Lesão corporal representa o terceiro crime mais cometido contra o grupo LGBT

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Homofobia
Associação da Parada do Orgulho LGBT cobra criação de lei para combater intolerância.

Só de homofobia, são 98 investigações abertas por mês

Com 191 casos, a agressão representa o terceiro crime mais cometido contra o grupo LGBT

São Paulo registrou uma média de 98 crimes de homofobia a cada mês, segundo os dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Ao todo, foram 1.179 casos notificados entre novembro de 2015 e outubro deste ano - a maioria (62,7%) de injúria ou ameaça.

Em julho, a drag queen Dindry Buck participou de um evento na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na zona leste da capital. Ela foi bem recebida pelos presentes, mas, quando a notícia chegou à internet, vieram as ameaças. “As pessoas diziam que eu ‘merecia levar uma surra’”, conta. Assustada, ela reuniu os relatos e foi à polícia.

Não foi a primeira vez que Dindry Buck sofreu violência. Anos atrás, ela já havia sido surpreendida por um agressor no centro de São Paulo. Ele lhe desferiu um soco na boca e a derrubou no chão. “Veado tem de apanhar”, disse o criminoso. 

Com 191 casos, a lesão corporal representa o terceiro crime mais cometido contra o grupo LGBT. Em fevereiro, a transexual Melissa Hudson, de 22 anos, recebeu garrafadas e pontapés na Rua Augusta, no centro. “Até hoje não entendi direito o que aconteceu. Eu queria saber o que fiz a essas pessoas.”


Segundo conta, foi cercada pelo grupo de madrugada. “Fui parar no chão. Eles gritavam que eu era um ‘traveco nojento’”, relata Melissa. À época, ela havia acabado de passar por uma cirurgia no rosto. Por causa das agressões, precisou refazer alguns pontos que arrebentaram. “Eu só queria Justiça.” 

Melissa mudou de casa depois do episódio. “Hoje ando com medo na rua. Saio e não sei se vou voltar”, afirma. “Por mais que você seja uma pessoa comum, ser transexual é ter uma vida de risco.” 

Na opinião da advogada Sylvia Amaral, a homofobia “se sustenta em erro”. “O homossexual é visto como se tivesse escolhido um caminho e, por isso, precisa aguentar as consequências”, diz. Para Fernando Quaresma, presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, é necessário uma lei para esse tipo de intolerância. “Não há aumento de pena para o crime.”

A delegada Daniela Branco, da Decradi, diz ser preciso cautela para analisar cada caso.
Existe preconceito, mas nem todo homossexual foi morto por homofobia.” Segundo afirma, o último registro de homicídio, aparentemente por intolerância, foi em 2009. “Às vezes, o caso causa um alarde que não condiz com a realidade.” 
Daniela também destaca que crime de intolerância é difícil de prevenir.
Talvez o melhor método é não deixar passar. Ir na delegacia e fazer o registro, para que a pessoa seja identificada e punida.”
Fonte: Estado de SP, Felipe Resk, 20/11/2016

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