Vulvas Flores

quarta-feira, 25 de julho de 2012


Por Míriam Martinho

Resolvi postar essas vulvas-flores ou flores-vulvas após uma espécie de debate que rolou na lista gls, da qual participo, em função de um comentário depreciativo de um gay sobre nossa querida boceta. Comentava o rapaz com outro que era virgem de mulher e que só tinha visto as partes pudendas de uma ao nascer, e que, graças a Jesus, não lembrava desse triste momento.

Fiquei impressionada com a grosseria - para dizer o mínimo - já que a lista também é composta por mulheres e fundamentalmente lésbicas que, além de possuirem uma chana, também em geral são grandes apreciadoras de uma ou de várias.

Pedi ao dito que nos poupasse desses chistes sexistas, e a história virou um zum-zum-zum danado. Imaginasse ele - disse - se as lésbicas dessem para expressar sua opinião sobre os penduricalhos masculinos ali na lista. Ia ficar bem desagradável. O rapaz não gostou, disse que eu não tinha senso de humor e que estava fazendo tempestade em copo d'água. No fim, entre pontos e contrapontos se calou.

Fiquei pensando nessa coisa incrível da misoginia masculina (e aqui cabe se falar em misoginia sim) que afeta tanto alguns gays. Não que não existam lésbicas que também tenham repulsa ao sexo masculino (em ambos os sentidos), mas pelo menos não saem por aí dizendo na cara dos caras o quanto eles lhes parecem indigestos. Quando acontece de alguma querer ressuscitar o manifesto Scum, da Valerie Solanas, aquela que atirou no Andy Warhol, que pregava a destruição do sexo masculino, vozes iradas surgem imediatamente, inclusive de mulheres, contra a ousadia androfóbica. E olhe que as mulheres têm milênios de razões para terem mais bronca dos homens do que o contrário.

Historicamente inclusive essa maneira depreciativa de se referir ao sexo feminino, a que muitos gays chamam de racha, rachada, foi um dos motivos que levou à separação das lésbicas do Somos já nos idos de 1979. Posteriormente, eu mesma já me vi às voltas com essas e outras expressões de aversão às mulheres vindas de alguns gays. E olhe que elas vêm de homens pouco letrados e de outros tantos, como o rapaz em questão, bem letrados e articulados.

Pessoalmente não tenho repulsa ao sexo masculino em nenhum sentido. Apenas não tenho desejo por homens. Quando são bonitos, admiro-os esteticamente, mas não me dão tesão. Naturalmente todos e todas temos nossas idiossincrasias, nossas aversões e simpatias, mas, pelo menos por questão de decoro, devemos mantê-las conosco, pois essas coisas são de natureza por demais subjetiva para serem colocadas em público. Como se sabe gosto não se discute, havendo inclusive quem ame o feio porque bonito lhe parece.

Enfim, mesmo em tom de blague, certas coisas a gente só diz entre íntimos. Hoje mesmo estavam os gays rotulando a marchinha A cabelereira do Zezé, a mais tocada das marchinhas de carnaval, como homofóbica, porque - como bem lembram - ela diz: "Olha a cabeleira do Zezé. será que ele é... será que ele é.... bicha!!!" Não considero a letra ofensiva - talvez porque não seja bicha - mas obviamente não vou ficar entoando suas estrofes na cara dos gays, já que eles não acham graça nelas.

Publicado originalmente no blog Contra o Coro dos Contentes em 10 de fevereiro de 2009

3 comentários:

  1. Ótimo! Que saco esse pessoal que não entende unas coisitas tão básicas... enfim, esperamos que o tal rapaz reflita um pouco.
    Beijos,
    Ricardo

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  2. Falam mal do orgão feminino, mas pra mim eles sentem inveja, pois tem tantos fazendo operação para se parecerem com uma mulher.

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  3. Nossa, onde posso encomendar um ramalhete destes????
    Estes gays, estes gays!!!
    Machista este ai, nao?hehehhe

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