileira anunciou que pediu sua namorada Nina Ansaroff, também lutadora de MMA, em casamento. E ela aceitou. 

Em breve postagem, a 'Leoa' compartilhou uma foto em que mostra o anel de noivado com a legenda: "Ela disse sim". Rapidamente, fãs e seguidores parabenizaram as lutadoras, que em breve entrarão para o grupo dos casados no MMA. 

Nina e Amanda

Ainda sem data para retornar ao octógono do UFC, Amanda é cotada para enfrentar Cris 'Cyborg', como a atração principal do UFC 232, em dezembro, num duelo que colocaria frente a frente, pela primeira vez na história da organização, campeãs de duas categorias de peso distintas.

Fonte:  Com informações de UOL Esportes e Na Grade do MMA, 18/08/2018

Pai expulsa filha de casa ao descobrir que ela vai se casar com outra mulher

segunda-feira, 20 de agosto de 2018 0 comentários

Pai rejeita a filha lésbica ao descobrir que ela vai se casar
com outra mulher Crédito: Reprodução/whatsApp


Pai expulsa filha de casa e culpa a mãe por ela ser lésbicaA jovem atualmente está morando com a família da namorada

Uma jovem de 24 anos, natural de Rio das Ostras, no Rio de Janeiro, fez um desabafo nas redes sociais, após ter sido expulsa de casa pelo seu pai, após o mesmo descobrir que ela vai se casar com a namorada. Ainda, o homem acusa a esposa por “não saber a criar os filhos” e, por esse motivo, a jovem teria se “tornado” lésbica.

Em entrevista à Catraca Livre, a mulher, que pediu para não ter a identidade revelada, relatou que já é assumida “há alguns anos, mas meus pais são daqueles que preferem fingir que não existe isso e nem comentam”.
Tudo estava bem enquanto ninguém sabia do relacionamento, mas quando falei do casamento, meio que surtaram e já não estavam falando direito comigo. A história todo ocorreu no dia que mandei os convites [do casamento]”, contou.
Ao saber da notícia do noivado e de que sua filha está prestes a oficializar união homoafetiva, o pai dela “surtou” e, através de mensagens via WhatsApp, ele pediu para que ela saísse de sua residência e deixasse o carro que ela costumava usar para trabalhar como motorista da Uber.
“Vou escrever porque a minha decepção é tanta que nem consigo falar. Não, em momento algum, jamais, nunca, nem nessa nem em outra vida sua avó ficaria feliz com isso [o casamento]. Ainda bem que ela morreu!, pois seria muita decepção para ela”, iniciou o pai.
“Bom, vou falar de mim, eu não concordo, jamais em toda minha vida até aqui pelo menos, nunca tive uma decepção tão grande. Não diga que me ama, pois não machucamos jamais a quem realmente amamos”, continuou.
“Você lembre-se que nesse momento você está fazendo uma escolha entre mim e a ‘sapatão’ que eu nem sei nem quero saber quem é, nunca traga ela na minha casa, pois a mesma não será recebida. Minha casa minha lei”, afirma.
"Você matou seu pai perante toda a família [porque ela anunciou o casamento em um grupo do aplicativo de mensagens instantâneas com membros da família], não se dirija mais a mim, se ainda tiver um pouquinho de vergonha nessa sua cara, não frequente também minha casa”, disse ela à filha.
“Espero que apesar disso, seja feliz com a nova família que você escolheu. Apesar de estar muito triste, como se tivesse sido apunhalado, não desejo mal, infelizmente você e seus irmãos não tiveram uma mãe de verdade, uma mãe que desse a vocês educação o suficiente para não se misturar com o que não presta, e a única culpada por isso [é a mãe e consequentemente esposa do mesmo]”, completou o homem, ressaltando que, se um dia a filha se “arrepender”, ele a receberá de “braços abertos”. Do contrário, prefere “a morte”.


Atualmente, a jovem está morando na casa da sogra e deve casar em breve com a namorada que conheceu este ano. Ela disse que após o incidente sua mãe entrou em contato, e afirmou que ela pode voltar para casa quando quiser. No entanto, segundo contou, ela não pretende voltar a dividir teto com o pai.

Fonte: Catraca Livre, 14/08/2018

19 de Agosto: Primeira Manifestação lesbiana contra a discriminação no Brasil

sexta-feira, 17 de agosto de 2018 4 comentários

 Roseli: "Nós sustentamos este bar e temos direito de vender nosso jornal"

O dia 19 de agosto de 1983 marca a data da primeira manifestação protagonizada por lésbicas contra a discriminação, em nosso país, e lançada, em 2003, como dia do orgulho das lésbicas brasileiras.

Para lembrar a data e a história da organização lésbica no Brasil, listamos dois artigos da época, um escrito pelo jornalista Carlos Brickmann e publicado na Folha de São Paulo em 21 de agosto de 1983; o outro pela jornalista Vanda Frias e publicado no boletim Chanacomchana, n. 4, agosto/setembro de 1983. Ambos descrevem o evento e um pouco da história do Ferro's Bar que, por décadas foi o point de encontro das lésbicas não só paulistanas como de todo o Brasil. 

Ao fim da postagem, o vídeo que também resume a história da famosa invasão e links para outras publicações relativas.

A noite em que as lésbicas invadiram seu próprio bar

CARLOS BRICKMANN

São 22hl5, sexta-feira. Faz frio na rua Martinho Prado. Na calçada, um grupo de moças aguarda pacientemente o momento de entrar em ação. Rosely, a líder, anuncia que chegou a advogada. Está tudo pronto: a um sinal, as lésbicas invadem o Ferro's Bar.

Houve alguma resistência, logo vencida. O porteiro, assim que começou a invasão, fechou as portas e segurou-as com o corpo. Dentro do bar, tumulto total: gritos de "entra, entra", tentativas inúteis de parlamentar com o porteiro, um discurso da vereadora Irede Cardoso que, doente, saiu de casa só para apoiar a manifestação. Alguém força a passagem, o porteiro empurra violentamente dois rapazes, enfia a mão no rosto da militante Vanda. De repente, cessa a resistência: alguém tirou o boné do porteiro e o atirou no meio das mesas. Enquanto, desesperado, o porteiro sai atrás do boné, completa-se a invasão.

Estranho, muito estranho: se o Ferro' s Bar é há mais de vinte anos o ponto de encontro preferido das lésbicas da cidade, por que elas precisaram invadi-lo?

O grande desquite

O Ferro's Bar é um dos melhores exemplos de má decoração que existem em São Paulo. Chão amarelo não muito limpo, de cacos de cerâmica; paredes com azulejos azuis até à metade e terríveis pinturas multicoloridas na parte superior; enfeites de gesso creme que certamente conheceram melhores tempos; e colunas revestidas em baixo de fórmica branca, no meio de fórmica azul, no alto de pastilhas espelhadas. Isso é compensado pela comida, boa — embora um pouco oleosa — e relativamente barata. Em outras épocas, foi reduto de jornalistas, escritores e prostitutas; depois, de homossexuais masculinos; finalmente de lésbicas.

Uma relação tumultuada, sempre. No início da década de 70, julgando-se maltratadas, as lésbicas se mudaram para um bar na Galeria Metrópole. Os donos do Ferro's lhes pediram que voltassem, prometendo melhor tratamento; foram atendidos. Alguns anos depois, num incidente meio nebuloso, uma jovem levou uma garrafada; há poucos dias, um rapaz dirigiu algumas grosserias a uma moça, que reagiu, apanhou e teve de tomar seis pontos no rosto (e, segundo as frequentadoras, os garçons do bar impediram que alguém interrompesse a surra).

A gota d’água viria no dia 23 de julho. As militantes do Grupo Ação Lésbica Feminista entraram no bar para vender seu jornal, que tem o sugestivo título de "Chana com Chana" — o leitor tem liberdade para imaginar o que quer dizer. No momento em que faziam o discurso de apresentação do jornal, foram postas para fora do bar. "O dono proibiu nossa entrada', informa Rosely. "Não proibi nada, nem a venda do jornal", rebate Aníbal, um dos sócios do Ferro's. "Só não quero tumulto. Ou então daqui a pouco vem gente querendo vender colchão aqui dentro. Não dá, não é?"

Não era bem verdade; tanto a entrada das moças estava proibida que na noite da invasão o porteiro fechou-lhes a porta na cara. O fato, porém, é que colocá-las fora do bar por pouco não custou o rompimento definitivo do velho casamento entre as lésbicas e o Ferro's.

Final feliz

Roseli é uma morena bonita, alta, de 23 anos e grande capacidade de mobilização. Embora o movimento rejeite lideranças, ela encabeçou o protesto: "Nós sustentamos esse bar e temos o direito de vender nosso boletim", afirmou. "Se eles não recuarem, vamos boicotar o Ferros!".

Foi tudo muito bem organizado: houve convites a Irede Cardoso, ao deputado Eduardo Matarazzo Suplicy (que lamentou não poder ir, pois estava de viagem marcada), à advogada Zulayê Cobra Ribeiro, da OAB, garantindo a cobertura de quem participasse do protesto; e contatos com grupos de homossexuais masculinos, entidades feministas, ativistas de direitos civis, todo esse pessoal que dá a vida para comparecer a um protesto e contribui para engrossar a manifestação.

Juntar todo o grupo à porta do Ferro's levou mais de uma hora. Dentro, o clima era de tensão: nas mesas, lésbicas discutiam a validade ou não do protesto, o risco de se envolverem em confusões que as prejudicariam no emprego ou revelariam a verdade às famílias; no balcão, o proprietário dizia esperar com ansiedade o momento da invasão. "É propaganda, é bom, o nome do meu bar vai sair na "Folha". 

E mais tarde as moças vão cair em si e ver que estavam erradas". Mas o porteiro se mantinha alerta, pronto para fechar as portas no momento propício — manobra que só falhou porque lhe tiraram o boné. 

Depois da invasão, o "happening": Rosely discursando em cima da me­sa, grupos de lésbicas menos assumi­das saindo de rosto coberto, medrosas de eventuais fotografias, a vereadora Irede Cardoso funcionando como me­diadora. Um pouco atrás, o porteiro, já de boné, tentava sem êxito puxar briga com uma lésbica que o chamara de palhaço (não sabe do que escapou: a moça é boa de briga e trabalha na polícia). Gritaria geral, enquanto Ire­de parlamenta com o proprietário e Rosely. Irede pede silêncio, fala alto, acaba sendo atendida: "O dono do bar está dizendo que foi tudo um mal en­tendido, que ele ama as lésbicas, quer que venham aqui e vendam seu bole­tim em paz. Quer que conversem com o outro sócio, também, para acabar com todos os mal-entendidos. Ele re­conhece que vive de vocês. E viva a democracia!"

Rosely ainda quer discutir, exige que o dono repita sua rendição em voz alta, Irede a acalma, ela discursa: "Ele só voltou atrás por causa de nos­sa força, de nossa união. A democra­cia neste bar só depende de nós!" 

O clima já está relaxado, os garçons voltam a circular de mesa em mesa com cerveja bem gelada. E Aníbal, o proprietário, completa: "Podem ven­der o jornal. Mas para mim é de graça, tá?"

Fonte: Folha de São Paulo, por Carlos Brickmann, 21/08/1983.

Democracia também para lésbicas: uma luta no Ferro’s Bar

Vanda Frias

O dia 19 de agosto é muito especial para o Grupo de Ação Lésbica-Feminista(GALF) e para as lésbicas que frequentam o Ferro’s — antigo e velho bar situado quase no Bexiga, bairro dos mais badalados da noite de Sampa. 

O frio que baixa na cidade não impede que o "happening” político organizado pelo GALF seja um sucesso. Por volta das nove da noite, as militantes do grupo e mais alguns companheiros do Outra Coisa Ação Homossexualista, formado por homens, continuam a distribuir na frente do famoso bar um panfleto denunciando as agressões que o GALF vinha sofrendo há meses, quando tentava vender seu boletim ChanacomChana dentro do Ferro’s. Um pouco mais tarde,começam a "invadir" o bar figuras um tanto estranhas para suas fiéis frequentadoras: mulheres "diferentes", rapazes de barba e lindos paletós de couro (desses que a gente costuma ver nas manifestações tradicionais da esquerda), bichas finérrimas. 

Dentro, a maior confusão. Como sempre acontece no Ferro’s, há poucas mesas para suas frequentadoras, que são obrigadas a se espremer nos estreitos espaços livres, à espera de que a sorte lhes premie com um lugar. Num dia especial, então,os garçons são obrigados a fazer verdadeiros malabarismos para chegar com suas bandejas sãs e salvas até a mesa que fez o pedido. 

Mas não e só isso. O atarracado porteiro -- sempre tão agressivo com as militantes do GALF — segura firme a porta fechada para garantir que nenhuma dessas “perigosas” mulheres invada tão imaculado recinto. À medida que se aproxima o histórico momento, a força estranha que já havia invadido o bar explode aos gritos de: "entra", “entra", "entra”. Numa das mesas, a vereadora Irede Cardoso (do PT) discursa aos berros sobre a luta pelas liberdades democráticas inclusive para as lésbicas. 

Chega a hora: entre os flashes dos fotógrafos, as militantes do GALF - e outras pessoas que ainda estão pra fora — forçam a porta do bar, que o porteiro, agora ajudado por outros defensores da “paz e da ordem”, segura como pode. 

O inesperado — ou mais uma artimanha de um dos alegres rapazes da banda —precipita tudo. O boné do porteiro é arrancado e jogado longe. Enquanto ele busca tão importante signo de seu poder, duas mulheres puxam-no para o lado oposto. Aproveitando-se desse inusitado embate, as lésbicas do GALF entram. Uma delas, Rosely, sobe imediatamente sobre uma cadeira e começa a denunciaras atitudes autoritárias do bar.

LÉSBICAS EM BUSCA DE UMA ENTRADA 

O que Rosely denuncia começara há quase dois meses. Todos os sábados,quando íamos vender o boletim ChanacomChana no Ferro’s éramos agredidas pelo porteiro — com ameaças ou com puxões de braço para que nos retirássemos. Até que no dia 23 de julho último, a barra pesou mais: um dos donos do bar, seu segurança e seu porteiro tentaram concretizar a expulsão,através de agressões físicas. Enquanto nos puxavam para o lado de fora, parte das lésbicas — que compram o boletim e conversam com as moçoilas do GALF - nos segurava lá dentro. Belo corpo-a-corpo: dos que tem a força da ordem e da lei contra as que ganharam no dia-a-dia uma força física e interior para poder viver numa sociedade onde a regra é ser heterossexual. Quem foge desse padrão é pervertida (o), louca (o), imatura (o) sexualmente e definitivamente não merece compartilhar das benesses desse paraíso terrestre. 

Alegando que nós estávamos fazendo "arruaça” dentro de tão comportado ambiente, o dono chamou a policia. Os policiais chegaram, ouviram as argumentações do dono, as nossas, as das lésbicas não militantes que nos apóiam. E estranhamente um deles respondeu que, como deviam ser imparciais, pois os direitos são para todos os brasileiros, não tomariam qualquer atitude contra nós. Puxaram o carro e pudemos jantar em meio às outras lésbicas, como sempre fazemos. Há também dias — ainda raríssimos — que são da caça e não do caçador. 

Foi uma vitória. Depois dela muitas discussões no GALF. Já estávamos cheias de sermos agredidas injustamente e pensávamos que o incidente podia se repetir mais vezes, talvez com mais apoio da polícia. Não queríamos ficar na defensiva.Precisávamos reconquistar nosso direito de vender o ChanacomChana no Ferro’s.Não só vendê-lo mas conversar com as lésbicas dos mais distintos estratos sociais e vivências pessoais. Não somos e não queremos ser elite ou vanguarda. A militância política de esquerda sempre foi reprimida. Mas sempre compensada pela certeza de se estar lutando por um mundo melhor e de se estar fazendo história. Mas as(os) militantes da esquerda não enfrentam, no seu dia-a-dia, as dificuldades das lésbicas e das feministas mesmo quando heterossexuais.São olhadas com certo deboche e feridas com agressões verbais por estarem numa luta menor, num combate não-prioritário. Boa parte da esquerda ainda nos olha dessa forma. Mas não poderia ser de outro jeito numa sociedade falocrata, onde as mulheres nunca tiveram direitos, só deveres-- e quantos. É lógico que -quando algumas buscam resgatar seu passado, para que o presente e o futuro sejam diferentes, sejam vistas como as feiticeiras queimadas na Idade Média por estarem à frente de seu tempo. 

Processo semelhante acontece com os negros em sociedades racistas como a brasileira. Ou com os índios, que eram muitas nações nesse Brasil antes da invasão do branco colonizador. E que foram— e ainda são — gradualmente confinados em regiões desabitadas (guetos?). Nessa terra de Vera Cruz que já foi só deles. 

São as chamadas "minorias", mais uma palavra que esconde o verdadeiro nome:grupos oprimidos. Nós do GALF queremos ajudar a romper com essa historia. Por isso, resolvemos reconquistar o Ferro’s com a ajuda de homens homossexuais, mulheres feministas, ativistas dos direitos civis e militantes ou políticos dos partidos de oposição mais identificados com as lutas das minorias.

Por sermos um grupo autônomo, o GALF é aberto às lésbicas dos mais diferentes horizontes políticos. Ao contrário de alguns outros grupos feministas, o GALF não aceita a chamada dupla militância: isto é, batalhar dentro de um grupo e, ao mesmo tempo, dentro de um partido político. Pensamos que a dupla militância foi um dos principais fatores de enfraquecimento dos grupos feministas nos últimos anos particularmente com as eleições de 1982. Isso não impede que busquemos ótimas relações com os partidos de oposição— PMDB, PT e PDT — pois nossas lutas se cruzam em alguns pontos essenciais, como é o caso da luta pelas liberdades democráticas. Por isso, fizemos questão de convidar, para o happening político do Ferro’s, a deputada Ruth Escobar (PMDB), a vereadora Irede Cardoso (PT), o deputado federal Eduardo Suplicy (PT) e a bancada do PT na Assembléia Legislativa através de carta endereçada ao líder de sua bancada, Marco Aurélio Ribeiro. Como apoio na área legal, convidamos a advogada Zulaiê Cobra Ribeiro (representante da Ordem dos Advogados do Brasil e da Comissão de Direitos Humanos).

Batalhamos na organização do "happening” do 19 de agosto durante quase um mês, enquanto distribuíamos no gueto um panfleto denunciando a atitude do Ferro’s, que não é isolada. Com a reconquista do Ferro’s, buscávamos também lutar pelo legítimo direito de circular livremente em todos os locais.

RESGATE DE UMA HISTÓRIA 

Ao contrário de outras ocasiões, quando nos sentíamos acossadas, nós - as militantes do GALF — tomamos a ofensiva naquela sexta-feira. Rosely fez discursos em várias cadeiras. É bom deixar claro que ela não é e não quer ser líder do grupo, pois lutamos contra a hierarquia e o poder; algumas militantes do grupo ainda lutam contra o medo de se exporem publicamente. A interiorização do medo e da repressão é um dos motivos que impedem o grupo de crescer quantitativamente. Porque qualitativamente ele vem avançando desde seu surgimento, em 1979. 

Os discursos de Rosely se intercalam com gritos de parte das lésbicas e de nossas(os) companheiras(os) de luta para que o dono apareça. A ordem dentro dobar é sempre garantida pelos garçons, pelo porteiro e pelo segurança, em trocado salário mensal e da sobrevivência. Dos lucros, ele e seu sócio sabem fazer bom proveito. Por fim, a voz do dono. Cercado por jornalistas, lésbicas não-militantes ou do GALF e pela vereadora Irede, o dono é obrigado a discutir suas atitudes — uma prática democrática a qual parece não estar muito acostumado. Afinal, vivemos no Brasil. 

As militantes do GALF conversam com o dono e conseguem que ele declare diante delas, da imprensa e de outras companheiras (os), que o grupo poderá divulgar seu boletim dentro do bar sustentado pelas lésbicas. Findo o episódio, Irede dá um viva a democracia. 

Qual democracia? Para nós, do GALF, sua definição transparece na complementação que Rosely faz à Irede: “ele só voltou atrás por causa da nossa força, da nossa união. A democracia neste bar só depende de nós”. Por acreditar nessa democracia, sem lideranças, sem vanguardas e sem elites, é que continuamos a lutar para que todas as lésbicas se expressem e lutem por seus direitos. À maneira de cada uma. Acreditando em nossa autonomia individual, mesmo que participando dos mais diversos grupos. A repercussão do “happening” político do Ferro’s abriu espaços sociais para o GALF em dois sentidos. Entre as lésbicas, muitas vieram participar do grupo. As que ainda não querem militar já leem nosso boletim com outros olhos e discutem mais conosco. Sabemos que a libertação individual é um processo a longo prazo.Sabemos, também, que, na história, a militância sempre foi um gesto de muito poucos e dentro de espaços delimitados - por exemplo, os partidos políticos. 

Neste final de século XX, grupos e pessoas dos mais diversos países querem modificar isso. A militância pela democracia não se restringe aos trabalhadores, seus sindicatos e seus partidos políticos, mas se estende ao cotidiano: às ruas, aos bares, às escolas, ao trabalho, às camas, aos jardins, aos mercados. Em suma, ao dia-a-dia mais "corriqueiro e banal" de todas(os) cidadãs(ãos). É assim que esperamos ir construindo a verdadeira democracia e o verdadeiro socialismo. Sem todas as hierarquias e poderes que sufocam há milhares de anos, desde a pré-história, a existência, a alegria e o prazer dos seres humanos. Nessa luta em constante movimento e transformação, as lésbicas têm um papel importante a desempenhar. Desde Safo - poetisa grega que fez alguns dos mais lindos versos de amor pelas mulheres e que, vivendo na ilha de Lesbos deu origem a palavra com qual orgulhosamente nos denominamos - as lésbicas não tiveram voz e foram oprimidas. O resgate dessa história, dos versos perdidos em livros malditos, dos beijos que nunca puderam ser dados à luz do dia, do amor que nunca pode ser declarado à amiga com medo de perdê-la para sempre. Tudo isso e muito mais faz hoje nossa alegria de viver e de lutar. GRUPO AÇÃO LÉSBICA-FEMINISTA (GALF), CX. POSTAL 62.618, CEP 01000, SP 

*Nomes das integrantes do GALF que participaram da manifestação: Célia Miliauskas, Elisete Ribeiro, Luiza Granado, Míriam Martinho, Rosely Roth e Vanda Frias. (Nunca houve nenhuma Marisa Fernandes no Grupo Ação Lésbica Feminista ou que tivesse participado deste evento)

Fonte: Boletim ChanacomChana 4, 1983, p. 1-4


Heroes, David Bowie
Intérprete - Wallflowers

I, I wish you could swim
Like the dolphins, like dolphins can swim
Though nothing, nothing will keep us together
We can beat them
Forever and ever
We can be heroes
Just for one day

Eu, eu gostaria que você pudesse nadar
Como os golfinhos, como os golfinhos conseguem nadar
Embora nada, nada venha a nos manter juntas(os)

Nós podemos derrotá-los
continuamente
Nós podemos ser heróis,
mesmo só por um dia

Oh I, I will be king
And you, you will be queen
Though nothing, nothing will drive them away
We can be heroes
Just for one day
We can be, yes!
It's just for one day

Eu, eu serei rei
E você, você será rainha
Embora nada, nada possa afastá-los

Nós podemos ser heróis, só por um dia
Nós podemos derrotá-los
Sim, nós podemos ser heróis
mesmo só por um dia

I, I remember
Standing by the wall
The guns, they shot above our heads
And we kissed, as though nothing could fall
And the shame was on the other side
Oh, we can beat them, forever and ever
Then we could be heroes
Just for one day

Eu, eu me lembro
Em pé próximo ao muro
As armas, eles atiraram por sobre nossas cabeças

E nós nos beijamos como se nada pudesse nos atingir

E a vergonha não era nossa.

Nós podemos derrotá-los continuamente
Então podemos ser heróis
Mesmo só por um dia

We can be heroes
We can be heroes
We can be heroes
We can be heroes,
 just for one day

Nós podemos ser heróis
Nós podemos ser heróis nós podemos ser heróis
Só por um dia

Ver também:
Tributo a Rosely Roth, pioneira da visibilidade lesbiana no Brasil 
Agosto com orgulho: Repercussão do 19 de agosto na Imprensa
Agosto com orgulho: os primórdios da organização lésbica no Brasil

Supremo Tribunal da Costa Rica declara proibição de casamento gay inconstitucional e discriminatória

quarta-feira, 15 de agosto de 2018 0 comentários


Costa Rica. Supremo Tribunal declara proibição de casamento gay inconstitucional e discriminatória

O Presidente Carlos Alvarado saudou a decisão, dizendo que pretende garantir “a não discriminação de qualquer pessoa pela sua orientação sexual ou identidade de gênero”. A Assembleia Legislativa tem agora 18 meses para mudar a lei atual. No entanto, 14 dos 57 deputados são evangélicos que se opõem fortemente ao casamento gay

O Supremo Tribunal da Costa Rica deliberou esta quinta-feira que a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo é inconstitucional e discriminatória. A decisão do tribunal dá aos deputados um prazo de um ano e meio para mudar a lei atual.

O Presidente Carlos Alvarado saudou a decisão, dizendo que pretende garantir “a não discriminação de qualquer pessoa pela sua orientação sexual ou identidade de género”. Numa mensagem publicada no Twitter, escreveu que “o compromisso [da sua presidência] com a igualdade plena de direitos se mantém intacto”.

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Carlos Alvarado é um antigo cantor de rock e romancista, que venceu a segunda volta das eleições presidenciais em abril, na sequência de uma campanha em que os direitos LGBT se tornaram uma questão fundamental.

O seu opositor era o pastor evangélico Fabricio Alvarado, que prometia desafiar as decisões do Tribunal dos Direitos Humanos sobre os direitos das pessoas do mesmo sexo.

A Assembleia Legislativa da Costa Rica tem 57 assentos, 14 dos quais são ocupados por evangélicos que se opõem fortemente ao casamento gay.

Fonte: Expresso PT, 10/08/2018

180 candidaturas LGBT já foram anunciadas para as eleições de outubro

terça-feira, 14 de agosto de 2018 0 comentários

Dificuldades eleitorais foram avaliadas no evento "LGBT e Democracia: quais são
 os principais desafios dessa população nas eleições de 2018" (Foto: Sérgio Ripardo)

Candidaturas LGBT crescem 386,4%
Já foram anunciados cerca de 180 candidatos do tipo em todo o País, contra 37 registrados há quatro anos


O Brasil deve manter, nas eleições de outubro, a tendência de crescimento do número de candidaturas identificadas com a agenda LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros).

Segundo Paulo Mariante, da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), já foram anunciadas cerca de 180 candidaturas do tipo em todo o País. O número é quase cinco vezes maior (386,4%) que o registrado em 2014, quando haviam 37 candidaturas identificadas com essa causa. No Ceará, o candidato a governador Ailton Lopes, do PSOL é declaradamente homossexual e defende a bandeira.

A tendência de crescimento, mas também as dificuldades dessas candidaturas foram avaliadas, na sexta-feira (10), por ativistas e pesquisadores, durante o workshop "LGBT e Democracia: quais são os principais desafios dessa população nas eleições de 2018", realizado em São Paulo pela ANDI - Comunicação e Direitos, juntamente com a Ben & Jerry's, marca de sorvete do grupo Unilever.

Para facilitar a identificação de candidaturas LGBT no País e conhecer as propostas dos postulantes, o eleitorado interessado nessa agenda pode consultar o site merepresenta.Org.Br.
O #MeRepresenta quer fazer das pautas sobre direitos um grande ativo político não só nessas eleições, mas em todo processo do ciclo da política brasileira, aproximando eleitores de possíveis aliados", afirmou Larissa Santiago, integrante do #MeRepresenta. Nesse cenário, um dos coletivos parceiros do #MeRepresenta, o #VoteLGBT - coletivo que desde 2014 busca aumentar a representatividade de travestis, transexuais, lésbicas, bissexuais e gays na política institucional - perguntou às LGBTs quais eram as pautas mais relevantes para essa comunidade nas eleições de 2018.
Com mais de 6 mil respostas - em pesquisa feita durante a Marcha de Mulheres Lésbicas e Bissexuais e a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, além de levantamento online - o coletivo chegou a duas principais pautas: criminalização da LGBTfobia e educação para a diversidade.

Evorah Cardoso, do coletivo #VoteLGBT, destacou a importância das redes sociais para a maior articulação entre os grupos defensores dos direitos humanos do público LGBT. Já André Lopes, diretor da Ben & Jerry's no Brasil, afirmou que a empresa dá apoio a iniciativas das organizações como os coletivos LGBTs.

Empecilhos

O professor Gustavo Gomes da Costa, da Universidade Federal de Pernambuco, que pesquisou sobre as dificuldades de candidaturas LGBTs se viabilizarem e analisou pleitos entre 2002 e 2016, descobriu que só 7% dos candidatos conseguiram se eleger. Neste ano, completam-se 40 anos desde o registro do primeiro candidato assumidamente homossexual, Baiardo de Andrade Lima, a deputado federal, em Pernambuco, recordou.

O professor da faculdade Centro Universitário Una, em Minas Gerais, Roberto Reis, também falou sobre os desafios de se abordar as questões LGBTs na imprensa, defendendo o maior aprofundamento sobre os direitos humanos.

*O jornalista viajou a São Paulo a convite da ANDI

Fonte: Com informações de Diário do Nordeste, por Sérgio Ripardo,11.08.2018

Ruby Rose será Batwoman lésbica em série de TV

segunda-feira, 13 de agosto de 2018 0 comentários

Ruby Rose fará 'Batwoman', primeira heroína gay da DC
Personagem ganhará série de TV produzida pelo canal CW

A Batwoman será a primeira heroína homossexual a estrelar uma série de televisão. Mais um personagem da DC Comics sai dos quadrinhos para as telinhas e será interpretado pela atriz Ruby Rose, reconhecida pelo seu papel na terceira temporada da produção da Netflix Orange is the New Black. A série será produzida pelo canal norte-americano CW, que ainda não anunciou data de lançamento para o show. Mas já foi confirmado pela emissora que a Batwoman será apresentada pela primeira vez em dezembro deste ano, em episódio especial cruzado com outras séries da DC, com a participação de Arrow, The Flash, Supergirl e Legends of Tomorrow.

Ruby Rose é uma das intérpretes LGBT mais famosas dos Estados Unidos e se identifica como gênero fluído. A também modelo anunciou no Instagram que está honrada e emocionada com o convite para estrelar a série.
Isso é algo que eu teria morrido para ver na TV quando era uma jovem membro da comunidade LGBT que nunca se sentia representada na televisão, que se sentia sozinha e diferente", escreveu.
Batwoman
Assim como Batman tem Bruce Wayne, a Batwoman é o alter ego de Kate Kane, uma mulher lésbica e lutadora. Quando apareceu nos quadrinhos pela primeira vez, em 1956, não era homossexual.

Inicialmente, foi criada para ser par romântico do Batman e diminuir as especulações sobre o relacionamento amoroso entre Batman e Robin, o qual os pais das crianças leitoras cirticavam e alegavam servir de má influência.

Então, depois de um tempo fora das histórias em quadrinhos, a Batwoman retorna em 2006, lésbica e de ascendência judia.
Fonte: ESP, 09/08/2018, via ANSA

Juliane dos Santos Duarte, negra, lésbica e periférica, foi morta por ser policial

quarta-feira, 8 de agosto de 2018 0 comentários

A policial militar Juliane dos Santos Duarte, 27, teve o corpo localizado na segunda (6)

Negra, lésbica e periférica, Juliane "morreu por ser policial", dizem ativistas de direitos humanos

Entidades de defesa dos direitos LGBT e dos direitos humanos lamentaram nesta terça-feira (7) o assassinato da policial militar Juliane dos Santos Duarte, 27. A soldado, que havia sido raptada por criminosos na comunidade de Paraisópolis (zona sul de São Paulo) na semana passada, ficou cinco dias desaparecida até ter o corpo localizado na noite da segunda (6), em Jurubatuba, também na zona sul, a pouco mais de 8 km de onde havia sido levada. 

Jovem, negra, lésbica e moradora da periferia (no caso, de São Bernardo do Campo, Grande São Paulo), Juliane teve o caso comparado à da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) por uma rede de trabalhadores de segurança --entre os quais, policiais militares, civis, federais e guardas civis-- que atua na defesa dos direitos dos trabalhadores LGBT. Apesar das comparações, as entidades ouvidas pela reportagem, dizem que morreu por ser policial. 

Entidade que reúne cerca de 60 mil associados em todo o país, a Renosp (Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBTI) acionou o Condepe (Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana) para que o caso possa ser acompanhado de perto perante a Secretaria de Segurança Pública do Estado –que chegara a oferecer, ontem, recompensa de R$ 50 mil por informações que levassem ao paradeiro da policial. O corpo dela foi localizado em um carro abandonado. 
Desejamos aos amigos e familiares um alento no coração e muita força para seguir adiante além de nos colocarmos à disposição para ajudar no que for preciso, bem como para garantir que este crime seja devidamente investigado", assinou nota da entidade. 
Para o coordenador regional da Renosp, o soldado paulista Leandro Prior, há "convicção de que a motivação para a morte de Juliane foi o ódio por ela ser PM". 
Acionamos o Condepe e também a Comissão Estadual de Diversidade Sexual para que eles acompanhem as investigações desse caso e pressionem as autoridades. Não queremos que este seja mais um caso Marielle", afirmou o policial. 
Marielle foi morta com quatro tiros na cabeça, em março deste ano, junto com o motorista Anderson Gomes. Então com 38 anos e vereadora em primeiro mandato, era negra, lésbica e criada no Conjunto da Maré, zona norte do Rio. Após 146 dias, o caso ainda não foi elucidado

Prior se disse incomodado com uma série de relatos oriundos de outros militares e também de civis, nos últimos dias, sobre uma suposta imobilidade de grupos de defesa dos direitos humanos em relação à policial. Vários desses relatos, questionando a parcialidade dos grupos, têm sido feita nas redes sociais por civis, policiais e candidatos nas eleições de outubro. 
Existe uma cobrança muito grande em relação aos defensores de direitos humanos sobre o amparo deles aos policiais, mas, se a gente não se movimenta e coloca em prática essa insatisfação, de que adianta reclamar?", questionou Prior. "Os direitos humanos servem a qualquer um. E eu, mesmo, como policial, tive apoio no momento em que mais precisei deles", defendeu. 
O soldado se referiu ao episódio recente em que ele, gay assumido, passou a receber ameaças de morte e pressões para que deixasse a corporação depois de ter sido filmado, de farda e sem seu conhecimento, dando um selinho de despedida em outro homem em um vagão no metrô em São Paulo. Prior buscou ajuda no Condepe, que, junto com a Ouvidoria da PM, levou o caso à Corregedoria da PM, onde as ameaças são investigadas. "Acredito que há muita desinformação. Os direitos humanos acolhem a todos, desde que a vítima seja um ser humano. Mas precisam ser acionados", finalizou. 

Morte de PM é "ataque a todos que defendem os direitos humanos", diz conselho 

Em nota, o Condepe destacou que o caso de Juliane "faz parte de um contexto de crescente violência urbana e insegurança pública" e lamentou a situação. 
O ataque contra uma jovem servidora da segurança pública é um ataque contra o Estado de Direito e contra todos que defendem a legalidade, a Justiça e os Direitos Humanos", afirmou, no texto, o advogado Ariel de Castro Alves, integrante do Condepe. "Os policiais que atuam corretamente no exercício de suas funções são fundamentais defensores de direitos humanos", observou Alves, que ainda colocou a entidade à disposição da família da policial e de amigos dela "visando cobrar e acompanhar uma rápida elucidação do crime." 
O advogado ponderou ainda a importância de as forças policiais atuarem "com respeito e regularidade" durante as investigações em Paraisópolis como forma de "a polícia poder contar com a confiança e o apoio dos moradores da região" a fim de esclarecer o crime. "Como defensores de direitos humanos, defendemos principalmente o direito à vida e lutamos contra qualquer forma de violência, injustiça e discriminação", finalizou a nota. 

Sou da Paz vê "perversidade com o policial" 

Entidade com foco em segurança pública e direitos humanos, o Instituto Sou da Paz também lamentou a morte de Juliane e a contextualizou em um cenário em que o PM é treinado para agir como se estivesse "na trincheira de uma guerra". 
O país teve mais de 62 mil mortes violentas registradas em 2016 [último levantamento da entidade], e nenhuma vida vale mais que outra", avaliou o diretor-executivo do Sou da Paz, Ivan Marques. "O assassinato de Juliane é mais um caso brutal que a gente lamenta, sobretudo por ela ter sido morta por sua condição de policial", destacou. 
Para Marques, policiais militares, sobretudo praças, "sofrem de uma visão da sociedade e deles próprios" de que o PM é "a ponta de lança na defesa contra a criminalidade". "É uma visão que coloca o PM submetido ao risco de morte e absolutamente cruel com o servidor público, porque ninguém pode estar mais disposto a morrer que outro e em uma situação de 'trincheira na guerra contra a criminalidade'; de 'nós contra eles'. Isso é uma perversidade para o policial e só reforça um ciclo de violência", definiu. 

"Ela morreu por ser policial", analisa Fórum de Segurança 

Com atividade semelhante à do Sou da Paz, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública também lamentou o assassinato da jovem policial e ponderou que, diferentemente de Marielle, em que policiais são investigados, no caso de Juliane, ela "morreu por ser policial". 
Ambos os casos são trágicos. No caso de Marielle o caso ganhou grande repercussão porque ela era uma vereadora recém-eleita, mas não penso que seja possível valorar uma vida ou outra, uma morte ou outra. Ambos os casos são a evidência da barbárie que vivemos no Brasil e que se expressa principalmente na morte de jovens, negros e periféricos, e no caso das duas, ainda mais minorias por serem mulheres e homossexuais", analisou a diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno. 
O caso da Juliane, no entanto, é diferente no sentido de que ela morreu por ser policial. É sabido que policiais são vítimas privilegiadas do crime organizado, e que matar um policial pode ser inclusive um mecanismo de ascender numa facção", acrescentou Samira. 
Nesse cenário em que vivemos hoje, em que a política pública e a inteligência são negligenciadas, e o Estado opera na lógica da vendeta, os policiais da ponta, especialmente praças da PM, ficam ainda mais vulneráveis", ressaltou. 
Samira lembrou que, há alguns anos, o Fórum fez uma pesquisa sobre a vitimização de policiais. 

À época, disse, "a maioria deles respondeu que não se deslocava de casa para o trabalho de farda e que evitavam usar transporte público". "No fundo o que está por trás dessas respostas é justamente o medo de ser alvo", definiu. 

Em média, 70% dos policiais assassinados no Brasil morrem fora de serviço – caso de Juliane, que estava em um bar, com amigos, em sua primeira noite de férias da PM. 
Falamos de um caso de extrema gravidade, mas que não pode e não deve ser discutido na lógica direita versus esquerda, movimentos de direitos humanos versus o resto. Estamos falando da urgência de se pensarem políticas de enfrentamento à criminalidade e de desestruturação do crime organizado que priorizem a investigação e que valorizem o policial --não dá para continuar fazendo mais do mesmo e querer se promover com a tragédia alheia", pediu a especialista.
Fonte: UOL Notícias, Cotidiano, por Janaína Garcia, 07/08/2018

Atriz de Mulheres Apaixonadas não quis repetir papel de lésbica em novela da Globo

terça-feira, 7 de agosto de 2018 1 comentários

Clara e Rafaela em Mulheres Apaixonadas

Atriz revela que rompeu com a Globo após 2º convite para interpretar lésbica

Paula Picarelli tinha 25 anos quando estourou em Mulheres Apaixonadas (2003), na Globo, interpretando a estudante Rafaela Machado, namorada de Clara Resende (Alinne Moraes). Era a sua segunda novela, e ela foi tão bem avaliada que logo recebeu convite para uma nova trama. No entanto, a atriz optou por romper com a emissora. O motivo? O novo papel era o de uma menina masculina e ela não se sentiu confortável. 
Eu lembro que na época tinha surgido a possibilidade de eu fazer uma personagem numa novela das 19h, que era uma menina meio masculina. Daí eu falei: 'Talvez eu já esteja dentro de alguma caixinha na emissora e não me interessa seguir por esse caminho'. Então, eu também procurei outras coisas", diz ao Notícias da TV. 
Atuar em novelas deixou de ser uma prioridade, tanto que a trama de Manoel Carlos foi sua última. Hoje, aos 40 anos, ela ela se dedica a trabalhos com os quais se identifica, como a série Psi, da HBO, na qual interpreta a promotora Taís desde 2014. Ela iniciou as gravações da quarta temporada na semana passada. 

Embora a repercussão de seu trabalho em Mulheres Apaixonadas tenha sido positiva, Paula precisou lidar com o assédio e a curiosidade em torno de sua vida pessoal. Afinal, interpretou uma lésbica no horário nobre da Globo e ainda protagonizou um beijo um beijo discreto com Alinne Moraes no último capítulo da novela. 
A experiência na novela foi muito difícil para mim, eu fui muito exposta e eu não tinha certeza do que [eu queria]. Não sabia o que ia acontecer, como eu seria exposta, como a minha vida iria mudar, como eu deveria reagir diante dessa nova realidade. Eu não tinha instrumentos para lidar com o que estava acontecendo comigo naquele momento. Depois da novela, preferi voltar para um projeto meu de teatro, até para entender toda a experiência que eu tinha vivido, e como seriam os meus passos como artista a partir de então." 
Teatro, literatura, espiritualidade e autoanálise fizeram Paula encontrar as respostas de seus dilemas. Ela escreveu e atuou em peças em que expôs seus anseios pessoa , escreveu um livro sobre sua vivência religiosa em uma seita, e olhou para si mesma para descobrir se "estar na Globo" era um sonho pessoal ou uma tentativa de satisfazer os desejos de seus parentes. 
Uma coisa muito boa que acontece com essa idade [40 anos] é que eu lido diferente com as expectativas. Quanto menos expectativas eu criar, mais tranquila é a minha vida. Esse lance de você projetar sonhos distantes, ou muito difíceis de serem alcançados, por um lado pode te impulsionar a agir, mas por outro as coisas nunca acontecem como a gente imagina e a gente só se frustra", reflete. 
Mesmo depois de 15 anos sem fazer novelas, Paula não descarta a possibilidade de voltar a trabalhar em uma longa produção na TV no futuro. Mas, no momento, ela diz que esse não é o tipo de trabalho que está procurando. 
A curto prazo, seria impossível encaixar as agendas, porque estou gravando Psi e vou estrear um projeto no teatro. Não sou contra fazer novela, não me recusaria a fazer. Não sei como me comportaria diante de um convite, porque quando a realidade acontece é bem diferente de como a gente imagina, mas neste momento não está nos meus planos e nem estou indo atrás disso", afirma. Além de se dedicar à gravação da nova temporada de Psi, indicada ao Emmy Internacional de melhor série dramática em 2015, Paula tem dividido seu tempo com o espetáculo Odisseia, em cartaz no teatro do Sesc da avenida Paulista.  
Eu atuo e também escrevi os textos junto com o Leonardo Moreira, que é o diretor de dramaturgia. As coisas que a gente cria dizem muito sobre o que a gente pensa e quer falar nesse momento. A gente se apropria muito mais do trabalho. Estou tocando meus projetos pessoais, por que eles estão me mostrando que são diferentes do que eu pensava e mais legais do que eu imaginava", diz.
Fonte: Notícias da TV, por Gabriel Perline, 20/06/2018

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