Protesto contra homofobia por morte de estudante em Salvador

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Grupo protesta contra homofobia e morte de estudante no Rio Vermelho (Foto: Alan Tiago/G1 BA)

Grupo protesta contra homofobia e morte de estudante, em Salvador
Ato ocorreu na noite desta sexta-feira (15), no bairro do Rio Vermelho. Família fala em homofobia; polícia diz que não há indícios de agressão.

Um grupo de manifestantes realizou uma caminhada na noite desta sexta-feira (15) no bairro do Rio Vermelho, sentido Amaralina, em Salvador, para pedir paz e protestar contra a homofobia. No ato, os participantes abordam o caso do estudante Leonardo Moura, que morreu por conta de lesões que, segundo a família do rapaz, foram causadas por agressões por homofobia. Já a polícia, disse que ainda não há indícios que o estudante foi agredido.

Protesto contra homofobia, em Salvador (Foto: Alan Tiago/G1 BA)

Os pais de Leonardo, que participaram da manifestação, não quiseram se posicionar sobre o caso. Uma amiga do estudante, Carla Freitas, disse durante o protesto que não há dúvidas de que a situação se trata de crime de homofobia.
Ele estava cheio de hematomas e arranhões. Além disso, uma queda não vai dilacerar um rim como ocorreu com ele. Ele pode até ter caído mas se isso ocorreu foi depois de sido agredido. Bateram nele primeiro", disse.
Os manifestantes começaram a ser concentrar às 17h30, em frente à boate gay de onde Leonardo Moura saiu antes de ser encontrado ferido. Às 19h, o grupo deu início à caminhada que seguiu até o estacionamento do antigo Mercado do Peixe.

Durante a caminhada, o trânsito foi bloqueado no sentido Amaralina. Uma equipe da Superitendência Municipal de Trânsito (Transalvador) e homens da Polícia Militar acompanharam o ato pacífico. Além de faixas e cartazes, vários manifestantes levaram velas e cruzes para pedir paz e protestar contra os crimes de homofobia.

Um dos grupos que organizaram o protesto desta sexta-feira foi o "Mães pela Diversidade", que reúne pais de jovens homossexuais. A coordenadora do grupo em Salvador, Inês Silva, falou que o ato foi mobilizado pelas redes sociais.

Grupo 'Mães pela Diversidade' no protesto, em Salvador (Foto: Alan Tiago/G1 BA)
"A ideia de organizar o ato surgiu da necessidade que temos de defender nossos filhos que assim como o Léo moura podem ser vítimas algum dia. Estamos buscando a inclusão de todos os homossexuais para que não possam mais ser vistos como pessoas diferentes. Todos os dias vemos notícias assim nos jornais de violência. Isso tem que acabar. Os gays são seres humanos também", disse
O psicólogo e membro do grupo Cultura e Sexualidade da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Gilmaro Nogueira, outro organizador do ato, disse que a manifestação contou com o apoio e participação de integrantes de cerca de 50 grupos sociais da capital. Os organizadores não deram uma estimativa de público presente na manifestação.
Vemos todos os dias notícias sobre violência contra homossexuais. E por isso a gente resolveu se unir hoje. Queremos com esse ato chamar a atenção para a necessidade de se criar políticas públicas para inibir a violência contra homossexuais. Além disso queremos um serviço de atendimento às vítimas, que precisam ter atenção dos órgãos públicos".

Público em caminhada contra homofobia, em Salvador (Foto: Alan Tiago/G1 BA)

Testemunhas falam em queda
A Polícia Civil divulgou, nesta sexta-feira, que testemunhas do caso do estudante Leonardo Moura, ouvidas no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) afirmaram, em depoimento, que o rapaz caiu de uma balaustrada, de uma altura de cerca de 4,7 metros, na região do Alto Sereia, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador.

Conforme a polícia, as declarações são de moradores do local e também de socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que prestaram o primeiro atendimento à vítima.

Leonardo Moura tinha 30 anos
(Foto: Reprodução/ TV Bahia)
O caso aconteceu no dia 9 de julho. O rapaz, de 30 anos, morreu na segunda-feira (11), no Hospital Geral do Estado (HGE). Ele foi enterrado na terça-feira (12), no cemitério Campo Santo, na capital. Conforme familiares, Leonardo foi agredido e morreu por conta das lesões que teve. A situação aconteceu após o rapaz sair da boate San Sebastian, no Rio Vermelho, casa destinada ao público LGBT.

A polícia ainda aguarda imagens de câmeras de segurança da região onde a situação aconteceu, prontuários do Samu, do Hospital Geral do Estado e laudos do Departamento de Polícia Técnica (DPT).

Por telefone, o pai do estudante Antônio Moura, e a prima de Leonardo, Caroline Moura, disseram ao G1 que não vão se manifestar sobre a versão da polícia divulgada nesta sexta-feira. Conforme familiares da vítima, o atestado de óbito de Leonardo aponta que ele teve trombose cardíaca em consequência de uma hemorragia. A família disse ainda que tem fotos das lesões que Leonardo apresentava no dia do ocorrido, mas que prefere não divulgar, por enquanto.

Versão da polícia


Segundo informações da polícia, na manhã desta sexta-feira, uma equipe da 1ª Delegacia de Homicídios - Atlântico, junto com o Departamento de Polícia Técnica (DPT) e um dos socorristas do Samu, que prestou os primeiros atendimentos ao estudante, esteve no local onde Leonardo foi encontrado para fazer a perícia.

Leonardo Moura morreu no dia 9 de julho
(Foto: Reprodução/Facebook)
Enquanto levantavam informações buscando vestígios do ocorrido, o grupo foi abordado por moradores do local, que afirmaram ter visto Leonardo caindo da balaustrada.

De acordo com a delegada Mariana Ouais, que investiga o caso, uma das testemunhas contou que viu Leonardo andando na calçada, cambaleando, sozinho, e, depois, já estava caído na areia da praia.

Ainda segundo a polícia, o primeiro socorrista a chegar no local disse que Leonardo estava lúcido, sentado na praia, na companhia de policiais militares quando recebeu o primiero atendimento. A polícia informou que o socorrista relatou que não viu escoriações no rapaz e que ele teria dito que não queria ser levado para um hospital, e sim para casa.

O caso

De acordo com os relatos da prima da vítima, Caroline Moura, que morava junto com Leonardo no bairro da Barra e o chamava de irmão, ele estava uma boate no bairro do Rio Vermelho, na madrugada de sábado (9). Ela diz que o rapaz saiu da boate nas primeiras horas da manhã, na companhia de um amigo.

Ainda de acordo com Caroline, o amigo pegou um ônibus em direção ao bairro de Itapuã e o rapaz seguiu sozinho caminhando para achar um táxi. Segundo a polícia, ele foi achado por um pescador desacordado na praia do Rio Vermelho, com muitos ferimentos e levado por uma ambulância do Samu até o Hospital Geral do Estado (HGE). O óbito foi registrado às 6h10 de segunda-feira (11).
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Conforme relatos dos familiares, Leonardo sofreu uma grave lesão nos rins e passou por uma cirurgia.

A prima ressalta que Leonardo não tinha envolvimento com crimes ou drogas e que não faz ideia do que possa ter ocorrido, ou de quem possa ter cometido as agressões.

No relatório de necropsia da vítima, ao qual oG1 teve acesso no Hospital Geral do Estado, consta que Leonardo deu duas entradas na unidade de saúde durante o sábado. Na primeira delas, detalha a prima, o paciente teria se desentendido com uma médica e saiu do HGE por conta própria, após assinar um termo de responsabilidade.

No entanto, na tarde do mesmo dia, devido às fortes dores abdominais e ocorrência de vômito, Leonardo retornou ao HGE acompanhado de familiares, foi internado e submetido ao procedimento cirúrgico.

Em nota, a Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) informou que o paciente deu entrada no HGE às 8h do sábado (9) e deixou a unidade após recusar o tratamento. À tarde, por volta das 15h, conforme a nota, Leonardo deu nova entrada no hospital e recebeu os cuidados médicos necessários, mas veio a óbito na segunda-feira.

Também em em nota, a boate San Sebastian, onde a vítima estava antes de ser agredido, lamentou o ocorrido e disse que se solidariza com a família do rapaz e torce por justiça.

Fonte: G1, 15/07/2016

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