Personagens lesbianas invadem TV americana

terça-feira, 7 de abril de 2015

Debi Mazar (de camisa branca) interpreta uma lésbica cinquentona no seriado “Younger”,
 produzido por Darren Starr, o criador de ‘Sex and the City”, e estrelado por Sutton Foster
 (sentada).  No elenco também estão Hillary Duff (de jaqueta amarela) e
Miriam Shor (de braços cruzados). (Foto: Divulgação)

Personagens lésbicas na TV americana chegam a número recorde
Enquanto a novela “Babilônia”, da Rede Globo, vem sendo alvo de protestos por conta do casal de lésbicas interpretado pelas atrizes Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg, nos Estados Unidos as personagens lésbicas se expandem dentro das tramas de seriados e sitcoms da TV aberta e a cabo. No momento, mulheres gays aparecem em mais de uma dúzia de programas.

Elas são advogadas, policiais, presidiárias, donas de casa, secretárias, DJs e médicas. Na quarta-feira, dia 1o., mais um programa com uma personagem lésbica foi lançado. Trata-se de “Younger”, do canal TV Land, que tem produção-executiva de Darren Starr, o criador de “Sex and the City”. Leia mais sobre o programa na Ilustrada de hoje.

As atrizes Teri Polo e Sherri Saum fazem um casal gay no sitcom
“The Fosters”, da rede ABC Family. (Foto: Divulgação)

Para discutir o atual “boom” de personagens lésbicas na TV, o Baixo Manhattan conversou com a premiada jornalista Merryn Johns, editora da Curve, a revista lésbica de maior circulação no mundo.

São inúmeros os seriados da TV americana no momento com personagens lésbicas em suas tramas. Existe alguma razão por trás da decisão de executivos das emissoras, e produtores e roteiristas desses programas estarem mais abertos a caracterizações de mulheres gays?

Merryn Johns – O progresso do movimento LGBT (termo usado para designar lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) é muito forte nos Estados Unidos e isso teve que ser refletido nas emissoras de rede abertas e a cabo, que se tornaram uma espécie de espelho da cultura contemporânea. As histórias na TV chegam em ciclos a cada temporada, e esses ciclos exigiram personagens LGBT porque eles são novidade. Também ajuda o fato de que organizações como a GLAAD trabalham duro pressionando as emissoras a representarem personagens LGBT mais autenticamente.

Jessica Capshaw e Sara Ramizez, de “Grey’s Anatomy” interpretam
médicas  que vivem um relacionamento complicado. (Foto: Divulgação)

Qual foi o momento determinante dentro da TV americana, que possibilitou outros programas do horário nobre de terem mais diversidade e incluírem personagens gays?

Quando Ellen DeGeneres saiu do armário, em matéria de capa da revistaTime, e o próprio sitcom dela na TV, que toda semana explicitava o tema. A gente deve muito a essa mulher, por ela ter sido muito valente num período em que não era tão popular para ser gay publicamente.

Mas, ao sair do armário, Ellen DeGeneres também enfrentou a fúria de grupos religiosos que queriam boicotar a rede ABC, por continuar a exibir o show dela. Anunciantes ficaram preocupados e a atriz Laura Dern, interesse romântico de DeGeneres no sitcom “Ellen”, disse ter ficado sem emprego por quase um ano, depois do cancelamento do programa.

Toda revolução tem suas baixas. Isso é esperado. Mas a grande coisa sobre o mercado americano é que o país adora o regresso de alguém que caiu em desuso ou no ostracismo. Trata-se de um país que ama dar uma segunda chance. E Ellen é uma mulher talentosa, uma pessoa boa e uma artista persistente. Ela voltou e ficou ainda mais famosa do que antes.

Zoie Palmer e Anna Silk no seriado canadense
“Lost Girl”, da rede SyFy. (Foto: Divulgação)

Apesar de os programas incluírem dezenas de personagens gays, existe um estereótipo na caracterização dos homens gays. Algo que não acontece com as lésbicas na TV, em sua maioria apresentadas como personagens mais nuançados e sérias. Qual seria a razão disso?

Lésbicas são tipicamente caracterizadas de uma maneira emocional mais plena. Elas se preocupam umas com as outras, com os familiares, e com os filhos delas. Lésbicas são mulheres em primeiro lugar, e a parte gay vem em seguida. Nesse sentido, elas frequentemente apresentam mais profundidade emocional que os personagens masculinos.

Qual é seu nível de satisfação com a abordagem das personagens gays na TV no momento?

Programas de TV são cheios de estereótipos, seja para personagens masculinos ou femininos, heterossexuais ou gays. Tudo gira em torno do tamanho da audiência. As convenções de uma novela ou de um sitcom determinam as possibilidades de um personagem, independente da identidades sexual dela ou de sua preferência sexual. Talvez a gente espere muito dos personagens de uma maneira geral. Mas eu acredito que o período das lésbicas serem retratadas como alcóolatras infelizes, solteironas, amigas invejosas e psicopatas ficaram bem para trás. Graças à inteligência dos roteiristas e a conscientização do público via ativismo. E também pelo fato de mais atores se declararem gays na vida real.

Do atual ciclo de personagens lésbicas na TV, quais são aquelas que lhe chamam a atenção?


As personagens de”Lost Girl” são fantásticas pois elas são inventivas e originais. A gente nunca viu esse tipo de mulheres antes na tela. Em “Empire”, AzMarie Livingstone, que vem a ser uma modelo na vida real e assumidamente gay, está realmente conquistando um espaço para a personificação de mulheres gays negras na TV. E “Orange Is the New Black”, de repente, fez as lésbicas e bissexuais do programa serem comentadas por todo mundo. Quem não sabe quem são Piper, Alex e Crazy Eyes?

Fonte: FSP, 05/04/2015

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