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Por que defensores dos direitos de gays e lésbicas são contra criminalizar a homofobia?

segunda-feira, 3 de junho de 2019 0 comentários


Raissa Belintani - Precisamos antes de mais nada de educação, discutir gênero nas escolas, em todos os espaços. Para além disso, tem que haver acolhimento para a vítima, devemos pensar a questão de saúde para a vítima, física e psicológica. Tem que haver espaço de discussões, formações de agentes públicos, policiais, juízes. Tem que ir da base até os espaços de poder que decidem. Essa é uma questão estrutural na sociedade. Criminalizar é uma solução que já nasce falida.
Por que há defensores dos direitos LGBTI contra tornar homofobia um crime?

O STF (Supremo Tribunal Federal) retomará nas próximas semanas o julgamento sobre a criminalização da homofobia. Mas a pauta, que já tem maioria do plenário e deve ser aprovada, não é consenso nem mesmo entre os defensores dos direitos LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexuais).

Desde o começo de fevereiro, o órgão julga equiparar a homofobia e transfobia ao crime de racismo. A votação, segundo os magistrados, é uma resposta à morosidade do Congresso de legislar sobre o tema e uma forma de pressionar parlamentares a priorizarem a questão.

Críticos, no entanto, alertam para o perigo de o Judiciário estar interferindo em assuntos legislativos e veem como ineficaz a solução punitivista para o combate à homofobia.

Como reação à possível aprovação no STF, parlamentares se movimentaram nas últimas semanas para aprovar às pressas uma modificação da lei mais afeita aos conservadores.

No caso, um PL (Projeto de Lei) aprovado no dia 22 pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado que resguarda manifestações em templos religiosos. A proposta passaria por turno suplementar (uma segunda votação após as alterações no texto) na quarta passada (29), mas foi retirada da pauta e não há previsão para retorno.

No STF, a decisão também tem sido postergada: ontem, o presidente da corte, o ministro Dias Toffoli, retirou o item da pauta da próxima quarta-feira (5). O julgamento deve ser retomado só no dia 13. O ministro tem pregado a "harmonia entre os poderes", em meio as acusações de que o Supremo está atropelando o Congresso.

O UOL conversou com dois especialistas para entender os pontos de discórdia em relação à modificação da Lei do Racismo, para incluir a homofobia, e as diferenças entre a tramitação da mudança no Congresso e no Judiciário.

Raissa Belintani é advogada e integrante do Programa Justiça Sem Muros, da organização dedicada à proteção de direitos humanos ITTC (Instituto Terra, Trabalho e Cidadania). Para ela, a criminalização é o caminho errado para se combater a homofobia, pois o sistema penal brasileiro sempre tenderá a prejudicar as populações mais vulneráveis.

Paulo Iotti é doutor em direito constitucional e diretor-presidente do GADvS (Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero). Ele defendeu no plenário do STF a criminalização no primeiro dia de votação da pauta, em 13 de fevereiro. Para ele, a tramitação no Supremo é essencial para mobilizar o Congresso sobre o tema e a criminalização é uma via de conscientização da sociedade.

6.mar.19 - STF realiza sessão plenária para o julgamento do processo de criminalização da homofobia

Entenda os principais pontos:

O STF está fazendo o papel do Legislativo?

Raissa Belintani - Quando o Poder Judiciário determina que se crie uma lei, ele está descumprindo a divisão entre os Poderes e isso cria um contexto complicado. Para mim, esse processo é tecnicamente errado. Ter o STF decidindo, criando lei temporária, quando isso na verdade é competência do Legislativo, resulta em um julgamento mais político, para marcar posição. É válido, mas abre brecha perigosa.

Paulo Iotti - O Congresso tem que aprovar uma lei sobre o assunto, esse é o pressuposto. A decisão do Supremo é provisória. Nesses casos de ordem constitucional, o Supremo resolve o problema provisoriamente, até virar lei.

O Congresso vai lá, promete que vai aprovar a lei, mas descumpre. O julgamento no STF não deve parar por causa disso, porque só assim o Congresso vai se movimentar. É irreal achar que o Congresso vai colocar criminalização como prioridade no contexto político atual. Se o Supremo terminar a votação, aí sim os parlamentares vão ter interesse. Uma coisa não prejudica a outra.

Criminalizar condutas é a melhor opção?

Raissa Belintani - Eu sou favorável a toda a luta do movimento LGBTI e a garantia de seus direitos, isso é essencial. Mas trabalho com cárcere e sei que a Justiça criminal é seletiva e prende a população pobre e negra. Uma lei que cria uma punição nova não resolve questão social. As pessoas não estão presas por causa de racismo. É o contrário.

É complicado colocar no mesmo patamar essa ação com a violência de gênero, por exemplo, que é combatida pela Lei Maria da Penha. A Maria da Penha foi muito bem estruturada, teve política pública por trás. Tem questões de punitivismo, mas prevê alternativas penais, aborda a situação do antes da violência, traz questões específicas de acolhimento de vítimas, pensa no todo. É um exemplo de articulação entre os poderes.

Paulo Iotti - Sempre que o Estado considera uma ação intolerável, ele criminaliza a conduta. Ou você muda o sistema penal inteiro, ou você criminaliza também a homofobia.

É um erro achar que a criminalização resolve o problema, mas é erro achar que não serve para nada. A lei antirracista calou o racismo em muitos aspectos. Você não vê em rede nacional, em público, piadas racistas como você ouvia antes. A lei penal, ao contrário do que se diz, tem efeito educativo. Faz a sociedade parar para pensar e se conscientizar de que a conduta está errada.

De que outras formas a homofobia pode ser combatida?

Raissa Belintani - Precisamos antes de mais nada de educação, discutir gênero nas escolas, em todos os espaços. Para além disso, tem que haver acolhimento para a vítima, devemos pensar a questão de saúde para a vítima, física e psicológica. Tem que haver espaço de discussões, formações de agentes públicos, policiais, juízes. Tem que ir da base até os espaços de poder que decidem. Essa é uma questão estrutural na sociedade. Criminalizar é uma solução que já nasce falida.

Paulo Iotti - Por educação. Conclamando as escolas a ensinar crianças e adolescentes a respeitar e tolerar pessoas diferentes. É preciso que as escolas previnam o bullying, o machismo, a transfobia e a homofobia. Foi assim que surgiu a histeria do debate de ideologia de gênero, que nunca existiu. Você precisa fazer uma educação que ensine as crianças que todos precisam ser respeitados ou, no mínimo, tolerados.

Fonte: Beatriz Montesanti. Do UOL, em São Paulo, 31/05/2019 04h01


Monique Evans vai à polícia contra ataque homofóbico

quarta-feira, 26 de abril de 2017 0 comentários

Monique é casada com a DJ Kaká Werneck
Foto: Reprodução/Instagram

Monique Evans sofre ataque homofóbico na web e avisa: 'Vamos à polícia'

Há três anos vivendo um relacionamento com a DJ Kaká Werneck, Monique Evans, de 60 anos, voltou a ser alvo de ataques homofóbicos nas redes sociais. A mãe de Bárbara Evans, no entanto, decidiu tomar providências e compartilhou uma mensagem ofensiva que recebeu em seu perfil no Instagram. Monique afirmou que desta vez vai recorrer à polícia.
Olha o que recebemos: Depois de quase três anos de relacionamento, ainda sou agredida dessa forma. Isso é preconceito e eu posso e devo processar!!! Não fazemos mal a ninguém, apenas queremos ser felizes. Nos amamos demais e é isso que importa!!!", escreveu a Titia na legenda da mensagem (veja abaixo).


Ao EXTRA, Monique contou que ela e Kaká já têm uma advogada para cuidar do caso.
Vamos à polícia prestar uma queixa. Porque foi muita maldade o que essa pessoa escreveu e isso precisa acabar". "Fazia tempo que a gente não sofria ataques desse tipo. No início tinham muitos, mas depois parou. Mas esse foi forte demais. Além de atacar o meu relacionamento, me chamou de velha. As pessoas precisam aprender a ter mais amor pelos outros".
Fonte: Extra, 24/07/2017

Jovem lésbica afirma que discriminação familiar e social está longe de acabar

segunda-feira, 20 de março de 2017 0 comentários

Jéssica diz que se ama do jeito que é. Jovem quer ajudar outras lésbicas e garantir direitos das mulheres (Foto: Quésia Melo/G1)

'Respeito é só no papel', diz lésbica que sofreu preconceito da família
Jovem diz que ficou com marcas no corpo e pediu medida protetiva à Justiça. Jéssica Farias faz parte de associação e quer garantir direitos das mulheres.

Foi dentro de casa que a estudante Jéssica Farias, de 20 anos, sofreu preconceito pela primira vez ao contar que era lésbica. A agressão verbal e física partiu de um tio. A jovem conta ficou com marcas no corpo e pediu uma medida protetiva que mantém o agressor distante. No mês em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, Jéssica pede respeito às lésbicas e lamenta ainda ser chamada de "sapatão" dentro do ônibus.
Desejaria que, de fato, o respeito existisse, pois o respeito é só no papel e nas redes sociais. Não tenho medo de ser quem sou, mas enfrento piada dentro de ônibus, sou chamada de 'sapatão' e a frase que mais ouço é "'tu nunca pegou um homem que faça gostoso como eu'. As pessoas não se colocam em nosso lugar, tudo o que querem é fazer julgamentos", lamenta.
Jéssica faz parte da Associação de Mulheres do Acre Revolucionárias (Amar-AC), que atualmente atende ao menos 17 mulheres profissionais do sexo, lésbicas e em situação de vulnerabilidade. A estudante afirma que descobriu a orientação sexual aos oito anos de idade durante uma brincadeira com as primas. Desde então, foi apoiada e julgada por familiares e amigos.
Não digo que descobrir e entender isso foi fácil, mas eu me aceitei fácil, pois na minha família há outros homossexuais e até eles são preconceituosos. Uma pessoa da minha família que é gay não me aceita como lésbica e já chegamos a ir para a Justiça por causa disso. A primeira a saber que eu era lésbica foi minha avó. Quando contei, ela respondeu: 'minha filha seja feliz'", conta.
Jovem conta que mora com namorada há mais de um ano e que é chamada de sapatão diariamente (Foto: Quésia Melo/G1)

Relacionamento

Jéssica namora há mais de um ano e diz que ela e a companheira buscam ser respeitadas diariamente. As duas se conheceram no Facebook. A estudante relata que quando estão em público se tratam como amigas para preservar a privacidade do casal e evitar comentários preconceituosos.
Acredito que a nossa intimidade é assunto da nossa casa para dentro. Infelizmente, as outras pessoas não têm a cabeça aberta que ela, as pessoas que convivem conosco e eu temos. Lembro que a vi no Facebook e a achei muito bonita, mandei mensagens na cara de pau, tomei a iniciativa, ela me enrolou um mês até nos conhecermos pessoalmente", lembra.
Preconceito 
A jovem ainda lembra a sensação que sentiu ao sofrer preconceito pela primeira vez. Quando segurava as lágrimas, Jéssica disse que prometeu a si mesma que não teria vergonha de assumir quem era e do que gostava. Junto da Amar-AC diz que quer buscar maior visibilidade para as lésbicas e as necessidades dessas mulheres.
Quando sofri preconceito pela primeira vez, senti um desconforto que não tem explicação, me senti mal, quis chorar e me segurei. Sempre digo para minhas amigas que se pudesse andar com uma placa escrito 'sapatão', eu andaria. Me amo do jeito que eu sou e me acho maravilhosa dessa forma. Se pudesse mudar algo em mim, seria me tornar ainda mais visível como a mulher gay que sou", finaliza.
Jéssica faz parte de associação que atua ajudando profissionais do sexo, lésbicas e mulheres em situação de vulnerabilidade (Foto: Quésia Melo/G1)

Fonte: G1 AC, Quésia Melo, 15/03/201


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