Terror em cidade rural dos EUA terá lésbicas negras como protagonistas

quarta-feira, 31 de maio de 2017 0 comentários

Diretora de Bessie e produtor de Corra! preparam terror com negras lésbicas

Diretora de Bessie e produtor de Corra! preparam terror com negras lésbicas

Um encontro casual entre a roteirista e diretora Dee Rees (“Bessie”) e o produtor Jason Blum vai render um novo terror racial, que pretende seguir as pegadas de “Corra!” 

Assim como “Corra!”, produzido por Blum, o filme vai se passar numa assustadora cidade rural dos EUA. Mas o detalhe, segundo o jornal The New York Times, é que a trama será estrelada por um casal de negras lésbicas e tem ligação com a própria vida da diretora. 

Dee Rees aproveitou um debate patrocinado pelo Instituto Sundance, do qual Blum participou, para fazer seu pitch. “Eu e minha esposa, duas mulheres negras lésbicas, quando nos mudamos, brigávamos por qualquer coisinha: ‘por que isto está aqui? Você mexeu nisso?’ Talvez tenha sido um fantasma ou outra força, como se não quisessem que estivéssemos lá ou pudéssemos nos encaixar”, disse Rees, segundo relato do jornal. Ao que Blum pulou: “Estou dentro!”

A produção ainda sem título, está em fase da escrita do roteiro e não possui data prevista para chegar aos cinemas.

Vale lembrar que Dee Rees estreou nos cinemas em 2011 com o drama “Pariah”, que antecipou muitos dos temas de “Moonlight”, drama vencedor do Oscar 2016. Desde então, dirigiu “Bessie”, sobre a vida da cantora de blues Bessie Smith para a HBO, a minissérie “When We Rise”, sobre a história do movimento pelos direitos LGBTQ, e lançou seu segundo longa, “Mudbound”, sob elogios da crítica no Festival de Sundance deste ano. Fala-se que o filme, sobre racismo após a 2ª Guerra Mundial, tem chances de Oscar.

Fonte: Pipoca Moderna, por Marcel Plasse, 21/05/2017

Produtor de Corra! está fazendo filme de terror sobre lésbicas negras

Corra!, estreia do humorista Jordan Peele na direção, é um dos filmes mais elogiados do ano até o momento. O longa, que já é uma sensação nos Estados Unidos, Canadá e outros países, chega oficialmente aos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira (18). 

Tamanha repercussão desperta, naturalmente, as atenções do público e da mídia para os próximos trabalhos dos realizadores envolvidos na produção. 

Segundo o New York Times, o produtor Jason Blum está trabalhando em um filme de terror, ambientado em uma zona rural dos Estados Unidos, sobre lésbicas negras. Para o novo projeto, Blum se juntou a Dee Rees, diretora e roteirista dos premiados filmes Pariah (2011) e Bessie (2015). Ainda não há mais informações sobre o novo filme.

Fonte: Observatório do Cinema, por Rafael Brandão, 15/05/2017

Próximo premier irlandês pode ser gay

segunda-feira, 29 de maio de 2017 0 comentários


Irlanda pode eleger seu primeiro premier gay

DUBLIM — A Irlanda está à beira de uma enorme mudança geracional em sua vida política com a possível eleição do médico Leo Varadkar como seu próximo primeiro-ministro, uma medida que daria ao país, fortemente católico, seu primeiro líder abertamente gay e descendente de imigrantes asiáticos.

Varadkar construiu uma liderança quase intransponível antes das eleições na próxima semana para suceder Enda Kenny como líder do governo. Aos 38 anos, ele também se tornaria a pessoa mais jovem a ocupar o cargo.

Os apoiadores estão comparando o médico ao primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e ao novo presidente francês, Emmanuel Macron, esperando que ele, vindo da geração mais atingida pela mais dura crise econômica em uma década, possa transformar o cenário político.

— Sinceramente, não acho que em 1981, quando fui eleito pela primeira vez, eu podia prever uma época em que um homem abertamente gay pudesse se tornar Taoiseach (primeiro-ministro) — disse Nora Owen, que foi ministra da Justiça nos anos 90.

O fato de que tal marco é mencionado apenas na mídia local ou que o candidato têm chances de liderança demonstra o quão longe o país de 4,6 milhões de habitantes, que foi visto como um dos mais socialmente conservadores na Europa Ocidental, chegou.

Tendo descriminalizado a homossexualidade só em 1993 e introduzido o divórcio dois anos mais tarde, a Irlanda tornou-se o primeiro país a adotar o casamento gay através de um referendo popular em 2015, que atraiu o apoio esmagador vindo de todos os cantos do território.

A votação marcou uma nova diminuição do domínio da Igreja sobre a sociedade irlandesa, que tem sido enfraquecido nas últimas duas décadas — seja pela descoberta de escândalos de abuso sexual envolvendo sacerdotes, ou pela crueldade em instituições administradas pela Igreja Católica.

O pai de Varadkar, Ashok, que também é médico, nasceu em Bombaim, na Índia. Ele conheceu a mãe do político, Miriam, uma enfermeira e filha de fazendeiro do condado de Waterford, no Sul da Irlanda, enquanto trabalhava na Inglaterra na década de 1970. Eles se casaram lá, mas decidiram se mudar de país e criar sua família em Dublin, onde Varadkar nasceu.

POTENCIALMENTE TRANSFORMADOR

Ele garantiu o apoio declarado de 46 dos 73 legisladores do partido Fine Gael para as eleições de 2 de junho, para assumir o lugar de Kenny. Com os legisladores responsáveis ​​por 65% do voto nas eleições, seu oponente, Simon Coveney, precisa de um número significativo para mudar o cenário, o que, segundo analistas, é altamente improvável.

Quem quer que substitua os 15 anos de Kenny no comando vai ser o único líder no Parlamento irlandês nascido na década de 1970. Quando o atual primeiro-ministro foi eleito pela primeira vez para a Câmara baixa em 1975, Coveney tinha 3 anos de idade, e Varadkar sequer era nascido.

Pesquisas de opinião mostram que ambos são populares entre os membros do Fine Gael, mas que Varadkar tem o potencial de ganhar uma porcentagem significativa de votos de outros partidos.

— Acho que Leo Varadkar se tornar primeiro-ministro é potencialmente transformador para o futuro do Fine Gael, e talvez para o sistema político em geral — disse o comentarista político Noel Whelan. — Em uma era de antipolítica, ele é uma das coisas mais próximas a um político antipolítico. Ele estimula partes do eleitorado que o partido geralmente não alcança — complementou.

Fonte: Extra, 29/05/2017

Polícia de Curitiba divulga retrato falado de suspeito de jogar ácido em homossexual

sexta-feira, 26 de maio de 2017 0 comentários

Polícia Civil divulga foto de suspeito de ataque homofóbico, em Curitiba (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Polícia divulga retrato falado de suspeito de jogar ácido no rosto de um homossexual
                         
Polícia Civil divulga retrato falado de suspeito de jogar ácido em homossexual, em Curitiba
Caso aconteceu na noite de 14 de maio, no bairro Juvevê.

Polícia Civil divulgou, nesta segunda-feira (22), o retrato falado do suspeito de jogar ácido em um homem homossexual de 40 anos. O caso aconteceu no dia 14 de maio, no bairro Juvevê, em Curitiba.

Por causa do ataque homofóbico, o homem perdeu a visão do olho esquerdo e corre o risco de perder do lado direito, conforme o delegado Fábio Amaro. A vítima está internada no Hospital Evangélico, com queimaduras de segundo e terceiro graus.

Quem tiver informações, pode ligar no Disque-Denúncia: 0800 6431 121.

A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o ocorrido. De acordo com a Polícia Civil, a vítima relatou que caminhava pela rua por volta das 20h30 quando foi abordada por um suspeito que se aproximou, pronunciou um xingamento homofóbico e jogou um líquido em seu rosto, provocando queimaduras.

Em entrevista, o homem afirmou que pensou inicialmente se tratar de um assalto, mas que em determinado momento a pessoa que o atacou chegou a dizer: "Toma aí, seu viado", antes de jogar o líquido contra ele.
Eu sei que ele estava de boné preto, de boina e de óculos. E ele me empurrou. Na hora em que ele me empurrou, eu achei que ele iria roubar meu celular. Daí, eu tentei levantar a minha perna, para tentar me defender. Foi onde ele pegou e jogou 'Toma aí, seu viado". Foi ódio mesmo, contou a vítima.
Fonte: G1, 22/05/2017 


'Foi ódio mesmo', diz vítima de ataque homofóbico com ácido, em Curitiba
Homem foi atingido nos braços e no rosto e corre o risco de perder a visão nos dois olhos.

O homem de 40 anos, que foi vítima de um ataque com ácido, em Curitiba, diz que o ato foi intencional, por causa da orientação sexual dele. Em entrevista, a vítima afirmou que pensou inicialmente se tratar de um assalto, mas que em determinado momento a pessoa que o atacou chegou a dizer "Toma aí, seu viado", antes de jogar o líquido contra ele.
Eu sei que ele estava de boné preto, de boina e de óculos. E ele me empurrou. Na hora em que ele me empurrou, eu achei que ele iria roubar meu celular. Daí, eu tentei levantar a minha perna, para tentar me defender. Foi onde ele pegou e jogou 'Toma aí, seu viado". Foi ódio mesmo, contou a vítima.
O caso aconteceu no bairro Juvevê, no domingo (14). O homem foi internado no Hospital Evangélico, com ferimentos nos braços, no peito e no rosto. Ele corre risco de perder a visão dos dois olhos, em decorrência do ataque.
Eu sofri queimadura de terceiro grau no rosto, nos dois braços, no peito, no abdômen. E boca, rosto completinho, e mais a visão, onde eu vou perder praticamente toda a visão. A chance de eu enxergar de novo é mínima. Fora o emocional, que acabou comigo", disse a vítima.
A Polícia Civil informou que está ouvindo testemunhas e que a investigação do caso está avançada. Até o momento, nenhum suspeito foi preso.

Fonte: G1, RPC Curitiba, 17/05/2017

Taiwan considera inconstitucional a proibição de casamento gay

quinta-feira, 25 de maio de 2017 0 comentários

Decisão foi comemorada por defensores da liberação do casamento gay TYRONE SIU / REUTERS

Justiça de Taiwan considera inconstitucional a proibição de casamento gay
Decisão abre portas para ilha se tornar o primeiro território asiático a permitir uniões entre pessoas do mesmo sexo

TAIPÉ — A justiça de Taiwan tomou uma decisão histórica nesta quarta-feira sobre o casamento gay, o que deve permitir que a ilha se transforme no primeiro território asiático a legalizar uniões entre pessoas do mesmo sexo. A Corte Constitucional considerou que o dispositivo do Código Civil segundo o qual um contrato de matrimônio só pode ser assinado entre um homem e uma mulher “viola” a Constituição, garantindo a liberdade de casamento e a igualdade entre os cidadãos.

De acordo com a decisão, o parlamento terá um prazo de dois anos para criar uma nova lei ou alterar o Código Civil permitindo a união homoafetiva. Se os congressistas não aprovarem a mudança nesse período, casais do mesmo sexo poderão fazer o registro de casamento, com base na interpretação judicial.
Os dispositivos atuais sobre o casamento não permitem que duas pessoas do mesmo sexo criem uma união permanente de natureza íntima e exclusiva com o objetivo determinado de levar uma vida juntos. Isto é obviamente um grave defeito legislativo", afirmou a Corte.
Os esforços para obter direitos igualitários no matrimônio ganharam força na ilha com forte apoio popular, mas também provocaram a indignação de grupos conservadores, que organizaram protestos contra qualquer mudança na lei. O tribunal destacou que a decisão de permitir o casamento homossexual contribuiria para a estabilidade social e para proteger a "dignidade humana".

Os partidários e críticos se reuniram no centro de Taipé para aguardar a decisão. Centenas de ativistas favoráveis ao casamento gay exibiam as bandeiras com as cores do arco-íris fora do parlamento. Um painel com 14 magistrados definiu a sentença, que exigia pelo menos 10 votos. Apenas dois juízes se pronunciaram contra a decisão.

Fonte: O Globo, 24/05/2017

Ativistas da ONG "Rede Russa LGBT" tiram mais de 40 gays da Chechênia e pedem asilo para eles

terça-feira, 23 de maio de 2017 0 comentários


Ativistas LGBT russos tiram mais de 40 gays da Chechênia e pedem asilo a eles

ONG negocia com 5 países para conseguir vistos aos gays.

Ativistas da ONG "Rede Russa LGBT" informaram nesta quinta-feira (18) que retiraram até esta quinta-feira (18) 42 homossexuais da Chechênia e pediram aos países europeus asilo perante o perigo que correm nessa república do Cáucaso Norte, segundo algumas denúncias.

Um porta-voz da ONG disse à agência "Interfax" que os mais de 40 gays foram levados para distintas regiões da Rússia.
Esperamos a ajuda dos países europeus com vistos para levá-los ao exterior", afirmou à agência "Interfax" o porta-voz.
Nove deles já saíram do país, acrescentou, sem revelar os Estados aos quais emigraram. Além disso, o porta-voz precisou que no total houve pedidos de ajuda de mais de 80 homossexuais na Chechênia.
Tratamos com pelo menos cinco países para conseguir os vistos. Estamos negociando a abertura de corredores humanitários para membros da comunidade LGBT", explicou o interlocutor da agência russa.
As vítimas desconfiam de nós. Muitas delas estiveram presas e sofreram torturas", disse o porta-voz da ONG, que precisou que as detenções começaram em dezembro do ano passado.
Prisões secretas e tortura

A "Rede Russa LGBT" não tem representação na Chechênia e nem trabalhou antes nessa região de maioria muçulmana, no olho do furacão depois que um jornal russo denunciou a perseguição e assassinatos de homossexuais em seu território, bem como a existência de prisões secretas para as minorias sexuais.

O líder da Chechênia, Ramzan Kadyrov, qualificou de "provocação" e "calúnia" a reportagem do jornal "Novaya Gazeta", que relevou a situação dos gays na república, embora na semana passada tenha se manifestado disposto a cooperar com as autoridades federais russas na investigação das denúncias.
Não se pode deter ou perseguir quem simplesmente não existe na república. Se na Chechênia houvesse essa gente, os órgãos de segurança não teriam que se preocupar com eles, já que seus próprios familiares os enviariam a um local desde onde nunca retornariam", declarou Alvi Karimov, o porta-voz do líder checheno.
Os testemunhos das vítimas falam de confinamentos em condições desumanas, torturas com descargas elétricas, violações com garrafas, desaparecimentos e mortes.

Fonte: G1, via agência EFFE, 18/05/2017

Blogueira cristã larga marido para casar com jogadora de futebol

segunda-feira, 22 de maio de 2017 0 comentários

Abby Wambach e Glennon Doyle Melton



















Blogueira cristã se separa do marido e se casa com uma mulher
Ela é mãe de três filhos e ficou famosa por dar dicas sobre como vencer problemas no casamento e como cuidar dos filhos segundo a Bíblia

Glennon Doyle Melton é uma blogueira conhecida nos Estados Unidos por levantar a bandeira da maternidade e do cristianismo. Agora ela está envolvida em uma grande polêmica por ter se casado com a jogadora de futebol Abby Wambach, depois de se separar de seu marido.

O relacionamento foi anunciado no final do ano passado, três meses depois que Glennon e Craig se divorciaram. Segundo o jornal The Washington Post, a blogueira sempre falou sobre seu casamento, inclusive postou sobre as dificuldades que o casal enfrentava.
Somos uma família moderna e bonita”, disse ela assim que assumiu o relacionamento. Ela e o ex-marido foram juntos conversar com os três filhos do casal sobre o relacionamento gay que Glennon estava assumindo.
Quando Craig e eu nos sentamos para lhes contar sobre Abby eu comecei dizendo:
‘Em nossa família, vivemos e dizemos a verdade sobre quem somos, não importa o quê, e então nos amarmos uns aos outros por meio dele – e estou prestes a mostrar como isso é feito ‘”, declarou.
Glennon, Craig e os filhos

Aos 41 anos, a blogueira se casou com Abby e tem escrito mensagens em suas redes sociais para que seus seguidores não desistam do amor. Glennon afirma que sentiu medo ao se apaixonar por uma mulher. 
Quando eu me apaixonei por Abby, fiquei com medo. Eu pensei que meu medo poderia ser maior do que a minha coragem”, confessou.
Mas ao conversar com uma amiga, também cristã, ela foi encorajada a não desistir da felicidade. “Eu conversei com a minha querida amiga Martha Beck e ela me disse: 
Querida, é verdade que Deus nos ensina através da dor, mas é também verdade que Deus tenta nos ensinar através da alegria primeiro. Você pode continuar escolhendo a dor e o desgosto, ou pode escolher a alegria'”.
No final do texto, a blogueira afirmou que escolheu a alegria e que hoje sua coragem de assumir o casamento gay é maior que o medo.

Fonte: JMNotícia, 21/05/2017

O casamento igualitário no Brasil completou 4 anos

quinta-feira, 18 de maio de 2017 0 comentários

Tatiani Oliveira e Lumara Rodrigues foram o primeiro casal homoafetivo a se casar na cidade onde vivem,
em Minas Gerais (Foto: Ricardo Carvalho/Divulgação)

Casamento gay no Brasil completa 4 anos de regulamentação; leia histórias
Norma do Conselho Nacional de Justiça passou a valer para todos os cartórios do país em 14 de maio de 2013. No DF, foram registrados 433 casamentos homoafetivos; conheça história de três casais.

A regulamentação do casamento gay no Brasil completou quatro anos no domingo (14/05) com cerca de 15 mil registros oficializados em todo o país. O número representa um aumento de 51,7% em relação ao primeiro ano de vigor da norma, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O G1 conversou com três casais – de Brasília, Rio de Janeiro e Minas Gerais – sobre as mudanças jurídicas e sociais que a oficialização do casamento promoveu na vida dos homossexuais. 

Em 14 de maio de 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou a Resolução 175, que passou a garantir aos casais homoafetivos o direito de se casarem no civil. Com a resolução, tabeliães e juízes ficaram proibidos de se recusar a registrar a união.
Até então, eles podiam negar os pedidos baseando-se na legislação, que garante o direito ‘apenas a casais’, o que para o direito consuetudinário [dos costumes] seria um homem e uma mulher”, explicou o advogado de família Fernando Carvalho.
No primeiro ano de aplicação da norma, foram celebrados 3.700 casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo em todo o Brasil, segundo o levantamento do CNJ. Em 2015, data da última pesquisa do IBGE sobre o tema, o número total – entre héteros e homossexuais – chegou a 1,13 milhão.
Em termos absolutos, os casamentos gays ainda são minoria – 0,5% do total. No entanto, pessoas do mesmo sexo têm-se casado muito mais que os heterossexuais. Entre 2014 e 2015, houve um aumento de 15,7% no número de casamentos homoafetivos, enquanto o de casais "tradicionais" cresceu 2,7%.

No Distrito Federal, até o dia 3 de maio, foram realizados 433 casamentos civis ou conversões de união estável em casamento entre pessoas do mesmo sexo, segundo balanço do Tribunal de Justiça do DF.

A corregedoria do órgão informou ao G1 que, na capital, nunca houve casos de cartórios que descumprissem a resolução do CNJ.

Antes podia?

Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) criou jurisprudência para casos semelhantes ao proferir decisão favorável a duas ações que pediam o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar.

Uma delas pedia que os direitos e deveres fossem os mesmos dos casais heterossexuais, a outra alegava que o não reconhecimento contrariava preceitos fundamentais como igualdade, liberdade e o princípio da dignidade da pessoa humana – todos previstos na Constituição.
O SFT balizou o conceito jurídico de casal e de família. E, assim, quebrou o argumento dos cartórios”, disse Carvalho.
Mesmo assim, segundo o próprio Conselho Nacional de Justiça, ainda havia brechas para que pedidos de união estável continuassem a ser recusados. Afinal, o STF não tem competência para criar leis e a resolução do CNJ só seria publicada dois anos depois.

Nenhum direito a menos

Com a conquista do direito de se casar em 2013, os homossexuais passaram a usufruir de mecanismos legais que, desde 1916 (ano do primeiro Código Civil), eram exclusividade dos casais hétero. O principal deles, segundo o advogado Carvalho, é patrimonial.
Casamento é a formação de um núcleo familiar, mas essencialmente resguarda a questão patrimonial, porque elege um regime de bens.”
Os casais de pessoas do mesmo sexo passaram a ter todos os direitos e obrigações previstos em lei e firmadas no contrato, como a partilha de bens e herança de parte do patrimônio do cônjuge em caso de morte.

Para o rádio-operador de plataforma marítima Pablo Sanches, de 36 anos, a vontade de oficializar o casamento com o parceiro cresceu depois que se perguntou:

“Por que não?”

Até 2013, a resposta seria simples: "porque a legislação brasileira não permite". Hoje, além dos direitos, o contrato também concede aos casais homoafetivos o reconhecimento social da união.
“Surge um momento na vida que a gente almeja construir algo com o outro. Casar foi a oficialização dessa nossa união, mas também nos garantiu o direito de poder colocar o outro como dependente num plano de saúde, por exemplo.”
Para o advogado Carvalho, a questão previdenciária também é importante. 
No funcionalismo público, está prevista pensão para o cônjuge [em caso de morte]. Mas os casais [homoafetivos] não tinham acesso a esse direito mesmo com a união estável.”
O servidores públicos Hugo Pullen, de 29 anos, e Thiago Ribeiro, de 27, passaram a se valer desse direito quando se casaram em setembro do ano passado.
A gente vai ser protegido se acontecer qualquer problema, nenhum direito nosso vai ser tolhido.”
Para Pullen, o casamento civil contribui para a inclusão dos casais homoafetivos em um contexto que, até então, somente admitia casais entre homens e mulheres. 
São coisas pequenas no dia a dia, mas que têm um significado muito importante.”
Posso falar de boca cheia que o Thiago é meu marido. Antes, por mais que tivesse a união estável reconhecida, não podia.”
O casal Hugo Pullen e Thiago Ribeiro casaram-se no civil em setembro de 2016 em Brasília
(Foto: Rômulo Juracy/Divulgação)


União estável


A união estável firmada em cartório, no entanto, também assegura a maioria desses direitos, segundo o advogado. “A solenidade é a maior diferença.” Carvalho afirma que muitos casais – hétero e homossexuais – não optam pelo casamento pela burocracia do procedimento.
Se estiver em um relacionamento estável e quiser resguardar a questão patrimonial, basta fazer uma escritura pública no cartório na hora, eleger o tipo de divisão de bens e pronto. O casamento no civil pode levar até 90 dias.”
As sutis diferenças entre a união estável e o casamento firmados em cartório foram motivo de debates no STF na última quarta (10). Os ministros decidiram pela equiparação dos dois tipos de contrato quanto ao regime de herança, tanto para os casais homoafetivos quanto para heterossexuais.

Casar pra quê?

Para Pablo Sanches, o preconceito ainda é uma barreira à oficialização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. No dia em que ele e Fábio de Sá se casaram, o cartório registrou 13 casamentos, sendo dois homoafetivos – o deles e de duas mulheres.
Elas chegaram a pedir para serem as últimas, provavelmente porque não queria as pessoas julgando. Eu faria a mesma coisa se fosse o primeiro da lista na frente de um monte de gente que, pro bem ou pro mal, estava julgando eu estar casando com uma pessoa do mesmo sexo.”
A forma como olhavam pra gente, não sei se foi espanto ou repulsa. Mas você se sente desconfortável.”
“Quando a gente fala que vai casar, as pessoas devem ficar se perguntando ‘qual deles vai entrar de noiva?’.”

A aprovação – ou a falta dela – na família também pode afastar a ideia de casamento. 
Acho que tem o peso da obrigação de ter que contar para os pais. Preocupação com o que o que a sociedade vai pensar. É como se, enquanto estou entre quatro paredes com meu parceiro, tudo bem. Mas, quando firma no cartório, todo mundo fica sabendo”, disse Sanches.
A gente fica à mercê das expectativas que criam em cima de você. Quando diz que é homossexual, isso estraga todo o planejamento que tinham na cabeça.”
Para Hugo Pullen, o ambiente de trabalho também pode ser um bloqueio. 

Você vai estar lá, com a aliança no dedo e os registros vão acusar que é casado. Já aconteceu de me perguntarem o nome da minha esposa e eu dizer que era marido. Não me incomoda. Mas para algumas pessoas, sim.”
Chuva de arroz

Leia abaixo a entrevisa do G1 com os três casais citados na reportagem sobre a experiência de oficializar o casamento no civil: os benefícios, as dificuldades e os esteriótipos construídos em torno da instituição que, por séculos, foi exclusividade dos heterossexuais.

O rádio-operador de plataforma marítima, Pablo Sanches, passa duas semanas em alto mar a cada 14 dias de folga. Distante da costa, com sinal telefônico fraco e rede de internet “comparável à discada”, a comunicação com o parceiro é um desafio desde que se conheceram.
“Hoje o Fábio está mais acostumado, mas eu tenho que compensar quando tiro férias, que fico 40 dias em casa.”
Ele e Fábio Mendonça de Sá, de 40 anos, se casaram há duas semanas e fizeram a cerimônia em um bistrô para cerca de 90 pessoas. O relacionamento, porém, começou em 2010 – três anos antes da resolução do Conselho Nacional de Justiça.

Bem humorado, Pablo diz que brincava com os amigos que entraria no casamento "vestido de Donna Karan com a música “Isn’t she lovely” [de Stevie Wonder].” Segundo ele, o preconceito e a falta de conhecimento da realidade LGBT perpetuam esteriótipos sobre o relacionamento homoafetivo.
As pessoas acham que [o casamento gay] vai ser igual a um episódio de RuPaul’s Drag Race."
Os dois vivem sob o mesmo teto desde 2012 e dividem o apartamento no Rio de Janeiro com outro casal homoafetivo, a cunhada de Sanches e a companheira dela. Até este ano, o estado registrou cerca de 2 mil casamentos entre pessoas do mesmo sexo, segundo dados do CNJ.

Pioneiras

Primeiro casal gay de uma cidade no interior de Minas Gerais a se casar no civil, Tatiani Oliveira, de 35 anos, e Lumara Rodrigues, de 25, fizeram questão de tirar fotos na praça logo depois de assinar os papéis. 
Se não fosse pra causar eu nem casava”, brincou Tatiani.
As duas se conheceram em um grupo de lésbicas na internet e começaram um relacionamento à distância no final de 2011. Quase um ano depois, elas romperam. 
Nós ficamos dez meses separadas, mas nunca paramos de nos falar. A gente sabia que uma amava a outra.”
Durante um encontro do grupo em São Paulo em 2013, Lumara ligou para Tatiani e a pediu em casamento. A data foi uma sexta-feira 13, “que é o dia do azar, mas pra mim foi o mais feliz de todos”, disse Tatiani.

Desde então, as duas moram juntas em Miraí – que tem cerca de 15 mil habitantes –, onde "quase todo mundo se conhece". Por conta disso, a maior preocupação do casal era com a filhas, que poderiam sofrer algum tipo de bullying na escola. Tatiane tem uma menina de 15 anos e Lumara, uma de sete.
Pras meninas isso nunca foi um problema. É normal ter duas mães, porque sempre foram criadas assim."
Segundo Tatiani, o preconceito veio de uma pastora que publicou nas redes sociais uma foto dela e da companheira com a legenda "Que Deus proteja nossas crianças". O casal entrou com uma ação na Justiça contra a mulher por injúria – "já que ainda não existe crime de homofobia" – e recebeu a indenização por danos morais.
Indendepente da cor e orietação sexual, o respeito te permite ser quem você quiser", disse Tatiani.
Sim, sim e sim

Hugo Pullen e Thiago Ribeiro se casaram em setembro de 2016, após dois anos de relacionamento. O pedido foi surpresa, quando casal dividia os lençóis há um ano.
Meu plano era casar um pouco depois, mas o Thiago me pediu em casamento no ano passado e eu não podia e nem queria dizer não", disse Pullen.
A oficialização da união foi registradada em Brasília e eles fizeram uma cerimônia simples para comemorar, “nada com muita pompa”. O casamento foi conduzido por uma monja do grupo zen que Ribeiro frequenta.

Para Pullen, o casamento representa um passo "muito grande" tanto para os casais homoafetivos individualmente, como para o avanço dos direitos LGBTs. "Talvez por ser recente, as pessoas ainda estejam recebendo a ideia e a inserindo nos planos e sonhos pessoais. Na medida em que se quebram os tabus, as pessoas vão percebendo que isso é algo que vem para melhorar."
Não é como se a gente estivesse interferindo no direito de alguém. Dizer que não posso [me casar], sim, é interferir no meu direito.”
Fonte: G1, por Luiza Garonce, DF, 14/05/2017 

STF equipara direitos sucessórios de união estável homossexual com a de casamento civil

terça-feira, 16 de maio de 2017 0 comentários


STF equipara herança de união estável homossexual com a de casamento
Maioria dos ministros entendeu que união estável e casamento devem ter mesmo tratamento em relação à herança. Antes, indivíduo tinha direito a um terço dos bens e, agora, terá direito à metade.

Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (10) equiparar os direitos sucessórios de uma união estável homossexual com a de um casamento civil.

Assim, um indivíduo que mantinha relação homossexual em união estável com outro falecido terá direito à metade de seus bens, como no casamento, e não apenas a um terço, como previsto no Código Civil.

No julgamento, os ministros analisaram o caso de um homem que viveu por mais de 40 anos com seu companheiro e disputava a parcela da herança com a mãe do falecido.

Por 6 votos a 2, a maioria dos ministros entendeu que, apesar de serem institutos distintos, a união estável homossexual e o casamento devem ter o mesmo tratamento em relação à herança. O mesmo entendimento foi aprovado para uniões estáveis entre heterossexuais.

Votaram nesse sentido os ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia.

Pela diferenciação na herança votaram o relator da ação, Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski. Não participaram do julgamento os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Celso de Mello, ausentes na sessão.

Autor do voto vencedor, Luís Roberto Barroso lembrou que, em 2011, o próprio STF reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Posteriormente, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também permitiu o casamento civil entre homossexuais.
As pessoas têm o direito de colocar seu afeto e sua sexualidade conforme seu desejo e serem colocadas em igualdade de condições com as demais pessoas”, afirmou.
Relator do caso, o ministro Marco Aurélio Mello argumentou que casais hétero ou homossexuais têm direito de escolher entre a união estável e o casamento civil.

Ele votou pela diferenciação das regras de herança, como previsto no Código Civil, para dar aos casais o direito de escolha sobre como pretendem dividir seus bens após a morte de um companheiro ou cônjuge.
Embora todas as entidades familiares mereçam proteção, isso não significa que devam ser tratadas exatamente da mesma maneira [...]Não cabe ao Judiciário após as escolhas legítimas dos particulares, sabedores das consequências, suprimir a manifestação de vontade, com promoção de equiparações”, afirmou o ministro.
Fonte: G1, por Renan Ramalho, G1, Brasília, 10/05/2017

Para a modelo andrógina Rain Dove, o gênero é uma construção social que você não precisa aceitar

segunda-feira, 15 de maio de 2017 0 comentários

Rain Dove

Modelo andrógina desafia estereótipos de gênero nas redes sociais
Para Rain Dove, o gênero é uma construção social que você não precisa se enquadrar

Rain Dove é modelo e é andrógina. Por não se considerar nem do gênero masculino, nem do feminino, ela desafia a concepção tradicional de homem e mulher. Mas, como afirmou ao portal After Ellen, a modelo nem sempre se reconheceu como andrógina:
“[Antes] me sentia uma mulher feia”.
Hoje, ela tem uma carreira muito bem sucedida como modelo e acumula cada vez mais seguidores no Instagram e no Facebook, já que milita pela causa andrógina.
“A questão de gênero não existe; ela é uma construção social que você não precisa se enquadrar”, afirmou a ativista ao Buzzfeed.
Veja mais sobre Rain Dove clicando aqui. 







Em Portugal, Conselho Nacional de Reprodução Assistida libera "barriga de aluguel" para casais de mulheres

quarta-feira, 10 de maio de 2017 0 comentários


Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida aceita barrigas de aluguel, mas só para lésbicas


Deliberação de 27 de janeiro respondeu a pedido de esclarecimento de casais de mulheres e de centros de tratamento de infertilidade

Depois de vários pedidos de esclarecimentos de casais de mulheres e de centros de tratamento de infertilidade, o Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA), decidiu permitir que duas mulheres lésbicas vivenciem uma gravidez em simultâneo. Ou seja, passou a ser possível em Portugal recorrer à maternidade de substituição ou “barriga de aluguel”.

Em causa está o conceito de “fertilização recíproca” ou “partilha biológica da maternidade”, já permitido em Espanha. Como explica a deliberação do CNPMA, de 27 de janeiro, trata-se da “possibilidade de um casal de mulheres candidato a aplicação de técnicas de PMA contribuir biologicamente para a concepção da criança, designadamente, através do recurso a ovócitos de uma das beneficiárias e subsequente transferência (após inseminação com espermatozoides de dador) para o útero da outra beneficiária”. 

O CNPMA rejeita, contudo, qualquer comparação com as “barrigas de aluguel”, justificando, logo no segundo considerando do texto, que no caso agora aceite, a mãe que empresta o útero não entrega a criança nem “renuncia aos poderes e deveres próprios da maternidade“. Prevê ainda que aos médicos continue a assistir o direito à objeção de consciência.

Fonte: Expresso, por Christiana Martins, 06/05/2017

Violência doméstica entre casais de mesmo sexo é 'invisível'

terça-feira, 9 de maio de 2017 1 comentários

Violência entre pessoas do mesmo sexo é mais comum do que se imagina, dizem especialistas

O drama do 'armário duplo': a violência 'invisível' entre casais do mesmo sexo

Erica é argentina e tinha 21 anos quando começou sua primeira relação com outra mulher, que era sete anos mais velha que ela. Pouco a pouco, ela se viu presa num círculo de isolamento e de controle asfixiante.
Agora, quando olho para trás, é difícil entender, mas me lembro de estar convencida de que não ia poder sair disso nunca mais", relata ela à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC. "Me ligava constantemente, também quando estava no escritório. Se eu dizia que não podia falar, me ligava no telefone do trabalho", conta.
Depois veio a violência física. A parceira batia na cabeça de Erica, deixava marcas no braço e, um dia, quebrou o nariz da namorada com um soco.
No dia seguinte, disse a minha mãe que eu tinha caído", conta Erica, hoje com 34 anos.
A história de Erica é parecida com a de muitas outras mulheres vítimas de violência doméstica, mas se difere no fato de que não é um homem o responsável pelas agressões, mas uma mulher.
E não é um caso isolado. Coletivos LGBT afirmam que a violência entre casais do mesmo sexo é mais comum do que se imagina. Eles denunciam que, apesar de acontecer com frequência, pouca atenção é dada a esse tipo de violência.
É uma violência invisível e um tabu", assegura a BBC Mundo Paco Ramírez, presidente da confederação LGBT Colegas, baseada na Espanha.
Níveis semelhantes

Ainda que agressões, humilhações repetidas, ameaças ou controle doentio não sejam fenômenos exclusivos das relações heterossexuais, a violência entre pessoas do mesmo sexo é bem menos estudada.

Além disso, em muitos países a união homoafetiva não é reconhecida legalmente.

Na América Latina, muito recentemente, Argentina, Uruguai, Brasil, Colômbia e alguns Estados do México aprovaram casamento entre pessoas do mesmo sexo, enquanto o Equador e o Chile reconhecem as uniões estáveis.

No caso do Brasil, especificamente, o Supremo Tribunal Federal decidiu em 2011 por unanimidade o reconhecimento legal da união homoafetiva. Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça aprovou resolução que impede os cartórios brasileiros de se recusarem a converter uniões estáveis homoafetivas em casamento civil.

Embora não haja estudos globais, os levantamentos existentes, principalmente centrados em países anglo-saxônicos, indicam que o problema existe e poderia ocorrer em níveis semelhantes aos de casais heterossexuais.

Essa é a conclusão de um estudo divulgado em 2014 pela Escola Feinberg de Medicina da Northwester University, de Chicago, que revisou pesquisas anteriores que sugeriam que entre 25% e 75% de lésbicas e gays  já foram vítimas de violência doméstica, para concluir que "a falta de dados representativos e a subnotificação de casos de abuso pintam um quadro incompleto do panorama real, sugerindo taxas ainda mais altas (de abuso)".
A violência doméstica é exacerbada porque casais do mesmo sexo têm de lidar com o estresse adicional de pertencerem a uma minoria sexual. Isso leva a uma relutância em abordar questões ligadas a violência doméstica", diz o psicólogo Richard Carroll, um dos autores do estudo.
Em outra pesquisa, do Centro de Prevenção e Controle de Enfermidades de Estados Unidos, que ouviu mais de 16 mil pessoas, o índice de mulheres lésbicas e homens gays que afirmaram ter sido vítimas de violência íntima (física, sexual ou psicológica) por parte dos companheiros ou ex-companheiros foi similar e, em alguns casos, superior ao de heterossexuais.

Mesmo que nenhum estudo tenha identificado se a violência doméstica é maior em casos de casais homossexuais que nos demais - os dados normalmente não indicam o sexo do agressor e podem estar relacionados a momentos anteriores aos que pessoas passaram a se identificar como homossexuais -, os achados refletem o que muitos na comunidade LGBT já viam como um fato: as mulheres heterossexuais não são as únicas vítimas de violência entre casais, não é certo que os homens nunca sejam vítimas e tampouco que as mulheres não possam ser a parte agressora.

Crenças falsas

Carlos García, trabalhador social especializado em violência doméstica, conversou com 27 homens e mulheres na Espanha que viveram situações de violência doméstica. Observou que os homens dificilmente se identificavam como vítimas.
Me diziam: É que não podia me ver como uma dessas mulheres maltratadas que aparecem na televisão. Tinha que ser outra coisa", disse García à BBC Mundo.
Socialmente, acredita-se que se a violência acontece entre pessoas do mesmo sexo, então tem que ser nos dois sentidos, pois não haveria dominação nem submissão", afirma García, que compartilhou seus achados no livro La huella de la violencia en parejas del mismo sexo ("A Marca da Violência entre Casais do Mesmo Sexo", em tradução livre).
Por isso, se é difícil para uma mulher hétero denunciar abusos do próprio companheiro, no caso dos homossexuais pode ser ainda pior. É o que está sendo chamado de "armário duplo": além de ter a dificuldade de admitir ser vítima de violência da(o) própria(o) companheira(o), ainda tem de se identificar como LGBT a uma autoridade em que - muitas vezes - não confia.

Além disso, há numerosos casos em que os agressores ameaçam divulgar a orientação sexual da vítima no círculo familiar ou de amizades, e usam isso como mecanismo de controle.

Quando a pessoa decide denunciar, nem sempre encontra instituições ou autoridades prontas para protegê-la.
Me disseram que riram de algumas mulheres que foram à polícia contar que o agressor é outra mulher", disse à BBC Mundo Karen Vasquez, psicóloga e coodenadora de promoção de saúde sexual da Associação de Psicologia de Porto Rico.
Algo semelhante aconteceu com um dos homens entrevistados por García. Quando ele foi à polícia denunciar as surras que recebia do namorado, não o viram como vítima, mas como alguém que tinha se envolvido numa briga.

O maior temor é a discriminação ou baixa confiança na atuação da polícia. Na Venezuela, os tribunais também foram identificados como importantes obstáculos para denunciar este tipo de agressão, de acordo com um estudo publicado em 2003 por Reynaldo Hidalgo, professor de criminologia da Universidade de Los Andes.

Invisíveis

Tudo isso contribui para que ganhem visibilidade apenas os casos mais extremos. Como um caso recente que foi parar nos jornais espanhóis, de uma mulher de 53 anos acusada de matar sua parceira a facadas após uma discussão no meio da noite.

Na Argentina, um espaço para mulheres lésbicas e bissexuais chamado La Fulana começou a reunir notícias sobre casos de violências entre mulheres e percebeu que estes eram relatados como briga entre mulheres, entre "amigas", e que não aparecia a palavra "lésbica", segundo explicou à BBC Mundo Paz Dellacasa, coordenadora geral do centro.

Segundo Dellacasa, quando uma lésbica se arriscava a fazer uma denúncia nas autoridades, o caso era registrado como uma "briga" ou "desentendimento", e não em como violência de gênero.
O que queremos é que nos reconheçam. O que não tem nome, não existe. E o que não existe, não tem direito", salienta Dellacasa.
No Chile, o Movimento de Libertação e Integração Homossexual (Movilh), abriu seu próprio centro para atender vítimas que chegavam à procura de proteção por não ter aonde ir.

Agora, a entidade está se reunindo com representantes do Ministério da Mulher e de Igualdade de Gênero para ajudar a desenvolver políticas públicas que incorporem as lésbicas.
Há uma vontade de ir aprimorando as leis, mas, sem dúvidas, há também uma resistência cultura", assegura Rolando Jiménez, porta-voz do Movilh.
Jiménez disse que, apesar de tudo, no Chile, o deficit mais grave está no caso dos homens, "porque o ministério não tem competência para atendê-los".
Hoje em dia, não há possibilidade de um homem agredido pelo parceiro e com sua vida perigo, procurar um centro de proteção e ser acolhido nesse espaço", diz Jiménez.
Vazio legal e resistência

Muitos países têm leis específicas para violência de gênero - mas nem sempre a legislação engloba os homossexuais.

É o que acontece na Espanha, onde a lei de violência doméstica protege apenas as mulheres que são agredidas por homens.
Muitas feministas não querem que a lei seja ampliada para não diluir o objetivo. Por isso, optamos para pedir proteção e direitos por meio das leis específicas LGBT que estão sendo aprovadas em diferentes comunidades autônomas [regionais]", afirma Paco Ramírez, da confederação espanhola LGBT Colegas.
No entanto, em uma audiência no Parlamento espanhol em 2009, o centro Aldarte de atenção a gays e lésbicas pediu que a lei contra violência contra mulheres fosse alterada para incluir esses grupos.

Mas a realidade é sempre mais complexa.

Erica, a argentina que apanhou da primeira namorada, era, fisicamente, mais forte que sua agressora e praticava boxe, mas nunca se defendeu dos ataques com força.
Quando ela ficava violenta, me dava taquicardia. Tentava acalmá-la e dizia o que ela queria... Se a segurasse pelas mãos e a continha, ela ficava ainda mais violenta", relata.
Apesar do medo das reações da companheira, tinha outra razão para se submeter à violência disse Erica:
No início, não podia acreditar que precisava me defender de uma pessoa que amava".

Fonte: Com informações de BBC Brasi, por Antía Castedo, 05/05/2017

Polícia da Chechênia orienta pais a matarem filhos gays para 'limpar honra'

segunda-feira, 8 de maio de 2017 0 comentários


JOHN MACDOUGALL VIA GETTY IMAGES
Ativistas fazem protesto em Berlim para pressionar o presidente russo Putin a tomar medidas contra a perseguição de gays na Chechênia.

Na Chechênia, polícia orienta pais a matarem filhos gays para 'limpar a honra'

"Se algum de meus parentes perceber que eu sou gay, eles não hesitarão um minuto antes de me matar", relata um sobrevivente.

O nível da homofobia da Chechênia tem chamado a atenção do noticiário internacional.

De acordo com a mídia francesa France 24, pais estão sendo instruídos pela polícia local a matarem seus filhos gays sob a ordem de que precisam "limpar o seu sangue com a honra".

A ameaça das autoridades é de que se os familiares não o fizerem, a polícia irá matá-los.

A informação foi confirmada por uma vítima de perseguição que precisou deixar a sua cidade de origem e ir para Moscou para sobreviver.

De acordo com a vítima, na Chechênia só há duas opções: "mentir ou morrer".
Se algum de meus parentes perceber que eu sou gay, eles não hesitarão um minuto antes de me matar. E se eles não fizerem isso, eles vão se matar por não terem cumprido a honra da família", explicou em entrevista a France 24.
Em março, o jornal russo Novaya Gazeta publicou que dezenas de homens com idades entre 16 e 50 anos foram detidos "em conexão com sua orientação sexual não tradicional, ou suspeita de tal".

Eles foram presos e torturados. Pelo menos duas pessoas haviam sido mortas por suas famílias devido a sua sexualidade.

A denúncia preocupou organizações internacionais. As torturas aconteciam em prisões paralelas, uma espécie de "campo de concentração" para LGBTs.



A ong russa LGBT Network está ajudando os chechenos a deixarem a região e voarem para Moscou. De acordo com Olga Baranova, responsável pela organização, eles recebem mais de 5 pedidos de ajuda diários.

Ekaterina Sokirianskaia, diretora russa da International Crisis Group, disse ao The Guardian que recebeu informações preocupantes sobre o assunto de várias fontes.
Eu ouvi sobre isso acontecendo em Grozny [a capital Chechênia], fora de Grozny, e entre pessoas de idades e profissões muito diferentes", afirmou.
Na região, a religião predominante é o islamismo, e falar sobre a sexualidade ainda é um tabu. Também por este motivo, muitas da informações sobre os casos são ainda não são totalmente verificáveis, acrescentou Sokirianskai.
É quase impossível obter informações das vítimas ou de suas famílias, mas o número de sinais que estou recebendo de pessoas diferentes faz com que seja difícil não acreditar que detenções e violência estão realmente acontecendo."
JOHN MACDOUGALL VIA GETTY IMAGES
Ativistas fazem protesto em Berlim para pressionar o presidente russo Putin a tomar medidas contra a perseguição de gays na Chechênia.

A Chechênia é formalmente parte da Rússia, mas funciona como um estado quase independente em que a palavra do líder Ramzan Kadyrov muitas vezes pode ser superior as leis russas.

O porta-voz do governo Alvi Karimov negou as afirmações. De acordo com ele, é impossível haver perseguição de gays em "uma região que sequer eles existem".
Você não pode prender ou reprimir pessoas que simplesmente não existem na república. Se essas pessoas existissem na Chechênia, a polícia não teria que se preocupar com elas, porque seus próprios parentes teriam mandado elas para onde nunca mais poderiam retornar", disse em um depoimento obtido pela rádio Free Europe.
A detenção em massa de homens homossexuais surge em resposta as tentativas de manifestações dos grupos LGBTS em cidades de toda a região.

Os grupos esperavam que seus direitos fosses legalizados e tinham a esperança de levar suas demandas ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

A Federação Russa é conhecida pela sua hostilidade à comunidade LGBT. Desde 2013, tem apoiado uma lei de propaganda anti-gay que torna o clima de intolerância ainda pior.

Fonte: HuffPost Brasil, por Ana Beatriz Rosa, Repórter de Vozes, Mulheres e Notícias, 04/05/2017

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