Clipping Depois de funcionário me agredir verbalmente, hoje eu trabalho em um ambiente onde me sinto segura, por Daniel Froes, Razões para Acreditar, 14/10/2022
Dia Nacional do Orgulho Lésbico
a lésbica negra que deu início à rebelião de Stonewall
glória e decadência da maestra lésbica na era do cancelamento
33 anos da organização que lançou o dia do orgulho lésbico
O happening político do Ferro's Bar
Míriam Martinho e o processo de produção dos boletins ChanacomChana e Um Outro Olhar
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Gays e lésbicas inda recorrem pouco à Justiça para fazer valer seus direitos |
São diárias as notícias de que gays, lésbicas, dentre grupos discriminados, permanecem alvo de perseguições em âmbito privado e profissional. E o pior: esses números não se refletem em ações judiciais”, disse Pereira.
Ministro Emmanoel Pereira do Tribunal Superior do Trabalho (TST) |
A implementação de ações que se destinem a enfrentar as barreiras ainda existentes, para a mais completa inclusão desse grupo de pessoas no mercado de trabalho, representa bandeira a ser fortemente sustentada por esta Justiça social”, declarou o ministro, ao citar o resultado de uma pesquisa de 2020 que apurou que ao menos 38% das empresas brasileiras têm alguma restrição à contratação de homossexuais e transexuais.
Sob a perspectiva do trabalho, a preocupação no combate à discriminação torna-se mais premente. Privar alguém de oportunidades de acesso ao mercado significa negar seu direito fundamental à participação na sociedade e ao sustento próprio de sua família. Mais do que isso, a inacessibilidade configura, paradoxalmente, um empurrão em direção à marginalidade”, argumentou o presidente do TST.
Clipping Homossexuais recorrem pouco à Justiça, diz o TST, por Agência Brasil, Diário do Comércio, 01/07/2022
Print de conversa divulgado nas redes sociais da vítima (Foto: Reprodução/Facebook) |
Desculpe a pergunta, mas meu hambúrguer poderia ser feito por outra pessoa? Lanchei aí na quarta-feira e vi que meu hambúrguer foi feito por uma pessoa que não é do meu agrado", relatou o cliente, escrevendo em seguida o motivo do pedido junto a um emoji de mãos postas: "Ela é lésbica e negra, entenda meu lado".
Tipo de clientes como você não fazemos a mínima questão em nosso estabelecimento. Que o senhor fique sabendo que a 'negra e lésbica' é a melhor chapeira da cidade. Vamos na delegacia registrar um B.O. (boletim de ocorrência) contra você", disse a atendente.
É válido ressaltar que a Lesbofobia e Racismo são condutas tipificadas como crime em nosso ordenamento jurídico e como tal serão tratadas. Todavia é importante frisar que, atitudes dessa natureza são completamente incompatíveis, e absolutamente inaceitáveis no seio de nossa sociedade, que deve prezar pela diversidade, pela democracia, pela justiça e a convivência respeitosa entre todos", pontuou a nota.
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Ambiente mais inclusivo, mais produtividade |
Os dados confirmam questões que vemos na nossa prática profissional. É atribuída uma importância muito grande ao clima organizacional, à segurança psicológica no trabalho, um espaço em que eu possa ser quem eu sou, onde eu sinta que eu possa me levar por inteiro. No aspecto da liderança, o sinalizador é que o tema precisa ganhar um degrau. É importante a gente avançar do ponto de vista de sensibilizar e conscientizar as lideranças sobre esses assuntos”, comenta Ricardo Sales, consultor e sócio-fundador da Mais Diversidade.
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Adriana Ferreira, antes na IBM agora na Mais Diversidade |
Eu tenho certeza de que a minha carreira alavancou porque eu não tinha que esconder quem era a minha esposa, quem fazia parte do meu plano de saúde. Quando eu me casei, eu tive apoio irrestrito para a preparação do casamento, com as dificuldades que eu tive com a minha família. Imagina eu tendo que passar por tudo isso sem falar que eu ia me casar ou mentindo que eu ia me casar com um homem? Não é que você tenha que falar sobre sua orientação sexual o tempo todo, mas, se eu quiser, eu tenho a minha permissão, está posto um lugar de direito para mim”, conta Adriana Ferreira.
Aos 50 anos, Adriana até a última semana ocupava o cargo de head de diversidade e inclusão para a América Latina na IBM. Agora é líder da área de consultoria da Mais Diversidade.
Para sair do armário, eu tive que, primeiro, ter a minha aceitação pessoal e da família. No meio disso tudo tinha o mundo corporativo. Em algum momento, eu sabia que isso ia precisar ser aberto, porque o fato de não abrir te faz despender uma energia muito grande”, conta Argentino Oliveira, Diretor de Gente e Gestão da Suzano. “Você precisa fazer um mundo paralelo que não existe e você sai, fecha a porta da empresa e começa a viver o mundo real, em que você é casado. Os primeiros sete anos foram muito morosos para mim.”
Eu tinha receio de que isso impactasse a minha carreira. A gente tem aquilo de precisar ser o melhor, porque na hora que eu me assumir eu preciso sempre estar um patamar acima. Depois que saí do armário no mundo corporativo, ficou mais fácil me posicionar. Quando você vai construindo uma rede de apoio, você vai entendendo que está tudo bem, que tem uma luz no fim do túnel, que você não vai ficar sem emprego. E isso tira um peso”, conta.
Quando você consegue levar a sua vida e a suas vivências com você para o trabalho isso te dá uma capacidade de ser mais espontâneo, mais criativo e, por isso, muito mais efetivo naquilo que você está fazendo. Você não precisa cortar uma parte da sua vida e viver uma outra vida, talvez, com algumas mentiras”, explica Javier Constante, CEO da Dow para América Latina.
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Ricardo Sales, CEO e co-fundador da consultoria Mais Diversidade. Foto: Alex Silva/Estadão |
Você cria um ambiente em que as pessoas têm um laço de confiança umas com a outras e, quando isso acontece, elas ficam mais felizes em trabalhar. E quando você está mais feliz, você consegue trazer mais inovação, questionar o seu gestor, trazer um olhar que antes não tinha. O fato de falar e ter a liberdade de se mostrar na organização cria um laço entre líder e liderado”, explica Argentino, que hoje lidera um time de 210 pessoas.
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Glébia (à direita) e Karin, que trabalham no banco Citi, conseguiram licença-maternidade dupla, após nascimento de gêmeas. Foto: Filipe Redondo |
Conseguir balancear a vida profissional com a pessoal vale mais do que salário. Poder acompanhar o desenvolvimento das nossas filhas é essencial — diz Glébia.
Não adianta fazer inúmeros programas sem criar um ambiente realmente inclusivo. Não é só uma questão de crença, do que é certo ou errado. É uma questão de negócio, lucro e rentabilidade.
A mulher heterossexual já enfrenta desafios enormes para crescer profissionalmente. O que dizer das que fogem desse padrão?
Sempre tive receio mais por ser negra do que em relação à minha sexualidade. Já sofri preconceito racial. Um paciente alegou que não queria que eu o atendesse por ser negra. Acabou sendo cuidado por um colega gay.
O preconceito é o medo e o desconhecimento de não aceitar e não ser diferente. É muito bom ter o feedback de quem está chegando na empresa agora.
A Loft já nasceu com um DNA de diversidade, desde o começo da empresa, quando estruturamos o negócio. Queremos revolucionar o mercado imobiliário de tecnologia, mas também a forma como as pessoas trabalham — explica Flora.
Não é algo que se faça uma vez, as políticas precisam de continuidade para derrubar o viés inconsciente. Não adianta ter número e não ter autonomia. Cada empresa está fazendo alguma coisa de acordo com o seu momento e sua maturidade junto ao tema.
Melhorar a imagem e reputação" foi citado por 68% das empresas como justificativa para iniciativas que promovam a diversidade. Outras razões apontadas foram contribuir para mudanças estruturais da sociedade (63%), aumentar a eficiência interna (57%), qualificar a cultura organizacional (54%) e desenvolver soluções inovadoras (47%).
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Exame Fórum Diversidade |
Como uma empresa de varejo, temos o desafio de lidar com a diversidade e inclusão todos os dias. O varejo é um recorte da sociedade brasileira, temos todos os perfis representados na nossa companhia e lidamos com milhões de consumidores”, afirmou a pernambucana Karina Chaves, gerente de diversidade e inclusão do Carrefour.
Para atingir esses objetivos, é essencial manter a cultura da diversidade viva e repensar processos. Há todo um aprendizado em procedimentos internos para ser alcançado”, destacou Karina. “Ainda assim com tudo o que fazemos, há sempre riscos, porque cada pessoa tem sua própria história. Como sociedade, temos ainda muitos preconceitos e racismos enraizados. Mas acredito no poder educacional das empresas”.
O objetivo é eliminar o viés consciente ou inconsciente na contratação e estimular a contratação de profissionais por suas qualificações e competências, e não por gênero, cor, orientação sexual ou idade”, explicou Simone Beier, diretora de Recursos Humanos (RH) da Cargill no Brasil.
Isso vai contagiando outras pessoas, e daí surgem novas sugestões por conta desse ambiente favorável para engajamento”, afirma Simone. Em um estudo global da empresa, 84% dos funcionários do Brasil disseram que se sentem confortáveis em ser quem são na companhia.
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Simone Beier, diretora de Recursos Humanos (RH) da Cargill |
Temos a meta de alcançar 50% de equidade entre mulheres e homens até 2030”, conta. “Um dos pilares da empresa está ligado às práticas, que devem ser abertas e inclusivas para todos”.Na Accenture, o nascimento de um filho dá direito à licença igual tanto para as mães quanto para os pais, além do benefício de creche para ambos.
O que transforma o ambiente interno é ter praticas que empoderam os colaboradores”, acrescenta a executiva. E lá, isso é praticamente um mantra.Grupo Boticário
É uma fonte rica de insight para os gestores trabalharem o aperfeiçoamento de pessoas e grupos na empresa”, destaca Alvaro Garcia, diretor de marketing de “quem disse, berenice”, uma das marcas do Grupo Boticário, ao lado de O Boticário, Eudora, The Beauty Box, Multi B e Vult.
Por meio do nosso programa de consumidor oculto, pessoas de diferentes perfis visitam nossos pontos de venda se passando por um consumidor comum para avaliar o atendimento, conforme suas necessidades específicas. A partir dessa experiência, melhoramos o que for preciso, como treinar um colaborador para ajudar uma pessoa com deficiência visual a se maquiar ou falar sobre cores”, exemplificou o executivo.
Em ação recente, quem disse berenice? retratou casais heteros, amigos e homossexuais se beijando. Perdemos mais de 14 mil seguidores nas redes sociais, mas ganhamos mais de 10 mil”, conta Alvaro.Para o executivo, há um aprendizado em todos os esforços das empresas para promover a diversidade, tanto internamente quanto externamente.
Diversidade não é um fim, mas uma jornada. Há sempre oportunidades para dar novos passos. Se cada indivíduo colocar seu tijolinho ali e fizer a sua parte, nós construiremos o monumento da diversidade. É um trabalho em conjunto”.
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Alvaro Garcia, diretor de marketing de “quem disse, berenice” da Boticário |
Está evidente nos autos que a promovida escolheu as piores palavras para humilhar, denegrir, xingar e ridicularizar o promovente. A postura da promovida foi ainda além, pois que prega de modo claro e inequívoca a violência física, o homicídio pela simples opção homossexual do promovente", diz a sentença.
Analisando o caso concreto, verifico que, apesar do salário da requerida ser razoável, o mesmo encontra-se comprometido com diversas despesas, de modo que a mesma percebe pouco mais da metade deste valor", concluiu a juíza.
Eu sou mulher, mas uma promotora do supermercado me viu no banheiro feminino e reclamou com a gerente de Recursos Humanos. No dia seguinte, minha supervisora me procurou e disse: 'Já que você parece homem, vai ter que usar o banheiro masculino'. Eu retruquei. Disse que era mulher e que não queria, mas ela foi irredutível".
Ela ignorava quando eu pedia que me chamasse pelo meu nome. Eu ficava muito chateada, mas não era mais incisiva por medo de perder o emprego".
Um homem disse que se sentia desconfortável comigo no mesmo vestiário que ele. Ela ignorou. Depois, uma colega a corrigiu quando a chefe me chamou de Thalisson. Ela, de novo, ignorou. Minha colega me perguntou o porquê de ela errar, propositalmente, meu nome. Eu fiquei sem graça, não sabia a resposta".
Eu vestia uma roupa para ir trabalhar e, quando chegava lá, colocava o uniforme por cima. Passava calor, mas não importava, eu não queria entrar naquele vestiário cheio de homens".
Tentei poucas vezes, mas desisti. Eu me sentia péssima. Evitava ao máximo. Passava o dia com vontade de fazer xixi, mas tentava aguentar até em casa. Quando ficava impossível, corria para o banheiro adaptado e rezava para que estivesse vazio. Foram cinco meses de sofrimento".
Todo mundo me olha torto. A situação só piora".
É claro que é, de que outra forma eu posso encarar isso? Já tive vontade de chorar várias vezes. Minha mulher percebeu o quão triste eu estou com tudo isso. Ficou puta, queria ir até o mercado tirar satisfações. Eu que não deixei".
O Makro informa que tão logo recebeu a informação da liminar, iniciou uma apuração para esclarecer e elucidar os fatos. A rede esclarece que a funcionária terceira Thais de Paula Cyriaco, contratada de uma empresa que presta serviço de limpeza à loja de Campinas, solicitou ao seu empregador que fosse tratada pelo gênero masculino, adotando o nome de Thalyson. O Makro foi comunicado deste posicionamento pela empresa terceirizada e, alinhado com seus valores de respeito à diversidade e à inclusão, imediatamente apoiou a decisão pessoal da funcionária, assim como sua escolha em utilizar o banheiro que melhor refletisse sua identidade de gênero. De acordo com seu código de conduta, o Makro não admite qualquer tipo de discriminação ou preconceito e reitera que acatou de imediato a decisão da liminar. Como parte dos seus valores e de sua política, a rede reforçará seu posicionamento junto aos funcionários e quadro de fornecedores, enquanto avança nas investigações mediante os novos fatos apresentados."
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A policial militar Juliane dos Santos Duarte, 27, teve o corpo localizado na segunda (6) |
Desejamos aos amigos e familiares um alento no coração e muita força para seguir adiante além de nos colocarmos à disposição para ajudar no que for preciso, bem como para garantir que este crime seja devidamente investigado", assinou nota da entidade.
Acionamos o Condepe e também a Comissão Estadual de Diversidade Sexual para que eles acompanhem as investigações desse caso e pressionem as autoridades. Não queremos que este seja mais um caso Marielle", afirmou o policial.
Existe uma cobrança muito grande em relação aos defensores de direitos humanos sobre o amparo deles aos policiais, mas, se a gente não se movimenta e coloca em prática essa insatisfação, de que adianta reclamar?", questionou Prior. "Os direitos humanos servem a qualquer um. E eu, mesmo, como policial, tive apoio no momento em que mais precisei deles", defendeu.
O ataque contra uma jovem servidora da segurança pública é um ataque contra o Estado de Direito e contra todos que defendem a legalidade, a Justiça e os Direitos Humanos", afirmou, no texto, o advogado Ariel de Castro Alves, integrante do Condepe. "Os policiais que atuam corretamente no exercício de suas funções são fundamentais defensores de direitos humanos", observou Alves, que ainda colocou a entidade à disposição da família da policial e de amigos dela "visando cobrar e acompanhar uma rápida elucidação do crime."
O país teve mais de 62 mil mortes violentas registradas em 2016 [último levantamento da entidade], e nenhuma vida vale mais que outra", avaliou o diretor-executivo do Sou da Paz, Ivan Marques. "O assassinato de Juliane é mais um caso brutal que a gente lamenta, sobretudo por ela ter sido morta por sua condição de policial", destacou.
Ambos os casos são trágicos. No caso de Marielle o caso ganhou grande repercussão porque ela era uma vereadora recém-eleita, mas não penso que seja possível valorar uma vida ou outra, uma morte ou outra. Ambos os casos são a evidência da barbárie que vivemos no Brasil e que se expressa principalmente na morte de jovens, negros e periféricos, e no caso das duas, ainda mais minorias por serem mulheres e homossexuais", analisou a diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno.
O caso da Juliane, no entanto, é diferente no sentido de que ela morreu por ser policial. É sabido que policiais são vítimas privilegiadas do crime organizado, e que matar um policial pode ser inclusive um mecanismo de ascender numa facção", acrescentou Samira.
Nesse cenário em que vivemos hoje, em que a política pública e a inteligência são negligenciadas, e o Estado opera na lógica da vendeta, os policiais da ponta, especialmente praças da PM, ficam ainda mais vulneráveis", ressaltou.
Falamos de um caso de extrema gravidade, mas que não pode e não deve ser discutido na lógica direita versus esquerda, movimentos de direitos humanos versus o resto. Estamos falando da urgência de se pensarem políticas de enfrentamento à criminalidade e de desestruturação do crime organizado que priorizem a investigação e que valorizem o policial --não dá para continuar fazendo mais do mesmo e querer se promover com a tragédia alheia", pediu a especialista.Fonte: UOL Notícias, Cotidiano, por Janaína Garcia, 07/08/2018
Coleção Chanacomchana - dez. 1982 - fev. de 1987 Míriam Martinho Chanacomchana foi a primeira publicação que produzi e editei, nos anos 80...