Outras Sexualidades: BDSM entre lésbicas

domingo, 22 de janeiro de 2012

BDSM (Bondage, Disciplina e Sadomasoquismo)

A entrevista abaixo, com uma praticante sadomasoquista, foi publicada originalmente, no site Um Outro Olhar, em janeiro de 2006. Aborda um tema ainda tabu mesmo entre LGBT e é pioneira no Brasil em termos de visibilidade da prática bdsm entre mulheres lésbicas. Apreciem!

Outras Sexualidades: BDSM entre lésbicas 
Se a orientação (homo)ssexual ainda provoca desconforto em muita gente, principalmente nos conservadores e fanáticos religiosos, imagine quando ela vem associada a práticas sexuais que fogem do senso comum. Conscientes de nosso papel de estar abrindo espaço para todas as tribos e expressões lésbicas imparcialmente, vamos, então, na entrevista que se segue, deixar de imaginar e conversar com uma adepta de uma série de práticas sexuais, geralmente envoltas em inúmeros tabus, que vêm agrupadas pela sigla BDSM (Bondage, Disciplina e Sadomasoquismo). 

Freqüentemente associada à violência, ao sexismo, e até mesmo a distúrbios psicológicos, as práticas bdsmistas no entanto são realizadas por gente comum, de todas as idades, profissões, crenças religiosas, etnias, etc... que não se diferenciam das demais a não ser por seus apetites na cama. As pessoas envolvidas nesses jogos são mulheres e homens de diferentes orientações sexuais, que se engajam em práticas inteiramente consensuais, por isso não violentas, onde várias vezes inclusive a mulher é a dominadora e o homem, o submisso. Entre pessoas homossexuais, também vemos que a aparência dos parceiros muitas vezes não condiz com o que se supõe que possa rolar em suas camas, entre mulheres, não raramente, com a femme (a parceira feminina) sendo a dominadora da sapata ou butch (a parceira masculinizada). 

Arte dramática do sexo, o BDSM traz para o erotismo o discurso do teatro por excelência, onde as práticas sexuais se dão em cenários, são chamadas de cenas ou sessões,  as pessoas interpretam papéis de dominadoras ou dominadas ou às vezes até variam esses papéis e seguem roteiros determinados. A linguagem é pesada, condizente com a peça da dominação-submissão, e deve ser lida, como toda a arte, metaforicamente. Com vocês, nossa entrevistada Rainha Dominadora.

Miriam Martinho  
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UOO. Em primeiro lugar, qual seu nome (nick), idade, profissão, a cidade em que vive?
RD. Em primeiro lugar Míriam, obrigada pelo convite, sinto-me honrada. Sou Rainha Dominadora (RD), 32 anos, funcionária pública e moro em Porto Alegre. 

UOO. Rainha Dominadora, para começo de conversa, o que é BDSM?
RD. BDSM a príncipio é a sigla de um jogo erótico, que significa Bondage, Dominação e Submissão e Sadomasoquismo. O objetivo desse jogo é proporcionar e prolongar o prazer entre as pessoas envolvidas.Tudo de maneira sã, segura e consensual. BDSM não é perversão, mas uma maneira de ter e proporcionar prazer, estimulando tanto o físico quanto o psicológico.

UOO. Quando você começou a praticar BDSM? Fale um pouco de sua trajetória.
RD. Sempre tive minhas fantasias...risos... Estas envolviam coisas pouco convencionais, como cordas, algemas, chicotes, roupas em couro, saltos altos e uma linda mulher ajoelhada aos meus pés, pronta para me dar prazer e ser usada por mim.. Pratico  BDSM  há 6 anos. Mas sempre fui Dominadora. A princípio, meus desejos não tinham um nome, pois eu não tinha conhecimento do meio  BDSM. Mas eu queria fazer isso, tinha vontades e muito desejo. Na adolescência, assisti alguns filmes bem light onde havia cenas com algemas, cordas e dominação feminina e ficava muito excitada. Ficava imaginando que um dia eu faria o mesmo. Mas o meu lado feminista acabava falando mais alto e dificultava as coisas. Era complicado para mim querer dominar um ser tão especial que é a mulher. Eu me questionava sobre a sanidade do ato, pensava que ao dominar uma mulher a estaria desvalorizando... Mas, depois de alguns relacionamentos em que sempre faltava um “algo mais”, aos poucos comecei a tornar a fantasia realidade. Queria viver essa intensidade que é um relacionamento  BDSM. Havia feito algumas práticas com namoradas, mas não era uma entrega plena. Então, há pouco mais de 2 anos, comecei a procurar na net sobre Sadomasoquismo. Entrei em listas de discussão no Yahoo e descobri um mundo novo, que era tudo que eu buscava em termos de prazer. Depois disso, terminei um relacionamento e fui em busca de  uma escrava. Ela acabou se tornando, além de escrava, namorada, e agora moramos juntas.

UOO. Você decidiu abrir uma lista de discussão (BDSMLesbos) em 2004.* Qual o objetivo da lista?
RD. O objetivo da lista BDSM LESBOS é desmistificar o BDSM entre mulheres e fazer com que outras mulheres lésbicas saiam do armário no meio  BDSM. Por incrível que pareça, parece ser mais difícil, até em listas de discussão, se assumir lésbica e bdsmista. Acho que há uma carga dupla a carregar. E para fazer isso nas duas frentes é necessário muita coragem. Mas, aos poucos, a minha lista está contando com maior número de associações de lésbicas. Muitas ainda continuam tímidas, mas aos poucos acabam se soltando. Para muitas ainda é complicado assumir o desejo por uma mulher, imaginem por sadomasoquismo!

UOO. De onde veio a inspiração para o seu nome? O que é uma Rainha no BDSM?
RD.Esse nick foi uma homenagem de uma ex-namorada que gostava de alguns jogos eróticos que eu fazia com ela. Uma Rainha é uma dominadora especializada em alguma técnica, arte ou área em  BDSM . No meu caso em específico, sou tanto Dominadora quanto Sádica. Gosto de "torturas" físicas e psicológicas com minha  Submissa/masoquista.

UOO. O que são dommes e subs?
RD. Dominadora é aquela que domina, castiga, adestra, guia e ensina a escrava nos prazeres da carne e da dor. Submissa ou escrava: ela está sempre pronta a servir e agradar à Dona, sempre que ela determinar.

UOO. Qual a diferença entre a relação de dominação e submissão numa relação abusiva e numa relação BDSM?
RD. A diferença é simples: numa relação D/s(Dominação e submissão), as práticas são realizadas de maneira consensual. Após muitas conversa, ficamos sabendo dos limites da outra pessoa e isso é sempre respeitado. Embora  a superação de limites seja deliciosa para ambas as partes... Numa relação abusiva, não há sanidade, consensualidade e segurança. Sempre há o algoz que não respeita o ser humano que está ao seu lado. Uma relação de violência não proporciona prazer e felicidade, mas problemas físicos e psicológicos muitas vezes gravíssimos. Em  BDSM , a busca está no prazer. Dar e ter prazer é o princípio de tudo. Explorar pontos de prazer nunca antes sentidos ou revelados e prolongar essas sensações.

UOO. Cite algumas práticas sexuais entre mulheres em BDSM.
RD.Nossa há muitas práticas maravilhosas(risos). Dogwoman (a escrava é uma cadelinha, de coleira, guia, e se comporta como uma), ponyplay (a escrava é uma eguinha, com direito a arreios, sela e rabinho de égua), Bondage e Shibary (basicamente amarrações, com vendas, mordaças, algemas, lenços e cordas), spanking (castigos que incluem chicotes, palmatórias, açoites, canes, varas, chinelos e as próprias mãos. etc...), velas, podolatria (adoração dos pés da Dona), fisting, blood sports, etc... Há muitas práticas em  BDSM.

UOO. Algumas práticas em BDSM envolvem dor. Dá pra rimar prazer e dor?
RD. Com certeza, mas devo salientar uma coisa: na minha relação há esse mix, pois eu e minha submissa (namorada) apreciamos. Sou tão Sádica quando dominadora, e minha sub é muito masoca. Há pessoas que não  gostam da dor, gostam mais da submissão e vice–versa. Nossa sintonia é perfeita, quanto mais a “torturo”, mais ela goza (hehehe..)

UOO. O que é SSC (Sadio, Seguro e Consensual)?
RD.  A própria sigla diz: as relações  BDSM  sempre respeitam esta tríade. Sem isso não há jogos. E sempre devemos ter uma palavra de segurança, no caso da submissa querer parar a cena. É muito importante observar todas as reações dela para saber se podemos avançar com as “torturas”... Ser Rainha rima com responsabilidade.

UOO. Existe muito preconceito contra o BDSM entre lésbicas? Qual foi a reação das pessoas não-bdsmistas (baunilhas) quando souberam de suas preferências?
RD.  Meus amigos baunilhas não sabem que sou Dominadora, acho que desconfiam. Ninguém precisa saber o que faço em cima de uma cama. Ser lésbica é muito diferente, tem a ver com a alma. Em relação ao preconceito, há um pouco sim, pois existem Dominadores que acham que todas as mulheres devem ser escravas e sempre tentam uma cantada de mau gosto. Mas isso eu tiro de letra, coloco eles no lugar que lhes cabe (risos). Outra situação, eles temem a perda de suas escravas para nós e esboçam reações interessantíssimas...

UOO. Por fim, deixe um recado para nossas leitoras.
RD.Mais uma vez agradeço a oportunidade de apresentar o mundo  BDSM . Esta é só mais uma prática de nossa sexualidade que pode trazer muito prazer. Se quiserem saber mais sobre ela e me conhecer melhor, visitem minhas páginas ou me mandem um e-mail. Bjinhus no coração e Gozem muito meninas !!!!!!!! Rainha Dominadora.

*A lista BDSMLesbos foi encerrada.
http://rainhadominadora.nafoto.net
Publicada originalmente no site Um Outro Olhar em 06/01/2006 (SP)

Outras referências: Apresentando o BDSM para sua namorada!
DarkPlay, Real Lesbian BDSM Sex

7 comentários:

  1. barbara lima dos santos22 de janeiro de 2012 às 12:05

    eu adoro sado, gosto de tapas na cara mordidas, mais nada de agressão e dor ultrapassada. Pra quem gosta é bom mais com carinho é melhor ainda... bjos

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  2. "Jogo"... Deveríamos chamar de "jogo"? BDSM para essa Domme é apenas um "jogo"? Creio que deveríamos pensar.

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  3. bom,sou muito fã dos praticantes do BDSM,isso é uma atitude muito bizarra e eu adorooooooooooooooo

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  4. Eu acho super enteressante as praticas BDSM sou simpatizante pertenço a um grupo onde as mulheres sao Adimiradas sempre.Quando rola algo como a Rainha disse de forma consensual tudo se torna mais facil e prazeroso. Gostei muito da entrevista curto Dominaçao Feminina acho o maxima nao a pratico mais adimiro que a pratica tanto as Dominadoras quanto os subimisso que acreditam que seu lugar e' debaixo dos pes de uma Mulher e' uma fantasia exitante conheço muito pouco e o pouco que conheço e' teoricamente mais saiba que sua entrevista e' maravilhosa se eu pudesse a serviria mesmo que fosse por poucas horas instante (riso) abraço Rainha felicidade sucesso saude sempre

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  5. Sado é o que de melhor pode se experimentar. E nada como um BDSm com imobilização. Nada é tão exitante como ficar indefeso e subjugado perante sua rainha.

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  6. Mulheres submissas me chamem no wpp: 11 983275927
    Rainha Ingrid

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  7. Sou subimisso obediente se alguma dominadora que queira um escravo me chama no zap 990974234

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