Lilly e Felice: Paixão Louca na Berlim Nazista

terça-feira, 3 de julho de 2012

Por Angela Gonçalves

Aimée & Jaguar, Alemanha, 1999)
Distribuição Cannes Home e Vídeo
Elenco: Maria Schrader, Juliana Köhler, Johhana Wokaler

Primeiro longa metragem do diretor alemão Max Fäberböck, Aimée e Jaguar impressionou e emocionou público e crítica ao contar a história de amor e paixão entre duas mulheres, Lilly Wust e Felice Scharagenhein, na Alemanha nazista de 1943. Lilly é uma dona de casa, casada com um oficial alemão, com quatro filhos, enquanto Felice é uma judia, integrante de uma organização de resistência a Hitler.

Baseado no livro homônimo de Erica Fischer, o filme concorreu ao Globo de Ouro, perdendo para o maravilhoso Tudo sobre minha mãe de Almodóvar, e ao Urso de Prata, no festival de cinema de Berlim, onde as atrizes Maria Schrader (Jaguar) e Juliana Köhler (Aimée) foram premiadas por suas interpretações.

O roteiro se sustenta sobre dois pilares: o primeiro, a caracterização de Lilly, em alguns momentos, como a imagem da própria insegurança, que busca desesperadamente a fortaleza de Felice para se apoiar; o segundo, a cidade de Berlim em plena decadência, mas que age como se nada estivesse acontecendo: enquanto a elite assiste a concertos de música clássica em lindos teatros, bombas caem dos aviões destruindo tudo. Terror, tensão e morte, convivendo com luxo, charme e momentos idílicos. Tudo no filme tem sua antítese.

Lilly e Felice se conheceram exatamente em um desses concertos de música clássica, e Felice desde este dia se apaixona por Lilly, para quem passa a escrever poesias e cartas apaixonadas, sob o codinome de Jaguar. Lilly pensa que as cartas são de seu amante que também é soldado assim como seu marido. E a guerra parece justificar a quebra dos conceitos morais: Lilly trai o marido e este trai Lilly na sua frente; os pais de Lilly pouco se incomodam com o fato de a filha passar a viver com uma mulher, desde que esta a sustente; Felice trai a ex-namorada e esta, por despeito, também trai a causa pela qual lutava. As personagens são realistas mas, graças à competência e ao equilíbrio da atuação das duas atrizes, o filme não descamba para o dramalhão, apesar da tragédia final..

Plasticamente, o filme é belíssimo, com uma fotografia impecável. As cenas de amor entre Lilly e Felice são realistas, sensuais, lindíssimas. Talvez se feito dentro da visão do cinema americano, poderia descambar para algum tipo de realismo-mágico, onde, num ato de heroísmo, os tanques ianques invadiriam Berlim e salvariam Felice das garras dos malvados nazistas. Ainda bem que o filme é alemão! Ufa!

Vale a pena dar uma conferida na vida dessas duas mulheres que existiram realmente e que, por amor, abandonaram família, amigos e a causa pela qual lutavam para se entregarem uma a outra e viverem, mesmo por pouco tempo, uma louca e arrasadora paixão. Não deixe de assistir.

Publicado originalmente na revista Um Outro Olhar – Saúde, Cultura e Sexualidades, ano 15, n. 35, p. 25. Reedição 22/05/05.

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