Estratégia de confronto irado com conservadores é tiro no pé!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Ativistas destemperados acabam dando razão à TFP

Por Míriam Martinho

O Instituto Plínio Correia de Oliveira (IPCO) é a versão atual da antiga TFP (Tradição, Família e Propriedade), organização ultraconservadora católica que fez história por ter apoiado a deposição de João Goulart pelos militares, em 1964, dando início à chamada ditadura militar (de 1964 a 1984).

Como parte da reação conservadora à hegemonia das esquerdas no Brasil e às demandas dos movimentos sociais, a TFP parece ter renascido das cinzas recentemente e, com as roupinhas e estandartes característicos, seus membros voltaram a circular pelas ruas do país com o mesmo discurso embolorado de sempre.

No final da tarde de segunda-feira(14), no centro de Curitiba (PR), lá estavam eles em mais uma de suas Cruzadas pela Família, quando foram cercados por jovens, entre os quais vários homossexuais, que reagiram iradamente à sua hipócrita cantilena. O problema é que esse protesto - justo em essência - foi realizado sem o devido preparo democrático, ficando maculado por xingamentos, gestos obscenos e cusparadas contra os membros do IPCO que, bem treinados, não reagiram. Até pedras atiraram contra os caras, tendo ferido na cabeça um deles que registrou queixa na primeira DP. Lastimável!

Em 8 de dezembro de 2012, fiz uma postagem, intitulada Como combater os injustos sem se parecer com eles em dois vídeos  sobre a reação de transeuntes contra outra manifestação da TFP, daquela feita nos EUA (a organização é internacional). Na postagem, eu alertava sobre o erro de se protestar contra esse pessoal de forma agressiva:


"Naturalmente, a hipocrisia dessa gente faz o sangue de qualquer um(a) ferver, mas ataques contra esses tipos, sobretudo físicos, só os beneficiam. Depois eles fazem uma compilação das reações agressivas das pessoas, indignadas contra sua lixeira religiosa, como no vídeo abaixo, e posam de vítimas, falando com voz calma e postura tranquila que - tadinhos - os LGBT é que são intolerantes e contrários à liberdade de expressão. E essa imagem cola!"

E como cola. Agora foi a vez da filial da TFP curitibana fazer a compilação das reações agressivas que sofreram e posar de cristã perseguida como nos tempos de Roma. Aliás, notar a semelhança entre a edição americana e a brasileira (posto a americana novamente abaixo), o que dá a impressão de coisa orquestrada, de armadilha para ativistas destemperados depois serem apresentados estritamente como agressores.  

Tanto que, ao comentar o causo, o jornalista Carlos Ramalhete, colunista do site Gazeta do Povo, se referiu aos manifestantes, contrários aos tfpistas, como neofascistas:

"Poucos dias atrás, uma manifestação pacífica do IPCO em Curitiba foi atacada por militantes “gay”, em outra demonstração clara da índole fascista deste movimento. Não lhes basta a tolerância; esta, aliás, lhes é estranha. Para eles, vale tudo para calar qualquer voz discordante.

A agressão, desavergonhadamente gravada por um dos que a perpetraram, pode ser vista na internet. É assustador: blasfêmias e berros obscenos a centímetros do rosto, empurrões e ofensas, respondidos apenas com orações e silêncio. Uma pedrada, registrada no 1.º DP, atingiu um dos rapazes do IPCO, que precisou ir ao hospital e receber três pontos de sutura na cabeça. É a ação covarde do neofascismo. 

Não interessa se estamos ou não de acordo com o que diz o IPCO. Eu mesmo não concordo com tudo o que pregam. Eles têm, contudo, o direito de defender em público pacificamente o que querem preservar. E é isto que os neofascistas “gay” estão tentando impedir." (Ataque neofascista)

Como eu dizia no artigo Como combater os injustos sem se parecer com eles em dois vídeos, os oprimidos precisam se distinguir claramente de seus opressores, repensar formas mais justas de agir contra os injustos nos dias de hoje. Na base do olho por olho, como diz o ditado, todo mundo acabará cego.

Protestos contra esses ultraconservadores absurdos  têm mesmo que ser feitos, mas sem palavrões, baixarias, sobretudo sem agressões físicas. Essas situações tendem a se repetir. Melhor pensar em estratégias para o confronto pacífico com esse povo do IPCO e congêneres. Caso contrário, eles - que são os algozes - passarão por vítimas, e os LGBT que são vítimas de suas discriminações é que passarão por algozes, fundamentando a conversa mole da "ditadura gay". Lembrar que imagens sempre valem mais do mil palavras. Nestas abaixo os LGBT ficaram bem mal na fita! 
  

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