Lançado manual sobre direitos LGBT no mundo do trabalho

quarta-feira, 1 de outubro de 2014 0 comentários


ONU lançou manual sobre direitos LGBT no mundo do trabalho
Por meio de histórias reais de pessoas que sofreram discriminação no ambiente profissional, o manual oferece diretrizes para a promoção dos direitos humanos de pessoas LGBT no mundo do trabalho.

A Organização das Nações Unidas e seus parceiros no Brasil lançaram ontem, terça-feira (30/9), em São Paulo, o manual Construindo a igualdade de oportunidades no mundo do trabalho: combatendo a homo-lesbo-transfobia.

O lançamento do manual fez parte também das ações da ONU no âmbito da campanha Livres e Iguais. O evento aconteceu no Instituto Carrefour, em São Paulo.

O manual foi construído de forma participativa com a colaboração das Nações Unidas e mais de 30 representantes de empregadores, trabalhadores, governo, sindicatos e movimentos sociais ligados aos temas LGBT e HIV/AIDS. Para acessá-lo clique aqui.

Um trabalho decente é direito de todos os trabalhadores e trabalhadoras, bem como daqueles ou daquelas que estão em busca de trabalho, representando a garantia de uma atividade laboral em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humana”, diz o manual em sua introdução.

O apoio à promoção dos direitos humanos é uma das principais missões das Nações Unidas no Brasil. Com isso, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV/Aids (UNAIDS) – com apoio de parceiros locais – têm, com esta iniciativa, o objetivo de contribuir para a construção de um país livre de discriminação, onde todos os seres humanos gozem de respeito e tenham seus direitos assegurados.

Laís Abramo, diretora da OIT no Brasil, e Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade do Carrefour, fizeram a abertura da cerimônia. Durante o evento, algumas empresas e iniciativas anunciaram oficialmente o compromisso com a adoção do manual e com a promoção dos direitos humanos de pessoas LGBT em seus ambientes de trabalho.

Uma mesa de diálogo durante o evento contou com as presenças, entre outras lideranças, de representantes da secretaria municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, da Secretaria executiva da Rede Brasileira do Pacto Global, da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), do Fórum de Empresas e Direitos LGBT, do presidente da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas.

Sobre a Campanha Livres & Iguais

Partindo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que afirma que todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidades e direitos, a campanha Livres & Iguais é uma iniciativa global das Nações Unidas cujo objetivo é promover a igualdade e os direitos humanos de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis (LGBT).

O projeto é uma iniciativa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), implementado em parceria com a Fundação Purpose. A campanha tem o objetivo de aumentar a conscientização sobre a violência e a discriminação homo-lesbo-transfóbica, além de promover maior respeito pelos direitos das pessoas LGBT por todo o mundo.

No Brasil, a inciativa lançada em abril deste ano – sob a responsabilidade do Escritório de Coordenação do Sistema ONU no Brasil – é fruto de uma ação conjunta de diversos organismos da ONU (PNUD, ACNUDH, UNICEF, UNESCO, UNAIDS, UNFPA, OIT, ONU Mulheres e UNIC Rio) e diferentes parceiros como governos, empresas, artistas e sociedade civil organizada.

Mais informações sobre as ações da ONU na área de direitos LGBT em Twitter @ONUBrasil e no Facebook ONUBrasil. Também na página oficial da Campanha Livres & Iguais: www.unfe.org/pt

Com informações do site da ONUBR 
 

Fala homofóbica de Levy Fidelix marcou triste dia para a democracia brasileira e para a tolerância

terça-feira, 30 de setembro de 2014 3 comentários


Vários artigos sobre a absurda fala de Levy Fidelix, durante o debate da TV Record, protestos já marcados contra o presidenciável e o vídeo onde se pode vê-lo evacuando pela boca. No âmbito das declarações sobre a nova polêmica envolvendo o tema LGBT...

O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, posiconou-se contra a fala indecora de Fidelix:
 Foi lamentável. Quero expressar nosso repúdio absoluto àquela declaração. Como já disse, qualquer tipo de discriminação é crime. Homofobia também — disse Aécio, antes de fazer uma caminhada no centro comercial de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
Também o candidato à Presidência Eduardo Jorge (PV) falou sobre a declaração de Levy em seu Twitter logo após o debate: 
Hoje vocês viram o quanto é necessário uma legislação que criminalize a homo/lesbo/transfobia, equiparando-as aos crimes de racismo né"?
A presidenciável do PSB, Marina Silva, durante evento em Caruaru (PE), igualmente se pronunciou:
A declaração dele foi inaceitável do ponto de vista da completa intolerância com a diversidade social e cultural que caracteriza o nosso país. As declarações são de fato homofóbicas e inaceitáveis em qualquer circunstância.
Até agora, não se sabe de declarações da candidata Dilma Roussef sobre as lastimáveis declarações de Levy Fidelix.

Levy Fidelix causa perplexidade com declarações homofóbicas

Em resposta à pergunta sobre violência contra homossexuais, durante debate da TV Record, candidato do PRTB diz preferir perder votos a apoiar causa gay

São Paulo - O candidato Levy Fidelix (PRTB) causou surpresa e perplexidade ao responder uma pergunta sobre violência contra homossexuais, durante o debate entre presidenciáveis promovido pela TV Record, na noite desse domingo, 28. Com declarações irônicas e enfáticas, o candidato disse que nunca viu procriação entre pessoas do mesmo sexo e que prefere perder votos a apoiar homossexuais. As falas causaram risos e manifestações de indignação da plateia. Internautas também reagiram às declarações nas redes sociais.

Após ouvir a pergunta da candidata Luciana Genro (PSOL), Levy afirmou: "Jogo pesado esse aí agora. Nesse, jamais eu poderia entrar". "Aparelho excretor não reproduz", afirmou, causando indignação em alguns integrantes da plateia. "Como é que pode um pai de família, um avô, ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro não ter esses votos", disse ainda o candidato.

Líderes petistas riram algumas vezes, mas também reagiram com surpresa. "Como é possível uma coisa dessas?", perguntou um petista. Também houve risos entre os aliados de Marina, mas entre críticas e manifestações de indignação. "Que tristeza esse nível", disse uma integrante da equipe do PSB. "O pior que a maioria do eleitorado pensa assim" replicou outra pessoa do partido.

Durante a resposta, Levy defendeu o enfrentamento a "essas minorias": "Vamos ter coragem, somos maioria, vamos enfrentar essas minorias". "Instrua seu filho, instrua seu neto", pediu o candidato ao público.

Fidelix tentou "ilustrar" sua opinião citando o caso do ex-arcebispo polonês Jozef Wesolowski, preso pelo Vaticano acusado de pedofilia. "Eu vi agora o Vaticano expurgar um pedófilo", afirmou, sem citar o nome do religioso. Luciana respondeu que defende todas as famílias e o que importa é que as pessoas se amem. "Vamos enfrentar essa minoria, vamos ter coragem. Esses, que tem esses problemas, que sejam atendidos por planos psicológicos e afetivos, mas bem longe da gente", retrucou na tréplica, sem especificar se falava de homossexuais ou pedófilos.

Reações. Após o debate, em seu perfil no Facebook, Luciana Genro classificou como absurdas as declarações de Levy. "Mais do que nunca é necessária a criminalização da homofobia. O discurso de ódio não deve ter voz." Pelo Twitter, Eduardo Jorge defendeu o combate à homofobia. "Hoje vocês viram o quanto é necessário uma legislação que criminalize a homo/lesbo/transfobia, equiparando-as aos crimes de racismo, né?", escreveu.

O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), candidato à reeleição e defensor da causa gay no Congresso, também manifestou repúdio: " Vou avaliar se é possível representar contra Levy Fidélix por sua ofensa a uma coletividade e por estimular a violência contra esta."

Nas redes sociais, internautas manifestaram surpresa e outros disseram que as falas de Levy refletem "o que muita gente pensa". 


Fonte: O Estado de São Paulo, por Carla Araújo, Ana Fernandes e Daniel Galvão, 29/09/2014 
Homofobia de Levy Fidelix choca até imprensa internacional
O penúltimo debate entre os candidatos a presidente, que foi ao ar neste domingo na TV Record, foi ofuscado por uma resposta homofóbica do candidato Levy Fidelix, do PRTB. Levy, mais conhecido do grande público pela sua proposta do Aerotrem, chocou a plateia e causou furor nas redes sociais ao associar gays a pedófilos e dizer que eles precisam de tratamento psicológico.

Levy foi questionado por Luciana Genro (PSOL) sobre a violência contra a população LGBT. "Aparelho excretor não reproduz", disse Levy, tentando mostrar que a população brasileira poderia parar de crescer por causa dos homossexuais. "Luciana, você já imaginou? O Brasil tem 200 milhões de habitantes, daqui a pouquinho vai reduzir para 100 milhões", afirmou. Na tréplica, ele subiu ainda mais o tom. "Então, gente, vamos ter coragem, nós somos maioria, vamos enfrentar essa minoria. Vamos enfrentá-los. O mais importante é que esses que têm esses problemas realmente sejam atendidos no plano psicológico e afetivo, mas bem longe da gente".

A reação aos cometários foi do riso à perplexidade. Segundo o Estadão, líderes petistas e do PSB riram, mas também se mostraram surpresos. "O pior é que a maioria do eleitorado pensa assim", disse uma integrante do PSB, segundo o jornal. O discurso homofóbico de Levy foi parar na imprensa internacional. Uma reportagem do jornal britânico The Guardian diz que a noite de domingo foi "um triste dia para a democracia brasileira e para a tolerância". E ressaltou que nenhum dos três principais candidatos a presidente questionou ou criticou o discurso preconceituso de Levy.

Fonte: Época, por Bruno Calixto e Liuca Yonaha, 29/09/2014

Após declaração homofóbica, curtidas em página de Levy Fidelix aumentam 470%
Desde que o candidato nanico, em resposta à Luciana Genro (PSOL), afirmou que casais do mesmo sexo não têm condições de ter filhos e que "aparelho excretor não reproduz", o número de curtidas na página oficial cresceu.

A polêmica declaração de Levy Fidelix durante o debate do último domingo (28), realizado pela Rede Record, parece ter, assustadoramente, tido um efeito positivo para a campanha do presidenciável do PRTB.

Desde que o candidato nanico, em resposta à Luciana Genro (PSOL), afirmou que casais do mesmo sexo não têm condições de ter filhos e que "aparelho excretor não reproduz", o número de curtidas na página oficial de Fidelix aumentou 470%.

Além disso, de acordo com a ferramenta Topsy, que mapeia e calcula o número de menções a expressões e nomes em tempo real no Twitter, o nome de Levy Fidelix teve um crescimento de quase 400%, sendo que duas de cada dez menções eram positivas ao presidenciável.

Durante a fala, ele comparou a questão da homossexualidade com a pedofilia no Vaticano, elogiando a atitude do Papa de "expurgar os pedófilos".

Fidelix disse, ainda, que se eleito presidente jamais vai "estimular" o casamento gay. "O Brasil tem 200 milhões de habitantes, se começarmos a estimular isso aí daqui a pouquinho vai reduzir para 100", afirmou. O candidato ainda sugeriu que o "problema" seja tratado com ajuda psicológica e clamou: "somos maioria, vamos combater essa minoria".

No início de setembro, o blog Olho Neles conversou com Levy Fidelix a respeito de temas polêmicas. Sobre a criminalização da homofobia e do casamento gay, o candidato já afirmava ser radicalmente contra e se classificava como 'conservador'. Ele também afirmou não ser a favor das cotas racias nas universidades, que, segundo Fidelix, 'dividem o país'.

Fonte: O Tempo, 29/09/2014

Internautas convocam protestos após declarações de Levy Fidelix
'Beijaços' serão realizados nos próximos dias e, nas redes, há incentivo a denúncias contra o candidato

RIO - As declarações do candidato Levy Fidelix durante debate na TV Record geraram revolta nas redes sociais a ponto de grupos de LGBTs e simpatizantes convocarem "beijaços" para os próximos dias em São Paulo. O presidenciável defendeu "tratamento psicológico" a gays e declarou não querer os votos deles.

O primeiro será realizado nesta terça-feira, às 14h, na Avenida Paulista. O evento no Facebook já conta com mais de 4 mil pessoas confirmadas. "É um absurdo que um presidenciável incite o ódio desse jeito, em um período em que todos os dias estamos vendo nas notícias a morte de gays, lésbicas, travestis e pessoas transexuais", diz a convocatória.

O segundo promete levar os manifestantes para se beijarem em frente à sede do PRTB, partido de Levy, na Moema. Será na quinta-feira, às 18h, no bairro da Moema e o evento tem pouco mais de 500 confirmados. Já no sábado, é a vez do "beijaço" ocorrer às 16h em frente à casa do candidato. Neste, já são mais de 1,4 mil confirmados.

No debate realizado neste domingo pela TV Record, o candidato provocou revolta em sua resposta após ser questionado sobre seu posicionamento em relação às populações LGBTs.

— Dois iguais não fazem filho. Me desculpe, mas aparelho excretor não reproduz. Tem candidato que não assume isso com medo de perder voto. Prefiro não ter esses votos, mas ser pai, avô que instrua seu neto. Não vou estimular a união homoafetiva. Se está na lei, que fique como está.

Imediatamente os internautas reagiram, colocando a hashtag #LevyVocêÉNojento no topo dos Trending Topics Brasil - lista dos termos e expressões mais repetidos no Twitter em todo território nacional. Desde o momento da declaração, já houve mais de 11 mil menções à hashtag.

Além do protesto virtual, usuários que se sentiram ofendidos sugeriram que seus seguidores formalizassem denúncia contra o candidato na Sala de Atendimento ao Cidadão do Ministério Público Federal, ou no Disque 100, da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.

Fonte: O Globo, por Danilo Motta, 29/09/2014

Adotada resolução pelo fim da violência contra homossexuais via Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU)

segunda-feira, 29 de setembro de 2014 1 comentários


Latinos e europeus se unem na ONU para pedir fim da violência contra homossexuais

Por Robert Evans

GENEBRA (Reuters) - Países latino-americanos e europeus se uniram na sexta-feira (26/09) para pressionar pela adoção de uma resolução pedindo o fim da violência contra homossexuais por meio do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), apesar da forte oposição de nações islâmicas e africanas.

A resolução, aprovada por 25 votos a favor e 14 contra no organismo de 47 membros, fez com que o tema permaneça na agenda diante do que seus apoiadores dizem ser uma maré crescente global de discriminação e abusos físicos contra gays e lésbicas.

O grupo pediu ao novo Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o ex-diplomata jordaniano Zeid Ra'ad Al Hussein, que se reporte ao conselho no ano que vem a respeito do tema e proponha maneiras de superar o problema.

A medida foi elaborada por Argentina, Brasil, Chile e Colômbia. O Chile argumentou que votar contra ela seria, na prática, fazer vista grossa ao tratamento violento dispensado a “milhões de pessoas de todo o mundo com base em sua orientação sexual".

O Paquistão, falando em nome dos 57 países da Organização de Cooperação Islâmica, disse ao conselho que a resolução é “prejudicial a nossas sociedades muçulmanas, especialmente nossa juventude”, e o Egito afirmou que a homossexualidade não está contemplada nos acordos de direitos humanos da ONU.

Em nome da União Europeia, Itália e Irlanda – dois países predominantemente católicos onde a homossexualidade já foi um tabu – disseram que a resolução irá ajudar a melhorar a difícil situação na qual muitos gays e lésbicas têm que viver.

Cuba e Venezuela, que geralmente votam contra moções apoiadas pelo Ocidente, também apoiaram a medida.

Já a Rússia, que nos últimos anos abandonou sua postura liberal pós-soviética a respeito da homossexualidade e adotou uma visão mais rígida, alinhou-se a países islâmicos e africanos e votou negativamente, enquanto a China se absteve, dizendo que o assunto “causa muitas divisões”. 

África do Sul, praticamente a única nação do continente a apoiar os direitos dos gays mas que parecia estar se distanciando dessa posição, surpreendeu alguns delegados votando favoravelmente e dizendo que os homossexuais devem desfrutar de todos os direitos de um cidadão.

Os países que apoiaram a resolução, entre eles os Estados Unidos, afirmaram ser essencial manter o conselho atento ao problema em meio a uma tendência de tornar a homossexualidade ilegal na África.

Na votação desta sexta-feira, a Argélia, com o reforço do Egito, disse que a medida “é uma tentativa de desviar a atenção do conselho de temas importantes sobre a verdadeira discriminação contra pessoas depravadas de todo o mundo”.

Um total de sete países se abstiveram, e um esteve ausente.

Fonte: Reuters Brasil, 26 de setembro de 2014

Aumentam os direitos trabalhistas da população LGBT

sexta-feira, 26 de setembro de 2014 0 comentários

Homossexuais ampliam direitos trabalhistas

(Valor Econômico, 18/09/2014) Antes restrita a poucas categorias, a concessão de direitos aos trabalhadores homossexuais tem se espalhado nos últimos anos por diferentes convenções coletivas. Grupos como o dos químicos, bancários e, mais recentemente, de metalúrgicos e agricultores têm incluído em seus acordos cláusulas que vão da extensão de benefícios aos parceiros à licença casamento e licença adoção.

O acesso dos trabalhadores a esses direitos, contudo, ainda é bastante limitado em algumas áreas, de acordo com as entidades sindicais. O preconceito e a falta de instrumentos dentro das empresas que resguardem a intimidade dos funcionários muitas vezes inibe pedidos de inclusão do benefício, dizem.

Esse é o caso dos aeroviários de Porto Alegre. Diante da resistência das entidades patronais, a categoria recorreu ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) para assegurar, em 2011, a inclusão das cláusulas que garantem, além da participação do dependente no convênio médico, o direito aos parceiros de usufruir dos descontos em passagens aos quais os funcionários das aéreas geralmente têm direito. Nos últimos quatro anos, contudo, apenas três trabalhadores da base do sindicato entraram com pedido de inclusão do companheiro, conta Leonel Montezana, diretor da entidade, que atribui ao medo do preconceito a baixa adesão.

Os químicos de São Paulo vivem situação parecida. A cláusula que garante aos parceiros de trabalhadores homossexuais todos os benefícios previstos a dependentes legais já vigora há seis anos. Osvaldo Bezerra, coordenador geral do sindicato, afirma que a pauta entrou no dissídio a pedido de trabalhadores que na época queriam incluir os companheiros no plano de saúde, mas que a extensão, mesmo depois desse tempo, ainda é limitada.

Para contornar essas restrições e garantir a privacidade dos trabalhadores, o Sindicato dos Bancários de São Paulo acordou com as entidades patronais que os pedidos fossem feitos diretamente aos departamentos de RH. “Nem os chefes diretos ficam sabendo”, conta Juvandia Moreira, presidente da entidade. A extensão de direitos ao parceiro começou a valer em 2009 para a categoria, que desde então já conseguiu adicionar novas cláusulas de igualdade, entre elas a licença casamento e a licença adoção.

O diálogo aberto e constante da chamada “mesa de igualdade” fez com que o sindicato se envolvesse em outras questões e sofisticasse o diálogo sobre os direitos dos trabalhadores homossexuais. “Intermediamos o caso de um funcionário de banco que, após as férias, voltou ao trabalho como mulher. Junto ao serviço de assistência social, o sindicato discutiu desde questões práticas, como qual banheiro o trabalhador iria usar, e ajudou na conversa sobre discriminação com a equipe da agência”.

Para Reinaldo Bulgarelli, sócio-diretor da Txai Consultoria, que atua na área de responsabilidade social, os sindicatos chegaram atrasados a um debate que começou dentro das empresas. “As primeiras iniciativas vieram dos departamentos de recursos humanos, os sindicatos ficaram a reboque”, afirma.

O consultor ressalva que a extensão de direitos ao parceiro nos casamentos homossexuais não precisaria ser pleiteada nas campanhas salariais. Ela se tornou um direito previsto em lei desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, em 2011, que era inconstitucional que se fizesse distinção de tratamento legal às uniões estáveis constituídas por pessoas de mesmo sexo. Em maio do ano passado, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ratificou essa decisão e determinou em resolução que as autoridades competentes não podem recusar a habilitação e celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre homossexuais.

O Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) foi pioneiro nesse sentido, lembra Bulgarelli, ao assegurar ainda no ano 2000 a equiparação de uniões estáveis hetero e homossexuais para a concessão de benefícios previdenciários, como pensão em caso de morte. O Conselho Nacional de Imigração também saiu na frente quando, em 2008, lançou uma resolução normativa prevendo a concessão de visto ou autorização de permanência aos companheiros e companheiras de imigrantes em união estável, sem distinção de sexo.

Para ele, a disseminação através dos sindicatos, ainda que lenta, é importante porque “dá escala” e aumenta o alcance das novas garantias a que esses trabalhadores podem ter acesso.

A história dos fruticultores do Rio Grande do Norte é, nesse sentido, exemplar. A primeira reação do representante das entidades patronais ao tema, quando proposto pela categoria, foi um surpreso “e isso existe?”, como conta Francisco Ascendino das Chagas, o Guto, do Sintrafrut. A inclusão da extensão de benefícios ao companheiro legal, também neste caso, veio do pedido de alguns funcionários, há cerca de três anos. “Explicamos que isso existe, sim, em qualquer lugar e em qualquer categoria”, completa o presidente da entidade, que representa quatro mil trabalhadores e tem sede em Assú, interior do Estado.

Os metalúrgicos de Campinas também enfrentaram resistência das empresas. “Nosso meio ainda é bem machista”, comenta Jair dos Santos, presidente do sindicato. Ainda assim, desde 2011, além da extensão de benefícios, foram aprovadas a licença de seis dias para casamento e para casais adotantes. Como a convenção coletiva dos metalúrgicos do município é feita em conjunto com sindicatos das cidades de São José dos Campos, Santos e Limeira, os direitos impactam 170 mil trabalhadores.

Essas novas garantias estão na lista do que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) chama de “cláusulas sociais emergentes”, motivadas pela adaptação do mundo do trabalho às mudanças da sociedade e do sistema produtivo. De acordo com José Silvestre de Oliveira, coordenador de relações sindicais da entidade, eles começaram a aparecer já em 2009 entre categorias com maior escolaridade e mais ligadas à classe média, como a dos bancários, e tendem a se estender pelas demais áreas.

Camila Veras Mota

Pastor Everaldo declara que, se eleito, levará ao Congresso Nacional projeto que contestará o reconhecimento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) das uniões homoafetivas

quinta-feira, 25 de setembro de 2014 0 comentários

Pastor Merderaldo contra
 direitos iguais para todos
Em entrevista ao iG e à Rede TV!, candidato do PSC ao Palácio do Planalto destaca que apresentará projeto no Congresso questionando decisão do STF

O candidato do PSC à Presidência, Pastor Everaldo, disse em entrevista promovida pelo iGe pela Rede TV! que, se eleito, levará ao Congresso Nacional um projeto que contestará o reconhecimento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) das uniões homoafetivas. A Corte reconheceu o direito ao casamento civil dos homossexuais em 2011.

Everaldo comentou ainda que, ao reconhecer a união homoafetiva, o Supremo Tribunal Federal "se equivocou". "O Supremo é o guardião [da Constituição], eu respeito o nosso Supremo, mas todavia somos homens e mulheres sujeitos a errar. Eleito, farei isso [enviar projeto para rever o reconhecimento da união homoafetiva]", disse à jornalista Amanda Klein (Rede TV!) e ao diretor de Jornalismo do portal iG, Rodrigo de Almeida.

Em relação aos métodos de planejamento familiar, o pastor considerou “que tudo que não seja abortivo”, dentre eles pílula e preservativos, serão incentivados em seu governo A prática do aborto só é admitida pelo candidato do PSC em caso de estupro ou de risco à mãe e ao feto, como prevê a legislação atual.

O presidenciável do PSC também comentou que seu programa de governo vai incentivar a adoção de crianças exclçusivamente por casais heterossexuais e que não terá a mesma disposição sobre o tema com relação aos casais homossexuais.
Sou contra a adoção por casais gays. É um princípio. Acredito que a criança deve ter uma referência de pai e mãe, homem e mullher”.
Em relação ao estado laico, Pastor Everaldo disse que não negará nunca a sua fé, que não quer convencer ninguém de sua religião e que, se eleitos e fosse exigido que tirasse o Pastor do seu nome, faria a mudança sem problemas.

Marina e o voto evangélico

Questionado se a entrada de Marina Silva (PSB) atrapalhou sua campanha ao Palácio do Planalto, Pastor Everaldo minimizou:

“Eu não creio que foi dessa maneira. Eu acho que foi um caso [a morte de Eduardo Campos em meio ao processo eleitoral] acontecido, diferente de todas as eleições. Foi um caso atípico, um momento de comoção e, se nós repararmos, todos os candidatos tiveram um índice momentâneo de redução nos seus índices de campanha. Como eu digo: eleição e mineração, só depois da apuração”.

O candidato minimizou o peso da religião na decisão do eleitor em votar e citou como exemplo que a própria presidente Dilma Rousseff (PT) tem um bom contingente de eleitores evangélicos que a apoiam. Sobre sua agremiação, o PSC, comentou que “nós somos um partido que não é essencialmente evangélico. A metade da bancada não é evangélica no Partido Social Cristão. Tem evangélicos em todos os partidos políticos”.

Pastor Everaldo esquivou-se de declarar apoio a Marina Silva (PSB) caso ela seja confirmada no segundo turno. “Estou trabalhando, estou crendo. Só vou falar alguma coisa depois do resultado. E se eu for para o segundo turno? Como é que eu vou falar que apoio?”, indagou. “Tem muita água para rolar”.

Convidado a elencar críticas a seus adversários, Pastor Everaldo declarou preferir criticar modestamente o governo já que, segundo pesquisas, 70% dos entrevistados quer mudanças.

Sobre o tema da independência do Banco Central que tem colocado em oposição Dilma Aécio e Marina, por exemplo, declarou que “não existe Banco Central independente” e que apoia o modelo de gestão do BC capitaneado pelo e-presidente do órgão, Henrique Meirelles, quee ficou no cargo entre 2003 e 2010.

“Eu tenho um modelo até que eu gosto de citar. O modelo de taxa de câmbio, de taxa de inflação e de taxa de juros pra mim o melhor modelo. Vamos simbolizar: é o período Henrique Meirelles. É o meu padrão. Aquele modelo ali foi bem cuidado o Banco Central, é desse tipo. Teve uma autonomia, mas não independência. Em lugar nenhum do mundo o Banco Central é independente”, comentou.

Fonte: iG São Paulo | 23/09/2014

Na novela Império, Enrico (Joaquim Lopes) manifesta repulsa e raiva pelo pai, ao saber que ele é gay

quarta-feira, 24 de setembro de 2014 0 comentários

Mãe deixa filho transtornado ao dizer que “sempre soube” que
o marido mantinha relações extraconjugais com outro homem

Tratado com timidez na eleição, combate à homofobia é destaque em “Império”

Depois de um período em banho-maria, no qual nada de importante acontecia, “Império” voltou a mostrar qualidades. Exibida nos capítulos de sábado (20) e segunda-feira (22), a grande festa oferecida pela família Medeiros para lançar uma nova coleção de jóias serviu de pretexto para que a trama, finalmente, avançasse em várias direções.

Com habilidade, Aguinaldo Silva fez com que dois temas importantes, tratados até então de forma paralela na história, se cruzassem em cena.

Téo Pereira (Paulo Betti) publicou em seu blog, enquanto ocorria a festa, fotos de Claudio Bolgari (José Mayer) beijando Leonardo (Klebber Toledo). A revelação de que o cerimonialista, casado e pai de dois filhos, é gay detonou uma série de acontecimentos dramáticos.

Claudio foi vítima, ao mesmo tempo, de invasão de privacidade e de homofobia. Primeiro, viu-se objeto de fofocas, piadas e comentários maldosos por parte dos participantes da própria festa que organizou. Na sequência, no momento mais forte do capítulo de segunda-feira, Enrico (Joaquim Lopes) manifestou repulsa e raiva pelo pai, ao ter a confirmação de que ele é gay.

Numa longa cena, de seis minutos, o autor retratou de forma dramática o embate de Enrico com o pai e a mãe, Beatriz (Suzy Rego). Coube a ela explicitar como os dois assuntos – invasão de privacidade e homofobia – se encontravam. “Confessa, você ficou chocada”, disse Enrico à mãe. “Fiquei chocada”, respondeu. “Não pela foto e sim pela maldade do Téo Pereira”.

Beatriz deixa Enrico ainda mais transtornado ao dizer que “sempre soube” que o marido mantinha relações extraconjugais com outro homem. “Isso é nojento”, diz o filho, levando o pai a entrar na discussão.

“Sou homem bastante para enfrentar qualquer um que pensa como o Enrico”, diz Claudio. “Só existe farsa quando se engana os outros. A relação afetiva entre eu e sua mãe só diz respeito a nós dois. Onde é que está a farsa? Quem é que pode dizer que está errado? Só por que não está de acordo com os padrões?”

O discurso do personagem é longo e didático. “Já passou o tempo em que se condenava o que não estava de acordo com o que alguns consideravam o certo”. Claudio procurar fazer um paralelo com outras situações, como o preconceito a respeito de casamentos inter-raciais ou entre pessoas de diferentes classes sociais. “Isso é jogo de poder”, diz o personagem.

A cena se conclui com Enrico questionando a mãe se é mesmo filho dos dois. Beatriz dá um tapa na cara dele e o filho diz: “Vocês dois se merecem”. E sai dizendo que nunca mais voltará àquela casa.

Tema tratado com excesso de cuidados pelos principais candidatos à Presidência, que têm medo de contrariar os eleitores mais conservadores, o combate à homofobia ganhou os holofotes no horário nobre da Globo. Aguinaldo Silva merece todos os créditos por discutir de forma tão clara este assunto importante em “Império”.

Fonte: UOL, por Mauricio Stycer, 23/09/2014

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